sábado, 9 de junho de 2018

THE BEATLES - A DAY IN THE LIFE - CLÁSSICO IMORTAL!


“Foi um grande momento. Paul e eu estávamos indiscutivelmente trabalhando juntos, em especial em “A Day In The Life”... Costumávamos compor da seguinte forma: um de nós escrevia a parte agradável, o trecho fácil, como, por exemplo, ‘hoje li os jornais’ ou qualquer coisa do gênero, e quando a coisa empacava ou ficava difícil, simplesmente punha a música de lado; Paul e eu, então, nos encontrávamos, eu cantava a metade que havia feito, ele se inspirava, escrevia a parte seguinte vice-versa. Ele não se sentia à vontade quando acrescentava algo, provavelmente por achar que a canção já estava boa. Algumas vezes, não permitíamos que um interferisse no trabalho do outro, pois há uma tendência de sermos descuidados quando se trata do projeto de outra pessoa, e nos propúnhamos a fazer experimentações. Então, certo dia, estávamos trabalhando na sala onde ficava o piano de Paul e ele perguntou, “O que você acha de fazermos isso?”. Sim, vamos em frente. Acho que Pepper foi um grande trabalho”. John Lennon
“A DAY IN THE LIFE” é o som dos Beatles em uma série histórica de sucessos sequenciais. Depois do show que fizeram em 29 de agosto de 1966 em São Francisco, eles abandonaram as apresentações ao vivo. “Pessoas da mídia sentiram que havia muita inativida­de”, disse McCartney mais tarde, “o que criava um vácuo, as­sim eles podiam ficar reclamando da gente. Diziam: ‘Ah, a fon­te deles secou’. Mas nós sabíamos bem que não era isso.”
Com Sgt. Pepper, eles criaram um álbum de vi­sões psicodélicas; surgindo no fim do disco, “A Day In The Life” soa como se o mundo todo estivesse desmoronando. Lennon canta sobre morte e horror em seu vocal mais espectral - uma voz, conforme disse o produtor George Mar­tin em 1992, “que dá frio na espinha”. Lennon tirou a inspira­ção para os versos dos jornais e de sua própria vida: a parte que diz “lucky man who made the grade” [“homem sortudo que chegou lá”] supostamente se referia a Tara Browne, um aristocrata londrino morto em um acidente de carro, e o fil­me em que “the english army had just won the war” (o exér­cito inglês acabou de ganhar a guerra) provavelmente era uma referência ao papel recente de Lennon como ator em Que Delícia de Guerra (How I Won The War) de Dick Lester. E Lennon real­mente encontrou uma matéria no Daily Mail sobre quatro mil buracos nas es­tradas de Blackburn, Lancashire.
Lennon compôs a base da canção, mas sentiu que precisava de algo dife­rente na parte do meio. McCartney ti­nha um breve fragmento de música, "found my way upstairs and had a smoke / and somebody spoke and I went into a dream" ("me encontrei subindo as escadas e fumei / e alguém falou e eu entrei em um sonho"). “Ele se sentia um tanto tímido a respeito de­la porque acho que pensava: ‘Sua música já é boa”, disse Lennon. Mas McCartney também veio com a ideia de colocar mú­sicos clássicos no que George Martin chamou de “orgasmo orquestral”. A sessão de 10 de fevereiro se tornou uma ocasião fes­tiva, com convidados como Mick Jagger, Keith Richards, Marianne Faithfull e Donovan. O estúdio estava cheio de be­xigas; a orquestra, formalmente trajada, ganhou chapéus de aniversário, narizes de borracha e patas de gorila. George Martin e Paul McCartney conduziram os músicos jun­tos, fazendo-os tocar da nota mais baixa à mais alta de seus instrumentos. Duas semanas mais tarde, os Bea­tles adicionaram o toque final: a bati­da de piano que reverbera por 53 segun­dos.
Martin transferiu todos os pianos do estúdio, onde ele, Lennon, McCart­ney, Ringo Starr e o roadie Mal Evans tocaram o mesmo acorde de mi maior, enquanto o engenheiro de som Geoff Emerick aumentara os seletores para pe­gar até o último traço de som. Em abril, dois meses antes do lançamento de Sgt. Pepper, McCartney foi a São Francisco levando uma fita com uma versão não finalizada de “A Day in the Life", e a gra­vação acabou em uma estação de rádio, que a colocou para tocar repetidamente, levando à loucura todos da comunidade Haight-Ashbury. A BBC baniu a músi­ca por conta da suposta apologia às dro­gas no verso “l’d love to turn you on” [“Eu adoraria te deixar ligado’]. Na verdade, a faixa era intensa de­mais, musical e emocionalmente, para a programação das rádios. Só nos anos 80, depois do assassinato de Lennon, “A Day in the Life” passou a ser reconhecida co­mo uma obra-prima da banda. Como em muitas outras áreas, os Beatles estavam muito à frente do mundo todo.

2 comentários:

Joelma disse...

Nem parece que é John falando na primeira citação. Concordo com George Martin, a voz de John Lennon nessa música dá frio na espinha. De fato, A Day In a Life, uma obra prima.

Dani disse...

A primeira vez que ouvi, enlouqueci. Fico imaginando então o impacto dessa Música naquela época.