terça-feira, 10 de abril de 2018

A SEPARAÇÃO DOS BEATLES - O DIA DO FIM DO SONHO

Um comentário:

Há 48 anos, no dia 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciava a separação oficial dos Beatles em um comunicado. Pouco tempo depois, John Lennon concluía: o sonho havia terminado. Na realidade, o grupo já tinha deixado de tocar juntos havia vários meses, desde quando terminou a gravação de Abbey Road. Os quatro já estavam se dedicando a projetos pessoais, mas ninguém se atrevia a anunciar ao mundo a separação. "Não deixei os Beatles. Os beatles deixaram os Beatles, mas ninguém quer ser o que diz que a festa terminou", afirmou McCartney na autobiografia do grupo Anthology. Em abril de 1970, Paul lançava seu primeiro disco solo, McCartney, e queria evitar entrevistas nas quais, sem dúvida, seria perguntado sobre a situação dos Beatles. Então, decidiu que Derek Taylor, assessor de imprensa do grupo, 'prepararia' um questionário, que seria respondido por ele para ser distribuído junto com seu disco. — Uma das perguntas era: "podemos dizer que os Beatles se separaram?" - Respondi: Sim. Não voltaremos a tocar juntos", lembra. McCartney estava furioso com o trabalho feito pelo produtor Phil Spector com as fitas que o grupo tinha deixado paradas no ano anterior e que foram retrabalhadas e lançadas como Let it Be. O trabalho de Spector foi aprovado por John e George Harrison, que não queriam que Paul lançasse seu álbum pela Apple Records — o selo criado pelo grupo — antes que Let it Be e o disco de estreia de Ringo Starr começassem a ser vendidos. — Estava tão cansado de tudo que disse: 'Quero sair do selo'. A Apple Records era um lindo sonho, mas pensei: 'Quero deixá-lo'. Paul afirma que o grupo chegou ao seu fim "quando John disse: "estou saindo! Quero o divórcio". Lennon já atuava junto com Yoko Ono em seu próprio grupo, a Plastic Ono Band, com o qual tinha lançado um álbum ao vivo, e, em janeiro de 1970, tinha gravado a música Instant Karma, com George e Spector. Ringo afirma que, antes do anúncio de Paul, sempre havia a possibilidade de os Beatles continuarem juntos. "Quando estávamos no estúdio gravando 'Abbey Road' não dissemos: 'acabou: último disco, última canção", assegura o baterista. Mas a separação dos Beatles era inevitável. Como explica George Martin, o produtor que trabalhou com eles no estúdio de gravação durante oito anos, "a ruptura ocorreu por muitos motivos, sobretudo porque cada um dos meninos queria viver sua própria vida e nunca tinham conseguido".— "Acho que nos separamos pelo mesmo motivo pelo qual todas as pessoas se separam. Precisávamos de mais espaço vital e os Beatles tinham se transformado em um espaço reduzido", afirma Harrison também na autobiografia do grupo.
Os quatro integrantes da banda seguiram seus caminhos separadamente, mas nunca deixaram de ser perguntados sobre um possível retorno, opção que foi descartada depois que John Lennon foi assassinado em Nova York, no dia 8 de dezembro de 1980.
Em 1980, Paul McCartney trabalhava em seu álbum "Tug of war". Durante a gravação - que marcava o seu reencontro com George Martin onze anos após "Abbey Road" - no dia 8 de dezembro, John Lennon foi baleado por Mark Chapman em Nova York. A faixa-título do disco de McCartney dizia: "Esperávamos mais / Mas, de um jeito ou de outro, tentávamos superar um ao outro num cabo de guerra". Além da guerra de egos entre os dois, outros fatores deram cabo à banda que revolucionou a história da música. A morte do empresário Brian Epstein, em agosto de 67, foi um deles. "Ele era um de nós", disse Lennon ao "New Musical Express". A presença de Yoko Ono também foi decisiva, definitiva e avassaladora.
"A morte de Epstein deixou os rapazes meio sem pai. Acho que isso contribuiu para John entrar em um estado de desamparo que possibilitou que Yoko dominasse o pedaço. A relação entre o Paul e o John também já estava desgastada. Eles eram muito amigos, mas a amizade azedou por causa da vaidade pessoal e do dinheiro", afirma Elaine Gomes, autora do livro "The Beatles - Letras e canções comentadas". A guerra de egos já acontecia, pelo menos, há muitos anos, embora velada. Nas gravações do Álbum branco (ou o "Álbum tenso", segundo McCartney), cada Beatle tratava o colega como músico de apoio. O estopim aconteceu no estúdio de Twickenham (período que George Harrison chamou de "o inverno do descontentamento") para a gravação do filme "Get back", no ano seguinte. Ao invés de canções brotando como mágica, brigas eram detonadas a todo instante. "Quase todas foram iniciadas por McCartney, que continuava a agir como se estivesse tentando roteirizar o filme, ao levantar questões como a mudança da visão de mundo dos Beatles desde a morte de Epstein", escreveu Jonathan Gold em "Can't Buy Me Love". Decepcionados com "Get back", que viraria "Let It Be", os Beatles voltaram aos estúdios. "Abbey Road", trazia a banda como nos velhos tempos em que tocava nas pocilgas de Hamburgo. John, Paul e George castigaram suas guitarras, enquanto a Ringo foi concedido o direito de fazer o seu primeiro solo de bateria em uma gravação dos Beatles. Mas tudo terminou por aqui. "I me mine", última faixa gravada pelos Beatles (para "Let it be", com o registro daquelas sessões de "Get back"), nem contou com a presença de Lennon. A morte de Epstein já havia esquentado o clima antes. "Não tinha ilusões quanto ao fato de que só sabíamos fazer música e nada mais", disse Lennon a Jann Wenner, autor do livro "Lennon remembers". Após a perda, os Beatles ainda fundaram a Apple, mistura de gravadora e produtora de filmes. Preocupado com as finanças, McCartney contratou o sogro, Lee Eastman. Lennon, Ringo e George ficaram com Allen Klein, empresário não muito confiável e que cuidava da carreira dos Rolling Stones. Com relação à Yoko Ono, teria ela força suficiente para causar a separação dos Beatles? Marcelo Fróes, pesquisador musical e produtor de diversos CDs com a obra dos Beatles interpretada por artistas brasileiros, acredita que a influência não foi tão decisiva. "Se houve influência, certamente foi para apurar a sua criatividade. Ela deve ter alfinetado as picuinhas entre os dois líderes da banda, que podem ter ficado piores depois que Brian Epstein morreu", afirmou. Os integrantes dos Beatles nunca deixaram claro até que ponto chegou tal influência. "Quando o John se amarrou tão intensamente nela, ficou óbvio que era um ponto sem volta. Sempre achei que ele tinha que se desligar da gente para dar atenção a ela", disse McCartney no Anthology. O próprio John Lennon reconheceu, na biografia "John Lennon - A vida", de Philip