segunda-feira, 7 de outubro de 2019

O DIA QUE JOHN LENNON DEIXOU A BANDA


Ringo já havia ido embora antes, em 22 de agosto de 1968. George também, em 10 de janeiro de 1969. Mas nessas duas vezes, sempre aconteceu de esfriarem a cabeça e retornarem ao trabalho juntos para o bem de todos. Mas dessa vez, era diferente: não haveria mais volta!
Poucos dias antes do lançamento de “Abbey Road”, no dia 20 de setembro de 1969, houve uma importante reunião na Apple Corps. Allen Klein negociara com a EMI/Capitol um excelente novo contrato dos Beatles, segundo o qual sua porcentagem nos royalties aumentaria. Apesar de o acordo en­tre a gravadora e a banda ter va­lidade até 1976, o grupo já havia praticamente cumprido as dispo­sições mínimas do acordo: cinco álbuns e cinco compactos, por­tanto Klein tinha um trunfo em suas mãos. O contrato anterior com a Capitol já lhes garantia 17,5% das vendas para as lojas nos Estados Unidos, mas ele con­seguiu que esse valor aumentasse para 25%. Mesmo Paul, sempre relutante, percebeu que era um bom acordo e por fim assinou junto com Ringo e John. George, que esta­va em Cheshire, visitando a mãe que estav com câncer, retornaria em poucos dias para assiná-lo também. Mas esse contrato era só uma pontinha do iceberg.
John Lennon aproveitou também esta mesma reunião do dia 20 de se­tembro de 1969, para finalmente contar aos outros Beatles, seus ex-companheiros, que estava finalmente deixando a banda.
John Lennon: "Eu disse a Paul, ‘Estou saindo’. An­tes de irmos para Toronto, já havia tomado a decisão e disse a Allen que estava saindo. Contei a Eric Clapton e a Klaus que gos­taria de formar um outro grupo com eles, pois eu estava largando os Beatles. Eu ain­da não havia resolvido como faria isso - se teria uma banda permanente ou o quê - mas logo em seguida, pensei, ‘Que droga, não vou me prender a outras pessoas, não importa quem sejam’. Poucos dias antes da reunião, anunciei minha decisão a mim mesmo e a todos os que estavam comigo no avião para Toronto. Allen estava lá e eu lhe disse, ‘Está acabado’. Quando voltamos, tivemos algumas reuniões e Allen não parava de repetir, ‘Calma, calma!’, ainda havia muito a ser feito, principalmente em termos empresariais, e aquela não era a hora apropriada. Então, certo dia, estávamos no escritório com Paul, que fez um comentário sobre o que os Beatles deveriam fazer e eu só dizia, ‘Não, não, não’, a qualquer coisa que ele sugerisse. Então, chegamos a um ponto em que eu tive de me manifestar, e Paul perguntou, ‘O que você quer dizer com isso?’. E, respondí, ‘Quero dizer que o grupo está acabado. Estou saindo’. Allen retrucou, ‘Não diga isso’. Ele pedira que eu não tocasse nes­se assunto, nem mesmo com Paul, mas insisti, ‘Já disse’. Não tinha mais volta, aquilo simplesmente saiu da minha boca. Tanto Paul quanto Allen disseram que estavam satisfeitos, pois eu não iria anunciar minha decisão nem fazer alarde. Não tenho bem certeza se Paul disse para eu não contar a ninguém, mas ele estava bem feliz em sa­ber que eu não contaria nada e comentou, ‘Bem, como você não vai divulgar sua de­cisão, significa que nada ocorreu’. E foi isso o que aconteceu. Assim como quando você pede o divórcio, e a expressão do outro se transforma, Paul sabia que era o fim; e seis meses depois ele lançou não sei o quê no mercado. Eu fui um idiota em não ter feito o mesmo que ele, ou seja, usar a separação da banda para vender um disco”. Fonte: "O Diário dos Beatles" - Barry Miles.
A apresentação de John Lennon com a Plastic Ono Band em Toronto foi gravada ao vivo no dia 13 setembro de 1969. O álbum "LIVE PEACE IN TORONTO" foi lançado no dia 12 de dezembro de 1969.

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