No dia 27 de julho de 1976, após anos de briga judicial com a imigração norte-americana, John Lennon recebe finalmente seu tão aguardado "Green Card", documento que autoriza sua permanência definitiva nos EUA. Ele recebeu a carteirinha de número A17 597 321 do Juiz Ira Fieldsteel, que lhe permitia entrar e sair livremente no país. John declarou na época que agora iria fazer “o que todo mundo faz, ou seja, cuidar da vida, esposa e filhos”. Ele ainda diria que só voltaria a gravar um disco quando Sean completasse 5 anos de idade. “Não quero que aconteça o mesmo que aconteceu com Julian, que eu mal vi crescer”.
Aqui, como sempre com a mais absoluta exclusividade, a gente confere um trechinho do excelente livro "John Lennon em Nova York - Os anos da revolução" de James A. Mitchell.
DEVIDO À MÁ
publicidade gerada pelo “fim de semana perdido”, Lennon aceitara alguns
convites para aparecer sob uma luz mais favorável. Em abril de 1974, surgiu ao
lado de Harry Nilsson, sem tocar, num concerto beneficente da March of Dimes
Foundation, no Central Park, e em maio passou dois dias na Filadélfia para prestigiar
a maratona de arrecadação de fundos Helping Hands, da rádio WFIL-FM, antes de
voltar suas atenções para Walls and Bridges. Com a chegada do outono, quase
três anos depois da abertura de uma ficha com seu nome no INS, foi a vez de
Lennon abrir o seu próprio processo: uma ação judicial com base na Primeira
Emenda contra dois ex-procuradores-gerais dos Estados Unidos.
Como relatado no artigo “Justiça para um Beatle” da Rolling Stone, Wildes moveu uma ação contra o INS e os ex-procuradores John Mitchell e Richard Kleindienst, alegando que a “acusação seletiva” de Lennon tivera motivações políticas e que as informações utilizadas na construção do caso haviam sido obtidas ilegalmente por meio de vigilância e grampos sem mandado judicial. A ação pedia ao juiz Richard Owen, do tribunal distrital, que permitisse a Lennon provar, suas alegações. Foi o que Wildes tratou de fazer;
Litígios envolvendo órgãos do governo costumam demorar. Com o passar dos meses, a prioridade de Lennon se transferiu da carreira para o casamento. Enquanto isso, sua ação prosperava com o lento acúmulo de indícios. Assim como ocorreu com o caso Watergate, a revelação de documentos do INS e do FBI trouxe ao primeiro plano pessoas que sabiam de informações condenatórias. Um artigo da United Press International de junho de 1975 disse que Wildes tinha a documentação necessária para provar que a ordem de deportação de Lennon viera de Washington e que o INS enganara a imprensa: embora o seu diretor em Nova York, Sol Marks, tivesse afirmado ter ele próprio tomado a decisão de abrir o caso, uma história diferente estava sendo contada em 1975: “Marks declarou em depoimento, na semana passada, que serviu de veículo das instruções de Washington, cujo significado ele entendia ser ‘Não devemos dar trégua a esse sujeito’.”
Wildes nunca acreditou que pudesse derrotar o INS; as chances eram reduzidas e as cartas contra Lennon, marcadas. O apelo de Lennon foi rejeitado pelo INS e, em 17 de julho de 1975, ele recebeu nova ordem para deixar o país em 60 dias.
Mas as coisas haviam mudado. O processo aberto por Lennon permanecia sem decisão, com outros depoimentos ainda por tomar.
Quatro anos depois de terem sido apresentados, Wildes era agora um dos mais íntimos amigos nova-iorquinos de Lennon. Foi, portanto, com mais do que mero prazer profissional que ele lhe telefonou, em outubro, para transmitir sua mais recente e última notícia sobre o caso. “Você lembra que eu lhe disse que dificilmente ganharíamos esse processo?” perguntou-lhe Wildes, “Mas que talvez conseguíssemos sobreviver tempo suficiente para que a lei fosse alterada? Pois eu estou telefonando para lhe dizer que vencemos!”
Em 7 de outubro de 1975, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos derrubou a ordem de deportação de John Lennon confirmando que suas alegações sobre o papel do governo Nixon no caso eram todas verdadeiras. Wildes lhe deu a notícia quando Lennon se dirigia ao hospital onde, a qualquer momento, Yoko Ono daria à luz. No dia do 35º aniversário de Lennon, 9 de outubro de 1975, pouco depois de saber que sua longa luta pela liberdade de expressão terminara em vitória, John e Yoko receberam seu filho, Sean Ono Lennon.
