sábado, 20 de dezembro de 2014

RINGO STARR - MATCHBOX - SENSACIONAL!

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COME TOGETHER - AMERICA SALUTES THE BEATLES

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“Come Together - América Salutes The Beatles” é um dos melhores álbuns de covers das músicas dos Beatles. Lançado em 1995 pela Liberty Records, o álbum traz versões belíssimas interpretadas pelos mehores artistas da música country americanos e canadenses, a maioria desconhecidos por aqui. A capa apresenta desenhos de John Lennon. Os destaques ficam por conta de “I’ll Follow The Sun” com David Ball, “We Can Work It Out” com PFR and Phil Keaggy, "Can't Buy Me Love" com Shenandoah, "Oh! Darling" com Huey Lewis, "Paperback Writer" com Kris Kristofferson e "One After 909" com Willie Nelson. Ô disquinho bom!

VELHAS VIRGENS - A MINHA VIDA É ROCK AND ROLL

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Velhas Virgens é uma banda brasileira de rock que tem como característica letras irreverentes, geralmente com assuntos sexuais e alcoólicos. Suas apresentações costumam ressaltar sua opinião política. Proveniente de São Paulo (capital), o grupo tem onze discos lançados e, gradualmente, vai aparecendo aqui e acolá no cenário musical Brasileiro. Aqui a gente confere uma versão da clássica “Minha Vida é Rock And Roll” do Made In Brazil.

PAUL McCARTNEY & WINGS - SILLY LOVE SONGS - 1976

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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

“YOKO DEVERIA ACEITAR JESUS E PERDOAR MARK”

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Em uma longuíssima matéria publicada no Dailymail.co.uk, Gloria Hiroko Chapman, esposa de Mark Chapman, explica por qual motivo ele assassinou John Lennon em 1980, como são as visitas conjugais feitas anualmente e diz que Yoko e Paul deveriam perdoar Mark; confira abaixo alguns trechos:

De acordo com Gloria, Chapman não teve nenhuma razão religiosa ou moral para cometer o crime, mas apenas o fez para assinalar seu lugar na história. "Por causa da fama, da infâmia, da notoriedade que havia nisto. Não consegui resistir", teria dito para a esposa, admitindo ainda que não foi algo feito sem pensar, num momento de loucura, mas sim que foi um crime bem planejado. Mas apesar desta aparente falta de remorso, Gloria insiste que no fundo ele se arrepende. "Se Mark pudesse dizer algo para John e Yoko hoje, ele diria 'Desculpe por causar tamanha dor, espero que me perdoem", brada ela, enquanto aperta contra o peito uma bíblia. "John era uma boa pessoa, mas Mark pensava somente em si mesmo naquele dia, este foi seu erro", diz ela, atualmente com 63 anos de idade, vivendo uma vida praticamente reclusa, dedicando tempo ao trabalho em um hospital no Hawaii e a leitura de material religioso, ao mesmo tempo em que se diz muito apaixonada pelo marido, com quem se casou 18 meses antes do crime. Ela chegou a pensar em se separar dele após o assassinato - amigos e família queriam que ela rompesse todo o contato com o marido. "Pensei em me separar dele, meus amigos queriam que eu o fizesse. Estive em dúvida pois ainda o amava. Mas eu sei que Deus odeia o divórcio, então por este motivo eu decidi ficar", diz ela, insistindo que o amor deles cresceu ainda mais nestes 35 anos.

As visitas conjugais são o acontecimento do ano tanto para ela quanto para Mark. Na ocasião, ambos passam 44 horas juntos num pequeno trailer com uma cozinha, banheiro e um quarto com cama de solteiro. "A primeira coisa que faço é beijar Mark, é permitido que a gente se beije, somos um casal romântico. Nas visitas, levo comida e Mark e eu fazemos uma pizza caseira. Há uma TV onde assistimos a vários episódios de Wheel Of Fortune (programa de jogo televisivo). E quando perguntada sobre relações íntimas, ela dá a entender que acontece e que "naturalmente é maravilhoso". Gloria tem alguma semelhança física com Yoko Ono, já que ambas são orientas. "Sinto muito por ela. Algo pelo qual rezamos é para que ela aceite Jesus Cristo em sua vida e perdoe Mark. Espero um dia poder encontrá-la e lhe dizer isto pessoalmente. Mark e eu já lhe escrevemos. Ele não guarda rancor ou mágoa do fato dela entrar com recursos para que ele não seja libertado. Acho que ele compreende". Ela diz ainda que Chapman trabalha pesado na prisão para afastar os pensamentos suicidas. "Ele tem três empregos", diz, explicando que ele conserta cadeiras de rodas, trabalha como porteiro e como atendente. O casal também discute a possibilidade dos demais remanescentes dos Beatles perdoarem Chapman. Recentemente Paul disse que Mark é "o babaca dos babacas", o que fez Gloria se sentir ultrajada. "Paul McCartney tem direito de dizer o que quiser, mas se ele conhecesse Mark, tenho certeza que gostaria dele. Mark é uma pessoa muito simpática e amável, sempre coloca as necessidades dos outros antes das suas e teria muito prazer em receber uma visita do Sr. McCartney", disse. Chapman não ouve mais a música dos Beatles hoje, mas sim música cristã, diz Gloria, que acredita que seu marido é um homem religioso que merece ser perdoado, especulando ainda que Lennon deve ter se voltado a Jesus no momento de sua morte. "Quando deixamos o planeta, vamos para um dos dois lugares: paraíso ou inferno. Acredito que John Lennon tenha lido a Bíblia quando jovem e em seus últimos suspiros ele deve ter voltado seu coração para Jesus. Quando alguém morre baleado, ainda tem tempo para se voltar para Jesus no último instante. Espero que eu possa encontrar John no paraíso". E você, perdoa Chapman?

THE BEATLES - IT'S THE BEATLES - SENSACIONAL!

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PAUL McCARTNEY - PIPES OF PEACE - O SUPER CLIP

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Paul McCartney lançou em 1983 o álbum, ‘Pipes Of Peace’. O tema da faixa-título foi inspirado pela leitura de um poema de autoria do indiano Rabindranath Tagore, vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 1913. A frase “in love all of life’s contraditions dissolve and disappear” (com amor, todas as contradições da vida dissolvem-se e desaparecem) é o mote principal da canção título. O tema “paz” serviria como contraponto à “guerra”, utilizado em seu trabalho anterior, ‘Tug Of War’. Aproveitando a história do cessar-fogo de Natal de 1914, que tinha tudo a ver com o tema título do álbum, Paul de forma genial aprova o roteiro do vídeo clipe para ‘Pipes Of Peace’.

O filme foi gravado em dois dias na localidade de Chobham Common em Surrey, Inglaterra, e contou com cem figurantes e três equipes de filmagem, produzido por Hugh Symonds e dirigido por Keith MacMillan.

Paul utilizando efeitos especiais desempenhou, simultaneamente, o papel dos oficiais alemão e inglês. O armistício apesar de contado em poucos minutos sintetiza muito bem o que ocorreu no Natal de 1914 em pleno conflito mundial. Foi concluído em 12 de dezembro de 1983 e ganhou o prêmio de ‘Melhor Vídeo’ no British Rock & Pop Awards em 21 de fevereiro de 1984. Paul estava de férias com a família e gravou um vídeo de agradecimento que foi exibido na BBC na ocasião da premiação, portanto, quem recebeu o prêmio em mãos foi o diretor Keith MacMillan.

GEORGE HARRISON - BETWEEN THE DEVIL AND THE DEEP BLUE SEA

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“Between The Devil And The Deep Blue Sea”, lançada originalmente em 1932, é de autoria de Harold Arlen e Ted Koehler. O primeiro compôs “Over The Rainbown”, do filme “O Mágico de Oz.” Harrison já havia cantado essa música no programa de televisão “Mr. Roadrunner”, de Jools Holland, em junho de 1992. O pianista Jools Holland está no baixo e o experiente músico de estúdio inglês Herbie Flowers toca tuba em “Between The Devil And The Deep Blue Sea”.


RINGO STARR - WINGS - 2012

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IMAGEM DO DIA - RINGO!

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THE BEATLES MARIONETES - MEIA BOCA :(

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Enviado pelo amigo José Luiz Cardoso. Abração!

O QUE EU ACHEI? NÃO VI, NÃO OUVI E NÃO GOSTEI!

