A segunda incursão dos Beatles em filme longa metragem, produziu uma nova música excepcional no novo álbum com a trilha sonora. O álbum “Help!” - lançado em agosto de 1965, além da faixa-título, traz sucessos inesquecíveis dos Beatles, como "You've Got To Hide Your Love Away", "I Need You", "Ticket To Ride", “You’re Going to Lose That Girl” e o super álbum ainda esbanja mais uma preciosidade: a música "Yesterday", de Paul McCartney, a canção mais regravada na história da música. Com o lançamento deste álbum, os Beatles trouxeram uma grande variedade de instrumentos (instrumentos de sopros, teclados, pandeiro) e orquestração para um álbum pop. O imediatismo de suas composições, os refrões elaborados e seus vocais carismáticos ajudaram a inaugurar o novo som dos anos 60.
Desde que começou sua carreira solo, John Lennon muitas vezes se referiu a "Help!" como uma de suas músicas prediletas dos Beatles. Ele dizia gostar dela por ser "real". Seu único arrependimento era que, por questões comerciais, eles a tivessem transformado de uma canção que era para ser à moda Dylan em um rockão alegre dos Beatles. "Help!" foi escrita com Paul na casa de John em Weybridge, Kenwood, em 4 de abril de 1965, há 54 anos. A letra era uma reflexão franca sobre a insegurança de Lennon. Ele estava (junto com os outros) fumando muita maconha e por isso estava comendo e bebendo muito, tinha engordado e se sentia encurralado pela fama. A música, ele admitiu depois, realmente era um pedido de ajuda, apesar de ter sido escrita sob encomenda para o filme. "Eu precisava de ajuda. A música era sobre mim".
Creditada a Lennon e McCartney, "Help!" foi composta principalmente por John Lennon com uma pequena ajuda de Paul McCartney, na casa de Lennon, em Weybridge. Durante a entrevista para a Playboy em 1980, Lennon disse: "A coisa toda dos Beatles estava além da compreensão. Eu estava conscientemente pedindo por socorro".
O vocal anasalado de John é apoiado por Paul e George no refrão. Esta é uma das primeiras letras dos Beatles a não contar uma historinha de "garoto-encontra-garota/garoto-perde-a-garota". É uma verdadeira súplica por ajuda, comparando a situação em que ele se encontra no momento com uma época mais antiga, menos complicada. Posteriormente, ele diria: "Eu realmente quis dizer aquilo... O pedido de socorro era de verdade! A letra é tão boa agora quanto era na época. Isso não mudou, e saber que eu tinha consciência de mim mesmo então me traz segurança. Eu estava cantando 'help' ['socorro'] e realmente pretendia dizer isso".
Os Beatles gravaram "Help!" nos estúdios da EMI em Abbey Road, em 12 takes no dia 13 de abril de 1965 usando equipamento de quatro canais. As primeiras nove tomadas concentraram-se no apoio instrumental. "Help!" foi produzida por George Martin e teve Norman Smith como engenheiro. John Lennon toca violão e canta o vocal principal; Paul McCartney toca baixo e faz backing vocals; George Harrison toca guitarra solo e também faz backing vocals e Ringo Starr toca bateria e pandeiro. "Help!" foi lançada como single em julho de 1965 e foi número um por três semanas nos Estados Unidos e no Reino Unido.
"Help!" alcançou o primeiro lugar no final do verão de 1965. Foi o quarto de seis singles em primeiro lugar consecutivos nas paradas americanas: "I Feel Fine", "Eight Days a Week","Ticket to Ride","Help!","Yesterday"e "We Can Work It Out". No Ivor Novello Awards do ano seguinte , "Help!" foi eleita o segundo single mais vendido de 1965, atrás de "We Can Work It Out" e aparece como classificada em 29º lugar na lista da revista Rolling Stone “As 500 Melhores Músicas De Todos os Tempos”.
