sábado, 9 de maio de 2020

THE BEATLES - LET IT BE - O CLÁSSICO COMPLETA 50 ANOS


Há 50 anos, no dia 8 de maio de 1970, "Let it be", o penúltimo álbum gravado e o último lançado pela ordem cronológica da discografia dos Beatles, chegou às lojas do Reino Unido. Quase 1 mês depois de Paul McCartney ter anunciado o fim do grupo. "Let it be" foi o décimo terceiro e último álbum de estúdio lançado pelos Beatles. O esforço deveria ser uma continuação do espírito de volta ao básico que o grupo adotara desde 'Lady Madonna' em fevereiro de 1968. Esse single havia marcado um afastamento da elaborada experiência de estúdio dos Beatles em 1966 e 1967, com um retorno para o rock mais direto, e grande parte do Álbum Branco e do Yellow Submarine se seguiram de maneira semelhante. Em janeiro de 1969 no Twickenham Film Studios, os Beatles começaram a trabalhar no que era conhecido inicialmente como o projeto Get Back: o conceito era uma chance do grupo voltar às suas raízes, com talvez um retorno às performances ao vivo pela primeira vez desde 29 de agosto de 1966.
Comprometidos em completar um último filme para a United Artists, mas sem inclinações para repetir Help! ou A Hard Days Night, os Beatles cumpriram seu contrato com "Let it be", um documentário com cores desbotadas de noventa minutos do grupo nos ensaios no Twickenham Film Studios, nas gravações no Apple Studios e ao vivo no topo do escritório da Apple em Saville Row, Londres. Essas três sequências foram filmadas em janeiro de 1969, mas o filme só estreou em maio de 1970, quando uma caixa com o álbum e um livro foi preparada para o lançamento. O plano era fazer um álbum chamado "Get Back" e filmar o processo de gravação para um documentário para televisão. Havia a possibilidade de incluir uma apresentação ao vivo e uma série de locais foi considerada. O filme e o álbum resultantes exigiram concessões. Em vez de ser um documentário sobre criatividade musical, "Let it be" se tornou um disco de desintegração musical. Para terminá-lo, Paul assumiu as rédeas, pressionando e estimulando quando necessário, enquanto John e George se amuaram, revelando abertamente seu ressentimento. Conflitos por causa do álbum contribuíram ainda mais para o rompimento do grupo. O americano Allan Klein, que tinha se tornado empresário deles, não estava satisfeito com a qualidade das fitas que o engenheiro Glyn Johns tinha editado, então trouxe outro americano, o produtor Phil Spector, para reforçar a produção. Quando Paul ouviu o que Spector fez com sua “The Long And Winding Road” pediu que sua forma original fosse restaurada. Depois que seu pedido foi ignorado, Paul disse "chega".

"Let it be" é um disco fragmentário. Como foi o último álbum lançado, muitas vezes presume-se que tenha sido o último a ser gravado. Mas, depois das brigas que caracterizaram "Let it be", os Beatles gravaram ainda "Abbey Road", sob a produção de George Martin que sempre considerou seu favorito. Quando "Let it be"foi lançado, os Beatles já tinham se desfeito e Paul já tinha lançado seu primeiro álbum solo, apesar de o grupo só ter acabado oficialmente em dezembro de 1970, depois do processo de Paul contra os outro Beatles, a Apple e Allen Klein. "Let it be" chegou ao topo da parada de álbuns na Inglaterra e nos EUA logo depois do seu lançamento em 8 de maio de 1970. Os pedidos antecipados de quase 4 milhões de cópias nos EUA foram os maiores até então.

