quinta-feira, 22 de novembro de 2018

O PRIMEIRO ÁLBUM DUPLO A GENTE NUNCA ESQUECE - O ÁLBUM BRANCO COMPLETA 50 ANOS!


Oficialmente, hoje é o dia do aniversário de 50 anos do Álbum Branco, o LP duplo "The Beatles", que foi o décimo álbum da banda, lançado em 22 de novembro de 1968. Este álbum está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. O álbum duplo é mundialmente conhecido como "White Album", por não haver nome, e ter a capa completamente branca, apenas com o nome "The Beatles" em relevo. Durante o processo de gravação das faixas, chegou a ser cogitado como título provisório "A Doll’s House", mas uma banda britânica chamada Family, já tinha lançado um álbum com nome similar. O álbum duplo foi o primeiro disco dos Beatles lançado após a morte de Brian Epstein.

Em 1997, foi nomeado o décimo melhor disco de todos os tempos pela "Music of the Millennium" da Classic FM. Em 1998 a Q Magazine o colocou como 17° lugar e em 2000 em 7° lugar. A Rolling Stone colocou como o décimo entre os 500 melhores álbuns de todos os tempos e o canal VH1 em 11° lugar. De acordo com a Associação da Indústria de Discos da América, o disco é 19 vezes disco de platina e o décimo disco mais vendido nos Estados Unidos. Em 2010, um colecionador argentino possuía o álbum com assinaturas originais dos quatro Beatles. A peça foi vendida na ocasião por 33 mil dólares. Em junho de 1968, logo depois do início das gravações para seu novo álbum, os Beatles encomendaram a vários artistas, o projeto gráfico da capa. Muitos foram reprovados sumariamente. Inclusive, o trabalho feito por Alan Aldridge (utilizado nos anos 80 na capa do “Ballads”) também foi proposto na época, e também foi rejeitado, óbvio. A capa do álbum duplo “THE BEATLES”, imaculadamente branca, foi elaborada pelo artista pop Richard Hamilton e sua principal característica foi o contraste com as capas psicodélicas dos dois discos anteriores, criando assim, apenas uma capa branca, com o nome da banda em relevo.

A maioria das canções do disco foi composta durante a meditação transcendental em Rishikesh, na Índia com Maharishi Mahesh Yogi. Embora fosse uma meditação profunda concebida inicialmente para livrar os membros de todas as obrigações e aflições de seu mundo, ambos Lennon e McCartney davam suas escapadas para, clandestinamente, "irem ao quarto um do outro esboçar algumas ideias." Lennon recordaria tempos depois: "Eu escrevi minhas melhores músicas lá".
Os Beatles deixaram Rishikesh antes do tempo, com Ringo indo embora primeiro seguido por McCartney. Lennon e Harrison foram embora juntos, algumas semanas depois. O motivo da partida de Lennon foi o seu desapontamento com Maharishi, devido aos rumores do possível assédio dele para com Mia Farrow. Essa história se transformou na música escrita por Lennon, "Sexy Sadie".
O Álbum Branco foi gravado entre 30 de maio a 14 de outubro de 1968, com maior parte em Abbey Road e algumas sessões no Trident Studios. Apesar de produtivo, foram sessões indisciplinadas, e às vezes relapsas, com tensão crescente entre os membros. Conciliando as gravações com a nova empresa Apple Inc. Corps, os companheiros de banda acabaram se tornando homens de negócios, o que desgastou e muito a relação entre eles.As gravações também foram marcadas pela presença da nova namorada de Lennon, Yoko Ono, que criou mais uma tensão entre a banda já que nunca alguém, nem mesmo George Martin, ficava no estúdio quando os Beatles estavam compondo e gravando. O autor Mark Lewisohn relata que o disco contou com a primeira seção de gravações a durar 24 horas, com Lennon, McCartney e Martin fazendo os últimos ajustes e a sequência final de mixagem em um único dia.
Apesar de o nome oficial do álbum ser apenas The Beatles, esse disco captura uma grande individualidade de seus integrantes. Os padrões de trabalho nele exercidos são drasticamente modificados com relação àquela sinergia e dinamismo de seus discos anteriores. Algumas vezes era possível encontrar McCartney trabalhando por horas em um estúdio, enquanto Lennon gravava em outro e Harrison e Ringo em um terceiro estúdio, todos os quatro com engenheiros diferentes. "Pela primeira vez eu precisei ser três produtores" dizia Martin, que em uma ocasião, com sua autoridade quase que ignorada pelos Beatles, deixou Chris Thomas na produção enquanto viajou num feriado. George Martin disse, em entrevistas posteriormente, que trabalhar com os Beatles estava quase se tornando impossível, e que a relação com a banda mudou nesse período com suas maiores qualidades parecendo desfocadas e seus objetivos sem inspiração.
Em 16 de julho o engenheiro Geoff Emerick, que trabalhou com os Beatles desde o início, anunciou que não trabalharia mais com a banda, por causa do desgosto e deterioração do ambiente de trabalho e pediu as contas. Em 22 de agosto o baterista Ringo Starr também se foi abruptamente, explicando mais tarde que fez aquilo porque sentiu sua participação minimizada perante os outros membros e que estava cansado do trabalho contínuo e demorado do disco.

