quinta-feira, 28 de abril de 2011

RINGO STARR EM DOSE DUPLA - VERTICAL MAN E RINGO RAMA

Em 1992 Ringo Starr voltava ao disco, após quase dez anos, depois do álbum “Times Takes Time”, um disco básico, mas que foi muito bem recebido pela crítica. Seis anos depois, Ringo conseguiu se superar lançando “Vertical Man”, seu 11º álbum de estúdio, um trabalho que até hoje é muito bem lembrado por seus fãs, e que, além disso, possui grande importância em sua carreira solo, por ser responsável por impulsionar Ringo para uma sequência de bons lançamentos, sejam de discos ao vivo ou de estúdio, fazendo com que a década seguinte fosse de muito trabalho, shows e lançamentos de discos com boa regularidade. A importância de “Vertical Man” para a sua carreira vai além disso, pois nesse disco Ringo inicia a parceria com o produtor Mark Hudson e sua banda, “The Roundheads”, que durou anos, até se desentenderem em 2008, durante a gravação do disco “Liverpool 8”, onde o próprio produtor também ajudou Ringo em algumas composições e nas apresentações realizadas pelo baterista para a divulgação do disco. Ringo recuperou a idéia de trazer convidados especiais para tocar em seus discos - como fez em toda sua carreira, só que nesse disco essas participações foram ainda mais marcantes, contando com um estrelar elenco formado por Paul McCartney, George Harrison, Steven Tyler, Ozzy Osbourne, Alanis Morrisete, Brian Wilson, Tom Petty, Joe Walsh, Scott Weiland, além de outros.
Todas as músicas são muito bem elaboradas, utilizando todos os recursos de seu novo amigo e produtor Mark Hudson, o que torna o álbum cheio de efeitos e belas criações que deixam as faixas mais encorpadas. Entre os muitos destaques, estão a faixa título “Vertical Man”, que traz bela participação de Ozzy Osbourne nos vocais, uma canção de letra e melodia tensas e “La de da”, single do disco, que ganhou inclusive um vídeo clipe bacana e que tem tudo a ver com Ringo Starr, é daquelas canções festeiras, positivistas, de refrão tão fácil que a tarefa de não sair cantando-a torna-se impossível. Já a canção “What in The...World”, que tem a participação de Paul McCartney no baixo e nos backing vocals, é também outro dos destaques do disco. Assim com a nova versão de “Love Me Do”, dos Beatles, que ganha aqui uma roupagem a lá Ringo Starr (sem George Martin!) e uma bela gaita tocada por Steven Tyler do Aerosmith. E já que estamos falando em Beatles, a balada “King of Broken Hearts”, ganha o reforço de uma slide-guitar de ninguém menos que George Harrison em sua bela melodia.
Um dos momentos mais interessantes do álbum é a regravação de “Drift Away”, canção já gravada dezenas de vezes por inúmeros artistas, e que aqui ganha vocais solos de Alanis Morissete e Tom Petty. Existe uma versão alternativa com o vocal solo também de Steven Tyler do Aerosmith, que acabou sendo limado da versão final.