Em novembro de 1968 os Beatles já estavam quase entrando em colapso. Apesar do Álbum Branco estar sendo considerado um dos melhores discos do grupo, o clima de tensão das gravações geraram desavenças. John Lennon estava mais interessado em sua 'new life' com Yoko Ono e seus álbuns experimentais, George Harrison também começou a embarcar na onda de discos solo, Ringo decidiu se aventurar a fazer cinema. Só Paul McCartney ainda tinha o sonho de manter o grupo unido, e numa tentativa desesperada da façanha, teve a ideia do projeto 'Get Back'. Como já foi dito, "Let it be" nasceu com o título de "Get Back", que além do nome da música, mostraria o grupo como eles eram mesmo: gravando sem a ajuda de overdubs, efeitos de estúdio e orquestras contratadas - Exatamente o contrário do que foram seus últimos álbuns.
A falta de direção e o desinteresse geral logo fez o projeto mudar de rumo. O que seria a ideia de mostrar os Beatles voltando as origens, deu lugar a um documentário de como se separaram. John Lennon odiou o fato de ter que estar num estúdio frio às 8 da manhã e se mostrar alegre e pronto para ensaiar e compor. George não aguentou mais o domínio de Paul e chegou a abandonar o grupo para retornar uma semana depois. Ringo estava lá, atrás da bateria, mas nada animado. Apenas Paul tinha o interesse em manter o projeto vivo. A presença constante de Yoko Ono se tornou insuportável ao ponto de Lennon e Harrison chegarem às vias de fato.
As gravações começaram em janeiro de 1969 no Twickenham Film Studios durante a primeira das 3 semanas de filmagem, mas logo se mudaram para os estúdios da Apple, onde ganhariam o reforço de Billy Preston nos teclados (trazido por George Harrison para amainar os ânimos). Em 30 de janeiro fizeram o famoso concerto, que se resumiu a subirem no telhado do prédio da Apple e tocarem algumas músicas para quem estivesse passando pela rua.
Em fevereiro o técnico de som Glyn Johns trabalhou nas fitas e apresentou o projeto do disco 'Get Back', mas foi rejeitado. Logo depois, desistiram de vez da ideia de lançar o que achavam ser uma porcaria e engavetaram. Para consertar o erro, ainda gravaram o que seria o último álbum e canto de cisne dos Beatles: "Abbey Road", e logo após John Lennon saiu definitivamente do grupo. Paul, George e Ringo ainda trabalhariam juntos em janeiro de 1970, mas foi em março do mesmo ano que o então famoso produtor Phil Spector entrou em cena. Após uma intensiva semana de remixagens, ele apresentou o reformulado e entitulado álbum "Let it be"Totalmente diferente da proposta original, o disco veio como uma salada. Continha as gravações do estúdio da Apple, as gravaçoes de 1970, o show no telhado e uma remixagem de uma música antiga de John, além de alguns comentários tirados do filme. Para horror de McCartney, algumas faixas tiveram a rotação alterada, foram editadas na sua duração e o pior... sua canção '"The Long and Winding Road" recebeu arranjo de orquestra, sem seu consentimento e aprovação. Estranhamente, "Don´t Let Me Down",uma música de John gravada nas sessões não foi incluída no disco, mas lançada em single quase um ano antes com 'Get Back' do outro lado.
O disco originalmente foi lançado em vários países em uma box de luxo contendo ainda um livro com centenas de fotos do grupo, mas essa caixa logo foi substituída pela versão normal. Em junho de 1970, "Let it be" alcançou o 1º lugar, onde ficou por 3 semanas. O filme "Let it be" foi lançado também em maio de 1970, junto com o álbum, um ano após ser gravado. A ideia do filme era mostrar a banda gravando e criando um álbum em estúdio, mas quando começaram as gravações, os Beatles já estavam atolados em meio a uma série de conflitos internos e quando o filme foi lançado, cada um já tinha tomado seu rumo. "Let it be" - o filme, é então reconhecido como "o documentário sobre o fim da banda". As câmeras captaram discussões, desinteresse e uma áspera discussão entre Paul McCartney e George Harrison. A parte final do documentário é o mini-show realizado no telhado do estúdio em Saville Row. As filmagens começaram em 2 de janeiro de 1969 e terminaram no final do mesmo mês. Algumas músicas gravadas durante as filmagens jamais foram lançadas oficialmente pelo grupo. As 28 horas de gravação foram editadas em 90 minutos de filme e várias músicas ficaram de fora tanto do filme quanto do álbum. "Let it be" foi dirigido por Michael Lindsay-Hoog, que também já tinha dirigido os vídeoclipes de "Rain", "Paperback Writer", "Hey Jude" e "Revolution".

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