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Desde que começou a ser exibida a novela “Império” da Rede Globo há alguns meses, muitos amigos me perguntam por que eu nunca disse nada sobre o tema de abertura da cuja, que tem nada menos que “Lucy In The Sky With Diamonds”, composta por John Lennon e Paul McCartney e imortalizada pela gravação dos Beatles em um dos seus mais conceituados álbuns, o iinigualável ‘Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”. Puro preconceito? É, SIM! Se são meus amigos mesmo e me conhecem, sabem qual é a minha opinião: a pior possível. Mas não vou encompridar muito falando dessa emissora ou de seu peixe vencido, vendido a preço de filé.
A versão da canção dos Beatles "Lucy In The Sky With Diamonds" para a abertura de "Império", o dramalhão patético da Globo, é interpretada por Dan Torres, dublê de galã, que já foi participante do reality "Fama", exibido também pela mesma em meados dos anos 2000. Esse rapaz, Daniel James Edward Torres (?), filho de pai brasileiro e mãe inglesa, nasceu em Londres, onde viveu até os 24 anos. Em 2003, foi morar no Rio e depois de um ano, foi selecionado para a terceira edição do "Fama", em 2004. Depois do programa, ele chegou a fazer dupla com outra participante do reality, Cídia. A parceira durou quatro anos, e, em 2010, iniciou sua carreira solo. Sempre queridinho da emissora, esse rapaz já havia gravado várias outras músicas para novelas globais: "Amor, Eterno Amor", "Três Irmãs", "O Profeta". "Eterna Magia" e "Guerra dos Sexos". Sua regravação mais recente foi de "The Way You Look Tonight", originalmente cantada por Fred Astaire na década de 1930, para a trilha de "Em Família". Para a novela "Duas Caras", ele regravou "Yesterday", outro clássico dos Beatles. O rapaz diz ser um beatlemaníaco e que um de seus ídolos é Paul McCartney. A ‘consagração’ veio com a abertura dessa que está no ar. Mas aonde eu quero chegar? Simples. A rede Blogo inventou a pólvora e descobriu o potencial que a mítica dos Beatles ainda exerce até hoje, principalmente num terceiro mundo como este. Então, músicas dos Beatles começaram a aparecer aqui e acolá. Foi quando um genial aspone teve a grande sacada: “Quem já imaginou uma música do Beatles na abertura da novela no horário dito mais nobre. E assim foi. E parece que ainda vai render muito mais.
Não satisfeitos (a partir de agora virou filão), nessa nova versão do ridículo programa popular “The Voice Brasil” – mais uma armação ilimitada de manipulação global, outro de formato importado dos gringos, e que nada mais é do quê uma versão maquiada de qualquer programa de calouros, com um júri de patetas venerados com deuses e agora rebatizados de “técnicos” - tome os Beatles outra vez! Dessa vez, vai para o sacrifício nada menos que “The Long And Widing Road”, clássico que dispensa apresentação.
Pelo time de Claudia Leitte, Lui Medeiros defendeu sua continuação no programa ao som dos Beatles. Foi a primeira vez que o participante interpretou esta música em sua carreira. Antes de subir ao palco, disse qual é a sensação de cantar um clássico de Lennon e McCartney: "Por mais que seja uma música mais lenta, estou muito animado e espero que dê tudo certo". Desde o início, a técnica (?) Claudia Leitte, que não perde uma oportunidade de aparecer, faz questão de assistir em pé à apresentação de seu pupilo. Em diversos momentos, o cara emociona a plateia, que responde com aplausos e gritos com o nome do cantor. O número conta com orquestra, piano de cauda e backing vocals. "Espero fazer uma apresentação à altura dessa produção", comenta o calouro, antes de subir ao palco pela primeira vez com uma estrutura desse porte. Momentos antes, revelou a emoção que sente com a canção e o que queria transmitir ao público: "Já chorei diversas vezes ouvindo a música. Quero que as pessoas se emocionem e reflitam sobre suas histórias e o que as fizeram chegar aonde estão". Aham! Que bonito é! Me engana que eu gosto! Não consumo nada que venha dessa Rede Blogo. Nunca vi, nunca assiti e nunca gostei. Gostava mais do Show de Calouros original do Abravanel (o coroa) porque o sobrinho também já é apadrinhado pela poderosa mais daninha do Brasil. “Fora, Rede Globo”! Gritaria um exaltado e saudoso Leonel! Como diria sabiamente uma velha amiga: “Sinto ciúme de tudo o que é meu e do que eu queria que fosse”. Blim, blim. Quem quiser ver a apresentação desse cara, facilmente encontra na internet. Aqui a gente fica com “Os Autênticos” – uma bandinha do interior e a agora massacrada The Long And Widing Road.

sábado, 13 de dezembro de 2014

SIMPLEMENTE INACREDITÁVEL – A MELHOR DOS ÚLTIMOS 50 ANOS

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Mitos, lendas urbanas e teorias da conspiração são alguns dos componentes mais presentes na história dos Beatles. Entre os principais rumores estão pactos com forças ocultas e a morte e substituição de Paul McCartney por um sósia. Como se não bastasse, um site chamado “The Beatles Never Existed” - “Os Beatles Nunca Existiram” - começou a alimentar ainda mais tais burburinhos acerca da trajetória do quarteto de Liverpool. Como principal missão, o portalzinho, tadinho, fraco de doer, intenciona provar que os Beatles nunca funcionaram da maneira como os fãs acreditam. Para provar sua teoria, o “The Beatles Never Existed” lança mão de comparações de altura e traços físicos (especialmente dos rostos) dos integrantes da banda. Com os resultados, o site sugere que os Beatles não eram exatamente uma banda, mas sim uma porção de músicos e atores contratados que variavam entre si. Um absurdo sem igual! Isso devia dar cadeia! O que um palhaço desses quer? Repetir a repercussão que foi a morte de McCartney? Acorda meu filho. Isso já faz 50 anos. Se alguém tiver saco e muita, muita paciência, o endereço dos idiotas é: http://www.thebeatlesneverexisted.com/

THE BEATLES - NOT A SECOND TIME

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Paul afirmou que a inspiração musical por trás de "Not A Second Time" era, mais uma vez, Smokey Robinson and The Miracles, ao passo que John reivindicou boa parte da composição como sua. Foi outro exemplo de John permitindo que seus sentimentos, nesse caso a mágoa, tomassem conta de seu trabalho. Depois de sofrer por rejei­ção, a reação do compositor é conter suas emoções para evitar que se machuque de novo. Foi uma das primeiras canções dos Beatles a ser objeto de análise crítica de um jornal de qualidade. William Mann, na época, crítico musical do Times, comparou parte dela com "Song Of The Earth", de Gustav Mahler. John diria depois que "foi essa resenha que começou a onda de falar do aspecto intelectual dos Beatles". "O interesse harmónico também é típico das canções mais rápidas deles", escreveu Mann, "e fica a impressão de que pensam simultaneamente em harmonia e melodia, tal a firmeza com que a sétima e a nona maiores estão construídas em suas músicas." Mann salientava ainda as mudanças de escala, "tão naturais quanto a cadência eólica ao final de 'Not a Second Time'". O comentário de John sobre isso foi: "Eu não entendi nada do que ele disse". Em outra ocasião, John afirmou que achava que "cadências eólicas" soavam como pássaros exóticos. Ele não foi o único a ficar confuso com a terminologia de Mann. "Cadência eólica" não é uma descrição musical reconhecida, e gerações de críticos musicais se perguntaram a que Mann estava se referindo exatamente. No entanto, a resenha em si foi creditada como o início das críticas sérias à obra dos Beatles.

NÃO É MOLE NÃO, MEU IRMÃO!

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Os atores James Franco, o Duende Verde e Seth Rogen, que eu não sei quem é, para promoverem o filme “The Interview”, que protagonizam, publicaram uma foto “íntima”. A imagem seria, nem mais nem menos, que a “recriação” da icônica fotografia de John Lennon e Yoko Ono, retratados por Annie Leibovitz, em 1980, para a capa da revista Rolling Stone. Tsc, tsc. Há quem goste e até ache engraçado. E você?

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

THE BEATLES - RUBBER SOUL - O ÁLBUM

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Unânimidade entre fãs e críticos, o primeiro dos registros dos Beatles da chamada fase da "pós inocência" é "Rubber Soul" lançado em dezembro de 1965. McCartney nomeou o álbum após ouvir da crítica que JAGGER cantava com "alma de plástico". Com a psicodelia estampada no título e na capa (cuja lenda afirma tratar-se de um efeito acidental que chamou a atenção da banda), "Rubber Soul"- sarcasticamente apelidado por LENNON como o "disco da maconha"- abriria alas tanto para os experimentalismos orientais de "Revolver"(1966) quanto para o surrealismo de "Sgt. Pepper´s" (1967) ou a maturidade lírica do "Álbum Branco" (1968). Abrindo com a testosterona de "Drive My Car", o disco segue por terrenos tão arenosos quanto surpreendentes para os ouvidos ainda despreparados dos anos 60. Sem sombra de dúvidas, um dos melhores álbuns gravados pelos Beatles naqueles loucos anos.

O sexto álbum dos Beatles sinalizou uma nova direção musical. Nele, a banda se distancia ainda mais da técnica dos cinco discos anteriores e inicia o segundo estágio de sua carreira. Rubber Soul contém alguns dos maiores clássicos dos Beatles, como “Norwegian Wood” e “GIRL”, que soam tão atuais hoje quanto em 1965. Depois do lançamento deste disco, e da constatação de que não conseguiriam reproduzir seu conteúdo ao vivo, os Beatles decidiram não mais se apresentar para o público, para se concentrar nos discos de estúdio. Agora, os Beatles já estavam consolidados com o status de maiores pop-stars do planeta e mandavam e desmandavam no estúdio. Os melhores horários de gravação eram reservados à eles, opinavam e aprovavam as capas e se davam o luxo de escolher o nome dos discos.

A própria capa é um caso a parte. Mostra os Beatles numa foto levemente deformada, com caras nada felizes, prova de que naquela época eles começavam um pouco a se preocupar com a imagem bem comportada feita por encomenda por Brian Epstein. A foto dos Beatles na capa do Rubber Soul parece distorcida. McCartney relata a história por trás disso no capítulo 5 do documentário Anthology. Bob Freeman havia feito algumas fotos dos Beatles na casa de Lennon. Freeman mostrou as fotos a eles, projetando-as em uma folha de cartolina para simular como eles apareceriam na capa do álbum. A folha escorregou e eles apareceram distorcidos. Animados pelo efeito, todos eles gritaram: "Queremos assim! Podemos ter isso? Você pode fazer isso assim?" Freeman respondeu que podia. O logotipo foi desenhado por Charles Front.

Rubber Soul começou a ser gravado em Outubro, para estar nas lojas em Dezembro, e mais uma vez os Beatles lutavam contra o tempo, no meio de turnês e tudo mais, mesmo assim, o álbum é brilhante do início ao fim, como uma coletânea de singles. Além das 14 músicas gravadas para o disco, eles ainda se deram tempo de de escolher duas para o próximo compacto: 'Day Tripper / We Can Work it Out', não incluídas no LP.

As experimentações no estúdio começavam a aparecer, intrumentos exóticos foram usados, e as letras tornaram-se mais coesas e abrangentes. John Lennon, deu um pulo como letrista. A faixa que seria a primeira instrumental dos Beatles - a música "12-Bar Original" foi excluída.

Foi a primeira vez que um álbum dos Beatles teve capa e nome semelhantes na Inglaterra e nos EUA. Porém o Rubber Soul americano continha uma seleção de músicas um pouco diferente da versão britânica. Trazia duas músicas do álbum anterior (Help!) e não trazia quatro músicas do Rubber Soul britânico. As músicas que não foram incluídas no Rubber Soul americano foram mais tarde lançadas no álbum Yesterday...And Today. Nos Estados Unidos, o álbum vendeu 1,2 milhões de cópias em nove dias após seu lançamento.
 
Na mesma época do lançamento do álbum, foi lançado o compacto com"We Can Work It Out" e "Day Tripper". "We Can Work It Out" foi composta por John e Paul e tornou-se na época a que mais tempo levou para ser gravada (12 horas). Este compacto se tornou o que mais rapidamente vendeu, superando “Can't Buy Me Love" que tinha o recorde anteriormente.

