Let it Be... Naked é uma versão remixada e remasterizada do álbum Let It Be, lançado em maio de 1970. O projeto foi supervisionado por Paul McCartney, que desde sempre achou que a produção de Phil Spector não representou fielmente as intenções do grupo para o álbum original. Let it Be... Naked apresenta as canções "nuas" - sem as intervenções de Spector e sem a vibração incidental de destaque do estúdio entre a maioria dos cortes do álbum original.
O álbum é apresentado de uma forma que Paul McCartney considera mais próxima de sua visão artística original: "voltar" para o som do rock and roll de seus primeiros anos, em vez dos overdubs orquestrais e enfeites que foram adicionados por Spector na produção final do álbum Let It Be. McCartney em particular esteve sempre insatisfeito com o estilo de produção dos remixes de Spector, especialmente por sua canção "The Long and Winding Road", que ele acreditava ter sido arruinada pelo processo. A atitude de McCartney contrasta com a de Lennon mais de duas décadas antes. Em uma entrevista para a revista Rolling Stone em 1971, Lennon defendeu o trabalho de Spector, dizendo: "Ele recebeu um monte de merda mal gravada, e ele fez algo de que quando ouvi, não vomitei".
Mas McCartney nunca se conformou com o resultado final. Durante anos ele viveu contrariado com o que aconteceu naquele disco. O resultado final, lançado com o nome “Let It Be”, trazia, em especial as cordas, coros e harpas em “The Long And Winding Road”, transformada de uma balada intimista num arranjo quase “brega”. Embora tenha vendido muito, “Let It Be” não agradou tanto nem aos fãs nem à imprensa e nem aos próprios envolvidos. Paul, teria que esperar três décadas para conseguir viabilizar a edição sem cortes que ele sonhava. Em 2000, McCartney encontrou-se casualmente com o diretor do filme “Let It Be”, num mesmo vôo. Michael Lindsey-Hogg, que rodara o documentário de 1969, lamentava o fato de o filme não estar disponível em VHS ou DVD. No meio da conversa, McCartney teve a ideia de remixar a trilha sonora para um eventual lançamento. Procurou Harrison, que deu o aval, mas não se envolveu – principalmente por já estar perdendo a batalha para o câncer que o levaria em novembro de 2001. Assim, no início do ano seguinte, McCartney mergulhou, com uma equipe de produtores, nas gravações originais de 1969.
O processo foi complicado. Como o clima entre os Beatles durante as gravações era muito ruim (agravado pela presença de Yoko Ono), era raro haver uma faixa que pudesse ser considerada “perfeita”. Utilizando técnicas digitais, os produtores fizeram, em alguns casos, colagens de takes diferentes da mesma canção. Chegaram a corrigir digitalmente uma desafinada de Lennon. Há algum tempo, um dos engenheiros afirmou numa entrevista que foram limados "todos os ruídos que normalmente acompanham as gravações de estúdio, os feitos pela própria equipe de filmagem, e até o som do vento nas gravações feitas na cobertura do estúdio da Apple". Ou seja: de "Naked" mesmo, o CD não traz nada, muito pelo contrário...
Então Let it Be... Naked foi lançado em 17 de novembro de 2003, trazendo a versão do álbum como McCartney queria. Nesta nova versão contendo dois CD´s, certas faixas como Maggie Mae foram retiradas. Foi adicionado a música Don´t Let me Down. A orquestra em The Long and Winding Road foi retirada deixando a música numa versão mais "crua" e Let it Be foi apresentada em outra versão de estúdio.
O segundo CD contém conversas entre os integrantes da banda e algumas partes de ensaios de algumas músicas. A curiosidade desse CD seria um trecho onde John Lennon ensaia a música que seria conhecida como Imagine, que não passa de um trecho isolado de menos de vinte segundos, que muito vagamente lembra o clássico de Lennon, perdido numa colagem de 22 minutos de duração com conversas e ensaios realizados durante as sessões de estúdio, que somente os fãs mais ardorosos vão poder apreciar, haja visto nenhuma música estar completa!
O álbum recebeu críticas mistas. Algumas elogiaram: "No geral um pouco mais forte (do que Let It Be) ... um álbum mais elegante, mais liso". Enquanto outras diziam: "não essencial (...) embora impecavelmente apresentado". A Rolling Stone observou que "enquanto as melhorias sonoras para o álbum como um todo são inegáveis, novatos devem ainda obter o original".
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