Norman, a importância de Yoko no episódio. "Quando conheci Yoko foi como quando a gente encontra a sua primeira mulher e abandona os caras do bar. Assim que a encontrei, foi o fim dos rapazes. Mas acontece que os rapazes eram muito conhecidos, não eram apenas os caras do bar." Bob Spitz, autor de "The Beatles - A biografia", detalhou a presença de Yoko no seio da banda. "Entre a gravação de uma música e outra, John ficava cochichando com Yoko e perdia o momento em que devia entrar em uma música." Por causa da insuportável presença da mulher de Lennon no estúdio ele e George Harrison sairiam literalmente no tapa durante as intermináveis gravações de Let It Be.De fato, John Lennon estava com pressa para entrar em estúdio com a sua esposa. Ele e Yoko já faziam shows juntos, e o álbum "Two virgins" foi gravado antes mesmo da separação oficial dos Beatles. Deprimido, McCartney seguiu caminho idêntico. "Estou fazendo o mesmo que você e lançando um álbum. E também estou saindo do grupo", disse. Paul explicou o motivo da decisão a Philip Norman: "Eu não podia deixar John controlar a situação e nos jogar fora como namoradas chutadas".Além da guerra de egos, da morte de Brian Epstein e da presença de Yoko Ono, muitos consideram que, além de tudo isso, o que fez com que os Beatles terminassem foi a necessidade deles quatro, individualmente, transcenderem. A partir do 'Álbum Branco', eles começavam a deixar de ser uma unidade, uma banda, e passavam a ser um conjunto de quatro artistas maravilhosos, mas com características que ficavam cada dia mais diferentes. O fato de terem uma banda, fazia com que John, Paul, George e Ringo limitassem as suas capacidades criativas. Eles precisavam de mais liberdade para poder criar, seguir seus impulsos artísticos e musicais próprios, individualmente, sem ter de se condicionar aos outros.Agora, a gente confere com absoluta exclusividade do Baú do Edu, a entrevista de Paul de 1970, distribuída para a imprensa junto com o ábum "McCartney".Resultado de imagem para MCCARTNEY INTERVIEW - 1970
Por que você decidiu fazer um álbum solo?
Porque eu tenho um equipamento Studer de gravação de quatro canais em casa. Gravei algumas coisas - gostei do resultado e decidi transformá-las em um álbum.
Você foi influenciado pelas aventuras de John com a Plastic Ono Band ou pelo álbum de Ringo?
Não.
Todas as músicas são de Paul McCartney?
São, sim.
Serão creditadas apenas como “McCartney”?
Sim.
Você gostou de trabalhar como artista solo?
Muito. Eu só tinha a mim para tomar uma decisão. Linda está nele também, é realmente uma coisa de casal.
Qual é a contribuição de Linda?
Todas. Ela ajudou nas harmonias, mas é claro que é bem mais do que isso porque ela é um ombro para me apoiar, a segunda opinião, e excelente fotógrafa. Ela acredita em mim - sempre.
Onde o álbum foi gravado?
Em casa, em Abbey Road e no Morgan Studios.
Qual é o seu equipamento em casa?
Um Studer, um microfone e nervos.
Como você escolheu os estúdios que trabalhou?
Eles estavam disponíveis. O da EMI (Abbey Road) é tecnicamente muito bom e o Morgan é acolhedor.
Nenhuma faixa foi conhecida até que o álbum estivesse pronto. Foi uma escolha sua?
Foi, porque normalmente um álbum já fica velho antes mesmo de sair.
Você é capaz de descrever a “textura” do álbum em algumas palavras?
Casa, família e amor.
Quanto tempo demorou para concluir?
Desde um pouco antes do natal até agora. “Lovely Linda” foi a primeira coisa que eu gravei em casa, e era originalmente para testar o equipamento. Isso foi perto do natal.
Supondo que todas as canções são novas para o público, como são para você? Elas são todas recentes?
Uma é de 1959 (Hot As Sun). Duas são da Índia - Junk e Teddy Boy, e o resto são todas bem recentes.
Quais os instrumentos que você tocou no álbum?
Baixo, bateria, violão, guitarra base, piano, órgão mellotron, xilofone de brinquedo, arco e flecha.
Já tinha usado esses instrumentos em gravações anteriores?
Sim.
Por que você quis tocar todos os instrumentos sozinho?
Estava sozinho. E acho que estou muito bem.
Linda será ouvida em todos os registros futuros?
Pode ser. Nós amamos cantar juntos e temos muitas oportunidades para pôr em prática.
Será que Paul e Linda se tornarão um John e Yoko?
Não, eles é que se tornarão Paul e Linda.
O que gravar sozinho lhe ensinou?
Tomar minhas próprias decisões sobre o que faço.
Quem fez a arte da capa?
Linda tirou todas as fotos, ela e eu fizemos o projeto.
É verdade que nem Allen Klein, nem ABKCO foram e nem serão de alguma forma envolvidos com a produção, fabricação, distribuição ou promoção deste novo álbum?
Sim.
Você perdeu os outros Beatles e George Martin. Houve algum momento em que você pensou, "gostaria que Ringo estivesse aqui nesta passagem?
Não.
Supondo que o disco faça sucesso. Quando vai fazer outro?
Mesmo que não faça sucesso, vou continuar a fazer o que eu quero, quando quero.
Você está planejando um novo álbum ou single com os Beatles?
Não.
É o álbum de um descanso longe dos Beatles ou o início de uma carreira solo?
O tempo dirá. Sendo um disco solo significa que ele é "o começo de uma carreira solo ..." e não sendo feito com os Beatles significa que é apenas um descanso. Portanto, ambos.
A sua ruptura com os Beatles, temporária ou permanente, foi devido a diferenças pessoais ou musicais?
Diferenças pessoais, comerciais e musicais. Mas acima de tudo porque eu tenho mais tempo com minha família. Temporária ou permanente? Eu realmente não sei.
Você consegue imaginar Lennon & McCartney compondo juntos novamente?
Não.
O que você acha sobre a campanha de John pela paz, da Plastic Ono Band, e ele devolver a medalha MBE? Influência de Yoko?
Eu amo o John, e respeito o que ele faz – mas isso não me dá nenhum prazer.
Houve alguma das canções do álbum escrita originalmente com os Beatles em mente?
Junk e Teddy Boy.
Você ficou contente com o ábum "Abbey Road”?
Foi um bom álbum.
Qual é a sua relação com Klein?
Eu não tenho qualquer contato com ele. Ele não me representa de forma alguma.
Qual é a sua relação com a Apple?
É o escritório de uma empresa que eu também criei, com os outros três Beatles. Eu não vou lá porque eu não gosto de escritórios ou de negócios, especialmente quando estou de férias.
Você tem planos de criar uma companhia de produção independente?
McCartney Productions Limited.
Que tipo de música lhe influenciou para esse disco?
Leve e solta.
Você está escrevendo mais prolíficamente agora? Ou menos?
Do mesmo jeito. Tenho uma fila de canções esperando para serem gravadas.
Quais são seus planos para o futuro? Férias? Um musical? Um filme? Aposentadoria?
Meu único plano é crescer!