THE BEATLES - DAY TRIPPER / WE CAN WORK IT OUT

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"Day Tripper" é uma canção dos Beatles, lançada como compacto com duplo lado A. O outro lado é outro clássico: "We Can Work It Out". Ambas as canções foram gravadas durante as sessões para do álbum Rubber Soul. O single chegou ao topo das paradas britânicas onde ficou por 5 semanas seguidas e a canção chegou a número cinco na Billboard americana em janeiro de 1966. O riff da canção é um dos mais reconhecidos na história da música popular. "Day Tripper" foi escrita sob pressão quando os Beatles precisavam de um novo single para o natal de 1965. John Lennon escreveu a maior parte da letra e a base do solo de guitarra e criou o riff que depois admitiria ser derivado de "I Feel Fine". Paul ajudou com os versos e sua linha de baixo foi inspirade em "Oh Pretty Woman" de Roy Orbison. A canção faz referências quase claras sobre o uso de drogas. John Lennon e George Harrison já estavam tomando ácido desde o verão quando foram apresentados ao LSD por um dentista londrino. A partir daí, John confessou que "tomava LSD o tempo todo". "Day Tripper" era um típico jogo de palavras de John., que queria refletir sobre a influência da crescente cultura das drogas. Era uma maneira de se comunicar com aquele que, ao contrário dele mesmo, não podiam se dar ao luxo de ficar quese constantemente entorpecidos. "É só um rock", comentou Lennon. "Quem viaja de dia são pessoas que fazem uma viagem diurna, não é? Geralmente de balsa ou algo assim. Mas (a canção) era um pouco... 'você é só um hippie de fim de semana'. Entendeu?". 
A música fala sobre uma garota que engana o narrador. A descrição oblíqua da garota com uma "big teaser" (provocadora) era uma sabida referência ao termo "prick teaser" (provocadora de pênis), expressão usada pelos ingleses para se referir a mulheres que dava em cima dos homens sem a intenção de fazer sexo. "Day Tripper" foi lançada tanto na Inglaterra como nos EUA como single lado A duplo com "We Can Work It Out". Foi a música mais popular na Inglaterra em 1966 permanecendo várias semanas em primeiro lugar. Mas nos EUA seu auge foi a quinta colocação. Os Beatles declararam posteriormente que "We Can Work It Out " era a opção inicial deles para lado A. Confira alguns do nomes que já regravaram Day Tripper: The Jimi Hendrix Experience, Mae West, Otis Redding, Sergio Mendes & Brasil '66, Anne Murray, Whitesnake, Electric Light Orchestra, James Taylor, Cheap Trick, Sham 69, Yellow Magic Orchestra, Daniel Ash, Gene Wooten, Ocean Colour Scene, Tok tok tok, Ian Hunter, The Punkles, Tommy Shaw, David Cook, Bad Brains, Type O Negative, Lulu, Nancy Sinatra, Fever Tree, Budos Band, J. J. Barnes, Ramsey Lewis.

Em outubro de 1965, enquanto os Beatles gravavam Rubber Soul, Jane Asher decidiu entrar para o British Od Vic Company, o que significava uma mudança de Londres para o oeste da Inglaterra. A partida dela irritou Paul McCartney e causou a primeira grande crise na relação do casal. Como suas canções sugeriam, a noção de McCartney de uma boa mulher na época era a de alguém que conseguia ficar feliz simplesmente por estar ao lado dele. O ponto de vista de Jane era incomum para a época. Ela não estava satisfeita em ser a namorada de uma estrela do rock. Era uma mulher de boa educação, com idéias próprias, e queria, acima de tudo, estabelecer-se profissionalmente. 
Em "We Can Work It Out ", Paul não tenta entrar no mérito da questão, ele simplesmente pede que sua garota veja as coisas pelo lado dele, porque acredita que está certo; e ela, errada. Era típico de Paul, diante do que poderia ser o fim de um relacionamento. Ele não se recolhia para o seu quarto chorando, emergia com uma mensagem positiva "We Can Work It Out" - Nós podemos resolver Isso. A música foi gravada na casa de Paul em Heswall, Cheshire. O som de órgao foi acrescentado em estúdio como uma decisão posterior, e George Harrison sugeriu então mudar o bridge para o tempo de valsa. "We Can Work It Out" é amplamente interpretada como uma canção que faz referência a lutas internas dos Beatles como banda e como amigos, muito em particular entre Lennon e McCartney. Foi gravada em 20 de outubro de 1965, quatro dias após Day Tripper. Os Beatles passaram quase 11 horas trabalhando esta canção, o que a tornou a mais longa sessão de estúdio até aquele ponto. "We Can Work It Out" foi primeiro lugar tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

THE BEATLES - NOWHERE MAN

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Nowhere Man" foi lançada no álbum Rubber Soul. John fez esta canção falando de si mesmo, numa crise não rara de autoconfiança. A primeira ideia era uma gravação só com os vocais, sem nenhum instrumento. No estéreo, as vozes ficaram num canal e os instrumentos no outro. A composição foi difícil, John conta que após horas escrevendo sem parar, sentiu que não seria capaz de completar mais uma canção para o álbum: “na verdade, eu tinha parado de tentar pensar em alguma coisa. Nada vinha, eu estava irritado e fui tirar um cochilo depois de desistir. Então pensei em mim mesmo como um homem de lugar nenhum fazendo planos por ninguém”.
Gravada em 21 e 22 de outubro, "Nowhere Man" pode ser considerada a primeira canção dos Beatles que não é sobre o amor. Ela marca o começo das reflexões mais abertamente filosóficas de John.
Sempre se presumiu que "Nowhere Man" fosse sobre uma pessoa específica (em seu livro sobre os bastidores de Hollywood, You'll Never Eat Lunch In ThisTown Again, Julia Phillips especula que tenha sido escrita sobre um empreendedor chamado Michael Brown) ou sobre um membro arquetípico da sociedade conservadora.
John afirmou ser ele mesmo o "homem de lugar nenhum" em questão. Disse que o desespero o havia levado a essa música depois de escrever sem parar por mais de cinco horas e sentir que não conseguiria completar mais uma música para o disco. "Na verdade, eu tinha parado de tentar pensar em alguma coisa", contou ao biógrafo dos Beatles Hunter Davies. "Nada vinha. Eu estava irritado e fui tirar um cochilo, depois de desistir. Então pensei em mim mesmo como o Homem de Lugar Nenhum — sentado na terra de ninguém."
Assim como “I’m a Loser” e "Help!", a música trabalhava a falta de autoestima de John e possivelmente também o fato de ele se sentir preso pelo seu casamento. No filme “Yellow Submarine”, o nowhere man aparece na simpática figura de Jeremy.

THE BEATLES - NORWEGIAN WOOD

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Norwegian Wood (This Bird Has Flown) é uma música dos Beatles, lançada em 1965 no álbum Rubber Soul. Foi composta principalmente por John Lennon, com colaboração de Paul McCartney em algumas partes. A letra teria sido inspirada em uma relação extraconjugal de John, na época casado com Cynthia Lennon. George usou um instrumento indiano pela primeira vez em uma música, o sitar. George estava estudando música indiana na época, acabou comprando um sitar e o usou pela primeira vez em uma música pop.

THE BEATLES - IN MY LIFE

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"In My Life" é uma das mais belas canções dos Beatles e também um dos seus maiores clássicos. Foi composta por John Lennon e Paul McCartney, e está presente no álbum Rubber Soul. A canção, absolutamente genial, tornou-se uma das músicas mais famosas dos Beatles, executada e regravada até hoje por vários artistas e presente até em comerciais por todos os cantos do planeta. Com nostalgia, John lembra pessoas e lugares que desempenharam papel importante no seu passado. A canção é contida com estilo em um clima sereno, e remete a "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever". George Martin disse que Lennon simplesmente chegou e falou: "toque como Bach". O arranjo de piano ao estilo barroco que Martin fez para o solo instrumental era rápido demais para ser tocado por ele; por isso, gravou-o na metade da velocidade, uma oitava abaixo, e depois acelerou a gravação para encaixá-lo no ponto certo da faixa. Após a separação dos Beatles, na famosa entrevista à revista Rolling Stone, John Lennon afirmou que compôs a música praticamente sozinho com uma pequena contribuição de Paul McCartney. Paul no entanto disse que não só ajudou na composição do começo ao fim como a melodia também era sua. Seja como for, o que realmente importa é que é mais um clássico dos Beatles, de Lennon & McCartney. No Brasil, "In My Life" foi sacrificada por uma tal Rita Lee e virou uma versão horrível que levou o nome de "Minha Vida". Aqui, a gente confere o texto escrito por Steve Turner no livro "The Beatles - A história por trás de todas as canções".

Mesmo que John tivesse começado a escrever canções mais declaradamente autobiográficas mais de um ano antes, foi com "In My Life" que sentiu ter alcançado a ruptura que Kenneth Allsop o encorajara a fazer em 1966, quando sugeriu que se concentrasse em sua vida interior.
Gravada em outubro de 1966, foi fruto de uma longa gestação. Começou, de acordo com John, como um longo poema em que ele reflete sobre seus lugares preferidos de infância, fazendo uma jornada de sua casa na Menlove Avenue até o Docker's Umbrella, a estrada de ferro suspensa que corria pela zona portuária de Liverpool, sob a qual os estivadores buscavam abrigo da chuva. Contratado por Yoko Ono para realizar um inventário dos objetos pessoais de Lennon depois da sua morte, Elliot Mintz lembra de ter visto o primeiro rascunho da música escrito à mão. Em um rascunho dessa letra desconexa, John listava Penny Lane, Church Road, o relógio da torre, o Abbey Cinema, os galpões do bonde, o café holandês, St Columbus Church, o Dockers Umbrella e Calderstone Park. Apesar de ela preencher o requisito de ser autobiográfica, John percebeu que não era mais do que uma série de instantâneos agrupados livremente pela sensação de que pontos de referência um dia familiares estavam desaparecendo rapidamente. Os galpões onde estacionavam os bondes, por exemplo, não tinham mais bondes, e o Docker's Umbrella tinha sido desativado. "Era o tipo mais chato de música para cantar no ônibus sobre 'o que fiz nas férias', e não estava funcionando", afirmou. "Então me deitei e a letra sobre os lugares de que me lembro começou a brotar." John descartou todos os nomes de lugares e criou uma sensação de luto por uma infância e juventude perdidas, transformando o que de outra forma seria uma canção sobre a mudança na paisagem de Liverpool em uma canção universal sobre o confronto com a morte e a decadência. Era a história de um sujeito durão, conhecido por rir dos incapacitados, mas que também era um sentimental. No decorrer da vida, ele sempre teve uma caixa onde guardava recordações de infância. Mais tarde, John disse a Pete Shotton que, quando escreveu o verso de "In My Life" sobre os amigos mortos e vivos, estava pensando especificamente em Shotton e no antigo Stuart Sutcliffe, que morreu em decorrência de um tumor no cérebro em 1962. A letra guarda uma semelhança surpreendente com o poema de Charles Lamb do século XVIII "The Old Familiar Faces", com o qual pode ter deparado na antologia de poesia popular PalgravesTreasury. O poema começa com:
"Tive parceiros de brincadeiras, nos meus dias de infância, nos meus alegres tempos de escola. Todos, todos se foram. Como alguns morreram, alguns me deixaram e alguns foram tirados de mim; Todos, todos se foram. A origem da melodia de "In My Life" continua em discussão. John afirma que Paul ajudou em alguns trechos. Paul ainda acredita ter escrito tudo. "Eu lembro que ele tinha a letra em forma de poema, e eu criei algo. A melodia, se eu me lembro direito, foi inspirada em The Miracles", ele conta. Paul quase certamente se referia a "You Really Got A Hold On Me". Na gravação, o solo instrumental foi executado por George Martin, que gravou o piano pessoalmente e depois tocou em velocidade acelerada para criar o efeito barroco. A opinião de John sobre o resultado era de que se tratava de "sua primeira obra realmente importante".