Lennon obteve o direito de residência permanente nos Estados Unidos em junho de 1976. Indagado se guardava algum ressentimento contra Mitchell, Nixon e Thurmond, Lennon deu de ombros e, sorrindo para os repórteres presentes, respondeu: “É, o tempo cura todas as feridas.”
Depois de mais de uma década de fama, riqueza, muita bajulação e flertes com as armadilhas do sexo, das drogas e do rock and roll, John Lennon era — finalmente — um homem feliz.
Como relatado no artigo “Justiça para um Beatle” da Rolling Stone, Wildes moveu uma ação contra o INS e os ex-procuradores John Mitchell e Richard Kleindienst, alegando que a “acusação seletiva” de Lennon tivera motivações políticas e que as informações utilizadas na construção do caso haviam sido obtidas ilegalmente por meio de vigilância e grampos sem mandado judicial. A ação pedia ao juiz Richard Owen, do tribunal distrital, que permitisse a Lennon provar, suas alegações. Foi o que Wildes tratou de fazer;
Litígios envolvendo órgãos do governo costumam demorar. Com o passar dos meses, a prioridade de Lennon se transferiu da carreira para o casamento. Enquanto isso, sua ação prosperava com o lento acúmulo de indícios. Assim como ocorreu com o caso Watergate, a revelação de documentos do INS e do FBI trouxe ao primeiro plano pessoas que sabiam de informações condenatórias. Um artigo da United Press International de junho de 1975 disse que Wildes tinha a documentação necessária para provar que a ordem de deportação de Lennon viera de Washington e que o INS enganara a imprensa: embora o seu diretor em Nova York, Sol Marks, tivesse afirmado ter ele próprio tomado a decisão de abrir o caso, uma história diferente estava sendo contada em 1975: “Marks declarou em depoimento, na semana passada, que serviu de veículo das instruções de Washington, cujo significado ele entendia ser ‘Não devemos dar trégua a esse sujeito’.”
Wildes nunca acreditou que pudesse derrotar o INS; as chances eram reduzidas e as cartas contra Lennon, marcadas. O apelo de Lennon foi rejeitado pelo INS e, em 17 de julho de 1975, ele recebeu nova ordem para deixar o país em 60 dias.
Mas as coisas haviam mudado. O processo aberto por Lennon permanecia sem decisão, com outros depoimentos ainda por tomar.
Quatro anos depois de terem sido apresentados, Wildes era agora um dos mais íntimos amigos nova-iorquinos de Lennon. Foi, portanto, com mais do que mero prazer profissional que ele lhe telefonou, em outubro, para transmitir sua mais recente e última notícia sobre o caso. “Você lembra que eu lhe disse que dificilmente ganharíamos esse processo?” perguntou-lhe Wildes, “Mas que talvez conseguíssemos sobreviver tempo suficiente para que a lei fosse alterada? Pois eu estou telefonando para lhe dizer que vencemos!”
Em 7 de outubro de 1975, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos derrubou a ordem de deportação de John Lennon confirmando que suas alegações sobre o papel do governo Nixon no caso eram todas verdadeiras. Wildes lhe deu a notícia quando Lennon se dirigia ao hospital onde, a qualquer momento, Yoko Ono daria à luz. No dia do 35º aniversário de Lennon, 9 de outubro de 1975, pouco depois de saber que sua longa luta pela liberdade de expressão terminara em vitória, John e Yoko receberam seu filho, Sean Ono Lennon.
Lennon obteve o direito de residência permanente nos Estados Unidos em junho de 1976. Indagado se guardava algum ressentimento contra Mitchell, Nixon e Thurmond, Lennon deu de ombros e, sorrindo para os repórteres presentes, respondeu: “É, o tempo cura todas as feridas.”
Depois de mais de uma década de fama, riqueza, muita bajulação e flertes com as armadilhas do sexo, das drogas e do rock and roll, John Lennon era — finalmente — um homem feliz.
5 comentários:
John diz após receber seu cartão Verde (permissao para entesr e ssir dos EUA), que vai agora cuidar de Sean e ve-lo crescer. Mas infelizmente quatro anos depois ele é brutalmente assassinado. Infelizmente.
Melhor que não tivesse recebido.
Infelizmente aproveitou pouco, mas o que vale é que ele enfrentou o governo americano e abriu precedentes para outras pessoas fazerem o mesmo.
Se tivesse ficado na Inglaterra, talvez não tivesse acontecido o que aconteceu!
Foi uma vitória suada!!!
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