POR QUE OS BEATLES ACABARAM – ESPECIAL ROLLING STONE

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A edição nº 36 da revista Rolling Stone Brasil, de setembro de 2009, foi especial sobre a separação dos Beatles e foi a matéria principal estampada na capa com artigos completíssimos elaborados por Mikail Gilmore - “Por que o Sonho Acabou - Os bastidores da saga dos Beatles – e as forças que esfacelaram a maior banda de todos os tempos”, uma análise minuciosa sobre todas as circunstâncias que levaram ao fim do grupo. O texto é de tirar o fôlego. Além da capa, os Beatles ocupam nada menos que 12 páginas dessa edição. Infelizmente, não deu para transcrever o texto para cá devido ao seu tamanho, mas quem quiser poderá ler a matéria completinha no site da revista: http://rollingstone.uol.com.br/edicao/36/por-que-o-sonho-acabou

HÁ 56 ANOS, MORRIA STUART SUTCLIFFE

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Milhares de anos-luz antes de Caetano Veloso, Fernando Gabeira e Jorge Mautner chocarem o Brasil com suas tanguinhas de crochê nas praias cariocas, o jovem Stuart Sutcliffe já barbarizava nos tempos de Hamburgo. Stuart morreu há exatos 56 anos, no dia 10 de abril de 1962, com apenas 22 anos. Se vivo estivesse, completaria 78 anos em 23 de junho de 2018. Não deixe de conferir a postagem sobre "STUART SUTCLIFFE" publicada aqui pela última vez em 24 de junho de 2016.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

A PEDIDOS - FREE - ALL RIGHT NOW - SENSACIONOW!!!

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Especialmente para as amigas Mariângela e Suellen. Valeu!"FREE" foi uma banda de rock britânica formada em 1968 por Paul Kossoff (guitarra), Paul Rodgers (vocais), Simon Kirke (bateria) e Andy Fraser (baixo). Seu som tem raízes fincadas no mais puro blues/rock típico do final da década de 1960. A banda tornou-se famosa por seus sensacionais shows ao vivo e turnês sem parar. Apesar de dois bons discos de estreia, "Tons of Sobs" (1968) e "Free", foi com o terceiro álbum, "Fire & Water" (1970) com o enorme sucesso "All Right Now" que conseguiram o estrelato emplacando várias canções nas paradas britânicas. "All Right Now" ajudou a garantir um lugar no Festival da Ilha de Wight em 1970, onde tocaram para 600.000 pessoas. A superexposição levou o grupo à dissolução em 1971. Após algumas tentativas de seguirem outros projetos, seus integrantes retornaram com a formação original e lançaram o álbum "Free at Last", para, logo em seguida, separarem-se definitivamente em 1973. Existem várias compilações com shows e músicas do Free lançadas após sua dissolução. Na época em que a banda acabou, eles já haviam vendido cerca de 20 milhões de álbuns pelo mundo. Com o fim do Free, Paul Rodgers formou o Bad Company, tendo uma carreira de muito sucesso. O venerado guitarrista Paul Kossoff morreu de um ataque cardíaco devido ao abuso de drogas, em 1976. Rodgers eventualmente formaria outras bandas ("The Firm" e "The Law"), juntando-se em 2004 aos remanescentes do Queen. A Rolling Stone considerou o "Free" como "pioneiros do hard rock britânico". A revista classificou Paul Rodgers como nº 55 em sua lista de "100 maiores cantores de todos os tempos", enquanto Paul Kossoff foi classificado como nº51 em sua lista dos "100 maiores guitarristas de todos os tempos".