THE BEATLES - GIRL - SERÁ QUE ALGUÉM VAI OUVIR MINHA HISTÓRIA?

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Quando perguntaram quem era a garota em "Girl", John disse que era a figura de sonho, a mulher ideal que ainda não tinha aparecido em sua vida. "Eu sempre tinha esse sonho de que uma mulher específica entrava na minha vida. Eu sabia que não seria alguém que compra os discos dos Beatles. Eu esperava uma mulher que pudesse me dar o que obtenho intelectualmente de um homem. Queria alguém com quem pudesse ser eu mesmo", ele declarou.
No entanto, a garota da canção parece longe do seu ideal. Ela não tem coração, é convencida e o humilha. Talvez existam duas garotas na canção: a garota dos sonhos, na primeira metade, em quem ele parece ser quase viciado, e a garota do pesadelo, na segunda, que o ridiculariza. O máximo que John disse sobre a música, entretanto, não tinha a ver com imagens femininas, e sim com sua imagem da igreja cristã. Em 1970, ele revelou à Rolling Stone que o verso em que pergunta se ela aprendeu que a dor leva ao prazer e que um homem deve se esforçar para ganhar seu lazer era uma referência ao "conceito cristão/católico". Ele prossegue: "Eu estava... tentando dizer alguma coisa sobre o cristianismo, ao qual eu me opunha na época". Ele podia estar pensando no relato do Gênesis sobre os efeitos da desobediência de Adão e Eva, em que é dito a Eva que "com dor terás filhos" e a Adão que "maldita é a terra por causa de ti; com dor come¬rás dela todos os dias da tua vida". O cristianismo, em especial Jesus Cristo, parecia incomodar John. Na época da composição de "Girl", ele estava devorando livros sobre religião, um tema que o preocuparia até sua morte. O estilo bouzouki de tocar pode ter sido influenciado pelo single "Zorba's Dance", de Marcello Minerbi, extraído da trilha sonora de Zorba, o Grego. Os vocais ao fundo imitavam o refrão "Ia Ia Ia Ia" dos Beach Boys em "You're So Good To Me" (julho de 1965), mas de brincadeira eles cantaram "tit tit tit tit" no estúdio em vez de "dit dit dit dit". Esses empréstimos mostram que os Beatles eram tão influen¬ciados pela música das paradas quanto por lados B raros e pelo rhythm and blues dos anos 1950. No Brasil, "Girl" virou "Meu Bem" - versão de Ronnie Von em 1966 que chegou ao topo das paradas.

THE BEATLES - 12 BAR ORIGINAL

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Gravada entre "What Goes On" e "I'm Looking Through You", em novembro de 1965, essa pode ter sido uma canção inicialmente para Rubber Soul. Dois takes foram feitos, um foi mixado, mas nenhum foi lançado. É uma das faixas mais atípicas dos Beatles e parece ter sido uma tentativa de imitar o soul de Menphis. O modelo mais óbvio é Booker T. & The MG's - formada pelo tecladista Booker T. Jones, o baterista Al Jackson, o baixista "Duck" Dunn e o guitarrista Al Cropper -, músicos de gravação da Stax Records que acompanhavam primores do sul, como Otis Redding, Sam and Dave e Eddie Floyd. A banda desfrutou de alguns sucessos instrumentais com seu próprio nome, começando com "Green Onions", em 1962. "12-Bar Original", creditada aos quatro Beatles, parece um pastiche de "Green Onions" e da sua sucessora, "Jellybread", sem o inconfundível teclado. A faixa foi gravada em um momento em que os Beatles estavam lutando por reconhecimento como músicos e também em uma conjuntura do pop britânico em que os sons mais pesados dos Animals, Yardbirds, Kinks e Preety Things estavam tomando o espaço da Tin Pan Alley.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

THE BEATLES - RUN FOR YOUR LIFE - SALVE SUA VIDA!

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John desenvolveu “Run For Your Life” a partir da frase “I’d rather see you dead little girl than to see you with another man”, que aparece quase no fim do single de Elvis Presley de 1955 “Baby, Let’s Play House”. De fato, John se referia à música como “um blues antigo que Presley fez”, mas, na verdade, ela data de 1954 e foi escrita por um filho de pastor de 28 anos de Nashville chamado Arthur Gunter.
Gunter, por sua vez, tinha baseado sua música em um sucesso country de 1951 de Eddy Arnold, “I Want To Play House With You”, e a gravou no fim de 1954. Ela não foi um sucesso, mas chegou aos ouvidos de Presley, que a levou para o estúdio em 1955. Quando “Baby, Let’s Play House” alcançou o o número 10 na parade country da Billboard em 55, tornou-se a primeira gravação de Presley a chegar ao hit parade nos EUA. A canção de Gunter falava sobre devoção. Ele queria que a garota fosse morar com ele, e a frase que chamou a atenção de John era um indício da profundidade dos sentimentos dele por ela, não uma ameaça.
Mas, na boca de John John, as frases se tornam ameaçadoras. Se ele visse a garota com outra pessoa, era melhor ela correr, porque ele iria matá-la. Era outra fantasia de vingança aos moldes de “I’ll Cry Instead” e “You Can’t Do That”. O cantor explica seu comportamento dizendo que é “mau” e que nasceu com uma “mente ciumenta”. Termos que dão indícios de canções posteriores como “Jealous Guy” e “Crippled Inside”. A letra de Lennon segue dizendo que é melhor que ela que é melhor que ela fique calma, ou ele não sabe onde pode chegar. É melhor ela salvar sua vida, se puder, se esconder, enfiar a cabeça no chão, porque se ele a pegar com outro homem, será seu fim. Apesar de ter sido a primeira faixa gravada para Rubber Soul, John nunca gostou dela e sempre a citava como exemplo do seu pior trabalho. Ela foi escrita sob pressão, ele disse, logo, era uma “música descartável”.

JULIAN LENNON - VALOTTE

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“Valotte” é um daqules típicos ábuns dos anos 80 e ao contrário do que muitos pensam, é um diquinho pra lá de bacana e bem acabado. “Valotte” foi o álbum de estreia de Julian Lennon e conseguiu um razoável sucesso nos EUA e na Inglaterra e também aqui no Brasil.
Quase quatro anos após a morte de seu pai, Julian apareceu com “Valotte” na praça, o que poderia cheirar a oportunismo, mas isto seria uma injustiça, já que o álbum é bom. As músicas são em geral de boa qualidade e quase todas compostas por ele (sozinho ou em colaboração). Julian fez um trabalho de respeito.
A faixa título, “Valotte”, é uma linda e emotiva balada. Impossível não lembrar de John aqui (até porque a voz de Julian é muito parecida). É a melhor faixa do disco, mas não é a única boa. Em seguida a divertida “OK for you” e o blues “On the phone”, segue com a arriscada “Space”, com uma sonoridade boa, mas que não chega a empolgar. O lado A do LP, termina com “Well I don’t know”, que tem cara de fim de festa, mas é legal. “Too late for goodbyes” tornou-se o grande hit do álbum, que segue com a boa “Lonely”, que acerta em cheio ao tentar exprimir a amargura de se estar só, e a legalzinha “Say you’re wrong”. “Jesse” (única que Julian não participou da composição) e a balada-solo-ao-piano “Let me be”, não acrescentam muita coisa. Apesar de "Jesse" ter sido lançada como single. Mas mesmos os pontos baixos não tiram o brilho deste álbum, que certamente merece mais atenção do que apenas como curiosidade.

THE BEATLES - DINHEIRO NÃO COMPRA MEU AMOR

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Essa é ótima! ‘Can’t Buy Me Love’ foi estudada por cientistas norte-americanos que concluíram que os Beatles tinham razão há 50 anos, e que, de fato, o dinheiro não consegue comprar o amor... (?). Esses mesmos nerds, concluíram que a satisfação perante a relação entre aqueles que não tinham o dinheiro como prioridade, era entre 10% a 15% maior do que entre os mais materialistas. É mole?

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

PAUL McCARTNEY - HOPE FOR THE FUTURE

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Paul McCartney lançou ontem, segunda-feira (8) o clipe de Hope For the Future. O novo single foi composto e gravado pelo próprio músico, exclusivamente para trilha sonora do videogame Destiny. O vídeo traz Sir Paul como um holograma no cenário futurista do game. A música já circulava na internet há semanas, mas a página oficial do músico no Twitter confirmou que o lançamento oficial aconteceria somente nesta segunda-feira. Em press-release sobre o clipe, Paul explicou que foi como fazer um porta-retrato de uma pessoa. — Você tem que usar sua imaginação e trabalhar no que eles precisam, o que eles vão querer e, então, o que você quer dar a eles. Então você tem que combinar essas três coisas em algo que mantenha sua integridade. Então, no jogo, você é o guardião da última cidade da Terra, e isso sugeriu a ideia para "Hope for The Future" ("esperança para o futuro") e fui por esse caminho. Então eu pensei que não seria apenas uma música para o jogo, seria tocada fora dele, então teria que poder ser independente. Você não pode apenas colocar referências de aliens ou então as pessoas vão dizer, "O que ele estava pensando?". Então tinha quer ter esse outro significado e integridade. Confira aqui em primeiríssima mão, o novo clipe de Paul McCartney Hope For the Future.

