O ritmo irresistível e os vocais enérgicos do single de estreia do THE KNACK, "My Sharona", garantiram à banda lugar permanente na história do Rock. Uma das favoritas dos aspirantes a baixista de todos os lugares, a música é base fácil para o que parece ser uma infindável lista de paródias imaginativas criadas por comediantes e publicitários: "My Toyota", "My Corona", "My Bologna", "My Payola", "Ay-atollah". Mas, por trás da alegre batida uptempo, a letra revela um conto de luxúria e anseio:
Ooh minha lindinha, minha lindinha
Quando você vai me dar algum tempo, Sharona?
Ooh, você faz meu motor funcionar, meu motor funcionar
Injete que ele vem fora da linha, Sharona
Venha pequena mais perto, huh, vai, huh?
Perto o suficiente para olhar nos meus olhos, Sharona
Mantenha o mistério, e você me consegue
Descendo o comprimento das minhas coxas, Sharona
Nunca vou parar, desista
Que mente mais suja
Sempre excitado pelo toque de meninas mais novas.
As palavras documentam a libidinosa obsessão do vocalista de
27 anos, Doug Fieger, por uma estudante de Los Angeles de 16, Sharona Alperin.
Ela trabalhava meio expediente em uma loja de roupas, onde Fieger foi
apresentado a ela por sua namorada da época. Como ele relembra anos mais tarde:
"Ela tinha um perfume irresistível, e isso me enlouqueceu". Ele foi
persistente em sua tentativa de conquistá-la. Quando o lendário produtor Mike Shapman
estava gravando a música para o primeiro álbum da banda, Fieger trouxe Sharona ao
estúdio como backing vocal (supostamente junto com outros, cantando, ao fundo, "fuck-me",
bem baixinho).
Ele a colocou na capa do single e a encorajou a terminar com seu então namorado. E, na onda do sucesso da música, que chegou ao topo das paradas, ele enviou a Sharona, já com 17 anos, uma passagem para se juntar à banda, que estava em turnê no Havaí. Lá, por fim, eles tiveram um envolvimento romântico. E, apesar da diferença de idade, o relacionamento parece ter dado certo. Ficaram juntos por quatro anos, durante os quais ela inspirou muitas das composições de Fieger. Ficaram noivos por um tempo, e, mesmo depois de terem se separado, ela continuou sendo sua amiga e musa. Em 2009, Doug revelou que a música "You Gotta Be There", do álbum Zoom, de 1999 era sobre Sharona.
A subsequente carreira profissional de Alperin se beneficiou de seu envolvimento com Fieger. "Doug estava querendo comprar uma casa, mas estava sempre em turnê, então... eu escolhi cinco casas e mostrei a ele. Um dos corretores me disse: 'Nunca vi ninguém apresentar casas assim. Você deveria ser corretora'." Depois de eles terminarem, ela conseguiu sua licença de corretora de imóveis. Hoje ela trabalha para a Sotheby's e é especializada em encontrar casas para celebridades. Sua lista de clientes é confidencial, mas sabe- se que inclui Leonardo di Caprio. "My Sharona" toca na página inicial de seu website.
Sharona e Doug se casaram depois com outras pessoas, embora o casamento dele tenha terminado em divórcio depois de dez anos. Em 2006, ele desenvolveu um tumor cerebral e em 2007 foi diagnosticado com câncer de pulmão. Sua ex-mulher e Sharona cuidaram dele durante sua longa batalha contra a doença, um notável sinal da duradoura afeição que ele inspirara. No final, ele perdeu a batalha, em 14 de fevereiro de 2010, e Sharona esteve presente em seu leito de morte. Seu falecimento renovou o interesse pela música e pela mulher que a inspirou, mais de 40 anos depois de Fieger ter se declarado da maneira mais pública possível. "Doug mudou minha vida para sempre", diz Sharona.
THE KNACK surgiu na década de 1970 em meio a uma cena musical saturada de música disco. "My Sharona" foi sua música de estreia, e, na onda do Power-Pop, alcançou o 1° lugar no Hot 100 da Billboard. Infelizmente para a banda, eles nunca mais conseguiriam repetir o grande sucesso de seu primeiro e fenomenal single. Embora "Good Girls Don't", tenha alcançado o 9º lugar, nenhum de seus singles posteriores conseguiu chegar ao Top 20. A banda se separou em 1982, mas se reuniu em 1997 depois de uma série de tentativas falhas; o único membro ausente era o baterista Bruce Gary, falecido em 2006. A banda continuou tocando, mas, mesmo antes da morte de Doug Fieger em 2010, os inebriantes dias de um single em 1° lugar já haviam ficado num passado distante. Fonte: "Músicas & Musas" de Michael Heatley & Frank Thopkinson.
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