domingo, 8 de abril de 2018

YELLOW SUBMARINE VOLTA ÀS TELAS EM 2018

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Em comemoração aos 50 anos de lançamento do filme Yellow Submarine, animação com trilha sonora e personagens dos Beatles, a produção voltará a ser exibida em algumas salas de cinema em 2018. O filme, que foi lançado em 1968, baseado em várias canções do quarteto inglês e no universo lúdico de Sgt. Pepper, foi bastante aclamado pela crítica e foi sucesso de bilheteria, se tornando um clássico. Para ser exibido nas salas de cinema atuais, foi feita uma restauração nas imagens para que ficassem no formato 4K Digital e o som também foi tratado para ser reproduzido em qualidade 5.1 stereo surround. As exibições vão acontecer nos Estados Unidos em Julho, você pode acompanhar a programação no site oficial do filme. No dia 8 de julho, Yellow Submarine também chega a cinemas do Reino Unido e Irlanda. Até o momento, não foi anunciado se o filme passará nos cinemas brasileiros.

GEOFF EMERICK NO BRASIL

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Fonte: oglobo.globo.com – Por Luccas Oliveira
O sistema de som da Grande Sala da Cidade das Artes, na Barra, toca “The end”, faixa que encerra “Abbey Road”, 11º álbum dos Beatles. Geoff Emerick, 72 anos, fecha os olhos, sente a melodia e, com os pés, acompanha o bumbo acelerado de Ringo Starr. Foi ele que, em 1969, como engenheiro de estúdio, gravou aquela bateria — reza a lenda que o disco quase se chamou “Everest” por conta da marca de cigarros favorita de Emerick, mas John, Paul, Ringo e George acabaram se negando a fazer a sessão de fotos no Himalaia. Uma das principais atrações do Rio2C, evento de indústria criativa realizado esta semana, no Rio, o inglês foi tratado como estrela até mesmo por seus pares: o americano Ed Cherney (de trabalhos com Rolling Stones, Eric Clapton, Bob Dylan e Iggy Pop) e o brasileiro radicado nos EUA Moogie Canazio (Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso), assim como o mediador Zé Ricardo, exaltaram diversas vezes a importância do trabalho de Emerick durante a mesa que compartilharam no evento, quarta-feira, sobre técnicas de gravação. — Se não fosse por Geoff, nós não seríamos nada. Ele é um pioneiro, e estamos todos apoiados no ombro dele, até hoje — derreteu-se Cherney. Com um humor típico inglês e certa timidez, Emerick tentava evitar a bajulação. Sempre que possível, o autor da biografia “Here, there and everywhere — Minha vida gravando os Beatles” (2006) contava algum caso sobre o Fab Four, seja sobre a liderança de Paul McCartney no estúdio ou a importância do fechado Ringo Starr (“quando Ringo levantava e botava seu casaco, todo mundo respeitava e entendia que a sessão do dia estava finalizada”). — Naquela época, nós não sabíamos que estávamos mudando a História da música, mas, sim, que criávamos algo especial. Principalmente em “Revolver”, em que revolucionamos as técnicas de gravação da época (como no uso de loops e efeitos de microfone na psicodélica “Tomorrow never knows”), mas também em “Sgt. Pepper’s”. Lembro como se fosse ontem da sensação que tivemos quando terminamos de gravar “A day in the life”, com aquela orquestra linda, todos os instrumentos soando perfeitamente. Ninguém acreditava naquilo— relembrou, em papo com o GLOBO, o inglês que assumiu a função de engenheiro-chefe da banda exatamente em “Revolver” (1966). Depois da separação dos Beatles, em 1970, Emerick seguiu trabalhando na carreira solo de McCartney, e acumulou projetos de Elvis Costello, Art Garfunkel, Jeff Beck, America, The Zombies, entre outros. Hoje, morando em Los Angeles, dá palestras e cursos em universidades americanas e toca um ou outro projeto em estúdios — como a homenagem aos 40 anos de “Sgt. Pepper’s”, em 2007, em que artistas contemporâneos (Oasis e Killers, entre outros) regravaram faixas do álbum com o equipamento original. Emerick é, aliás, um grande crítico dos novos métodos de gravação digitais, de plug-ins, de programas como o pro tools. Ele chegou a chamar as músicas que resultam de tais técnicas de “som de alienígena”. — Veja bem, eu nasci na época do analógico, cresci assim. Foi o amor pela música que me fez, aos 7 anos, decidir que queria estar envolvido, de alguma forma, em fazer música. Nunca teve a ver com as tecnicalidades do processo. Eu só queria criar. Os artistas ensaiavam antes de entrar no estúdio, sabiam que as fitas e rolos custavam dinheiro. E os pequenos erros que entravam na versão final mostravam que era algo orgânico que foi criado. Quando o digital virou algo grande, eu pude detectar as diferenças no som, sinto que algo está faltando. Os cérebros passaram a decodificar números. A música deixou a ser orgânica e passou a ser processada — afirmou. Emerick criticou, ainda, os novos profissionais de estúdio. Segundo ele, “muitos técnicos hoje estão mais preocupados em olhar para telas e não ouvem a música em que estão trabalhando”: — O trabalho, muitas vezes, se resume a cores numa tela. Levamos muito tempo para conseguir gravar e ouvir música da melhor maneira, e isso tem sido deixado de lado. Aí as bandas ficam preguiçosas. Por exemplo, se uma banda vai começar a gravar uma guitarra e ela acaba não soando tão bem quanto foi planejado. Em vez de sentar, repensar a música ou aquele riff, usar a criatividade, eles usam plug-ins que simulam como aquela guitarra deveria soar. Não estão criando nada, estão apenas apertando botões. Acostumado a ver grupos como os Beatles, Rolling Stones, Pink Floyd, Led Zeppelin ou mesmo artistas como Bob Dylan, Eric Clapton e Michael Jackson dominando as paradas de sucesso pelo mundo, o inglês associa diretamente as mudanças na indústria e nas técnicas de gravação a uma pobreza técnica da música pop atual, que vem tornando-se cada vez mais eletrônica. — Você pode dizer que as crianças de hoje em dia, na era do MP3 e, principalmente, do streaming, nunca ouviram músicas em boa qualidade, e muitas não ouviram músicas de boa qualidade. Ainda existem alguns grandes compositores por aí, claro, mas com a situação atual das gravadoras, eles não ganham a exposição que deveriam. Perde-se, cada vez mais, a importância da canção. Hoje, você liga o rádio pop e toda as músicas têm a mesma melodia, porque foram criadas através dos mesmos programas, dos mesmos plug-ins. Isso é ruim para todo mundo — lamenta.