THE BEATLES - YOU CAN'T DO THAT - SEMPRE DEMAIS!

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George estreou nesta música sua guitarra de 12 cordas, enquanto John tocou com a velha rick preta. Algum tempo depois ele confessou achar muito chato tocar guitarra base o tempo todo, e que nesta canção ele pode inventar formas diferentes de tocar, já que não havia guitarra base nem guitarrista nela. (?)* "You Can't Do That" foi o lado B do compacto "Can't Buy Me Love", que arrasou nas vendas em todo o mundo. Nos EUA, ganhou um disco de ouro no dia do lançamento e vendeu 2 milhões de cópias. "You Can't Do That" também é a penúltima faixa do álbum “A Hard Days Night”. John Lennon compôs "You Can't Do That", imitando Wilson Picked, cantor negro americano de soul, que fazia muito sucesso no início dos anos 60. No começo dos 70, Pickett gravou “Hey Jude”. A letra é ameaçadora, cantada por um personagem violento. Ele fala que tem uma coisa pra dizer que pode machucar a garota. Se ele a pegar conversando de novo com outro certo rapaz, vai deixá-la estirada no chão. Diz que já avisou que ela não pode fazer isso. É a segunda vez que a flagra conversando com o rapaz, e pergunta se vai ter que dizer mais uma vez. Acha que é um pecado, mas vai deixá-la mal, largada no chão. Ele está preocupado com a opinião da rapaziada: diz que todo mundo está bobo, porque foi ele que ganhou o amor dela. Mas os outros ririam na cara dele, se vissem a garota conversando com o rapaz daquele jeito. Por isso ele pede que ela o ouça, e se quiser continuar a ser dele... ele não pode fazer nada com o que está sentindo, vai perder a cabeça.No dia 28 de março de 1995, foi lançado o documentário “The Making Of A Hard Day’s Night”. Pela primeira vez os Beatles aparecem tocando “You Can´t Do That” que ficou de fora do filme. Ringo manda ver uma batida metálica no cowbell, reforçada com um bongô. Acho que nada disso importa. Só importa a música, que é um dos melhores momentos da carreira dos quatro fabulosos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

