“Love” foi o nome escolhido para um novo álbum dos Beatles lançado em 20 de novembro de 2006. “Love” é um álbum de remixes de músicas originais dos Beatles compiladas e remixadas como um grande mashup para a trilha sonora do espetáculo do Cirque du Soleil de mesmo nome. “Love” foi produzido por George Martin e seu filho Giles Martin, que disse na época: "O que as pessoas ouvirão é uma nova experiência, uma nova maneira de reviver toda a vida musical dos Beatles em um período muito condensado”. “Love” também foi o último álbum produzido por Sir George Martin antes de sua morte dez anos depois em 8 de março de 2016, aos 90 anos.
A própria história da inusitada parceria dos Beatles e o Cirque du Soleil, é curiosa e já carrega consigo certa magia - "A velha Mágica dos Beatles", como disseram alguns da imprensa da época.
Amantes da velocidade, George Harrison e Guy Laliberté, fundador e dono do Cirque du Soleil, tornaram-se grande amigos. George, então, planejava criar um espetáculo em parceria com o grupo de artes circenses. Com a sua morte em 29 de novembro de 2001, o projeto foi suspenso temporariamente. Mais tarde, após amplas negociações entre as partes envolvidas, Guy Laliberté entregou a missão de criar um espetáculo baseado nas músicas dos Beatles a um de seus diretores e coreógrafos, Dominic Champagne.
O espetáculo não poderia teri um nome mais apropriado: “Love”. Restava criar a trilha sonora, com as músicas do quarteto. A escolha para a missão recaiu em George Martin, que havia trabalhado como produtor dos Beatles na maior parte de suas criações. Para montar essa mistura sonora, George Martin chamou o seu filho Giles Martin para auxilia-lo na tarefa. Com a aprovação de Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono (herdeira de John Lennon) e Olívia Harrison (herdeira de George Harrison), os dois levaram dois anos misturando e mesclando as músicas, em cima das fitas master existentes.
Embora existam aqueles que provavelmente acham que remixar um álbum dos Beatles é um ato de profanação, é justo dizer que este foi um dos lançamentos mais esperados de 2006. Demorou dois anos para ser produzido, e isso mostra que este é um remix de um mashup sofisticado. A abordagem de George Martin ao estúdio de gravação sempre foi experimental. Junto com seu filho Giles, ele aproveitou ao máximo a tecnologia digital para criar algo genuinamente desafiador e muitas vezes bastante comovente.
Pedaços de músicas são inteligentemente montados em amálgamas fantásticos; a abertura de "Get Back" traz o mais breve dos trechos de "A Hard Day's Night" unido com os solos de "The End"; "Strawberry Fields Forever" é construída a partir de uma combinação de versões de demonstração até chegar a uma complexa orquestração dirigida pelo próprio Martin - a gravação completa finalizada; Something é introduzida pela sensacional vinheta creditada como "Gnik Nus", que nada mais é que "Sun King" tocada de trás para frente. “Love” é um tributo inteligente e sincero à banda mais influente e mais amada de todos os tempos. Um trabalho de amor, de fato. Os Beatles eram artistas inigualáveis. Como tal, a década dos Fab Four vale-se de registros que são frequentemente vistos como textos sagrados que não ousam ser perturbados. Com “Love”, os rapazes de Liverpool foram, literalmente, reinventados.
A ideia de remixar as músicas dos Beatles sobre elas mesmas não era nova, mas da forma como “Love” foi produzido, como uma experiência, pois é a trilha sonora para o espetáculo do Cirque du Soleil em Las Vegas, enriquece ainda mais o catálogo dos Beatles, misturando 10 anos de canções icônicas no espaço de 26 faixas. É a melhor compilação que já foi feita em torno de sua obra, no sentido mais palpável da palavra. “Love” não reimagina drasticamente as músicas dos Beatles, mas sim pedaços juntos, fragmentos de canções que não parecem ter correspondência alguma como ‘A Hard Day’s Night’ e 'Get Back', por exemplo, derruba as barreiras do tempo, tornando os Beatles uma entidade musical fluida, assim, um grupo de composições flutuam para dentro e para fora um do outro para um efeito fantasmagórico e muitas vezes emocionante. O redemoinho muitas vezes estonteante de som em "Get Back" chega a parecer que vai entrar em colapso, enquanto "Eleanor Rigby" e "Julia" se misturam num efeito assombroso. Além de implodir os limites entre os álbuns e as músicas, os dois Martins, George, o pai, Giles, o filho, também trazem essas faixas para os ouvidos de hoje; é quase uma revelação.
“Love” reafirma a vitalidade e a natureza essencial das gravações originais. É uma experiência única, deslumbrante e expansiva que está entre os melhores lançamentos dos Beatles em todos esses anos.
“Love” foi lançado em CD padrão, CD duplo e também um DVD sem imagens, mas com som em sistema de alta resolução 96/24 5.1 surround. “Love” alcançou a posição # 3 no UK Albums Chart durante a sua primeira semana de lançamento e também foi bem sucedido nos Estados Unidos, estreando em 4º lugar na Billboard 200, onde foi certificado com disco de Platina no final de 2006. No 50º Grammy em em fevereiro de 2008, “Love” ganhou em duas categorias - Melhor Álbum de Trilha Sonora e Melhor Álbum de Som Surround.
O espetáculo "The Beatles - Love" estreou em Las Vegas, na casa de de shows Mirage, no dia 30 de junho de 2006. Estavam presentes Paul McCartney, Ringo Starr, Yoko Ono, Cynthia Lennon, Julian Lennon, Olivia Harrison, Dhani Harrison, George Martin e Giles Martin. Foi o maior encontro da "Família Beatles" desde o fim do grupo.
3 comentários:
Parece que o Cirque du Soleil está passando por uma séria crise financeira, com risco de falência :(
Espero que se recuperem.
Eu assisti na última apresentação que fizeram aqui no Rio. É maravilhoso :)
Espero poder assistir novamente :)
Esse espetáculo não é fixo?
Apresentado somente em Las Vegas?
Não sei. O que eu vi no Rio foi o Amaluna, o penúltimo apresentado aqui na cidade.
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