RUNAWAY - TRAVELING WILBURYS - SENSACIONAL!*****

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"Runaway" foi, sem nenhuma dúvida alguma, o maior sucesso da carreira de Del Shannon. Foi composta por Shannon em co-parceria com o tecladista Max Crook, "Runaway" foi número 1 na Billboard Hot 100 e se tornou um grande sucesso internacional em 1961. Ela aparece em nº 472 da lista das 500 Maiores Músicas de Todos os Tempos da Rolling Stone, compilada em 2010. Estima-se que Del Shannon tenha vendido 80.000 singles de "Runaway" por dia no seu auge. "Runaway" foi diretamente referenciada na música "Runnin 'Down a Dream” de Tom Petty em seu ábum “Full Monn Fever” de 1989. A letra diz: "It was a beautiful day, the sun beat down, I had the radio on, I was driving. Trees went by, me and Del were singing 'Little Runaway', I was flyin'” – (Era um dia lindo, o sol bateu, eu estava dirigindo com o rádio ligado. Árvores passavam, eu e Del estávamos cantando 'Little Runaway', eu estava voando". "Runaway" foi coverizada por dezenas de artistas ao longo dos anos, incluindo Elvis. Foi gravada pelos Traveling Wilburys durante as sessões do ‘Volume 3’, já sem Roy Orbison, mas não entrou no álbum. Foi lançada como lado B do single que trazia "She’s My Baby" do lado A e também aparece na box “The Traveling Wilburys Collection” de 2007.

sábado, 7 de abril de 2018

THE BEATLES - 12-BAR ORIGINAL - 1965

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"12-Bar Original" é uma música instrumental dos Beatles. Foi gravada no dia 4 de novembro 1965, durante as sessões de Rubber Soul, mas não esteve disponível comercialmente até 1996, quando uma versão editada da segunda tomada foi incluída no álbum Anthology 2. Antes da edição, a duração da segunda tomada era de 6:36. "12-Bar Original" é uma das poucas canções creditadas a John Lennon/Paul McCartney/George Harrison/Starkey e publicada pela Lenono Music, Inc., MPL Communications LtdHarrisongs Ltd. e Startling Music Ltd. Outras músicas creditadas a todos os quatro Beatles incluem "Flying" de Magical Mystery Tour, "Dig It", de Let It Be e "Christmas Time (Is Here Again)". Dos Beatles, apenas John Lennon e Ringo Starr já comentaram sobre a música. Durante algumas entrevistas de rádio nos Estados Unidos, Lennon foi perguntado se havia alguma gravação dos Beatles não lançada, ele respondeu que tudo o que podia lembrar era "um 12 bar péssimo". Starr disse ao jornalista Peter Palmiere que "todos nós escrevemos a faixa e eu tenho um acetato de uma das versões". "12-Bar Original" foi a primeira faixa instrumental dos Beatles após a assinatura de contrato com a EMI e foi produzida por George Martin em Abbey RoadLondres. Entre outros instrumentais do grupo estão a já mencionada "Flying", uma versão informal dessa canção chamada "Aerial Tour Instrumental" e "Cry for a Shadow".

sexta-feira, 6 de abril de 2018

THE BEATLES - I ME MINE - by GEORGE HARRISON

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"I Me Mine" foi a última música gravada pelos Beatlesapesar da ausência de John Lennon. Composta e interpretada por George Harrison no derradeiro álbum Let It Be de 1970. Gravada em 3 de janeiro de 1970, na primeira das duas últimas sessões de gravação do grupo. "I Me Mine" abre com um órgão dramático de George (que também acrescenta uma guitarra e violão), Paul toca piano elétrico e Ringo toca sua bateria normalmente. Harrison é o cantor, claro, e realiza as harmonizações junto com Paul. "I Me Mine" recebeu um acompanhamento de orquestra, que Phil Spector deixou ao fundo.
À medida que George se envolvia mais com a filosofia oriental, sentia a necessidade de estabelecer a harmonia entre sua posição de astro do rock e a exigência religiosa de atingir a iluminação por meio da renúncia ao ego. As obrigações de beatle não ajudavam a vida devota. Ele acreditava que a preocupação com individualidade e desejos pessoais - o que “eu” quero, o que pertence a “mim”, o que é “meu” - nos impede de atingir um nível mais alto de consciência. “Não há nada que não seja parte de um todo completo”, disse ele. “Quando o pequeno eu se funde ao grande Eu, aí é que você sorri de verdade!” Sem dúvida ele era influenciado pelas palavras de Krishna, registradas no Bhagavad Gita (2.72): “Estarão para sempre livres os que renunciam aos desejos egoístas e se libertam da jaula do ego, do “eu”, do “mim”, do “meu”, e unem-se ao Senhor. Este é o estado supremo.” George dizia que na época ficava “louco” com seu ego. “Eu odiava tudo a respeito do meu ego. Era um lampejo de tudo o que era falso e transitório. Mais tarde, eu aprendi. Aprendi a perceber que há mais alguém aqui além do velho tagarela. A ordem do dia passou a ser ‘Quem sou eu?’ Enfim, o que saiu disso tudo foi ‘I Me Mine’. É sobre o ego, esse eterno problema.” 