O DIA QUE JOHN LENNON MORREU

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Eram quase onze da noite em Nova Iorque, e o cantor e compositor James Taylor estava em seu apartamento no exclusivo Edifício Langham, na vizinhança do Central Park West. Ele falava ao telefone com Betsy Asher, cujo marido o contratara ao selo Apple, dos Beatles, havia doze anos. 'Ela estava em Los Angeles e reclamava que as coisas estavam muito loucas por lá,' relembrou Taylor. 'Algo a ver com a família de Charles Manson e as maluquices que aconteciam. Daí eu ouvi os tiros. Alguém já tinha me falado que os policiais carregavam as armas não com seis, mas com cinco balas, então se você ouvisse um tiroteio de policial, seriam cinco tiros em sequência até a arma ser descarregada. Foi o que escutei - pá-pá-pá-pá-pá - cinco disparos. Eu disse para Betsy, "E você acha que é ai que as coisas estão loucas... Acabei de ouvir a polícia atirar em alguém aqui perto." Desligamos, e uns vinte minutos depois ela me ligou de volta, dizendo: "James, não era a polícia." A polícia chegou à cena em minutos, e a notícia estalou pelo rádio, sobre os tiros em frente ao Edifício Dakota, a uma quadra do Langham. A agência de notícias UPI telegrafou os primeiros informes: 'Polícia de Nova Iorque avisa: ex-Beatle John Lennon em situação crítica após ser baleado com três tiros em seu lar no Upper West Side, em Manhattan. Um porta-voz da polícia informou, sem mais detalhes, que um suspeito foi detido. Um funcionário do hospital disse: 'Tem sangue por toda parte. Estão trabalhando nele feito loucos.' A rede ABC correu a notícia ao longo da tela durante a transmissão de Patriots contra Dolphins, partida daquela segunda-feira à noite. Cinco minutos depois, o comentarista Frank Gifford interrompeu seu colega Howard Cosell: 'Não me importa o próximo lance, Howard, você tem que anunciar o que soubemos na cabine.' 'Sim, temos que comunicar isso,' disse Cosell gravemente, e acrescentou o que soou quase como um sacrilégio num país obcecado por esportes: 'Lembrem-se de que isso é só um jogo, não importa quem ganhe ou perca.' Então, com a solenidade de um locutor acostumado a dramatizar disputas esportivas, Cosell anunciou: 'Tragédia indescritível. Confirmada pela ABC Notícias de Nova Iorque. John Lennon, em frente a seu prédio no West Side de Nova Iorque, talvez o mais famoso dos Beatles, baleado duas vezes pelas costas, encaminhado às pressas ao Hospital Roosevelt' - cada palavra pronunciada lenta e cuidadosamente como um prego sendo batido na madeira - 'morto... ao chegar... Vai ser difícil voltarmos ao jogo depois dessa notícia.' Richard Starkey e sua namorada, a atriz Barbara Bach, estavam bebendo numa casa alugada, nas Bahamas, quando sua secretária pessoal, Joan Woodgate, entrou em contato com Starkey. 'Recebemos telefonemas dizendo que John estava ferido', relembrou ele. 'Depois ouvimos que estava morto.' Foi o primeiro dos Beatles sobreviventes a saber da notícia. 'John era meu amigo querido, sua esposa é uma amiga, e quando você ouve uma coisa dessas...' O horror rompeu a névoa anestésica de álcool que o protegia do mundo. 'Você não fica mais ali sentado, pensando no que fazer... Precisávamos agir, então voamos para Nova Iorque.' Primeiro, Starkey telefonou à sua ex-esposa, Maureen Cox, na Inglaterra. Hóspede na casa, Cynthia Lennon acordou com os gritos. Segundos depois, Maureen irrompeu no quarto: 'Cyn, atiraram em John. Ringo está na linha, ele quer falar com você.' Cynthia acorreu ao telefone e ouviu o som de um homem chorando. 'Cyn', soluçou Starkey. 'Eu sinto muito. John está morto.' Ela deixou cair o telefone e gritou como um animal apanhado numa armadilha. A irmã mais velha de George Harrison, Louise, acabara de se deitar, em Sarasota, Flórida, quando um amigo telefonou dizendo para ela ligar a TV. 'Meu primeiro pensamento foi que seria algo errado com George,' recordou ela. 'Quando soube, senti duas coisas - uma onda de alívio porque George estava bem e o horror pelo que tinha acontecido comjohn.' Ela tentou telefonar imediatamente para Friar. Park, a desmesurada mansão gótica de seu irmão, em Henley, mas ninguém atendeu. 'Naquela época eles deixavam o telefone embaixo da escadaria,' relembrou ela, 'para George não se incomodar.' Pelas duas horas seguintes ela discou o número repetidamente, mas só ouviu o toque de chamada. Por volta das cinco da madrugada em Londres, uma hora após o assassinato, a BBC estava pronta para dar a notícia ao mundo. Em sua casa com vista ao cais de Poole, a senhora, de 74 anos, Mimi Smith - tia de John Lennon, que cuidara dele desde seus seis anos de idade - dormitava ao zumbido reconfortante da rádio BBC de notícias. Ela não via o sobrinho havia nove anos, mas dois dias antes ele lhe dissera que retornaria à Inglaterra no Ano Novo. Ela ouviu o nome dele, sem saber se estava ou não acordada, depois percebeu que era o locutor falando sobre Lennon. Ela só teve tempo de repassar um pensamento familiar durante a infância dele - 'O que aprontou dessa vez?' - antes que o locutor confirmasse um temor que sempre a assombrara. Permaneceu deitada, sozinha e atenta, enquanto a esperança e a alegria morriam em seu coração. Uma hora depois, Louise Harrison desistira de telefonar a Friar Park e conseguira acordar o irmão Harry, que vivia numa casa diante da entrada da propriedade do irmão mais novo. 'Eu desabafei que John tinha sido baleado,' recordou ela. 'Harry disse que não havia motivo para acordar George àquela hora, porque ele não ia poder fazer nada. "Vou conversar com ele quando eu levar a correspondência, depois do café da manhã," foi o que Harry me disse.' A notícia se espalhou gradualmente pela comunidade Beatle. O assistente mais antigo do grupo, Neil Aspinall, tinha um vínculo especialmente estreito com Lennon. Quando Neil foi acordado, seu primeiro impulso foi telefonar à tia de John, Mimi: a chamada convenceu aquela senhora de que seu pesadelo era real. Depois Aspinall seguiu severamente pela hierarquia dos Beatles, telefonando à casa de Harrison, falando com Starkey antes de este seguir rumo ao aeroporto de Nassau, mas não conseguindo contatar McCartney, cujo telefone ficava desligado durante a noite. No chalé de McCartney, em Sussex, ninguém ligara a TV ou o rádio; Linda McCartney levou os filhos do casal à escola, como de costume. Enquanto ela estava fora, seu marido conectou o telefone e soube que o parceiro de composições e então desafeto, o homem que marcara, por vezes dolorosamente, sua vida adulta inteira, estava morto. Minutos depois, a esposa voltou para casa. 'Eu entrei com o carro', ela lembrou, 'e ele saiu pela porta da frente. Eu soube só de olhar para ele que algo absolutamente errado tinha acontecido. Eu nunca tinha visto ele assim. Desesperado.' Linda descreveu como 'horrível' o rosto dele. Então ele lhe contou o que ocorrera. 'Eu revejo claramente', disse ela depois, 'mas não me lembro das palavras. Só consigo me lembrar da situação por imagens.' Chorando e tremendo, o casal cambaleou para dentro da casa. 'Era insano demais', disse McCartney.'Tudo ficou borrado.' . Um ano depois, perguntaram a Paul McCartney como se sentira. 'Não consigo lembrar,' disse ele, apesar de conseguir, com clareza talvez excessiva. Reviveu as emoções clamorosas daquele momento: 'Eu não posso expressar. Não posso acreditar. Era loucura. Raiva. Medo. Insanidade. Era o mundo chegando ao fim.' Vacilando entre tristeza e irrealidade, começou a imaginar que também ele poderia tornar-se alvo de um assassino. 'Ele começou a imaginar que poderia ser o próximo,' revelou Linda McCartney, 'ou se não seria eu, ou as crianças, e eu não sabia mais o que pensar.' 'Era uma informação que você não conseguia assimilar,' confirmou o marido. 'Eu ainda não consigo.' George Martin, que supervisionara a carreira de gravações dos Beatles com cuidado paternal, foi acordado por um amigo americano ansioso para passar a notícia. 'Não foi uma boa maneira de começar o dia', lembrou. 'Telefonei imediatamente a Paul.' Os dois tinham encontro marcado para mais tarde, no estúdio de Martin, em Londres, onde McCartney estava gravando um álbum. Martin relembrou: 'Eu disse, "Paul, você obviamente não quer vir hoje, não é?" Ele disse "Deus, o que eu não posso é não ir. Eu preciso ir. Não posso ficar aqui com o que aconteceu." ' Como McCartney explicou depois, 'Ouvimos a notícia pela manhã, e o curioso é que todos nós reagimos da mesma forma. Separadamente. Todos simplesmente fomos trabalhar naquele dia. Ninguém conseguiu ficar em casa. Nós tivemos que ir trabalhar e estar com as pessoas que conhecíamos.' 'Nós' para Paul então significava, como na década de 1960, os Beatles, outro dos quais também tinha compromisso de gravação naquela tarde. Após ouvir que seu material mais recente era insuficientemente comercial, George Harrison relutantemente concordara em apresentar mais quatro novas canções. Seus colaboradores incluíam o percussionista Ray Cooper e o músico norte-americano Al Kooper, um insone que, assim como Mimi Smith, soubera da morte de Lennon pela BBC de notícias. 'Liguei para Ray e disse "Sabe o que mais?" ' lembrou Kooper. 'Eu disse "Devemos ir lá e levar ele [Harrison] pro estúdio, e trabalhar e tirar a cabeça dele disso", em vez de deixar ele cozinhando o assunto. Então o Ray concordou e fomos pra lá, e quando chegamos no portão tinha um milhão de jornalistas parados lá, na chuva. Saí do carro e eles começaram a gritar pra mim. Eu disse "Vocês não têm nada melhor pra fazer?" ' McCartney enfrentou uma situação semelhante nos estúdios AIR, de Martin, em Londres. 'Eu cumpri o dia de trabalho em estado de choque', disse ele depois. O músico irlandês Paddy Moloney estava lá. 'Foi um dia estranho', lembrou Paddy, 'mas tocar pareceu ajudar Paul a passar por aquilo.' George Martin recordou que a música cedeu lugar a uma terapia de grupo: 'Nós chegamos lá e caímos uns nos ombros dos outros, e nos servimos de chá e uísque, e nos sentamos juntos e bebemos e falamos e falamos. Conversamos e lamentamos John o dia todo, e isso ajudou.' Um amigo de infância de Lennon, Pete Shotton, que trabalhara para os Beatles no final dos anos de 1960, decidiu que 'queria estar com alguém que conhecesse John tanto quanto eu'. Ele chegou por volta do meio-dia à mansão de Harrison. '[George] pôs o braço no meu ombro e fomos em silêncio para a cozinha, tomar um chá. Conversamos em voz baixa, sem dizer muita coisa, e George foi atender uma chamada transatlântica de Ringo.' Depois desse telefonema, Starkey voou para Nova Iorque. 'Não podemos fazer muito mais que isso', disse Harrison a Shotton; 'temos só que seguir adiante.' Al Kooper foi conduzido à cozinha, onde encontrou Harrison 'branco que nem um papel, totalmente abalado. Tomamos um café da manhã todos juntos. Ele recebeu telefonemas de Paul e de Yoko, o que pareceu ajudar seu espírito, e depois fomos pro estúdio e começamos o dia de trabalho.' Em Nova Iorque, milhares de fãs em luto se reuniram ao redor do Edifício Dakota. Às duas da manhã, a polícia já isolara o local, com guardas armados de plantão na cena do crime. A viúva de Lennon, Yoko Ono, recordou: 'Voltei para cá e fiquei em nosso quarto, em frente à Rua 72. Eu só ouvia, toda noite, e pelas semanas seguintes, os fãs lá fora colocando os discos dele para tocar. Foi tão doloroso, simplesmente apavorante. Pedi aos meus assistentes que implorassem aos fãs para pararem.' A equipe informava aos fãs em vigília, nos momentos em que Yoko estava tentando dormir, e filtrava as chamadas em sua linha privativa. O filho de Lennon, Julian, então com 17 anos de idade, disse à sua mãe Cynthia que queria voar imediatamente da Inglaterra a Nova Iorque para acompanhar a madrasta e o meio-irmão. 'Fomos colocados diretamente em contato com [Yoko],' recordou Cynthia, 'e ela concordou que seria bom que Julian estivesse junto. Disse que iria arranjar um voo para ele naquela tarde. Eu falei da minha preocupação com o estado dele, mas Yoko deixou claro que eu não seria bem-vinda: "Não é como se você fosse uma colega de escola, Cynthia." Foi meio áspera, mas eu aceitei.' Quando Yoko falou com Paul, algumas horas mais tarde, o tom foi mais conciliador. 'Ela chorava, arrasada,' disse McCartney naquela noite, 'não tinha ideia por que alguém quis fazer uma coisa dessas. Ela queria que eu soubesse o quanto John era afetuoso a meu respeito.' Por mais de uma década, a relação entre Lennon e McCartney foi fragmentária e tensa, e a autoconfiança de McCartney ficou evidentemente abalada por aquele afastamento. O conforto de Yoko ajudou Paul a reerguer seu ego: 'Foi quase como se ela percebesse que eu me perguntava se a relação já não tinha desaparecido.' A morte de Lennon roubou, tanto de McCartney quanto de Harrison, alguém por quem ambos nutriam sentimentos preciosos. 