domingo, 8 de março de 2020

JOHN LENNON - WOMAN IS THE NIGGER OF THE WORD 🌹


"Contrariando imagens da primeira fase dos Beatles - quando a banda e seus acólitos eram vistos como uma espécie de Clube do Bolinha -, Lennon saudou a ascensão do feminismo e do movi­mento pela liberação da mulher, que, no começo da década de 1970, se encontrava no auge. Da mesma forma como a luta pelos direitos dos negros exigia o despertar dos brancos, o movimento das mulheres exigia o envolvimento dos homens. Além da força de suas convicções, Lennon tinha o hábito de desafiar estereótipos e tendia, por princípio, a trilhar caminhos diferentes. Ele era contra a guerra num país e num mundo que costuma tomar agressividade por masculinidade. Ele era criativo num mundo em que os homens são mais recompensados pela agressividade do que pela criatividade. Sua vida - assim como seu trabalho - era e ainda é uma influência libertadora para todos, especialmente os homens." Trecho do excelente livro “John Lennon em Nova York – Os anos da revolução” de James A. Mitchel
"Woman Is the Nigger of the World" foi composta por John Lennon em co-parceria com Yoko Ono e foi lançada como single pela Apple Records nos Estados Unidos, na Nova Zelândia e Japão, chegando à posição nº 57 na Billboard Hot 100, tornando-se o single que alcançou a mais baixa posição na vida de Lennon. O compacto trazia no lado B "Sisters O’ Sisters” de Yoko Ono. As duas faixas aparecem no álbum “Some Time in New York City”. Foram gravadas entre novembro de 1971 a março de 1972 e produzidas por Phil Spector, John Lennon e Yoko Ono. Quando foi lançada, "Woman Is the Nigger of the World" provocou controvérsia, devido ao seu título e conteúdo. ''A mulher é o negro do mundo" retrata situações cotidianas vividas pelas mulheres e mostram sua infeliz subordinação a uma sociedade patriarcal. A frase-título foi ‘inventada’ por Yoko Ono em uma entrevista com a revista Nova em 1969 e foi citada na capa da revista.
Em uma entrevista de 1972 para o programa The Dick Cavett Show, John Lennon afirmou que o revolucionário irlandês James Connolly foi uma inspiração para a música. Lennon citou a afirmação de Connolly, "a trabalhadora é escrava do escravo", explicando a inspiração pro-feminista por trás da música. Devido ao uso de um epíteto racial ofensivo e o que foi percebido como uma comparação inadequada dos direitos das mulheres com a opressão dos afro-americanos, a maioria das estações de rádio nos EUA recusou-se a tocá-la. A Organização Nacional para a Mulher concedeu a Lennon e Ono uma "Imagem Positiva das Mulheres" citando a "forte declaração pro-feminista" da música em agosto de 1972.

Através de entrevistas de rádio e televisão, Lennon explicou seu uso do termo "nigger" como se referindo a qualquer pessoa oprimida. A Apple Records colocou um anúncio para o single na edição de 6 de maio da revista Billboard com uma declaração recente, não relacionada à música, pelo proeminente congressista negro Ron Dellums para demonstrar o uso mais amplo do termo. Lennon também se referiu à citação de Dellums durante uma aparição no The Dick Cavett Show, onde ele e Ono tocaram a música com a banda Elephant's Memory. Por causa do título polêmico, a ABC pediu a Cavett que pedisse desculpas ante a plateia pelo conteúdo da música, caso contrário, a apresentação não seria exibida.
Lennon também visitou os escritórios das revistas Ebony e Jet com o comediante/ativista Dick Gregory e apareceu em uma capa intitulada "Ex-Beatle Tells How Black Stars Changed His Life" em 26 de outubro de 1972. Uma versão editada da música foi incluída no coletânea de 1975 “Shaved Fish”. A música foi reeditada novamente como o lado B para "Stand by Me" em 4 de abril de 1977. Além de “Some Time in New York City”também aparece no "Live in New York City", em “Working Class Hero: The Definitive Lennon” e nas caixas "John Lennon Anthology"“Gimme Some Truth”. Participaram da gravação: John Lennon – vocais e guitarra; Stan Bronstein – sax tenor ; Gary Van Scyoc – baixo; Adam Ippolito – piano e órgão; Wayne "Tex" Gabriel – guitarra; Richard Frank Jr. – bateria e percussão e Jim Keltner – bateria. 8 de março - Feliz Dia Internacional das Mulheres!

2 comentários:

Evandro disse...

Trabalho esta música com meus alunos do 1o ano do EM, junto com "Woman in Chains", do Tears for Fears.

Para além de analisar a letra, falo também dos aspectos musicais em si: como no começo ele canta o título melodicamente e no final ele está berrando "We make her paint her faca and dance" por cima de uma cacofonia de metais. Porque é pra incomodar mesmo

Edu disse...

Musicåo ducaraleo! Nunca vou entender como alguma rede de comunicação pode tê-la banido ou boicotado. Essa música, quase 50 anos depois, ainda é mais atual que nunca! Ê mundinho chato de gente chata, careta, reacionário e sem-vergonha. Valeu Evandro, tamo junto mulherada do bem!