A melodia de valsa foi inspirada pela música incidental que ouvira na noite anterior em um documentário da BBC2 chamado Europa: The Titled and the Unentitled. Era a “Valsa do Imperador”, composta em 1889 por Johann Strauss II, na interpretação da Orquestra Filarmônica de Viena sob a regência de Willi Boskovsky. O trecho usado tinha apenas 60 segundos, e a música de “I Me Mine” se baseia na lembrança que George guardou dele. Steve Turner

quinta-feira, 5 de abril de 2018

4 ÁLBUNS DE PAUL McCARTNEY SERÃO RELANÇADOS EM CD E VINIL

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O ex-Beatle Sir Paul McCartney anunciou o relançamento de quatro álbuns nos formatos CD, vinil e vinil colorido. São eles: New (2013), Chaos and Creation in The Backyard (2005), Thrillington (1977) e Wings Greatest (1978). Todos chegam ao mercado internacional no dia 18 de maio. As reedições contarão com CD em formato digipack e serão disponibilizadas pela primeira vez em vinil colorido de 180 gramas e um cartão de download em uma edição limitada da Capitol Records, via MPL.

Elogiado pela Rolling Stone como “energizado e cheio de uma alegre invenção do rock & roll”, New, lançado em 2013, contou com a produção executiva de Giles Martin com a colaboração efetiva de Mark Ronson, Ethan Johns e Paul Epworth. Os singles Queenie Eye e Save Us, além da faixa-título fizeram grande sucesso nas turnês Out There e One On One.

Chaos and Creation in The Backyard de 2005 foi produzido por Nigel Godrich (que já havia trabalhado com Radiohead e Beck) e conta com os singles Fine Line e Jenny Wren – esta, conquistou o Grammy de Melhor Performance Vocal Pop Masculina, enquanto que o álbum foi indicado em três outras categorias, incluindo Álbum do Ano.

Originalmente lançado em 1978, Wings Greatest foi a primeira coletânea dos sucessos pós-Beatles de Paul McCartney, apresentando quatro clássicos que anteriormente não estavam disponíveis em nenhum dos álbuns de McCartney: Another Day, Hi, Hi, Hi, Junior’s Farm e Mull of Kintyre. Esta coletânea teve grande sucesso comercial e foi uma das grandes trilhas sonoras dos anos 1970.

Sob a alcunha do pseudônimo de Percy Thrills Thrillington, uma socialite fictícia cujas atividades eram narradas em anúncios de jornal do Reino Unido, Thrillington era uma versão instrumental de jazz e lounge do álbum RAM de Paul e Linda McCartney. O álbum foi gravado originalmente em 1971 mas seu primeiro lançamento foi apenas em 1977. Agora, ele ganha, pela primeira vez, uma edição de vinil de 180 gramas.

EAGLES - HOTEL CALIFORNIA - CLÁSSICO IMORTAL*****

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A banda The Eagles é uma das mais sensacionais - não apenas do country rock americano, mas do próprio rock. Praticamente, todos os seus álbuns ficaram em primeiro lugar nos Estados Unidos durante as décadas de 70 e 80. Formada em 1971 em Los Angeles, Califórnia, por Randy Meisner (baixo), Bernie Leadon (guitarra e vocais), Don Henley (bateria) e Glenn Frey (guitarra) lançaram o LP de estréia em 1972, com excelente e imediata aceitação. Depois do terceiro LP, o guitarrista e vocalista Don Felder uniu-se ao grupo. Em 1976, Bernie Leadon deixou a banda, sendo substituído por Joe Walsh. Mas ao contrário do que se poderia esperar, a alteração não prejudicou o sucesso do Eagles. Em 1980 fizeram uma série de shows com ótima aceitação por parte do público e ganharam seis Grammy. Os Eagles explodiram mesmo foi em 1976 com o megasucesso “Hotel California”, clássico gravado no Criteria Studios, Miami & The Record Plant, Los Angeles.
Hotel California foi o 5º álbum dos Eagles. Foi lançado em 8 de dezembro de 1976. Está na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. O discão demorou oito meses para ser gravado, entre março e outubro de 1976. O carro-chefe do álbum, claro é “Hotel California” – sucesso absoluto e imediato! Além de outros clássicos como "New Kid In Town" e "Life In The Fast Lane". “Hotel California” está em 37° na lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da revista Rolling Stone. Os Eagles receberam dois Grammy Awards pelo álbum, um pela música "Hotel California" na categoria "Record Of The Year" e outro pela música "New Kid in Town" na categoria "Best Arrangement For Voices".
Com uma letra puxada para o abstrato, surgiram muitas teorias em relação à letra da música. Uma delas, dizia que "Hotel California" foi a denominação dada ao "Camarillo State Hospital", um sanatório localizado no município de Ventura, entre Los Angeles e Santa Bárbara, que esteve em operação de 1936 a 1997. Durante o seu apogeu entre as décadas de 1950 e 1960, o Hospital estava na vanguarda do tratamento de pessoas com problemas mentais. A interpretação dos integrantes do Eagles era para retratar o consumismo e o materialismo norte-americano. Também havia rumores de que "Hotel California" era sobre o vício em heroína ou louvor a Satã, mas Don Henley tinha coisas mais prosaicas em mente: "Éramos garotos classe média do meio-oeste", disse. "Hotel California" era nossa interpretação da luxuosa vida em Los Angeles" (o que não exclui heroína e Satã, é claro).
Devido à proximidade com a mídia de Los Angeles, o Camarillo State Hospital, o "Hotel California" tornou-se referência em filmes, televisão e música. Alguns famosos que sofreram de doenças mentais, tuberculose ou passaram por desintoxicação de drogas ou álcool, estiveram lá para serem tratados. Charlie Parker escreveu, enquanto esteve se desintoxicando do vício de heroína, "Relaxing in Camarillo". "Camarillo" foi destinado a se transformar em uma prisão, contudo, por interesse da comunidade, hoje é a Universidade do Estado da Califórnia. A maioria dos edifícios do complexo foram preservados e restaurados, inclusive a torre com sino das missões, original de 1930, que é referenciado nesta música, entre outros. No Brasil,"Hotel California" foi a 14ª música mais tocada nas rádios em 1977. Aparece no 49º lugar na lista "500 Greatest Songs of All Time" da revista Rolling Stone, e aparece também na lista das "500 músicas que moldaram o Rock" do Rock and Roll Hall of Fame.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