'O consolo para mim,' refletiu McCartney em 1992, 'foi que, quando [John] morreu, eu tinha recuperado o nosso relacionamento. E eu sinto muito por George, porque com ele não foi assim. George seguiu polemizando até o fim.' Harrison e Lennon não se falavam havia muitos anos, e as entrevistas finais de Lennon mostraram o ressentimento com o antigo amigo. Ainda assim, a dor de Harrison foi salpicada de fúria em vez de autoquestionamento. Derek Taylor telefonou a Harrison naquela tarde e achou-o 'chocado, terrivelmente perturbado e com muita raiva. Ele disse que não queria dar uma declaração num momento daqueles, mas [o gerente de negócios] Denis 0'Brien disse que era necessário. Depois de mais ou menos uma hora, telefonei de novo para George e elaboramos uma declaração curta, sobre como ele reagiu à tragédia.' O profundo senso de espiritualidade de Harrison recobriu-se com sua raiva. 'Depois de tudo que passamos juntos', leu-se na declaração, 'eu tinha e ainda tenho amor e respeito por ele. Estou chocado e surpreso. Roubar a vida de alguém é o maior roubo possível. A invasão do espaço da outra pessoa chega ao limite máximo com o uso de uma arma de fogo. É ultrajante que pessoas que obviamente não têm as suas próprias vidas em ordem possam tirar a vida de outras.' Mais tarde, ele falou com sua irmã. 'George me ligou', disse Louise Harrison, 'e ele estava obviamente muito perturbado. Ele só me disse: "Mantenha-se invisível."' Depois, Harrison voltou ao seu estúdio na mansão. Al Kooper relatou: 'Nós meio que embebedamos ele, e seguimos fazendo tudo que era possível, até não sobrar mais nada pra fazer.' Enquanto McCartney e Harrison tentavam aliviar a dor com álcool e camaradagem, Richard Starkey e Barbara Bach voavam a Nova Iorque. 'Tínhamos que visitar a esposa dele,' explicou Starkey, 'no mínimo para dizer "oi, estamos aqui." ' Eles tomaram um táxi até o apartamento onde a irmã de Bach morava, e telefonaram de lá a Yoko Ono. 'Yoko realmente não queria ver ninguém,' lembrou ele. 'Estava realmente alterada - ela queria ver alguém e depois não queria mais. Então ficamos esperando um pouco, e aí ela disse: "Venham." Chegamos ao apartamento, e ela pediu que só eu fosse falar com ela - principalmente porque me conhecia havia muito mais tempo, e só estivera com Barbara umas duas vezes.' Uma década antes, John e Yoko informaram ao mundo que eram inseparáveis e indissolúveis: 'John&yoko'. Numa homenagem inconsciente ao amigo, Starkey espelhou então essa postura, dizendo a Yoko: 'Desculpe, mas nós vamos juntos a todos os lugares.' Ela então concordou em ver os dois, num breve e traumático encontro. 'Depois voamos embora', disse Starkey, 'porque não estávamos muito favoráveis a Nova Iorque naquele momento.' Em Londres, os efeitos apaziguadores da sessão de gravação tinham desaparecido em McCartney, e ele saiu pela Oxford Street. Uma falange de repórteres cercaram sua limusine, fazendo perguntas óbvias e irrespondíveis. Ele manteve a polidez, sombrio, a goma de mascar servindo como distração à dor. Para encerrar aquela provação, tudo que não conseguia dizer foi apertado em três palavras, atiradas com desprezo aos microfones vorazes: 'Chato isso, não?' A seguir, por força do hábito, acenou às câmeras e refugiou-se no carro. 'Foi o final de um dia inteiro em choque,' refletiu ele depois. 'Eu quis dizer "chato" no sentido mais pesado da palavra. [Mas pareceu] banal.' 'Ele foi muito criticado por isso,' disse George Martin. 'Eu senti cada golpe que ele recebeu. Foi uma tolice, mas ele foi pego com a guarda baixa.' Naquela noite, as duas redes britânicas de TV trataram o crime como se a vítima fosse um membro da família real. A BBC exibiu Help!, um dos longa--metragens dos Beatles, e a jovialidade popart da comédia acrescentou um verniz surreal à tragédia ocorrida. AITV reuniu em seus estúdios todos os que teriam alguma vaga justificativa para se arrogarem a especialistas em Beatles: biógrafos, críticos, efémeros astros do pop - 'todos os que supostamente teriam sido amigos de John', conforme disse um furioso McCartney depois. 'E os especialistas e comentaristas vieram com suas frases: "Sim, John era o mais brilhante da banda. Sim, ele era muito astuto. Ah, pois é, ele vai fazer muita falta, ele era grande, e isso e aquilo." E eu pensei: "Diabos, como é que conseguem sequer articular um diálogo como esse?" Mas foram eles os que se saíram bem, porque disseram as coisas adequadas para se ouvir. E eu fui o idiota que disse: "Que chato." ' Sem poder reagir, atingido pela perda do homem cujo senso crítico ele considerava acima de todos os outros, McCartney soltou sua fúria pela noite adentro. 'Chorei bastante,' revelou. 'Eu me lembro de ter gritado que Mark Chapman [o assassino de Lennon] era o mais idiota de todos os idiotas da história. Eu me sentia totalmente roubado, em crise emocional.' Por fim, o álcool apaziguou os Beatles sobreviventes. Starkey voou para Los Angeles, onde jantou no Mr Chow, em Beverly Hills, com Harry Nilsson, cantor e compositor desafiadoramente autodestrutivo que tinha sido companheiro de farras de Lennon. 'Ringo não mencionou os acontecimentos e o tumulto em Nova Iorque', disse Ken Mansfield, outro dos amigos nesse jantar, 'e eu não pude deixar de admirar o modo como ele lidou com a situação.' Entretanto, esse controle seria cada vez mais difícil de manter. Sem o conhecimento de Starkey, sua chegada ao aeroporto de Los Angeles foi monitorada por dezenas de policiais, devido a uma ameaça de assassinato feita por um desequilibrado, que iria ao desembarque disposto a rivalizar com a fama repentina de Mark Chapman. Enquanto isso, a polícia de Nova Iorque informava ao pessoal de Yoko Ono que uma pessoa tinha sido detida, no salão de entrada do Dakota, intencionando matar Yoko. Mas, para alguns, a tragédia trouxe recompensas. David Geffen, que acabara de lançar o último álbum de Lennon, espantou-se com o volume de pedidos que congestionaram as linhas das suas distribuidoras. Mesmo o cancelamento, em respeito ao luto, de toda a publicidade do álbum, não deteve esse afluxo. Os advogados de Lennon foram inundados de pedidos de licenciamento do nome do músico. Trabalhadores da fábrica de discos EMI, nos arredores de Londres, foram escalados em horas extras de emergência para suprir a demanda pelo catálogo de Lennon. Em menos de 24 horas, ele se transformou de músico em herói mundial, e os três membros sobreviventes dos Beatles passaram a formar com suas próprias histórias de vida um elenco de apoio a este novo mito. 'Não é difícil imaginar o golpe brutal que a morte dele significa para Paul, George e Ringo,' escreveu o colunista do Daily Mirror, Donald Zec, logo após o assassinato. 'Basta imaginar a repentina queda de um dos pilares de aço de uma plataforma de petróleo. Não há como reagir a esse tipo de catástrofe.' Apesar de todas as declarações insistentes de que já não se consideravam mais como Beatles, McCartney, Harrison e Starkey sabiam que iriam sempre ser definidos pelo monolito que projetava uma sombra em suas vidas. A perda de Lennon afetou cada átomo da existência deles. Para McCartney, encerram-se todas as esperanças de retomar contato com o homem cujo nome estaria ligado para sempre ao seu. E a familiar hierarquia dessa ligação -Lennon/McCartney, nunca McCartney/Lennon - se tornaria cada vez mais desconfortável nos anos seguintes. Ele não apenas perdera um amigo, mas o homem cuja aprovação ou desdém eram decisivos à sua autoconfiança. McCartney já lamentava a perda do amor e da estima de Lennon desde que Yoko Ono o substituíra como colaborador preferencial, em 1968. Agora esse lamento seria permanente, sem esperança de alívio. Vinte e cinco anos após o assassinato de Lennon, a lembrança ainda podia causar um colapso emocional em McCartney, em público. A relação de George Harrison com Lennon enraizava-se numa instância cósmica. Durante as experimentações dos dois com a expansão química da mente, em meados dos anos 1960, Harrison vivenciara um sentimento de profundo parentesco com seu frequentemente agressivo e sarcástico amigo. Apesar do pouco contato pessoal que tiveram durante a década de 1970, aos olhos de Harrison o vínculo não poderia ser rompido: era uma união espiritual, que sobreviveria ao túmulo assim como tinha superado anos de tensões públicas e particulares. No seu último encontro, Harrison ainda detectava nos olhos de Lennon aquele vínculo não declarado. 'Eu sempre me preocupei com Ringo,' observou Lennon após a separação da banda. Lennon, McCartney e Harrison transferiram às carreiras solo as suas já comprovadas habilidades como compositores. Starkey viu-se forçado a contar apenas com seu charme e camaradagem. Mas tais recursos se mostraram bastante fortes: em 1973, ele chegou perto de articular um reencontro dos Beatles, e no período antes do crime tentava uma superação conciliadora, com a produção de um novo álbum. McCartney e Harrison já haviam contribuído em sessões de gravação, e Lennon estava agendado para completar o serviço em janeiro de 1981. Mas era óbvio que nada, a não ser a presença mágica dos quatro Beatles juntos poderia despertar interesse significativo em qualquer coisa que Starkey fizesse. Sua carreira estava em queda livre desde meados dos anos de 1970, espelhando o declínio num alcoolismo agudo, conforme Lennon lamentava entre seus amigos. Seu relacionamento com Starkey era mais próximo e menos complicado do que as negociações com Harrison e McCartney, mesmo porque Starkey não representava nenhuma ameaça em termos artísticos ou financeiros. Lennon oferecia a Starkey amor incondicional e aceitação, valores que o milionário alcoólico lutava para consolidar em seu próprio coração conturbado. Cada um dos Beatles sobreviventes sofreu perdas especificamente pessoais em dezembro de 1980, mas o emocional foi apenas um dos níveis em que o assassinato de Lennon cobrou seu preço. Apesar da anulação da associação legal, os quatro Beatles ainda estavam presos numa teia claustrofóbica de obrigações financeiras. Literalmente dezenas de empresas criadas gerenciavam e consumiam suas fortunas individuais e corporativas. Alguns de seus auxiliares haviam elaborado métodos de manobrar os ganhos, de uma jurisdição fiscal para outra, o dinheiro seguindo em alta velocidade pelo mundo, de empresa a empresa, rumo a paraísos fiscais. Nenhum dos Beatles compreendia na totalidade as implicações legais das centenas de documentos e contratos que vinham assinando desde 1962. Era uma vez, havia muito, muito tempo, eles recebiam dos agenciadores, em Liverpool, pagamentos em notas amarrotadas e moedas e dividiam o dinheiro entre eles na parte traseira de seu carro de equipamentos. Agora, empregavam exércitos de especialistas financeiros, cujos objetivos eram aumentar a riqueza de seus clientes e as suas próprias comissões. Já passara o tempo em que os Beatles lidavam apenas com música. Agora seus interesses iam da produção de filmes até fazendas de gado leiteiro, além das misteriosas formas de corretagem financeira disponíveis somente a investidores obscenamente ricos. No início, os Beatles confiaram seus negócios ao empresário Brian Epstein. Este recrutou uma equipe de assistentes com reconfortantes sotaques de Liverpool, os quais continuaram a servi-los após a morte de Epstein, em 1967. Mas a perda de seu ingénuo, porém dedicado mentor, abriu as portas a confusões financeiras e a homens muito mais experimentados em negócios do que Epstein, mas por vezes muito menos leais. Uma luta ocorreu pelo controle dos interesses financeiros dos Beatles, mas tão logo o contador nova-iorquino Allen Klein triunfou, o prémio dissolveu-se diante de seus olhos. Em meados dos anos de 1970, quando a parceria profissional foi finalmente anulada, os Beatles tinham montado - e seria difícil a eles recordarem o modo como isso ocorrera exatamente - cada qual o seu próprio exército de advogados corporativos, assessores e conselheiros. Enquanto seus representantes se atiravam alegremente às batalhas judiciais e às manipulações financeiras, os Beatles podiam pelo menos sentir-se seguros em manter algum vestígio de controle sobre sua música. A medida exata de cada participação no atemporal catálogo de composições dos anos de 1960 foi uma questão sujeita a custosas disputas legais, e assim prosseguiria por anos a fio. Mas até o final dos anos 1970, quando as gravadoras começaram a ousar dizer não a Starkey e depois a Harrison, os estúdios de gravação