A revista Veja dessa semana (Edição 2531 – ano 50 – nº 21,
que está nas bancas) perdeu a oportunidade de sua vida ao não colocar os 50
anos de Sgt. Pepper’s como matéria de capa. Como sempre aconteceu, nesses 50
anos, eles sempre menosprezam os Beatles e o valor que eles ainda têm até hoje
na história da Cultura Pop. Contentaram-se em falar meia dúzia de bobagens em
míseras duas páginas, que qualquer idiota está cansado de ouvir. Como sempre,
aqui no nosso blog preferido, a gente confere com exclusividade, todas essas
meias dúzias de bobagens escritas na revista mais estúpida desse país de
bananas. HELP!
POR PARADOXAL que isso possa parecer, a cultura jovem que explodiu nos anos 60 conheceu, sim, a maturidade. Aconteceu há cinquenta anos, em um disco da banda que cativara multidões de meninas histéricas cantando refrões bobos sobre amor. Lançado em 1º de junho de 1967, Sgt. Peppe’s Lonely Hearts Club Band, o oitavo disco de estúdio dos Beatles, elevou o rock à grande arte, incorporando, em sua narrativa experimental, música indiana, folclore britânico e até elementos da música erudita. Copiada, citada e parodiada inúmeras vezes, a capa do LP, que reuniu figuras tão diversas quanto o escritor irlandês James Joyce, a atriz americana Mae West e o guru indiano Mahavatar Babaji (todos, supõe-se, corações solitários da banda do sargento Pimenta), tomou-se um marco cultural por si só. O disco foi reconhecido de imediato. O maestro Leonard Bemstein disse que She’s LeavingHome era uma das três canções mais lindas do século XX, e o compositor erudito Ned Rorem a comparou com uma sonata de Schubert. A perfeição, porém, pode sempre ser melhorada: Sgt. Pepper’s passou por uma remodelagem, a cargo de Giles Martin, filho de George Martin, o produtor dos Beatles, e do engenheiro de som Sam Okell. Remasterizado pela dupla e acompanhado de um CD com sobras de estúdio, o disco chega às lojas na sexta-feira. Giles não foi reverente ao reconfigurar a obra do pai. "Tratei como um trabalho qualquer. No caso, a serviço de Paul McCartney, Ringo Starr, Olivia Harrison e Yoko Ono, meus patrões”, disse a VEJA. Riquezas insuspeitas do disco saíram realçadas: o cravo de Fixing a Hole está mais claro, a batería de A Day in theLife ganha um volume generoso, e as cordas de She’s LeavingHome soam mais límpidas. No disco de extras, gravações de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr desmentem a ideia de que eles já não se entendiam no estúdio. “Escutei horas de diálogos e, sinceramente, eu já tive discussões mais ásperas com a minha mulher”, diz Giles. Sgt. Pepper’s resume os anos 60 em toda a sua efervescência e inconsequência, mas, longe de ficar datado, tomou-se uma referência viva para artistas das gerações seguintes. Nas próximas páginas (duas), o leitor encontrará um painel sintético das forças culturais que esse disco ímpar aglutinou.
MISTICISMO ORIENTALQuando teve seu primeiro contato com a música da índia, em 1965, o guitarrista George Harrison achou tudo muito familiar, e só pensou em uma explicação razoável para isso: já ouvira os sons do Oriente em outra vida. Como nos anos 60 ninguém reclamava de “apropriação cultural”, a citara passou a fazer parte das melodias dos Beatles. EmSgí. Pepper’s, o diálogo musical entre o Ocidente e o Oriente aparece em Within You, without You. O quarteto de Liverpool também se tornou porta-voz do guru Maharishi. Depois de uma temporada com ele na índia (foto abaixo), porém, os roqueiros saíram desencantados (menos Harrison, que se manteve fiel). Graças a grupos como o místico Kula Shaker e o furioso Asian Dub Foundation, a música oriental continua sendo pop.
