"Rua da Abadia" - Abbey Road. Naquela rua simples, muito tempo atrás, havia um mosteiro e daí veio o nome. Mas a fé nunca deixou o lugar. Depois da abadia, o estúdio eternizado pelo álbum homônimo transformou o local em templo de adoração de uma religião de seguidores fanáticos pelos Beatles.
A faixa de pedestres mais famosa do mundo fica no final de uma rua que tem em torno de 1.500 metros de extensão – mais precisamente, na esquina das ruas Abbey Road com Grove End, em Londres. Foi esse cruzamento que os Beatles eternizaram na capa do último álbum lançado pelo quarteto em 26 de setembro de 1969, “Abbey Road” – nome adotado pelo estúdio da EMI, depois do sucesso do disco dos Beatles. Onde eles gravaram a maior parte das seus sucessos. De lá para cá, a capa dos Beatles já foi reproduzida milhares e milhares de vezes.
O prédio em estilo Georgiano foi construído em 1813, na arborizada região de St. John’s Wood, e adquirido pela Gramophone Company em 1931. Depois de uma fusão, a empresa adotou o nome Electric and Musical Industries Ltd - EMI.
Abbey Road fica entre os bairros de Kilburn e St. John’s Wood, e a origem do seu nome se perdeu na memória. O livro “Old and new London” (“Antiga e nova Londres”), de 1878, diz que o nome provavelmente vem de uma capela instalada no centro da vila de Kilburn.
A vila foi incorporada à cidade à medida em que Londres cresceu no sentido noroeste, mas o nome da rua se manteve. Além dos estúdios, ela dá nome ao banco Abbey, que foi fundado em uma igreja batista também em Abbey Road, no século XIX.
O cruzamento fica a poucos minutos de caminhada da estação de metrô de St. John’s Wood, na Jubilee Line. Saindo da estação de metrô, o fã que quiser chegar até a faixa de pedestres deve virar à direita, acompanhando a rua Grove End. Três quadras depois, vai se deparar com um monumento em um cruzamento – ali é a Meca! Abbey Road.
O monumento branco, adornado por uma estátua de uma mulher nua, é uma homenagem ao poeta Edward Onslow Ford, morto em 1901 e morador da região. A estátua é uma réplica da imagem da Musa da Poesia, que Onslow esculpiu para adornar o túmulo do poeta P. B. Shelley.
O cruzamento tem um trânsito movimentado, o que não impede os fãs de continuarem atravessando a rua para tirar fotografias como os Beatles. Na esquina, fica um conjunto de apartamentos chamado Abbey House – a região é predominantemente residencial, e foi um dos primeiros “subúrbios” de Londres, começando a ser ocupada dessa forma a partir do século XIX.
Em frente ao monumento ficava uma placa indicando a rua, trocada quase anualmente porque é grafitada e roubada constantemente.
Ao lado da Abbey House está um muro branco cheio de rabiscos. Ali fica o complexo de estúdios Abbey Road. As mensagens e desenhos deixados pelos fãs dos Beatles não ficam expostas para sempre, porque o muro é repintado com frequência. Além disso, os estúdios mantêm uma webcam ligada durante 24h, apontada para faixa de pedestres, que pode ser acessada pela internet.
O complexo de estúdios ocupa uma casa georgiana, construída em 1831, e adquirida pela Gramophone Company em 1931. Abbey Road tem três estúdios, baseados no tamanho dos grupos usados para executar peças de música erudita. O Estúdio Um comporta uma orquestra sinfônica inteira, o Estúdio Dois tem espaço para uma orquestra de 35 peças e no Estúdio Três é possível acomodar um pequeno grupo de câmara. No mesmo ano em que o estúdio foi inaugurado, a Gramophone Company se fundiu com a Columbia Company, criando a Electrical and Musical Industries - EMI.
Em 1962, os Beatles entraram lá pela primeira vez para uma sessão de gravação com George Martin, que se tornaria o produtor e fiel escudeiro (ao menos nos assuntos sonoros) dos Fab Four, e lá ficaram até o fim.
Apesar de não terem sido os primeiros no rock, os Beatles usaram o estúdio como instrumento para outra revolução – a psicodelia. A partir de meados da década de 60, deixaram de excursionar e começaram a trabalhar seus álbuns somente dentro de Abbey Road. Faixas como “Tomorrow Never Knows” e “Strawberry Fields Forever” exploravam todas as possibilidades do estúdio – mesmo que na época as mesas de gravação tivessem apenas quatro canais. “A Day In The Life”, última música do disco “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, contou com uma orquestra de quarenta músicos, aproveitando o espaço do Estúdio Um.
Além da faixa de pedestres, o nome do álbum ajudou não apenas a tornar definitivamente famoso o estúdio, como também tornou aquela faixa de pedestres e aquele cruzamento, os mais icônicos do mundo. Pontos turísticos obrigatórios de qualquer turista mais saudoso que queira dar uma volta ao passado. Dizem que, quando Rita Lee esteve lá, lambeu a maçaneta da porta que os rapazes abriam naturalmente todos os dias para trabalharem. Depois de toda a mágica que os Beatles deixaram ali, naquele estúdio, o sonho de qualquer artista que ganha “um qualquer” é gravar lá. E a lista é bem grande! É claro que a brasileirada também já fez sua fezinha gavando lá: Legião Urbana, Skank e Roupa Nova, sem contar outros tantos que não caberiam aqui. O estúdio se modernizou de diferentes maneiras, incluindo equipamentos de gravação digital e um serviço especial – a masterização on-line. Qualquer artista pode enviar as faixas de seu disco para serem masterizadas em Abbey Road pela internet. E, parece que não é tão caro assim. Também não é só atravessar a rua.
Um comentário:
Top!!!
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