Com uma nova formação e mais entrosado, o Wings produz outro álbum fora de seus domínios destinado a ser mais um campeão de vendas em todo o planeta. Depois de um começo incerto e irregular, não era mais possível negar. O Wings havia alcançado o status de superbanda, e Paul McCartney já podia comemorar o sucesso fora dos Beatles apenas cinco anos após o fim do grupo que mais influenciou a história da música pop.
Fonte: Claudio Dirani - Paul McCartney - Todos os segredos da carreira solo.
Com Band On The Run ainda em posição confortável nas paradas (onde permaneceria por 273 semanas desde o seu lançamento), McCartney aproveitou a maré de sorte para dedicar-se a diversos projetos. Entre janeiro e março de 1974, ele participaria ativamente das gravações de ‘McGear’, uma colaboração com o irmão Michael McCartney. O álbum contou com diversas composições inéditas de sua autoria, além de faixas escritas em parceria com Michael - (esse disco já esteve aqui para download!). No mês seguinte, McCartney viajou a Los Angeles especialmente para acompanhar a cerimônia do Oscar, onde Live And Let Die concorria ao prêmio de melhor canção. Naquela oportunidade, ele seria fotografado ao lado de John Lennon pela última vez, na casa de praia do parceiro, em Malibu. Em julho, chegaria a hora de mais uma viagem para o Wings, já com as presenças de Geoff Britton (bateria) e Jimmy McCulloch (guitarra), que partiria para Nashville em busca de entrosamento — pessoal e musical. Na capital da música country, o grupo gravaria ao lado de feras como Chet Atkins e Llyod Cramer o seu próximo compacto, Juniors Farm / Sally G, além de produzir uma homenagem ao pai de McCartney, Walking The Park With Eloise, sob o pseudônimo do grupo “The Country Hams”. De volta ao Reino Unido, McCartney levou a banda a Abbey Road para a gravação do especial One Hand Clapping, uma produção inédita até os dias de hoje.
Outro projeto cancelado nesta época seria o álbum Hot Hits and Cold Cuts, que mesclaria sucessos como Another Day, Hi, Hi, Hi e o “contemporâneo” Junior’s Farm, com sobras de estúdio, como Mama’s Little Girl. O álbum seria retomado e re-planejado por McCartney diversas vezes no final dos anos 70, e no início da década seguinte, mas abandonado até hoje. As gravações do novo álbum começaram em novembro de 74, no próprio estúdio da EMI onde Geoff Britton participaria de suas últimas sessões ao lado do Wings. Para o seu posto, é chamado o “agressivo” Joe English. O baterista se entrosou rapidamente com os companheiros em tempo de embarcar para Nova Orleans, em fevereiro de 1975, com a missão de finalizar o próximo LP, Venus And Mars, destinado a ser o próximo campeão de vendas da banda.
Após o lançamento do disco, e prestes a começar sua turnê mundial no mesmo ano, McCartney opinou sobre o seu novo material ao jornalista John Ingham: 'Nós somos uma banda bem unida, e não temos nada o que provar. Fazemos a música que gostamos e esperamos que o público também goste. E se eles realmente gostarem, ficaremos felizes com o nosso dia de trabalho”.
Para celebrar a produção de Venus And Mars, uma festa, em grande estilo, foi organizada a bordo do navio, Queen Mary, no litoral da cidade de Long Beach, Califórnia. Alguns dos convidados especiais que compareceram ao evento no dia 24 de março de 1975: George e Olivia Harrison, Bob e Sarah Dylan, Dean Martin, Cher, Joni Mitchell, The Jackson Five, Mick Dolenz e Davey Jones (The Monkees), Phil Everly (Everly Brothers), Chicago, Carole King, Jose Feliciano, Linda Ronstadt, Harry Nilsson, Jimmy Webb, The Faces, America, Paul Williams, Jim Messina, Helen Reddy, Rudy Vallee, eThe Hudson Brothers. A trilha sonora foi providenciada pelo pianista e compositor, Professor Longhair, e pela banda The Meters. O registro ao vivo dessa performance seria mais tarde lançado em dois LPs: Professor Longhair Live on the Queen Mary e The Meters — Live on the Queen Mary.
Antes de registrar a maior parte das gravações na cidade de Nova Orleans — a capital do Carnaval norte-americano — o Wings utilizou o aconchegante Studio 2 de Abbey Road em novembro de 1974 para completar três faixas que entrariam em seu próximo LP: Letting Go, Medicine Jar e Love In Song - todas elas com Geoff Britton na bateria. Entre fevereiro e março do ano seguinte, o estúdio Sea Saint, em Nova Orleans, abrigaria McCartney e sua trupe para a finalização da maioria das bases rítmicas de Venus And Mars. Algumas sobras deste trabalho apareceriam no futuro, como My Carnival (lado B de Spies Like Us), Lunch Box/Odd Sox (lado B de Coming Up) e New Orleans (Wide Prairie). Com o material devidamente gravado, o Wings viajou para Los Angeles, onde daria os toques finais no álbum no estúdio Wally Haider. Uma das canções mais produzidas na locação foi Listen To What The Man Said, com a participação especial de Tom Scott (clarineta) e Dave Mason (guitarra). A maioria das canções do álbum também contaria com arranjos produzidos por Tony Dorsey. De volta à Inglaterra, McCartney produziu algumas gravações no estúdio Abbey Road, em julho daquele ano, entre elas os instrumentais Reverse (inédito) e Rudolph the Red-Nosed Reggae - lançado quatro anos depois como lado B de Wonderful Christmas Time. Os ensaios para a turnê começariam no mês seguinte, nos estúdios Elstree, em Londres, durando até setembro. Já os shows decolaram na cidade inglesa de Southampton, neste mesmo mês, seguindo para a Austrália somente no final de outubro.
A capa, fotografada por Linda McCartney foi considerada a Capa do Ano pela revista Music Week. A arte ficou por conta de Hipgnosis e George Hardie. E as fotos internas são de Aubrey Powell. O álbum foi produzido pelo próprio McCartney. Na Eequipe técnica estavam Geoff Emerick e Allan O’ Duffy. Venus And Mars foi número 1 tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos. Um discaço! Com tudo o que tem direito!
7 comentários:
Fantástico! O LP original tinha capa dupla, encartes, poster etc... Ainda tenho o meu até hoje. Ah, ia esquecendo... o texto é do nosso amigo amigo Cláudio D. Dirani, no espetacular livro "Paul McCartney - Todos os segredos da carreira solo". Abração em todos!
E que texto... Tenho o meu também Edu! Fantástico.
Fantástico é esse novo topo do blog. Como você faz isso Edu? Que programa vc usa?
Olá Cláudia. Obrigado! Acho que não lhe vi por aqui antes... welcome! Como eu faço? Muito trabalho e teimosia. Uso os programas básicos - Corel Draw 7.0 e Photoshop CS6. Ok? Abração!
Edu
Acho Venus and Mars um assombro. Gosto de todas as músicas.
E os encartes tinham até adesivos.
Bom tempos do vinil!
Um discão do Paul e companhia. Tá quase teti-a-teti com Band On The Run e Ram. E o texto do Claudio Dirani é primoroso. A capa do "Baú" ficou lindona. Enfim é só coisa boa demais nesse post.
Edu... sou seguidora desde 2013...esse foi meu primeiro comentário... só pra eu entender, vc faz a arte em corel ou no photoshop?
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