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Nesses tempos tão mudados, em pleno século XXI, acho que pouquíssimas pessoas podem dizer que REALMENTE conhecem a obra de Donovan Leitch. Durante a segunda metade dos anos 60, foi considerado como uma resposta britânica à Bob Dylan. Muita gente discorda da afirmação, principalmente porque a única ligação entre os dois estava na musica folk, no caso de Donovan, à escocesa, enquanto Dylan ia por um caminho parecido nos Estados Unidos.
Mas as semelhanças param por aí, enquanto Dylan fazia letras mais políticas, introspectivas e realistas, Donovan seguia trilhas mais alegres, mais etéreas, ligadas ao movimento flower-power, com letras falando de coisas místicas e psicodélicas, que encantavam a todos, inclusive aos "novos" Beatles, totalmente expostos a novas experiências, quando todos partiram rumo à índia, buscando respostas para sua própria existência.
Donovan Philips Leitch nasceu em 10 de maio de 1946, em Glasgow, mas mudou-se para Londres rapidamente. Com 18 anos gravou sua primeira demo e em 1965 passou a se apresentar regularmente no programa de TV Ready, Steady, Go! - onde conheceu os Beatles. Logo lançou seu primeiro single, Catch the Wind e as comparações com Dylan começaram. O single, entretanto, entrou no Top 5 da parada inglesa e rendeu, até, uma conversa entre os dois músicos, capturada no documentário Don´t Look Back.
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O single seguinte, Colours, também se transformou em grande hit e o cantor resolveu fazer sua estréia nos Estados Unidos, durante o Newport Folk Festival, em 1965. No ano seguinte lança Fairytale, seu segundo e último trabalho pela Hickory. No mesmo ano assinou com a Epic, pela qual lançou Sunshine Superman, recheado de arranjos exóticos e psicodélicos. Seu primeiro single, a faixa título, chegou ao topo das paradas nos Estados Unidos e na Inglaterra, com Mellow Yellow batendo no número dois poucos meses depois. Donovan voltou às paradas em 1967, com uma série de hits, como Epistle to Dippy, There Is a Mountain e Wear Your Love Like Heaven.
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No mesmo ano viajou para a Índia com os Beatles para estudar com o Maharishi Mahesh Yogi. A viagem o inspirou a abandonar as drogas e a exercitar a meditação. De volta à Inglaterra, gravou um disco duplo, A Gift from a Flower to a Garden. No ano seguinte mais um sucesso, The Hurdy Gurdy Man, que chegou ao Top 5, e fez de Jennifer Juniper (escrita para Jenny Boyd - irmã de Pattie, esposa de George Harrrison), um hit.
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Barabajagal, lançado em 1969, foi o último grande sucesso do bardo escocês, entrando no Top 40 das paradas. A maravilhosa Atlantis contou com a colaboração do Jeff Beck Group, que também trabalhou com Donovan em Open Road, de 1970. Depois do lançamento de Open Road, Donovan partiu para a Irlanda, voltando apenas em 1972 quando participou do filme The Pied Piper.
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Dois novos discos são lançados em 1973, mas ambos os trabalhos foram considerados fracos pela crítica. Em 1974 um novo trabalho, 7-Tease, e uma nova mudança, agora para os Estados Unidos, onde viveu durante dois anos no deserto Joshua Tree e gravou Slow Down, de 1976. No ano seguinte mais um trabalho, levando apenas o nome do músico, é lançado. Seis anos se passaram até que Lady of the Stars, produzido por Jerry Wexler, chegou às lojas. Neste ano, Donovan assume que está se aposentando e passa vários anos sem gravar ou escrever alguma nova canção.
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Até que em 1991 um revival em torno do seu nome começou devido a uma canção dos Happy Mondays que o homenageava. Donovan partiu em turnê ao lado do grupo e cinco anos depois, em 1996, lançou Sutras, um disco fantástico produzido por Rick Rubin, coincidentemente, Rubin também trabalhava com Johnny Cash, que lançou American Recordings quase ao mesmo tempo que o trabalho de Donovan. Ambos os discos são totalmente ignorados pela crítica.
O cantor fez alguns poucos shows para divulgar Sutras e desapareceu novamente, tocando apenas uma ou outra vez. Em 2004, entretanto ele voltou com Beat Cafe, coletânea produzida por John Chelew. A Sony lançou, no ano seguinte, o CD/DVD Try for the Sun: The Journey of Donovan e em 2006 a EMI colocou à venda um disco ao vivo In Concert: The Complete 1967 Anaheim Show, gravado,obviamente, em 1967. Donovan foi introduzido no Salão da Fama do Rock and Roll em 2012 e no Hall of Fame dos Songwriters em 2014.
4 comentários:
Realmente, música de alta qualidade para muito poucos.
O Donovan é uma lacuna imperdoável na minha estante.
Muito poucos mesmo! E pouquíssimos sabem que foi o Donovan que deu as aulas para John, Paul e George aprenderem a dedilhar os violões enquanto estavam na Índia, tão usados no Disco Branco. Esqueci de dizer que essa é dedicada especialmente em memória do meu amigão e mestre Ivan Neves, o Ivanzinho, que agora pertence ao universo. Valeu!
Eu conhecia Donovan só "de nome", "de ouvir falar". Estou ouvindo agora e estou amando! Com certeza, não é para ouvidos mal-acostumados. Vou procurar mais músicas dele no YouTube e conhecer melhor seu trabalho. Abs.
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