Em 1989, o mercado tinha mudado muito, do “tempo dos Beatles até então). Então, talvez fosse a hora de fazer alguns clássicos. Principalmente se Paul McCarrtney desejasse lotar arenas e estádios novamente. Quase trinta anos depois de Paul ter composto tantas canções de sucesso, de melodias pop animadas a rocks berrantes, dance music descartável, folk de comícios eleitorais baratos e vanguarda pop dos anos 60, com todo o peso histórico da liturgia da civilização ocidental, o único problema era decidir qual delas não tocar. O primeiro lampejo do novo velho Paul apareceu no vídeo de “My Brave Face”, o primeiro single importante do mega sucesso “Flowers In The Dirt. Em 1989, os vídeos estavam no auge, sendo ainda a forma mais significativa de estabelecer o tom e a imagem que os artistas pop desejavam dar de seu novo trabalho, a própria base para o passo de suas carreiras. Como Paul iniciara um caminho previsto para durar mais uma década, a nova imagem que elaborou de si mesmo – para ser acoplada à nova canção que fizera no estilo dos Beatles, ao novo álbum que prenunciava a turnê mundial que se seguiria – veio atrelada ao talismã mais poderoso do passado.
Ele estava com seu baixo Höfner. O baixo dos Beatles, que não era visto nas mãos de Paul (a exceção de uma aparição zombeteira no vídeo de “Coming Up”) desde que ele estivera no telhado, naquela tarde lendária de janeiro de 1969, numa época em que os gigantes ainda andavam sobre a terra. A apresentação da banda (perfeitamente sincronizada) foi filmada a partir de um enredo bobo que envolvia um japonês obsessivo colecionador de lembranças de Paul McCartney, cuja coleção de objetos roubados continha mais do que simples artefatos característicos dos Beatles. Conforme a música vai tocando, o homem exibe o terno azul de Sgt. Pepper’s usado por seu ídolo e também vídeos caseiros dos jovens e belos Beatles, em seus momentos mais íntimos, jogando cartas, fazendo palhaçadas nos quartos de hotel, dançando suas canções secretas. Cada relance precioso foi concebido para conectar o Paul mais velho (ainda que surpreendente juvenil aos 47 anos) ao seu adorado muito mais jovem. A mensagem do vídeo: este Paul é aquele mesmo velho Paul. E agora ele está de volta à condição dos Beatles mais caracteristicamente beatle de todos, como vocês todos souberam durante todos esses anos!
3 comentários:
Taí um momento e um disco do Paul que me marcou muito !!! My Brave Face era o mais puro pop rock moderninho com melodia e harmonia Beatle que tocava na radio !!
Queria ver ele tocando ela hoje para ver como ela sairia com essa banda !!
É mesmo um dos melhores de Paul.
Adoro.
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