4/4/1964 - OS BEATLES SÃO OS REIS DA PARADA!!!

Um comentário:

No início de abril de 1964, os Beatles já reinavam absolutos e os Estados Unidos já estavam dominados. Exatamente no dia 4, emplacaram nada menos que os cinco (5) primeiros lugares da parada americana de singles, sendo 1-"Can't Buy Me Love", 2-"Twist and Shout", 3-"She Loves You", 4-"I Want to Hold Your Hand" e 5-"Please Please Me". Como se não bastasse, ainda contavam com outros sete singles entre os cem mais vendidos. É mole?

domingo, 1 de abril de 2018

JOHN E PAUL - A ÚLTIMA FOTO JUNTOS - 1974

Um comentário:

Pareceria coisa do dia da mentira, mas foi real. Entre os últimos dias de março e início de abril de 1974, em Santa Monica, na Califórnia, John Lennon e Paul McCartney estiveram juntos algumas vezes durante o que ficou conhecido como “fim-de-semana-perdido". Fizeram inclusive, uma jam session. Na tarde do dia 1º de abril, uma série de polaroids foi tirada pelo assistente pessoal de Keith Moon, Peter “Dougal” Butler. Três dessas fotos de John e Paul so­breviveram — John usando uma boina preta, camisa azul-clara e jeans mais escuros, Paul ostentando um sutil corte mullet e o bigode da moda, cerrado à la Zapata, camisa estampada marrom e calça-pescador branca. A dupla foi surpreendida pela câmera, relaxando e batendo papo de forma casual. Nenhum dos dois, claro, sabia que essas fotos despreocupadas seriam as últimas tiradas de Lennon e McCartney juntos.Resultado de imagem para JOHN LENNON AND PAUL MCCARTNEY - 1974
Aqui, a gente confere um trecho do livro "Paul McCartney - Uma Vida", de Peter Ames Carlin, sobre esse encontro.
A possibilidade de um encontro dos Beatles sempre estivera presente e, por volta de 1974, pareceu estar perto de se tomar realidade. A co­laboração deles quase completa em Ringo foi bastante tentadora nesse sentido, e até mesmo John demonstrou desejar que aquilo aconteces­se então. “É isso aí, nós três estávamos lá”, declarou ele ao repórter da revista New Musical Express, Chris Charlesworth, ao comentar a sessão em que tocara com George e Ringo, no final de 1973. “Provavelmente, Paul também teria se juntado se estivesse na cidade, mas não estava.” Embora Paul continuasse negando os rumores de que o grupo voltaria a se reunir, tanto quanto os outros Beatles, ele também não deixava de meditar sobre aquilo, e mesmo de ansiar publicamente pela possibili­dade de realmente fazê-lo. Talvez, com seu jeito quieto, ele estivesse trabalhando para que isso acontecesse. Pelo menos, foi a impressão que ele deu na noite em que apareceu, de surpresa, numa das sessões de gravação de John, em Los Angeles. Na época, John estava separado de Yoko e vivia com a antiga secre­tária dos Lennon, May Pang, e permitia-se algo como uma adolescência renovada. Mas também estava trabalhando, tentando conciliar dois de seus novos projetos de gravação com um álbum que estava produzindo para Harry Nilsson. Ele comandava as sessões do disco de Nilsson, em março de 1974, quando Paul começou a circular pela cidade. Eles se viram pela primeira vez na cerimônia de entrega de prêmios da Acade­mia, no dia 9 de março, e se encontraram nos bastidores para conver­sar um pouco. O encontro público inspirou ainda mais rumores sobre a reunião dos Beatles, e eles teriam sido ainda mais febris se algum observador tivesse visto Paul e Linda se esgueirando pelos Burbank Studios, após a meia-noite do dia 28 de março, indo direto ao recinto em que John estava trabalhando com Nilsson, Ringo e uma banda rota­tiva de amigos famosos. "Não tínhamos ideia de que ele viria”, diz May Pang. "Subitamente, nos viramos e nos deparamos com Paul.” John sorriu quando se abraçaram. "Como você descobriu que es­távamos aqui?” Paul deu de ombros e olhou em volta do estúdio. Mal Evans, o velho assistente dos Beatles, estava lá, de pé com os ou­tros músicos que rodopiavam por ali, conversavam e fumavam juntos, e agora assistia a essa nova cena sendo desenrolada diante de seus olhos. Mas Paul tinha perdido a sessão de gravação e não conseguiu esconder a decepção no olhar. “Então, por hoje já terminou?”."Bem, sim". Mas John costumava ficar até mais tarde na maioria das noites e, no fim, acabava fazendo improvisações com quem quer que estivesse por perto. Paul se aproximou da batería — a batería de Ringo — subiu no banco, apanhou duas baquetas e se postou cheio de es­perança. John deu de ombros. “Ah, ok”, afirmou, olhando em volta em busca de sua guitarra. “Vamos fazer um pequeno improviso.” Linda ficou no órgão; um outro músico da sessão ao lado pegou o baixo. Stevie Wonder, que estava gravando no salão de baixo, entrou e se sentou no piano elétrico. Enquanto os técnicos corriam para ar­ranjar os microfones, John improvisou uma canção de jazz, ao mes­mo tempo que Paul e Stevie tocaram juntos. Ws so wonderful to beeee, waiting for my green card with yooouuu [É maravilhoso estaaaar, esperando pelo meu ‘green card' com vocêêêê], John murmurou, mencionando sua contínua luta para ficar