quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

THE BEATLES - ROOFTOP CONCERT 51 ANOS - 2020 - ABSOLUTAMENTE SENSACIONAL!


Sem dúvida alguma, uma das melhores postagens que O Baú do Edu teve o prazer de apresentar no ano passado, foi a do "ROOFTOP CONCERT" em 30 de janeiro quando esse dia histórico completou 50 anos. Especialmente em homenagem a essa data inesquecível, a gente confere aqui e agora, esse 'pequeno' texto do sensacional livro "Can't Buy Me Love - Os Beatles, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos" de Jonathan Gould - Larousse Editora - 2007. Não deixe de conferir de jeito nenhum e ver o filme inteiro, na superpostagem THE BEATLES - THE ROOFTOP CONCERT - 30/1/1969 - ESPECIAL 50 ANOS. Valeu!
Em 30 de janeiro, sob um céu nublado e melancólico de meio-dia, com o vento forte e a temperatura em torno dos quatro graus, os Beatles subi­ram até a laje da Apple, seis andares acima do térreo da Savile Row, e se posicionaram num palco improvisado de madeira, instalado no dia anterior.
De frente para a rua, da direita para esquerda, estavam George Harrison, vestindo uma jaqueta de pele preta e uma calça verde-limão, empunhando uma Fender Telecaster; John Lennon, envolvido num casaco de pele mosqueado que combinava com seu cabelo e empunhando uma Epiphone em madeira clara; e Paul McCartney, aparentemente imune ao frio de janeiro, vestindo um terno preto à Epstein com seu baixo Hofner a tiracolo, que ain­da tinha o setlist da última apresentação dos Beatles, no Candlestick Park em San Francisco, colado ao corpo. Sentados atrás deles estavam Ringo Starr, resplandecente em uma capa de chuva vermelho-clara que constrastava bruscamente com o bronze dos pratos e a madeira clara da bateria, e Billy Preston, quase invisível, arqueado sobre o piano elétrico. Sentados à esquerda do palco estavam Yoko Ono, Maureen Starkey e alguns funcioná­rios da Apple. O equipamento de som dos Beatles para essa apresentação a céu aberto consistiu em amplificadores pequenos usados para gravações em estúdio, complementados pelo sistema de som que uma banda usaria para tocar em um casamento ou um clube pequeno. Os cabos dos microfones de voz e dos instrumentos desciam pela escadaria do prédio da Apple até o estúdio no porão. A área do palco foi cercada por luzes, câmeras e técnicos de filmagem; também foram colocadas câmeras em um telhado próximo, no saguão do prédio e na rua abaixo. Do ponto de vista em que se encontravam, os Beatles tocavam para um público formado, basicamente, por frontões, águas-furtadas e chaminés. Sem saber e na estação errada, estavam reviven­do uma tradição que datava da era Tudor, quando grupos musicais se apre­sentavam nos telhados das guildas nas noites de verão. Tirando o fato de que estavam lado a lado, e não de frente uns para os outros, a apresentação dos Beatles foi uma extensão da mentalidade de ensaio que prevalecera no Twickenham e na Apple. Começaram com duas versões de “Get Back”, seguidas por três músicas também conduzidas pelas guitarras: “Don’t Let Me Down”, “I’ve Got a Feeling” e “Dig a Pony”. Depois de um ligeiro revival de “The One After 909”, datada dos tempos de skiffle, tocaram versões alternativas de ‘I’ve Got a Feeling” e “Don’t Let Me Down”. Conforme a música reverberava nos prédios próximos e cascateava até a rua, uma multidão se formava nas calçadas, olhando para os céus na tentativa de localizar a fonte do som, e o trânsito parou na Savile Row. Funcionários dos escritórios nos prédios vizinhos se debruçaram sobre as janelas abertas; outros subiram aos telhados para assistir ao show. Como a produção do fil­me esperava, o barulho e a comoção atraíram a polícia, que convocou um camburão de reforços antes de bater na porta do prédio da Apple. Com as câmeras ligadas, os policiais foram recebidos e dirigidos ao telhado, onde emergiram no meio da terceira execução de “Get Back” e confabularam com Mal Evans, o roadie da banda. Lennon e Harrison pararam de tocar assim que viram a polícia; McCartney e Starr continuaram tocando. Logo os ou­tros dois se reuniram a eles e todos juntos terminaram a música. Assim, a “recompensa” pela qual o diretor esperava se transformou em um desajeitado anticlímax, com a polícia londrina dizendo à banda de rock mais famosa do mundo que teria de maneirar. No dia seguinte, os Beatles retornaram ao porão da Apple para uma ses­são filmada, na qual gravaram mais três músicas que não eram próprias para execução ao vivo com a instrumentação padrão do grupo, com guitarras e bateria. Tratava-se de duas baladas centradas no piano de McCartney, “Let It Be” e “The Long and Winding Road” (nas quais John Lennon tocou bai­xo), e “Two of Us”, que ganhou um arranjo com violões. Ao final da sessão, a equipe de filmagem guardou o equipamento e partiu, o equipamento de gravação foi devolvido à EMI e o projeto de filme e álbum dos Beatles Get Back entrou no estado prostrado de limbo que ocuparia pelo resto de 1969.

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