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Atriz refinada nos detalhes, Michelle Williams não comete, em "Sete dias com Marilyn", o erro de tentar imitar Marilyn Monroe - a deusa única e irrepetível, em sua beleza e destino trágico. Por isso, acerta em cheio na recriação do essencial desta personagem que ocupa há 50 anos o imaginário do público e os mais diversos espaços midiáticos com seu ícone imediatamente reconhecível, mas quase nunca decifrado. A atriz recebeu sua terceira indicação ao Oscar pelo papel.
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Fora a delicadeza de nuances da interpretação de Michelle - cuja fragilidade física não sugeriria, à primeira vista, que desse conta de encarnar a carnalidade de Marilyn -, ajuda muito que a via de acesso à sua história tenha sido o livro de memórias de Colin Clark (1932-2002), "Minha Semana com Marilyn". Jovem aristocrata, Colin (Eddie Redmayne) tirou a sorte grande, em seu primeiro trabalho profissional no cinema, ao receber como um presente do destino a missão de assistente pessoal da diva, em viagem à Inglaterra para atuar em "O Príncipe Encantado" (1957).
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Combinando com fluência essas duas vertentes, a verdadeira incorporação da atriz por sua intérprete e o encantamento de seu jovem auxiliar, extraindo várias nuances de humor no meio do caminho, o filme do diretor e produtor britânico Simon Curtis contorna os clichês e se transforma numa jornada de redescoberta. Da história de Marilyn, de Colin e do próprio público, que pode sintonizar nas entrelinhas algumas emoções de um primeiro amor - como na sequência que apresenta uma travessura da estrela, escapando ao trabalho com o assistente, para uma divertida visita a uma escola, seguida por um mergulho num lago.
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Outra nuance devidamente bem utilizada no roteiro de Adrian Hodges é a tensão do veterano ator Laurence Olivier (encarnado com cinismo histriônico por Kenneth Branagh) diante da diva, cuja exuberante sexualidade o desconcerta quase tanto quanto sua dificuldade em decorar as falas, o que atrasa perfidamente o cronograma da filmagem. Uma atração que a mulher de Olivier, Vivien Leigh (Julia Ormond), assiste cinicamente conformada.
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Com o encanto dos admiradores transformado em medo, Marilyn prosseguiu, entregue a uma apavorante solidão, aos próprios fantasmas e aos remédios que minaram sua resistência. A política, que pode ou não ter tido algum papel em sua morte precoce, em 1962, aos 36 anos, não é objeto deste ótimo filme, que aborda um outro tempo. Somente aqui, no Baú do Edu, a gente confere o filme inteirinho, dublado em português. Sensacional! Imperdível!
6 comentários:
Maravilha Edu! Na titela! Tenho de assistir prá ter uma opinião. Mas a mulher era espetacular e espetaculosa!
Parece muito bom, quero assistir logo!
Aparenta ser um filme interessante, e muito bacana os post sobre os filmes, como sempre " o baú do edu" show de bola!
Amei o filme e Michelle como Marilyn dá show.
E aí, Renato? Welcome to our Baú do Edu!
Quero assistir esse filme pela Marilyn e pela Michele !!
Dois Mulherão !!!!!
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