A música aparece no álbum Help!, no álbum Help! dos EUA com a trilha sonora, no álbum “vermelho” 1962–1966, em Imagine: John Lennon trilha sonora, 1, Love, e The Capitol Albums, Volume 2. A versão mono (com vocais diferentes e sem pandeiro) foi incluída no LP Rarities dos Beatles e na coleção The Beatles in Mono. O álbum da trilha sonora americana incluiu uma introdução tipo James Bond para a música, seguida por uma pausa antes da letra de abertura. Essa introdução não apareceu no álbum da trilha sonora britânica, nem foi incluída no single lançado em nenhum dos países.
Embora Lennon estivesse orgulhoso de "Help!" e a honestidade que transmitia, ele lamentou que os Beatles a tivessem gravado em um ritmo tão rápido no interesse de dar à faixa mais apelo comercial. O crítico musical Dave Marsh refutou essa ideia, dizendo: "Help! não é um compromisso; está explodindo de vitalidade... Lennon parece triunfante, porque ele encontrou um grupo de almas gêmeas que estão oferecendo a ajuda espiritual e o suporte emocional que ele implorou. As harmonias ecoantes de Paul, a bateria alegre de Ringo, o estrondo da guitarra de George, falam ao coração da paixão de Lennon e, embora eles não possam curar a ferida, pelo menos acrescentam uma nota de garantia de que ele não está sozinho com sua dor”.
Aqui, a gente confere o que disse o pesquisador e biógrafo dos Beatles, Hunter Davies em seu livro "As Letras dos Beatles - A História por Trás das Canções".
A música foi composta sob medida, a sete semanas da filmagem, quando por fim decidiram o título. Até ali, surgiram várias possibilidades - “Beatles 2”, “Eight Àrms to Hold You”, “High-Heeled Kickers”. John a compôs quase sozinho, com alguma ajuda de Paul, em Kenwood. A letra de “Help!” está entre as mais claras, menos evasivas, que ele escreveu até então, e também entre as mais fortes, sem rimas fracas ou banais como “blue e “true" [triste e verdadeiro] ou os batidos “Eu te amo” da música para o mercado adolescente. Ele também usa algumas palavras um tanto longas, pouco comuns na música pop - como “autoconfiante”, “reconhecimento”, “independência”, “inseguro” - resultado aparente de Maureen Cleave o ter provocado dizendo que todas as músicas dos Beatles pareciam ser preenchidas com palavras de uma sílaba só. Há também frases excelentes, como “my independence seems to vanish in the haze [minha independênçia parece se desvanecer na névoa], que sintetiza as desvantagens da fama e de seu sucesso: ter de correr pelo mundo, sem saber onde estão ou quem são. Sua vida tinha mudado tanto que eles precisam pôr de novo os pés no chão. Na letra de “Help!” John evita psicologismos ou análises freudianas de segunda mão. Na verdade, em certo nível pode-se tomá-la como outra canção de amor - ele quer que alguém venha e o ame, tome conta dele, o tipo de coisa que as pessoas desejam na vida. Ele agradece mesmo a alguém, é grato por tê-la ao redor, o que pode ser interpretado como se estivesse mesmo ok, tivesse uma mulher amorosa e não fosse preciso preocupar-se. Por outro lido, como John nos contou depois, era um grito de angústia pessoal. Pode ter sido influenciado pela primeira experiência deles com LSD, algumas semanas antes. A expressão “I find i've changed my mind” [Acho que minha cabeça mudou] pode ser entendida de dois modos: uma simples mudança de opinião ou uma alteração mental devida a experimentar drogas que modificam a vida. Pete Shotton, seu amigo de infância, que em 1965 passou vários fins de semana na casa de John, depois se tornou seu secretário particular e ainda trabalhou na Apple, diz que a frase “appreciate you being round” [aprecio ter você por perto] se referia a ele - o que poderia ser verdade já que ele fazia relembrar risadas, brincadeiras e bobagens compartilhadas quando meninos. John mais tarde contou a sua namorada do “longo fim de semana”, May Pang (assistente de John e Yoko, com a qual foi para a Califórnia em 1973, ficando lá por mais de um ano), que gostaria de ter interpretado “Help!” de forma muito mais lenta e sentida - tornando-a mais “verdadeira”.
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