sexta-feira, 2 de novembro de 2012

BOB DYLAN NA ROLLING STONE DE OUTUBRO


Sensacional a entrevista de oito páginas com Bob Dylan na Rolling Stone de outubro. Dylan se abre como nunca antes e passa por uma variedade inacreditável de tópicos: John Lennon e Bruce Springsteen; o que ele realmente achou dos filmes Não Estou Lá e Masked and Anonymous; ter sido preso pela polícia em Nova Jersey em 2009; e – em um esforço impressionante – sua crença de que ele foi "transfigurado" na época de seu acidente de moto de 1966. Dylan também, pela primeira vez, responde aos críticos que o acusaram de se basear demais em trabalho alheios. Leia um trecho.
Quero perguntar sobre a controvérsia a respeito das citações nas suas músicas das obras de outros escritores, como de Confessions of a Yakuza, do japonês Junichi Saga, e a poesia da Guerra Civil de Henry Timrod. Alguns críticos dizem que você não citou as suas fontes com clareza. No entanto, no folk e no jazz, a citação é uma tradição rica e enriquecedora. Qual é a sua resposta a esse tipo de acusação?
Ah, sim, no folk e no jazz, a citação é uma tradição rica e enriquecedora. Isso certamente é verdade. É verdade para todo mundo, menos para mim. Quer dizer, todas as outras pessoas podem fazer isso, menos eu. As regras são diferentes para mim. No que diz respeito a Henry Timrod, você já ouviu falar dele? Quem o lê ultimamente? E quem o colocou em evidência? Quem fez com que você fosse ler? E pergunte aos descendentes dele o que acham dessa confusão. E se você acha que é tão fácil citá-lo e que isso vai ajudar no seu trabalho, faça isso e veja até onde consegue chegar. Reclamões e covardes falam dessas coisas. É algo bem antigo – faz parte da tradição. Remonta a um passado bem distante. Essas são as mesmas pessoas que tentaram me classificar de Judas. Judas, o nome mais odiado da história humana! Se você acha que já foi xingado de um nome feio, tente imaginar o que é isso. Sim, e por quê? Por tocar guitarra elétrica? Como se isso de algum modo fosse comparável a trair o Senhor e entregá-lo para ser crucificado. Todos esses filhos da puta maldosos podem apodrecer no inferno.
Está falando sério?
Estou trabalhando dentro da minha forma de arte. É simples assim. Eu trabalho dentro das regras e limitações dela. Existem figuras autoritárias que podem explicar esse tipo de forma de arte a você melhor do que eu. Chama-se composição musical. Tem a ver com a melodia e o ritmo e, depois disso, vale tudo. Você faz com que tudo seja seu. Nós todos fazemos isso.
Quando esses versos entram em uma música, você tem consciência do que realmente aconteceu?
Bom, não exatamente. Mas, mesmo que tenha, você deixa passar. Eu não vou limitar o que posso dizer. Preciso ser verdadeiro com a música. Trata-se de uma forma de arte específica, que tem suas próprias regras. É um tipo de coisa diferente. Tudo que é meu deriva da tradição folk – não tem identificação necessária com o mundo pop.

Um comentário:

João Carlos disse...

Infelizmente o vídeo não abriu ! É essa a música com mais de 23 minutos ? Quanto à entrevista,ficou um gostinho de "quero mais"! KKKK Citações literárias são comuns assim como os livros usam trechos de música!