Os outros três tiveram que implorar para Ringo retornar, o que aconteceu duas semanas depois com flores lhe esperando, espalhadas por toda a bateria. Mas a reconciliação foi só o começo do fim. Durante esse tempo McCartney, multi-instrumentista, tocou bateria em "Back in the U.S.S.R" e "Dear Prudence".
Eric Clapton, através de um convite de George Harrison, tocou a guitarra solo em "While My Guitar Gently Weeps". Harrison tão logo retribuiu colaborando na canção "Badge" para o último disco do Cream, Goodbye Cream. Harrison disse anos depois: "A presença de Clapton no estúdio serviu para desanuviar as tensões entre o grupo e eles tiveram uma melhora em seu comportamento na sua presença". Nicky Hopkins também participou do disco tocando piano em "Revolution 1" e "Savoy Truffle" que também contou com uma seção de sopros.
Jack Fallon, um violinista, foi recrutado para "Don't Pass Me By" e uma orquestra de música clássica e alguns vocais de apoio contribuíram para a canção de ninar, "Good Night". Apesar da presença de todos e de Yoko Ono na música "Revolution 9", nenhum deles ganhou créditos no encarte do disco. O principal avanço na gravação desse disco foi passar de 4 para 8 canais. Os estúdios de Abbey Road contavam com mesas de 4 canais mas também tinham mesas de 8 canais em estoque, compradas pela EMI e paradas por meses, esperando que alguém testasse. Os Beatles gravaram "Hey Jude" e "Dear Prudence" no Trident Studios em 8 canais, e quando descobriram que Abbey Road também tinha um desses, insistiram em usar e pediram para os engenheiros Ken Scott e Dave Harries que instalassem a máquina (sem a autorização dos chefes do estúdio) no estúdio n° 2, para o uso do grupo.
Muitas músicas foram gravadas como demo, mas não fizeram parte desse álbum. Algumas delas: "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam" (ambas presentes no disco Abbey Road), "Child of Nature" que mais tarde se transformou em "Jealous Guy" do disco Imagine de John Lennon, e "What’s the New Mary Jane". "The Long and Winding Road" de McCartney presente no disco Let It Be, "Jubille" que se tornou "Junk" no primeiro LP solo de Paul McCartney, "Etcetera" de McCartney gravada por Black Dyke Mills Band como "Thingumybob", "Circles" e "Not Guilty" de George Harrison que só foi gravá-la em 1982 no disco Gone Troppo, "Something" mais tarde em Abbey Road e "Sour Milk Sea" que Harrison deu a um amigo que era artista da Apple na época, Jackie Lomax, para o seu primeiro LP, Is This What You Want.
O Álbum Branco foi o primeiro disco dos Beatles lançado pela Apple Records, assim como foi o primeiro e único disco duplo da carreira do grupo. O produtor George Martin era contra a ideia de se lançar o álbum duplo, e sugeriu que se pegassem as melhores canções e fizessem um disco só, com um trabalho mais forte, mas a banda não concordou. Em entrevista para o The Beatles Anthology, Ringo Starr diz que deveria ter sido lançado como 2 discos separados - 'white' e 'whiter'. Harrison reflete sobre a possibilidade de ter lançado muitas delas como Lado B, "mas havia uma batalha de egos em jogo". Na época ele apoiou a ideia de um disco duplo para mostrar mais seu trabalho e "limpar" todo o catálogo de músicas naquele período. McCartney em contraste, diz que o disco saiu do jeito certo e que "a ampla variedade de músicas só serve para mostrar todo o seu charme".
Os quatro retratos dos Beatles que vinham encartados com os discos foram feitos pelo fotógrafo inglês JOHN KELLY, que também fez algumas fotos para o poster que também acompanhava o luxuoso lançamento. Aqui, a gente confere o que diz Steve Turner em seu livro "The History Behind Every Beatles Release".
