

No início de 1974, George Harrison anunciou que planejava fazer uma turnê pela América no outono. Como o próprio já antecipara, a notícia encontrou grande apoio do público, ávido por rever o ex-Beatle três anos depois do Concerto para Bangladesh. No entanto, a visão cintilante em sua mente não conseguiu ser traduzida para o mundo real. Seu primeiro passo em falso foi esperar demais para escrever e gravar o material. Chegou a dar um título para o álbum, ‘Dark Horse’, mas desenvolveu uma terrível laringite quando ia começar a gravar as músicas e não conseguiria um tempo para recuperar a voz. Comprometido com um itinerário de concertos por sete semanas para os quais não estava preparado, partiu para os Estados Unidos sem o álbum completo. Agravou ainda mais sua condição nos ensaios e, quando a turnê começou, a qualidade de sua voz já era péssima e diminuia ainda mais, a cada performance. Pior, a reação à justaposição de música indiana e a ocidental não foi tão calorosa quanto esperava. Seus apelos em relação a Krishna deixaram muitos na audiência se sentindo dogmatizados quando foram para ser entretidos.


Já não estando com boa saúde desde o começo da turnê, Harrison esgotava sua força física e mental a cada semana que passava. Quando retornou a Friar Park no fim da turnê, ele andava como se fosse um zumbi pelos jardins. “Isso foi o mais próximo que cheguei de um colapso nervoso. Eu não conseguia nem entrar na casa". Ainda assim, estava satisfeito pela turnê ter representado alguma forma de vitória. Apesar das críticas negativas e seus vocais abaixo do padrão, apesar de quase ter sofrido um colapso, centenas de milhares de pessoas haviam sido expostas à música indiana e à consciência de Krishna. O que o desapontou foram os tipos de pessoas que compareceram aos shows. Cada dia era uma jornada espiritual; ele pode ter falhado, mas fez um esforço consciente para amar Deus, seu povo e seu mundo. Os “fãs” que haviam ido ver George não possuíam objetivos tão nobres. “Eu poderia entrar no palco e ficar chapado, porque havia muitos baseados rolando. Eu só pensava: ‘Eu realmente tenho algo em comum com todas essas pessoas?".

No começo da turnê, enquanto falava com a imprensa em Los Angeles, ele havia descrito a empreitada como um teste. Disse que ou ficaria “extasiadamente feliz” quando terminasse e faria uma turnê no mundo todo, ou voltaria novamente para sua “caverna” por cinco anos. No fim das contas, a volta à caverna se estendeu por 17 anos.

E agora, pela primeira vez aqui nesse Baú, a gente confere um vídeo da excursão com alta resolução. Hare Krishna!
5 comentários:
Pena que não lançam essa turnê em dvd..
Foram gravados 4 shows e a qualidade é excepcional, como pode ser observada na música Dispute and Violence, que veio nos extras do Blue-Ray da edição de luxo do documentário Living in The Material World.
Apesar de todos os pesares, de todos os contras, eu gosto! E torço para um dia, a gente ver lançado por aqui, um DVD decente. Vamos pedir a Deus.
Talvez não lancem por receio da voz dele estar naquela situação,mas acho que daria para selecionar alguma coisa no meio de tantos shows.Não lançaram nem a tour do Japão que dira dessa de 74 ?
Faço coro com vocês amigos.
...Poor George...
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