Há cinco anos Paul
McCartney começou a relançar sua discografia em novas edições
remasterizadas e em formato de luxo. A ordem cronológica não está sendo
respeitada, mas nota-se que o ex-Beatle depois de ter
soltado os discos mais emblemáticos ("Band on the Run",
"McCartney") optou por trabalhos que foram menos celebrados ou
sofreram nas mãos dos críticos. Assim agora podemos nos debruçar sobre dois
discos lançados por ele na década de 80, um período que se mostrou complicado
para os astros surgidos nos anos 60 e início dos 70. Se para os outros artistas
se adaptar aos novos tempos estava se mostrando uma tarefa difícil, para
McCartney era mais ainda, já que, pela primeira vez, ia lançar um disco depois
da morte de John Lennon.
"Tug of War" começou a ser gravado antes do assassinato de seu eterno parceiro, mas é óbvio, que o trabalho ganhou um novo peso depois daquele fatídico 8 de dezembro de 1980. A tragédia fez até com que nos esquecêssemos, que aquele também poderia ser considerado o primeiro disco solo "de verdade" do ex-Beatle - já que os outros discos saíram creditados aos Wings ou vistos como álbuns experimentais. O disco, lançado em 1982, foi bem recebido pela crítica e se mostrou um enorme sucesso comercial. O trabalho trazia McCartney bastante inspirado e vivendo grande fase como compositor. Basta ver que faixas brilhantes como "Somebody Who Cares" - uma balada que se fosse mais conhecida já teria virado standard - ou "Wanderlust" sequer saíram em single.
"Tug of War" ainda tem dois duetos com Stevie Wonder -
incluindo o hit maior "Ebony And
Ivory", a participação do pioneiro do rock Carl Perkins e marcou
o reencontro de Paul com o produtor George martin que produziu praticamente
todas as obras-primas dos Beatles.
Lennon, é lembrado em "Here Today",
uma delicada balada acústica que hoje em dia é um dos pontos chave dos shows do
astro. Se você é fã de McCartney e nunca ouviu o disco, ou há tempos não o
escuta, prepare-se para uma agradável surpresa.
"Pipes Of
Peace", lançado em 1983, sempre foi visto como o "primo
pobre" de "Tug of War". A fama não deixa de fazer sentido, já
que ele é formado basicamente pelo material que sobrou das sessões daquele
disco. É fato que o material aqui é menos inspirado, mas ele tem bastante
coisa que vale ser reavaliada ou conhecida. Mas no final, "Pipes Of
Peace" sempre será lembrado por ser o disco que traz os duetos
de Paul McCartney com Michael
Jackson. E são eles que seguem como o ponto central do trabalho. "Say Say Say"
é pop funkeado de primeiríssima e - vale dizer - foi feita antes do estouro de
"Thriller". Menos lembrada, "The Man"
pode não ser tão lembrada, mas é igualmente ótima, especialmente para quem
gosta do chamado AOR (álbum-oriented
radio) – faixas para tocar em rádio.
Os dois álbuns chegam em versões remasterizadas (no caso de "Tug of War" também remixada) e com discos bônus trazendo lados B de compactos, demos e alguns experimentos. Nada disso é exatamente essencial, mas os fãs, e quem compõe, certamente vai gostar de ver os embriões das músicas e de ver como alguns daqueles rascunhos se tornaram canções de sucesso.
Um comentário:
Tug Of War é muito acima da média.
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