permaneceram bastiões de independência ferozmente controlados pelos quatro. Em termos pessoais e criativos, os Beatles nunca foram inteiramente iguais, mas quando se tratava de assuntos que afetavam a todos, o voto de cada um possuía o mesmo peso. No entanto, já em 1968, Lennon introduzira um quinto elemento no quarteto: sua companheira, a cineasta experimental e artista de vanguarda Yoko Ono. Primeiro, ele insistiu na presença dela durante as sessões de trabalho dos Beatles; em seguida, abandonou o grupo e passou a colaborar apenas com ela. Finalmente, após o nascimento de seu filho, Sean, em outubro de 1975, Lennon tomou a fatídica decisão de nomeá-la sua procuradora em reuniões e negociações contratuais. Os outros três Beatles e seus assessores, extravagantemente bem-pagos, viram-se forçados a lidar com uma pequena mulher de fala macia, obstinada e absolutamente imprevisível, a quem eles sempre enxergaram com desconfiança e desconforto. Até dezembro de 1980, McCartney, Harrison e Starkey podiam tranquilizar-se com o fato de que seu ex-colega ainda tomaria parte nos negócios feitos em seu nome. Quando ele morreu, Yoko entrincheirou-se como a única guardiã do legado de Lennon: a autonomeada 'portadora da tocha', protetora dos interesses dele, curadora de seu arquivo, porta-voz de sua memória, e controladora de 25 por cento dos Beatles e de seu império de negócios. Não haveria mais os quatro Beatles, mas haveria sempre Yoko Ono, a rebelde de Manhattan. A elevação dela ao status de sucessora Beatle colocou os ex-colegas de Lennon diante de um enigma desconcertante. Desde o início, os quatro homens estabeleceram relações em diferentes níveis de respeito. Starkey era o baterista, com a graça redentora de sua imagem amável e autodepreciativa, armado com uma astúcia simples, mas divertida. Harrison era o 'Beatle quieto', apesar de uma vez queixar-se de que 'se eu era o quieto, os outros deviam ser realmente barulhentos'. Dedicado estudioso da guitarra, fascinado por filosofias orientais, dono de humor e seriedade igualmente secos, além de ser o compositor do que Frank Sinatra descreveu como 'a maior canção de amor do século XX'. (Todo o bom humor de Harrison foi necessário para ignorar a convicção, da parte de Sinatra, de que Something tinha sido feita por Lennon e McCartney.) McCartney era um enigma. Diabolicamente talentoso, motivado quase que obsessivamente por uma ética de trabalho implantada na infância, orgulhoso proprietário de uma veia criativa quase que sem paralelos na história da música popular, ele também era inseguro, atrapalhado diante da mídia, um artista por natureza e também um canastrão de nascença. Ex-funcionários o qualificaram como controlador maníaco. Mas o seu dom melódico contrabalançava todas as suas fragilidades humanas. Da mesma forma, por vezes, a determinação de produzir desequilibrou seu senso crítico artístico. Essa mistura de traços e características tornou-o o compositor musical de maior sucesso comercial de todos os tempos. Mas em algum nível de sua psique nada disso valia se ele não tivesse o respeito de John Lennon. Com a partida de Lennon, McCartney ficou preso a uma íntima parceria financeira com uma mulher que ele nunca compreendera, e que parecia nunca ter valorizado a pessoa e o talento dele. Nos anos seguintes à sua morte, Lennon foi retratato em cores vívidas e contraditórias. Alguns observadores afirmaram que seus anos finais se caracterizaram por falência criativa, uso de drogas e desespero suicida. Outros - a exemplo do próprio Lennon, em seu depoimento final - declararam que ele estava no auge de seus poderes criativos, totalmente reconciliado com sua musa, pronto para celebrar mais um deslumbrante capítulo da saga romântica que uma vez ele chamara de 'A Balada de John e Yoko\ Os redatores dos obituários o declararam 'um herói', que 'ultrapassou o entretenimento para chegar a oferecer uma filosofia de vida mais humana'. Pela estatura e pelas esperanças que inspirava, foi comparado ao falecido Presidente Kennedy: 'ambos representaram, cada um a seu modo,' afirmou o jornal The Times, 'as aspirações de uma geração'. Nas colunas editoriais que ainda representavam a voz da autoridade britânica estabelecida, o mesmo jornal declarou: 'Lennon era somente um dos membros do grupo, mas era o mais carismático e interessante, e talvez o mais importante.' Sua morte 'entrega à história a década que mudou mais radicalmente a sociedade britânica'. Como poderia Paul McCartney manter sua carreira artística após o antigo parceiro ser assim canonizado? Como poderia reivindicar sua parte no legado artístico dos Beatles, sendo ele desconfortavelmente mortal, enquanto Lennon ascendia ao nível dos deuses? A dor pessoal seria apenas uma das maldições; pelo resto da vida McCartney teria que batalhar com Yoko Ono por seu devido lugar na história. Havia agora três Beatles e um santo. Talvez esse tenha sido o mais cruel destino de McCartney: ele não desejava nada mais que recuperar o amor de Lennon, mas viu-se condenado a competir com a memória do parceiro por um reconhecimento que, por direito, já deveria ser seu. Dois dias antes de matar Lennon, Mark Chapman passou várias horas esperando inutilmente em frente ao Edifício Dakota. Dali, pegou um táxi ao bairro de Greenwich Village. Contou ao taxista que ele era um engenheiro de gravação, que tinha passado a tarde trabalhando no álbum que reuniria John Lennon e Paul McCartney. Chapman não podia ter sabido que McCartney tentara contatar seu ex-colega durante a produção do recém-finalizado álbum de Lennon, Double Fantasy, nem tampouco que o contato fora bloqueado por terceiros. Muito menos sabia que já haviam sido solicitados à prefeitura de Nova Iorque estudos sobre a viabilidade de uma apresentação de retorno dos Beatles no Central Park, ou que Lennon acabara de assinar um compromisso por escrito, afiançando que voltaria a colaborar com o grupo, pela primeira vez em onze anos. Todas essas fantasias e planos morreram com Lennon em 8 de dezembro de 1980. Os quatro Beatles haviam trabalhado juntos pela última vez em agosto de 1969; desfizeram a banda efetivamente um mês depois e anunciaram o fato na primavera de 1970. Um ano depois, a reputação deles seria rasgada em tiras diante do Tribunal Superior de Londres, quando Paul McCartney processou seus amigos para dissolver a sociedade formada por eles. Os quatro.Beatles costumavam naturalmente ter suas rusgas 'de irmãos', mas depois da separação os confrontos passaram a ser dignos de uma família da Máfia. Os jovens ídolos com seus penteados de franjas, ainda referidos como 'os rapazes' por uma já longamente sofrida equipe de produção, expuseram--se então como homensjá desgastados e amargos, deslizando inexoravelmente para fora da voga. Ao longo da década de 1970, os desentendimentos mantiveram a imprensa e o público atentos, a traçar as posições conflitantes como se fossem tropas num mapa militar. Os sinais de trégua entre os dois principais protagonistas seriam contrapostos pelos aumentos repentinos das animosidades de Harrison; se um Beatle sugeria que um retorno seria 'divertido', outro responderia com desprezo. No entanto, não importando quantas vezes os Beatles negassem que estavam prestes a se reagrupar, havia um entendimento compartilhado - pelo menos entre os ias - de que afinal de contas eles se reconciliariam, e (o que era igualmente controverso) de que esta volta seria artisticamente válida. O potencial comercial de um retorno dos Beatles nunca esteve em dúvida, mas não era somente dinheiro o fator que animava as ofertas de somas inimagináveis para uma única apresentação ou uma turnê. Nem era somente pela música, a razão ostensiva para o retorno. Ao sabor de seu humor momentâneo, os Beatles recebiam as inevitáveis perguntas sobre o futuro com uma mistura de suprema autoconfiança ('Se voltássemos a fazer algo, seria sensacional') e insegurança ('Seria tão bom quanto o que esperam de nós?'). Em última instância, conforme demonstrou a colaboração entre McCartney, Harrison e Starkey, na década de 1990, a realização artística não faria diferença; o importante seria o seu simbolismo. 'As relações sexuais começaram em 1963,' escreveu o poeta Philip Larkin, 'entre o fim da proibição a Chatterley e o primeiro LP dos Beatles'. E por 'relações sexuais' subentendiam-se todas as facetas do fenómeno cultural hoje conhecido como "anos 60" - liberação sexual, moda extravagante, protestos estudantis, pacifismo, a Carnaby Street, a Grosvenor Square, a Primavera de Praga, o maio de 1968 em Paris, LSD, maconha, liberação das drogas, amor livre, música livre, libertação de um passado e, conforme se viu, também de um futuro. Fatores múltiplos combinaram-se, colocando os Beatles no coração de toda essa agitação cultural, ou revolução, ou qualquer expressão que melhor descreva um sentimento coletivo de que o mundo nunca mais seria o mesmo. Houve uma coincidência de calendário: por acaso, a banda acabou nos últimos meses da década, e isso não foi graças a uma atenção aguda dos integrantes na construção de uma mitologia pessoal. Sua exuberância juvenil e sua recusa ao status quo vibraram no tom da inquietação de uma geração pós-guerra que atingia predominância demográfica. Eles exibiram uma incrível capacidade de assimilar tudo que entusiasmava as vanguardas artísticas e culturais, desde as drogas psicodélicas e a espiritualidade indiana até a música concreta e a arte pop, e reproduzir tudo isso para uma audiência de massas. Os Beatles não criaram os anos 1960, mas sua música e carisma venderam os anos 1960 para o mundo. Para além de sua existência ativa, os Beatles passaram a ser usados como ilustração das mais absurdamente diversas descrições da década de 1960. Alguns comentaristas culparam-nos pelos males culturais da década: a falta de respeito pela autoridade, as relações sexuais extraconjugais, o uso de drogas, os palavrões, a decadência moral da sociedade. Menos controversamente, os Beatles colocaram-se com outros ícones da época numa colagem aparentemente sem remendos, tão evocativa e - depois - tão culturalmente esvaziada quanto uma união de: JFK, as minissaias, conflagrações urbanas, jlower power, a Guerra do Vietnã, e a chegada à Lua. Reduzidos a terninhos bem-cortados e fãs histéricas, eles ofereceram a suavidade da nostalgia sem os solavancos inquietantes da realidade. Emergiu de fato a sensação de que eles atravessaram a década de 1960 imunes à história, tão afastados de sua época quanto da necessidade cotidiana de obter alimento. Fama e fortuna exilaram os Beatles da revolução juvenil que supostamente lideravam, e um dos sintomas da desintegração inevitável foi a crescente incapacidade quando confrontados com a vida fora da redoma - notavelmente ao montarem seu utópico império de negócios, a Apple. O grupo imaginava ser capaz de contornar as necessidades comerciais usando simplesmente o poder de seu nome. Não era a imaginação prodigiosa de toda uma geração desabrochando, mas sim a ingenuidade de homens (não mais 'os rapazes') que esqueceram como lidar com a realidade. Como nobres príncipes superprotegidos, diante de uma máquina de vendas automáticas na rua, eles se viram perplexos e confusos. Isso os tornou presas fáceis de homens de negócios que eram tudo menos idealistas e que reconheciam uma oportunidade de faturar quando surgia alguma diante deles. A medida que seu império decaía por dentro, os Beatles viam-se forçados a confrontar suas diferenças individuais. Estas gradualmente superaram a solidariedade que dera suporte à vertiginosa ascensão à fama. Muitos desses detalhes eram esquecidos quando se falava sobre uma volta dos Beatles. Ninguém contemplava um retorno aos dias sombrios de 1969, quando Lennon e McCartney frequentemente evitavam permanecer no mesmo ambiente, e Lennon fazia questão de se ausentar quando uma canção de George era gravada. Não piscava nenhum sinal daquela disputa judicial que os colocara uns contra os outros e expusera suas recriminações amargas. Mas mesmo os mais sonhadores, a torcer por um retorno, não poderiam esperar que a banda se parecesse ou soasse como em 1964, quando sua energia irrefreável conquistou o mundo. Não: o que se exigia de um reencontro dos Beatles era que o público se sentisse como quando ouviu / Wanna Hold Your Hand pela primeira vez, ou quando fumou um baseado ao som de Sgt. Pepper. O que as pessoas queriam não era os Beatles, mas o passado delas, despido de sofrimento e ambiguidade. Mas foi precisamente uma combinação de sofrimento e ambiguidade o que destruiu o sonho.
Texto extraído do livro de Peter Dogget “A Batalha Pela Alma dos Beatles”.