segunda-feira, 21 de maio de 2012

BED PEACE - O "BED IN" DE JOHN & YOKO

Em 21 de maio de 1969, John Lennon e Yoko Ono iniciam o 2º "Bed-In" de dez dias no Queen Elizabeth Hotel de Montreal. O 1º, foi em março do mesmo ano em Amsterdan.
Há exatos 43 anos, John Lennon e Yoko Ono, literalmente, fizeram a fama ao deitar na cama. Meses antes de os Beatles pedirem as contas, o músico e a artista plástica participaram de uma de suas mais famosas sessões de foto, nas suítes 1738 e 1742 do Queen Elizabeth Hotel, em Montreal, Canadá. Tratava-se do segundo "bed-in" na balada dos recém-casados John e Yoko - a modalidade pacífica de protesto que consistia, basicamente, em passar alguns dias no colchão sob um batalhão de flashes. Com o ato, embalavam em ironia o recado vital em tempos de Guerra do Vietnã: "Para que perder o sono com a paz mundial?".
Ao longo de uma semana, o casal recebeu o guru do LSD, Timothy Leary, a cantora britânica Petula Clark, o comediante Tommy Smothers, Dick Gregory (ativista pela causa negra), Jacques Larue-Langlois (defensor da separação de Quebec do Canadá) e membros do templo canadense Radha Krishna. Parte desse time se juntou em coro para gravar o hino "Give Peace a Chance", em 1° de junho. A faixa alcançou a 14ª posição nas paradas da Billboard.
Por lá também apareceu o cartunista Al Capp. Um camarada, diga-se, visto como liberal e com uma indicação ao prêmio Nobel de Literatura por John Steinbeck (autor de As Vinhas da Ira) - mas que, nos anos 1960, deu uma guinada à direita e provocou a ira de vários ativistas anti-guerra, como a cantora Joan Baez, então parceira de Bob Dylan. Na visita, Al Capp chega, despeja inúmeros insultos contra o casal e pede que Lennon dê explicações a respeito da letra de "The Ballad of John and Yoko", principalmente os versos sobre crucificação (em português: "Cristo, você sabe que não é fácil/ Você sabe o quão difícil pode ser/ Do jeito em que as coisas estão indo/ Eles vão me crucificar"). Assista o vídeo aqui:
Montreal não foi a primeira escolha de Lennon e Ono, então casados há dois meses. Mas o Beatle, que apoiava abertamente a maconha, era persona non grata nos Estados Unidos - onde moraria poucos anos depois, conforme mostra a exposição John Lennon: The New York Years. Eles optaram, então, por Bahamas, mas um dia de estadia bastou. Circulam duas versões para o abandono do endereço: eles penaram com o calor do arquipélago centro-americano, particularmente insuportável para quem tinha acabado de sair da Inglaterra; ao mesmo tempo teriam ficado revoltados com a diretoria do hotel, que inflacionou os preços para pegar carona nos hóspedes ilustres.
O primeiro bed-in de Lennon e Yoko começou no dia 25 de março, em Amsterdã, capital da Holanda. Mais precisamente, durante a lua-de-mel dos recém-casados. Mandando a privacidade para o espaço, eles esperavam trazer a paz de volta à Terra, como explica o escritor Philip Norman, autor da biografia John Lennon - A Vida. "Os repórteres e fotógrafos de todos os países que adentraram correndo as portas da suíte 902 (a suíte presidencial do Amsterdan Hilton Hotel) certamente ficaram boquiabertos de surpresa. Em vez dos esperados Dois Virgens (referência à capa do primeiro álbum em dueto), em estilo nu de bacanal, encontraram os recém-casados encostados lado a lado na cama de casal, decorosamente vestidos de pijamas, cercados por flores e cartazes escritos a mão dizendo: 'bed peace', 'hair peace', 'I love Yoko', 'I Love John' (...). Com a barba espessa fazendo um estranho contraste com a imaculada indumentária de dormir, John explicou o espírito da coisa. Em vez de marchar e lutar ao lado dos militantes da contracultura em favor de um mundo melhor, ele decidira agir 'à maneira de Ghandi', mas usando uma capacidade de monopolizar a atenção que Mahatma jamais conhecera." Na companhia da pequena Kyoko, filha de cinco anos de Ono, eles montaram seu próprio Big Brother, e sobre ele salpicaram discursos sobre paz mundial.
Em agosto do ano passado, como forma de incentivar os pacifistas ao redor do mundo, Yoko Ono disponibilizou o documentário "Bed Peace" para exibição gratuita no YouTube. O longa mostra a lua de mel de Yoko e John Lennon - que foi transformada no chamado "Bed-In", protesto pacífico da dupla: em plena Guerra do Vietnã, os dois decidiram ficar duas semanas na cama, uma delas em um hotel em Amsterdã, em março de 1969, durante a lua de mel; e posteriormente, em maio, em Montreal. No segundo, nasceu a canção "Give Peace a Chance". Em comunicado divulgado junto ao documentário, Yoko Ono se pronunciou brevemente sobre sua proposta ao exibir Bed Peace na íntegra, já que ele só foi lançado em VHS. "Em 1969, John e eu fomos muito ingênuos ao achar que fazer o Bed-In ajudaria a mudar o mundo. Bem, pode ter ajudado. Mas na época, não sabíamos. Mas foi bom que filmamos tudo. O filme é poderoso agora. O que dissemos naquela época poderia ter sido dito agora. Na verdade, há coisas que dissemos no filme que podem dar coragem e inspiração aos ativistas de hoje. Boa sorte a todos nós. Vamos lembrar que a GUERRA ACABA se nós quisermos. Depende de nós, e de ninguém mais. John iria querer ter dito isso." Em princípio, "Bed Peace" ficaria no ar por apenas 48 horas, mas devido ao grande número de pedidos dos fãs, permaneceria em exibição no YouTube somente até 21 de agosto. No entanto, o filme continua lá até hoje. Assista abaixo ao documentário, em inglês.

3 comentários:

Valdir Junior disse...

O BED IN de John & Yoko foi uma boa sacada na época para divulgar sua campanha a paz , pena que que as pessoas ( principalmente os jornais ) levaram tudo aquilo na base da brincadeira e outra esquisitices do casal !!!!
Give Peace a Chance é um mantra da paz e é legal de mais ver o clima em que ela foi gravado !!!

JOHN LENNON FOREVER !!!

João Carlos disse...

Mesmo sendo uma esquisitice e até ingênuo (como Yoko bem falou), de certa forma funcionou!E virou um marco e uma referência dos anos 60.

Jeniffer disse...

Concordo com os comentários, a coisa foi feita com a melhor das intenções, John realmente abraçou a causa, mas depois viu que isso foi ingenuo, mas não podemos negar, ficou pra história.Mas temos que concordar se fosse hoje em dia com essa coisa de celebridade, isso soaria como jogada de marketing pra vender disco.