The Beatles, ou The White Album, como é mais conhecido, confundiu públi­co e crítica com sua simplicidade. Era como se o grupo tivesse decidi­do tomar o caminho inverso e fazer exatamente o oposto de Sgt Pepper. Título comprido? Vamos chamá-lo só de The Beatles. Capa multicolorida? Vamos usar branco. Mixagens e overdubs incríveis? Vamos usar violões acústicos em muitas faixas. Temas sobrenaturais? Vamos cantar sobre cowboys, porcos, chocolates e sexo na estrada.A mudança, em parte, se devia ao interesse dos Beatles pelos ensi­namentos do guru indiano Maharishi MaheshYogi. Pattie Harrison tinha assistido a uma palestra dele em fevereiro de 1967 e, seis meses depois, encorajou George e o resto da banda a irem ouvi-lo falar no Hilton Hotel em Park Lane, Londres. Como resultado desse encontro, todos eles embarcaram para um curso de dez dias de meditação trans­cendental na University College, Bangor, em North Wales.Lá, em 27 de agosto de 1967, um domingo, descobriram que Brian Epstein tinha sido encontrado morto em seu apartamento. A perda de Epstein, empresário deles desde o começo, no início de 1962, e que acabou se tornando uma figura paterna, pode muito bem ter deixado os Beatles ainda mais abertos à orientação do Maharishi, que eles foram visitar na índia em fevereiro de 1968. A viagem para a índia trouxe não apenas calma e autorreflexão para suas vidas sobrecarregadas, mas também refez a amizade musical. Paul Hom, flautista americano que estava lá na mesma ocasião, acredita que a meditação foi um grande estímulo para eles. “Você descobre mais sobre si mesmo em níveis mais profundos quando está medi­tando" , ele afirma. "Veja como eles ficaram produtivos em um período relativamente curto. Eles estavam no Himalaia, longe das pressões e longe do telefone. Quando você se envolve demais com a vida, a criatividade acaba suprimida. Quando você consegue ficar quieto, ela começa a vir à tona de novo.” Quando voltaram da índia, os Beatles disseram ter trazido trinta músicas que usariam em seu próximo álbum. De fato, havia trinta composições em The Beades, mas nem todas tinham sido escritas na viagem, e algumas da leva indiana (como “Sour Milk Sea” e “Circles”, de George) nunca foram gravadas pelos Beatles. Talvez fosse mais cor­reto dizer que cerca de metade do álbum foi escrito ou pelo menos iniciado enquanto estavam fora. Como não tinham acesso a guitarras nem teclados, muitas dessas canções eram acústicas. Mais tarde, John se referiria a The Beatles como o primeiro disco não reprimido depois da grande fase reprimida da banda que, de acordo com ele, começou com Rubber Soul e terminou com Magical MysteryTour e Yellow Submarine. The Beatles foi lançado como álbum duplo em novem­bro de 1968 e chegou ao número 1 nos dois lados do Atlântico.

2 comentários:

Edu disse...

Não esquece mesmo! Ainda lembro, como se fosse ontem, o dia que comprei meu discão branco, brilhante, duplo, que ainda trazia as 4 belíssimas fotos de cada um deles, além do poster gigante com a colagem de um lado e as letras do outro... caríssimo para meus ganhos naquela época e que ainda tenho até hoje, junto com mais outros tantos álbuns brancos, mas aquele que comprei faz uns 40 anos (ele então estava completando 10) com meu dinheirinho suado, ainda hoje mesmo eu ouvi todinho, os dois discões de vinil, de um lado e do outro na mesma velha radiolinha que também ainda guardo e conservo. E depois, de novo, e de novo, sem pular nenhuma. Um par de discos extraordinário, ousado, inovador, fundamental, indispensável. Daqui há 50 anos, quando estiver completando 100, o incrível disco branco duplo dos Beatles de 1968, ainda será relevante! E ponto.

Joelma disse...

George Harrison e Paul definiram o White Album: "uma batalha de egos" mas que o disco saiu do jeito certo e que "a ampla variedade de músicas só serve para mostrar todo o seu charme".