Ringo Rama é o sucessor do excelente "Vertical Man" (não levando em consideração o disco natalino), e é tão grandioso quanto. Muito críticos o consideram como o melhor álbum da carreira de Ringo. Exagero ou não, esse álbum consolida um time que já vem ganhando há muito tempo, e que já produziu com Ringo quatro discos.
Ringo passou por vários momentos distintos em sua carreira musical (também trabalhou um bom tempo como ator de cinema), no início de sua carreira solo, após o fim dos Beatles, lançou um álbum de Standarts e outro de Blues, para só então voltar ao Rock'n'Roll quando lançou o seu mais bem sucedido álbum entitulado "Ringo", de 1973 que conseguiu reunir os Beatles em participações distintas no mesmo disco. A partir daí, seus discos sempre foram recheados de muito Rock'n'Roll e participações especiais. A fase seguinte, mostra um Ringo mergulhando de cabeça em um estilo mais pop e dançante, que predominou no fim dos anos 70. Nos anos 80 Ringo lançou dois bons álbuns, e posteriormente montou a sua famosa "All Starr Band" que anualmente percorre vários países fazendo shows memoráveis e contando com figuras lendárias do Rock como Eric Carmen, Gary Brooker, Billy Preston, Peter Frampton, Roger Hodson, Colin Hay, entre outros tantos.
Nos anos 90, deu uma guinada em sua carreira, voltando a estar de frente na mídia com sua banda e com sua nova fase ainda mais voltada para o Rock'n'Roll. Se o "Vertical Man" já era um disco com um certo peso, "Ringo Rama" fecha ainda mais a banda e as músicas para o Rock. Isso já é percebido na primeira faixa, "Eyes to Eyes" que abre o disco escancarando tudo e mostrando que o time não está ali para brincadeira. "Misouri Loves Company" conta com uma melosa guitarra de David Gilmour (Pink Floyd) para fazer um Rock melódico ao extremo. "Instant Amnesia" chega humilhar com o particular show de Ringo Starr na bateria, casando com uma guitarra nervosa, além de destacar também a sua brilhante interpretação vocal. “Memphis in your mind” é outro rockão que fala sobre o rock propriamente dito, com direito à samplers com a voz “exumada” de Roy Orbinson. Depois disso o disco abre espaço para duas baladas em homenagem aos dois outros Beatles falecidos. Na primeira música, "Never Without You", Ringo fala sobre seu amigo recém falecido George Harrison, utilizando uma bonita melodia com direito a participação do grande amigo de Harrison, Eric Clapton. Esta música aliás tocou bastante lá fora na época do lançamento, o que levou Ringo à inúmeros programas de Tv.
Na segunda música, também com participação de Eric Clapton, "Imagine me there", Ringo faz uma homenagem igualmente bacana à John Lennon, utilizando-se de uma letra surpreendentemente linda, mostrando enfim o quanto o baterista evoluiu como compositor. Antes que eu me esqueça de falar, Ringo Rama é um disco completamente autoral, possuindo quatorze músicas escritas pelo próprio Ringo, em parceria com o pessoal da banda. I Think Therefore I Rock And Roll retoma o clima pesado do disco trazendo novamente a guitarra de David Gilmour em um rock frenético e dançante. “Tripping On My Own Tears” lembra a fase do início dos anos 80 de Ringo, é um rock super festivo de refrão pegajoso e impregnante. "Write On For Me" traz a participação do rei do Country Willy Nelson, e resgata o flerte de Ringo com o estilo em um misto de Blues e Country. A seguir o disco traz as baladas "What Loves wants to be", destaque para a bela letra e "Love First and Question Later" com direito a melotron e fortes características sessentistas. A balada “English Garden”, já era de se esperar, visto que Ringo sempre grava uma música em homenagem à sua esposa. “Elizabeth Reigns” é em homenagem ao jubileu da Rainha da Inglaterra, mas feita em alto estilo com super produção da equipe com direito a orquestra e tudo. No fim o disco traz uma surpresa, “I Really Love Her”, uma música curiosa na carreira de Ringo que pela primeira vez toca todos os instrumentos. Bacana!
O disco original, foi lançado com um DVD bônus contendo um imperdível "making of" da gravação do CD, incluindo comentários do próprio Ringo, dos músicos e dos produtores do disco, além das imagens das sessões. No Brasil, o disco foi lançado simples, sem o DVD bônus. Recentemente saiu nos EUA e Inglaterra, uma versão do mesmo álbum contendo dois DVDs e um cd com três músicas a mais. Esse fica para depois. Abração! Especial para a amiga Danielle Starkey!

6 comentários:

Leonardo Polaro disse...

Dois belos discos Edu,parabéns pela postagem. Agora, no começo da reportagem vc cita o ´´Time takes time´´ de 92, que pra mim é um disco muito bom....rocks poderosos e melodias contagiosas. Simplezinho mas bonitinho...que tal um post sobre ele ? Valeu !

RafaCruz disse...

Muito bons mesmo esses dois álbuns de Ringo, afinal, ele é um música muito talentoso.

Bjs
Rafa
rafadeoliveira-tudosobrequalquercoisa.blogspot.com

Etyane disse...

Edu, eu como Ringomaníaca só tenho que agradecer essa excelente mátéria. Eu já li muita bobagem na internet sobre os trabalhos solos do Ringo(inclusive sobre esses dois álbuns que adoro)mas nunca dei crédito, pois não tenho confiança nessa turma e a opinião deles pouco me importa.Então pra mim é muito bom acompanhar aqui no Baú a visão de quem realmente entende do que tá falando. Viva o Ringo! Viva o Baú! Valeu mesmo!

Valdir Junior disse...

Realmente Edu estes dois discos são ótimos , principalmente o Ringo Rama que é o mais Rock and Roll, outro disco muito bom tambem é o Choose Love que na minha opinião completa esta trilogia de discos com o Mark Hudson.
Felizmente nos ultimos anos o Ringo vem fazendo aquilo que faz melhor : Tocar bateria,cantar,compor e fazer Rock and Roll.Muitas pessoas gostam de desmerecer o Ringo MAS ELAS NÃO SABEM DE NADA !!!!!!
O Ringo é um dos maiores baterista da historia da musica e do Rock e ele não sentou naquele banquinho da bateria dos Beatles a toa não, os outros tres sabiam muito bem disso e os fãs tambem.
O Ringo é um musico excepciomal , recentemente vi uma apresentação na Tv dele com o Ben Harper e esse só elogiou e falou da importancia do Ringo e sua musica para ele.
O RINGO É DEMAIS !!!!

Valeu Edu por mais um ótimo post !!

Abraços e Peace and Love !!!!

Leonardo Polaro disse...

Certa vez Ringo encontrou Neil Peart,baterista do Rush, famoso por suas dezenas de peças que o sercam no palco.Ringo lhe perguntou:´´como vc consegue tocar com tantas peças?´´.Peart respondeu com outra pergunta:´´como vc fazia tanta coisa com tão poucas peças...?´´
Da-lhe Ringão !!!

João Carlos disse...

Em 2010 esse pobre nordestino enxerido não ouviu nada melhor do que Y NOT.Discaço.É por isso que nunca assisti nem dou bola prá Grammy.