nos Estados Unidos. Mas aquilo não resultou em nada, então Stevie conduziu o grupo numa progressão à moda gospel até uma versão lenta, ftink, de "Lucille”, com Paul gritando em total estilo Cavern e John fazendo a harmonia de fundo. Aquilo terminou em dois versos e nada mais surgiu ("Alguém me dê um mi", John falou, tentando afinar seu instrumento, “ou uma fileira”). “Stand by me” veio a seguir, gerando certa confusão técnica. (Liga a porra do microfone do vocal!", John comandou. “McCartney está fazendo harmonia na bateria Eles continuaram tocando, e então estava acon­tecendo novamente. De forma breve, e um tanto hesitante, mas ainda assim; John na dianteira, com a voz de Paul fluindo com facilidade na alta harmonia, como se o tempo não tivesse passado, como se eles não tivessem ficado quatro anos atravessando com pesar as próprias animosidades e raivas. “Era como se fosse ontem”, diz Pang. “Eles não pulavam uma única batida, faziam tudo certinho. O improviso continuou, assim como a bebedeira e a inalação de cocaína. A música entrava e saía de foco, e John ia ficando irascível, tomando-se cada vez mais neurastênico quando seu microfone per­dia o volume. Mesmo assim. Pang recorda uma versão especialmente aguda da antiga canção “Midnight Special”, com novo ritmo. Quando acabou, já em plena madrugada. John convidou seu ex-parceiro pa­ra visitar sua casa em Malibu, na manhã seguinte. Paul concordou animadamente e disse que sim, claro, estaria lá. E feliz, com certeza. Ele apareceu com Linda e as crianças perto do meio-dia, e encontrou Ringo, Keith Moon, do The Who, e alguns outros amigos sentados em volta da piscina.
Sem ter nada para fazer, Paul se sentou ao piano e dedilhou algumas velhas melodias dos Beatles, enquanto os outros riram e cantaram juntos. Quando John finalmente despertou, Paul chegou para ele e sussurrou que tinha uma mensagem de Yoko. Algumas semanas antes, ela tinha estado em Londres e telefonara para Paul, do nada. Será que ela podia fazer uma visita? Bem, claro que sim. Ele estaria mesmo na casa de Cavendish, naquela semana, então ficaria mais fácil. Ela chegou sorrindo, mais calada do que o normal. Sem dúvida, Paul e Linda ouviram falar que ela e John haviam se sepa­rado — ela o tinha mandado embora para Los Angeles, para viver com May Pang. “Ela estava sendo muito gentil e confiava na gente, mas era muito firme sobre aquilo”, Paul contou ao escritor Chris Salewicz, dez anos depois. Embora não estivesse contente com o comportamento de John, ela queria que ele soubesse que estava aberta a uma reconcilia­ção. “Mas ele vai ter de se corrigir”, afirmou ela. “Eu disse: ‘Bem, você ainda o ama?”, Paul perguntou. “Então eu falei: Bem, você acha que seria intromissão de minha parte se eu dissesse isso a ele, que você o ama e existe um caminho para voltar?”. Ela disse que não se importaria.” Paul iria a Los Angeles dentro de algumas semanas e, assim, quan­do ficou a sós com John no pátio de sua casa alugada, achou que seria o momento adequado para entregar-lhe a mensagem. “Fui com ele para o quarto dos fundos e disse: ‘Essa sua garota ainda o ama. (...) Você tem de se mexer, cara. Precisa voltar a Nova York, alugar um apartamento sozinho e mandar flores para ela todos os dias, vai ter de batalhar feito um condenado!”. John balançou a cabeça, e foi isso. “É como uma canção dos Beatles!”, Paul declarou a Salewicz, sem perceber que a história que estava contando era praticamente a dra­matização de “She Loves You”, sem o yeah, yeah, yeah. A tarde prosseguiu. Paul se sentou ao piano e começou a tocar al­guns sucessos, depois voltou a mais canções dos Beatles. Ringo se sen­tou ao lado dele no banco e cantou junto, dando gargalhadas. John veio até a sala e observou por alguns minutos, não demonstrando estar contente, e depois voltou para o pátio. May e Linda levaram as crianças para andar na praia, e em seguida foram mergulhar. Quando a luz co­meçou a fenecer, os McCartney pegaram as crianças e se despediram. “Vamos nos encontrar outra vez”, disse Paul. John concordou com a cabeça. "Vamos, sim!” Pouco tempo depois, Pang ouviu John conversando com Nilsson sobre o futuro. “Não seria legal juntar os companheiros novamente?”, ele disse. Nilsson aprovou com um gesto, sabendo exatamente quais eram os companheiros de que John estava falando. “Eu adoraria entrar nessa com vocês”. “Oh, yeah”, John afirmou de modo ainda mais entusiástico. “Nós podíamos fazer um show no outono”. Em vez disso, John e Pang se mudaram para Nova York e aluga­ram um apartamento no Upper East Side, do outro lado do Central Park e do apartamento que John dividira com Yoko no edifício Dakota. em Central Park West. John começou a enviar flores para Yoko, e ela foi assistir à apresentação dele com Elton John, no Madtson Square Garden. Pouco depois, John voltou a viver com a mulher e aquele vin­culo revigorado tornou a ser o centro de suas preocupações.

IMAGEM DO DIA - JOHN & PAUL

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