Revolver foi o sétimo álbum dos Beatles lançado inicialmente em 5 de agosto de 1966, no Reino Unido e em 8 de agosto nos EUA. Atingiu o primeiro lugar nas paradas de sucesso americana e inglesa. Está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. Ganhou um Grammy Award pelo design da capa, criado por Klaus Voormann, velho amigo dos Beatles desde os tempos de Hamburgo. Ficou 34 semanas na UK Albums Chart, alcançando o primeiro lugar em 13 de agosto. Nos EUA foram editadas apenas 11 músicas e foi o último álbum dos Beatles a ser submetido ao crivo da Capitol Records de alterações de conteúdo. Seu lançamento nos EUA coincidiu com a última turnê e a controvérsia em torno de Jesus. Chegou ao topo da parada da Billboard onde ficou por seis semanas. Foi classificado em primeiro lugar no livro de Colin Larkin “All-Time Top 1000 Albuns” e aparece em terceiro na lista da revista Rolling Stone dos 500 maiores álbuns de todos os tempos. Considerado ainda mais inovador do que seu antecessor (Rubber Soul, de 1965), Revolver marca a adesão oficial dos Beatles ao psicodelismo. Passeia desde a música oriental "Love You To", aos apelos vibrantes de "Got to Get You into My Life", da solidão lúgubre de "Eleanor Rigby", ao experimentalismo psicodélico de "Tomorrow Never Knows" e o ufanismo de "Yellow Submarine". Nesta, particularmente, a chave da nova "abertura": "Vamos vivendo uma bela vida / Achamos para tudo uma saída / Céu azul, mar verde e belo / Em nosso submarino amarelo". Com os Beatles, o mundo embarcaria no submarino amarelo da fantasia, pronto para viver toda a loucura dos últimos anos da década. Como sempre, com absoluta exclusividade, a gente confere aqui, um textinho danado de bom de Alexandre Matias, publicado originalmente na seção Discoteca Básica da revista BIZZ de junho de 2001.Antes de abandonar os palcos, os Beatles começaram a pirar no estúdio, guiados por música vanguardista, rock, aventuras técnicas e drogas, continuando à frente do seu tempo com o essencial Revolver.
Paul McCartney incentivando os Beatles a fazerem pequenos trechos superpostos, inspirados em John Cage e Stockhausen. John Lennon querendo soar como o dalai-lama no alto do himalaia ao cantar letras inspiradas no Livro Tibetano dos Mortos. O dedo oriental de George Harrison em uma canção sem mudanças de acordes. A bateria froxa e hipnótica de Ringo Starr, mais tarde ressuscitada por moderninhos como Beck (“New Pollution”) e Chemical Brothers (“Setting Sun”). O produtor George Martin obrigando funcionários dos estúdios EMI em Abbey Road a sincronizarem gravadares em colagens aleatórias de som. O técnico Ken Towsend inventado os vocais ADT (artificial double tracking – duplicados artificialmente) e o engenheiro se som Geoff Emmerick metendo a voz de Lennon numa caixa Leslie dentro de órgão Hammond. E tudo isso no primeiro dia de gravação, em uma única canção para o sétimo álbum dos Beatles. A música era “Tomorrow Never Knows”, mas ali, no início das sessões, o grupo assinalava a faixa como o começo de uma nova fase, batizando-a sem modéstia de “Mark I”.
A canção marcava o princípio de uma era de experimentação na música popular que explodiria na renascença psicodélica dos anos seguintes formando o horizonte da cultura pop em um caleidoscópio de referências. Com Revolver, os Beatles entravam em uma escalada que desembocaria em obras-primas, como Sgt. Pepper’s, Álbum Branco e Abbey Road. De 1966 em diante, passariam a explorar as novas fronteiras da arte, sem perder o senso de perfeição que haviam mirado no trabalho anterior. E descobriram as vantagens da manipulação de tapes: ”Quando experimentaram o som de trás para frente, eles passaram a inverter tudo”, lembra George Martin em seu livro Paz, Amor e Sgt. Pepper’s. As inovações iam além: microfones dentro de instrumentos de sopro, grudados em violoncelos, colados na bateria. Mas a banda estava ousando mesmo nas composições, com as drogas exercendo um papel fundamental. “Dr. Robert” contava sobre um médico pronto para levantar o astral de quem quisesse. “Got To Get You Into My Life” expõe o entusiasmo de Paul McCartney com o fumo. “She Said She Said” e “Tomorrow Never Knows” falam de ácido: a primeira disfarça uma viagem que Lennon teve com Peter Fonda e a segunda escancara a exploração de realidades induzidas (“desligue sua mente”, “ouça as cores do seu sonho”).
Por outro lado, os Beatles continuavam entrando em portas musicais abertas nos trabalhos anteriores. “Eleanor Rigby” é a evolução natural de “Yesterday”. “Love You To” é George Harrison em sua primeira incursão de cabeça na cultura indiana, com a qual havia flertado em “Norwegian Wood”. “Here, There And Everywhere” e “For No One” transformam McCartney em um jovem Schubert, compondo pequenas sinfonias em vez de simples baladas de amor. Os assuntos abordados iam da cobrança de impostos a contos infantis, passando por existencialismo, psicodelia, fossa, amor à vida, paixão latente, crítica social e metáforas diversas.O álbum encontra a banda no exato momento da guinada, um sofisticado registro da melhor música pop de 1966. Poucos meses depois, o grupo encerrou definitivamente a primeira fase de sua carreira ao anunciar que não mais iria tocar ao vivo. “A transformação toda foi gradual”, conta Lennon no livrão Anthology. “Mas estávamos conscientes de que, se havia uma fórmula ou algo assim do tipo, esta era mover-se para a frente".
Um comentário:
Amo "Revolver", a versão inglesa. Sempre considerei que "Revolver", junto com "Rubber Soul", "Help!", "Abbey Road" e "White Album" o Top 5 Beatle. Mas, para mim, o Top, o número 1, aquele que está intimamente ligado ao meu coração é e será sempre o "Rubber Soul".
Abraço Beatlemaníaco à todos!
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