Caros amigos todos: Hoje é dia de matar a saudade, pelo menos um pouquinho. Saudade da super banda Renato & Seus Blue Caps - que já faz é tempo que não aparece aqui - e saudade do nosso queridissimo amigo, fã e principal colaborador João Carlos de Mendonça, o JC como eu carinhosamente o chamava. Nesses anos todos (quase 9 completados), foram incontáveis as vezes que Renato & Seus Blue Caps apareceu aqui, assim como são incontáveis as vezes que os belíssimos textos do JC abrilhantaram nossas páginas. Renato & Seus Blue Caps é a banda em atividade com maior longevidade do mundo - 60 anos. Desde que me conheço por gente (estou com 55) sou fã incondicional deste que é o melhor conjunto de baile do planeta. Gostava do Renato e sua banda mesmo desde antes de conhecer os Beatles. O JC começou a tocar em conjuntos de baile desde o tempo em que ainda usava calças curtas. Cresceu nesse meio - como ele nos conta em seu último livro "Odeio Música". Portanto, nada melhor que juntar a fome com a vontade de comer. Meus amigos e minhas amigas, com vocês Renato & Seus Blue Caps nas sábias palavras do amigo JC. Abração!
“RENATO E SEUS BLUE CAPS” - Texto publicado originalmente na coluna Sábado Som de 31 de março de 2015 - Recife, Pernambuco.
Entre 1966 e 1970 ninguém rivalizava com RENATO em se tratando de festinhas e “assustados”. Naquela época, sempre aos sábados, “rolava” uma brincadeira na casa de alguém e sem outros motivos que não fossem dançar e paquerar. Podia ser numa garagem ou num terraço. Certas ocasiões, a turma decidia aos 45 do segundo tempo e sempre funcionava. As meninas ornamentavam o local, alguém cedia a radiola, outro, os discos, outros, as bebidas. E nestas festas, a preferência eram os discos da banda RENATO E SEUS BLUE CAPS. Mesmo Roberto Carlos e Os Incríveis (também bastante apreciados) ficavam um pouco abaixo, assim como o órgão de Lafayette e Seu Conjunto e outros menos votados. Dos internacionais, os Beatles e os Stones também eram bem executados. O caso é que diferente da concorrência, os álbuns de Renato eram (ou pareciam ser) produzidos para “se dançar”. Já escolados, desde 1962 gravando e excursionando, o grupo costumava encher seu repertório com canções agradáveis para se “bailar” coladinho ou solto e isto poupava o DJ (improvisado) de ficar trocando de disco ou pulando faixas a cada música. O curioso é que, apesar de algumas versões infelizes, o som do conjunto vinha melhorando bastante, mais “redondo” e bem registrado. Algumas versões “pegaram” e eram boas (mesmo não se conhecendo os originais) e com toda ingenuidade das músicas da época, as preferidas eram as poucas escritas pelo Renato mesmo (ou material inédito de algum colega). A PRIMEIRA LÁGRIMA, ANA, OBRIGADO PELA ATENÇÃO (Raul Seixas), A IRMÃ DO MEU MELHOR AMIGO, NO DIA EM QUE JESUS VOLTAR, NÃO VÁ EMBORA SEM ME DIZER... E vai por ai. Eles faziam o que os ingleses chamam de “rock mid-tempo” (cadenciado, nem lento nem rápido demais). Outro fato que sempre me chamou a atenção era que a banda, aparecia sim, no Programa Jovem Guarda, mas nunca com a mesma assiduidade nem dependência, tal outros artistas. Talvez por isso mesmo tenha sobrevivido ao programa, com sucesso, até mais ou menos 1970.
OS BACANINHAS DO ROCK DA PIEDADE, certamente era um nome muito capenga, mesmo naquele período, quando os irmãos Renato, Edson e Paulo César Barros formaram o grupo. Além dos três, tinha o saxofonista e vocalista CID (presente no conjunto até os dias atuais) e mais um baterista e um organista (nesses 2 instrumentos houve mudanças entre 62 e 70). Antes mesmo de tocarem nas rádios (ao vivo) e gravarem o primeiro compacto, o radialista Jair de Taumaturgo, inspirado no grupo GENE VICENT AND HIS BLUE CAPS, sugeriu o nome RENATO E SEUS BLUE CAPS, e o conjunto virou “habituê” do programa de TV “OS BROTOS COMANDAM” do Carlos Imperial. O sucesso começou devagar, tanto que o irmão Edson (Edinho) desistiu e resolveu fazer carreira solo adotando o nome artístico de ED WILSON. Então em seu lugar, entrou o ERASMO CARLOS, que durou um tempo maior. Vale registrar que o conjunto gravou a versão original de GATINHA MANHOSA (Erasmo), que só mais tarde viraria sucesso com o próprio autor nas gloriosas tardes da Jovem Guarda. Exatamente neste ponto, a banda se redescobriu quando desistiu de procurar vocalistas e os irmãos Paulo César (baixo) e Renato (guitarra) passaram a dividir os vocais com o apoio do Cid, além da 2ª guitarra do Paulinho. Viraram mania. Venderam milhares de discos e, como citei, eram quase onipresentes nas festas, rádios e TVs. Renato Barros revelou-se um ótimo compositor no estilo, e suas criações superavam em muito as “versões” que escrevia, tanto que muita gente recorria ao seu talento, como a dupla LENO E LILIAN com DEVOLVA-ME (rasgue as minhas cartas e...), ROBERTO CARLOS com VOCÊ NÃO SABE O QUE VAI PERDER (já não encontro mais palavras prá lhe convencer...) e tantos outros artistas.
Quando eu me referi ao período 66/70, estava falando dos anos dourados da banda. Do sucesso estrondoso entre todas as camadas sociais, do mais modesto clube suburbano às mais “chics” casas noturnas do Brasil. Até que surgiu o “K7 PLAYER” e a turma começou a montar “fitas” sem interrupções entre as faixas, misturando as músicas e artistas. A banda chegou a parar de verdade. Anos mais tarde se reagrupou e até os dias atuais se apresenta pelo país, com casas lotadas por saudosistas e novos fãs. Renato Barros continua querido e respeitado pelos seus pares, tendo sido nominado recentemente entre os melhores guitarristas brasileiros.
Tenho muitas saudades daquele tempo. Das jovens tardes de domingo do Roberto e principalmente das adolescentes noites de sábado com RENATO E SEUS BLUE CAPS !
8 comentários:
Obrigado, amigo JC. Saudades forever! O que me conforma é saber que você está pela área.
Nenhuma outra banda brasileira representou tão bem Theo Beatles no Brasil, como Renato e Seus Bleu Caps.
Grande grupo Brasileiro, a musica A Primeira Lagrima é a minha favorita.
Ouvia repetidamente Anna e Feche os olhos. Marcou minha infância
Fantástico, emocionante ouvir e matar as saudades dessa maravilhosa banda!
Ótimo texto do saudoso amigo João Carlos. Sinto muito a falta dele por aqui.
Muito boas as versões.
Sim, eles foram os que melhor captaram e transmitiram todo a quele clima da beatlemanis aqui no Brasil.
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