HIPPIES
Os Beatles passaram longe do “verão do amor”, movimento jovem que tomou São Francisco em 1967 (só George Harrison esteve na cidade americana, e saiu horrorizado com o ambiente drogado e decadente). Mas o recado pacifista das canções da banda é parte essencial do caldo de cultura hippie. Sgt. Peppefs alude à rebeldia juvenil em She’s LeavingHome, que fala de uma garota que abandona a casa da família. A história é narrada do ponto de vista dos pais — sinal irônico de maturidade, que se repete em When Pm Sixty-Four (Quando eu tiver 64 anos).
DROGAS E PSICODELIA
Tudo começou com ares de respeitabilidade científica, em Harvard, onde o psicólogo Timothy Leary fazia experimentos com LSD. Leary logo deixou a academia para virar guru. George Harrison e John Lennon experimentaram o LSD em 1965, e não é coincidência que, no disco de 1967, a sigla apareça em Lucy in the Sky with Diamonds. A cultura pop passaria por outras drogas, como o ecstasy das raves nos anos 90. Madonna alude ao princípio ativo do ecstasy, MDMA, no disco MDNA, de 2012.
VANGUARDA
Uma das últimas colaborações efetivas da dupla Lennon & McCart- ney, A Day in the Life foi banida da BBC por causa do verso “Queria deixar você ligado” (chapado, na gíria brasileira). A canção, que fecha Sgt. Pepper’s, incorpora ruídos, efeitos de estúdio e um assombroso crescendo de orquestra (com arranjos do “quinto Beatle”, o produtor George Martin, de terno na foto). Paul McCartney admirava compositores de vanguarda como Karl- heinz Stockhausen e Luciano Berio, e há quem aponte também a influência de Iannis Xenakis. Hoje, bandas como Radiohead dão continuidade ao cruzamento de rock com música erudita de vanguarda.
ESTILO INGLÊS
No início, os Beatles rendiam homenagem ao rock americano, cantando sucessos de Chuck Berry e Smokey Robinson. Sgt. Pepper’s é o primeiro disco essencialmente britânico da banda. A Inglaterra, que vivia um período de efervescência cultural — a Rua Carnaby (foto), em Londres, era o centro da moda jovem —, foi retratada em personagens como a fiscal de parquímetros de Lovely Rita. Nascido da música negra americana, o rock passou a ser também produto inglês. Nos anos 90, com franca inspiração nos Beatles, Oasis e Blur retomaram esse espírito.
Uma das últimas colaborações efetivas da dupla Lennon & McCart- ney, A Day in the Life foi banida da BBC por causa do verso “Queria deixar você ligado” (chapado, na gíria brasileira). A canção, que fecha Sgt. Pepper’s, incorpora ruídos, efeitos de estúdio e um assombroso crescendo de orquestra (com arranjos do “quinto Beatle”, o produtor George Martin, de terno na foto). Paul McCartney admirava compositores de vanguarda como Karl- heinz Stockhausen e Luciano Berio, e há quem aponte também a influência de Iannis Xenakis. Hoje, bandas como Radiohead dão continuidade ao cruzamento de rock com música erudita de vanguarda.
ESTILO INGLÊS
No início, os Beatles rendiam homenagem ao rock americano, cantando sucessos de Chuck Berry e Smokey Robinson. Sgt. Pepper’s é o primeiro disco essencialmente britânico da banda. A Inglaterra, que vivia um período de efervescência cultural — a Rua Carnaby (foto), em Londres, era o centro da moda jovem —, foi retratada em personagens como a fiscal de parquímetros de Lovely Rita. Nascido da música negra americana, o rock passou a ser também produto inglês. Nos anos 90, com franca inspiração nos Beatles, Oasis e Blur retomaram esse espírito.
2 comentários:
Revistinha de merda! Faz favor!!!
Realmente merecia um destaque maior, depois não venham reclamar que ninguém compra mais a revista.
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