sexta-feira, 31 de julho de 2020

THE ROLLING STONES - COCKSUCKER BLUES

Publicada originalmente aqui em 4 de janeiro de 2007.
Os Beatles já haviam lançado sua própria companhia, Apple Records, em abril de 1968, e os Stones já ti­nham tudo planejado para a sua. Entretanto, haviam prometido três LPs e quatro singles para a Decca. Após uma ar­dilosa combinação de coletâneas e LPs ao vivo, restou um sin­gle por gravar. Mick jagger e Keith Richards, então, entregaram ao selo algo que sabiam que ele não teria coragem de lançar: “Cocksucker Blues”, o “blues do chupa-rola”. “Ouvi falar de Londres, então resolví checar (...) onde meu pau pode ser chupado? Onde minha bunda pode ser fodida?”, pergunta­va a canção, com a sutileza de um mastodonte. A Decca re­cebeu a fita em abril de 1970 e a engavetou imediatamente. 
Duas obras-primas depois (Sticky Fingers, já pela Rolling Stones Records, e Exile on Main Street), o grupo decidiu vol­tar aos EUA, onde não tocava desde o trágico festival de Altamont (1969), e Jagger chamou o diretor suiço Robert Frank para filmar a tunê de 1972. Há pouca ação no palco – quase tudo rola nos bastidores. O filme ganhou o apropriado título de Cocksucker Blues. Apesar do tom documental. Há diversas cenas (que, dizem, foram) forjadas. Mas ninguém lembra quais: se um roadie inje­tando heroína, se Keith atirando a TV de um hotel pela jane­la, se Jagger com duas garotas na cama, se a banda cheirando cocaína ou se duas garotas nuas na maior farra dentro do avião. O filme foi vetado e poucos o viram desde então. A can­ção que originou tudo também acabou no terreno das lendas. Em 1984, a Decca alemã lançou a caixa The Rest of the Best of the Rolling Stones que trazia “Cocksucker Blues” como single bônus. A picardia foi reeditada até que a Decca inglesa desco­brisse e tirasse o disco das lojas, levando-o para um lugar mui­to mais interessante à mitologia Stone: o universo das obras malditas.
Texto de autoria de Paula Gama, publicado na revista Bizz - Coleção A História do Rock - Vol. 3, de junho de 2005.

3 comentários:

Edu disse...

Da outra vez, quando essa postagem foi publicada, o saudoso amigo Valdir Junior declarou: “Feita para ser esquecida...só que nesse mundo, onde tudo vale ouro, se tornou conhecida justamente por aquilo que ela não é, uma música de verdade”.
Eu assino embaixo.
Edu

Dani disse...

Nossa, Valdir Junior sempre comentava por aqui anos atrás, não? Ele sempre fazia ótimos comentários. Não sabia que ele morreu :(

Edu disse...

Sei que da maneira que coloquei, pode ter ficado parecendo mesmo. Mas eu não disse que ele morreu. Saudoso, só pq dá saudade mesmo.