quarta-feira, 26 de março de 2014

PAUL McCARTNEY & WINGS AT THE SPEED OF SOUND - SENSACIONAL!

O ano de 1976 ficará na lembrança de Paul McCartney como o de seu maior sucesso na década e o auge de sua banda Wings. A formação consolidada desde 74 com as entradas de McCulloch e English, a maior participação de Denny Laine, e até Linda dando seus toques, resultou num som mais equilibrado e em um maior entrosamento do grupo. 'Band on the Run' e 'Venus and Mars' haviam recolocado Paul sob os holofotes, e agora a responsabilidade também aumentava. Como nos tempos dos Beatles a expectativa era sempre de crescimento a cada álbum.
McCartney não tinha mais preocupações com a mídia havia muito tempo. Ele tinha passado por todos os estágios de críticas. Primeiro havia sido idolatrado no tempo da Beatlemania, e depois esculachado e ofendido pela maior parte da imprensa quando do início de sua carreira-solo. Lembrando da 'acusação' de que só sabia compor canções bobas, baladinhas românticas, Paul teve a simples ideia de compor 'outra canção boba de amor', para bater de frente com os detratores!
Surgiu assim um mega-hit do ano de 76, chamado 'Silly Love Songs', que se tornaria o carro-chefe do álbum 'At the Speed of Sound'. Quando uma rádio qualquer dos quatro cantos do mundo - era sintonizada na época, não seria possível passar meia-hora sem ouvir os acordes iniciais desta canção. E Paul perguntando, “o que há de errado em encher o planeta com tolas canções de amor?”.
Tendo já satisfeito seu desejo de vingança contra os críticos em geral, McCartney resolveu dar uma força para a banda no restante do álbum. Jimmy McCulloch que já havia estreiado como compositor e vocalista no álbum anterior apresenta outra canção chamada 'Wino Junko', um rock esperto, embora não tão bem sucedido quanto sua primeira contribuição para a banda. 'Junko' era o apelido de Jimmy. O baterista Joe English canta a inofensiva 'Must Do Something About It' de Paul, e Linda adequadamente interpreta 'Cook of the House', com direito a panelas fritando algum alimento - vegetariano diga-se de passagem. Quem rouba a cena é o velho parceiro Denny Laine, com 'Time to Hide'. Esta canção que seria apresentada ao vivo na turnê que estava por vir, levaria o público ao delírio nas suas execuções. Comentou-se na época que Paul inclusive ficara com ciúmes do sucesso de Denny.
Em sua maioria as canções desse novo álbum eram bem menos inspiradas que a de seus antecessores, mesmo assim, o disco caiu no gosto dos fans. Outro sucesso em single foi a abre-alas, 'Let'Em In', mais uma canção simplesinha mas bonitinha, e que Paul voltou a apresentá-la ao vivo nas excursões atuais. Nesta canção, marcada pelo rufar de tambores, McCartney deixa claro quem são as pessoas bem-vindas à sua casa. 'Sister Susi' é mais conhecida como Linda McCartney. 'Brother John', é seu mano John Lennon. 'Martin Luther' ( King) também é bem-vindo. 'Phil and Don', a dupla do Everly Brothers. 'Brother Michael', seu 'outro' irmão Mike, o 'Tio Ernie' e 'Auntie Gin', a tia que o acolheu quando sua mãe morreu.
Nas fotos do encarte nota-se McCartney tocando um enorme baixo acústico vertical. Este baixo pertenceu a Bill Black, baixista de Elvis Presley nas décadas de 50 e 60. Linda o comprou em um leilão presenteou o marido no dia do seu aniversário. Quanto à produção das faixas, deixa uma impressão que parece ter sido feita apressadamente, talvez pelas datas da turnê que se aproximava. O fato é que, na época, o som, saiu abafado. Várias destas canções quando apresentadas ao vivo, teriam um peso completamente diferente. Uma menção honrosa á sessão de metais de Paul, composta por Tony Dorsey, Thaddeus Richard, Steve Howard e Howie Casey, este último, presente desde os tempos de 'Band on the Run'.
Ao contrário de outros álbuns em que colocam-se bônus para preencher espaços, aqui temos algumas curiosidades na edição do CD da 'Paul McCartney Collection'. A canção instrumental 'Walking in the Park with Eloise' foi composta por ninguém menos que Jim McCartney, pai de Paul. Esta música foi gravada ainda em New Orleans em 1974, e foi creditada a 'The Country Hams' quando lançada em single. Na verdade era Paul, alguns membros do Wings e músicos de estúdio de New Orleans que a gravaram. Outra faixa-bônus é o lado B de 'Eloise', chamada 'Bridge on the River Suite', outra instrumental. Por último, o country 'Sally G', também lançada apenas como single em 1974. Em meados de 76 este álbum chegou ás lojas, e o sucesso foi espantoso. E tudo ainda estava apenas começando. O single 'Silly Love Songs' estouraria logo a seguir e a excursão de Paul, que passaria pela Grã-Bretanha, Austrália e EUA o consagraria como o maior super-star da década!

6 comentários:

Pedro RBC disse...

Excelente post, Edu!
Mas eu fiquei com uma dúvida: à época do Wings at the Speed of Sound os McCartney já eram vegetarianos?

Saudações
Pedro

Valdir Junior disse...

Também acho que esse disco é fraco em relação aos dois anteriores, apesar dele ter algumas canções muitos boas !!!
Vamos esperar para ver como ele vai sair agora pela " The Paul McCartney Archive ",gostaria que tivesse muitos out-takes e demos , mas visto que os lançamentos anteriores ficaram a desejar , não dá para esperar muito !!
De uma coisa eu sei, vai ser numa embalagem luxuosíssima e cara !!

Milla Magalhães - Mimi disse...

Muito legal! Edu: Notei que em cima do blog no topo não aparece George. O que aconteceu?

Edu disse...

Fiz as imagens passarem muito rápido... mas, se prestar bem atenção, aparece sim! John é vermelho, George é lilás, Paul é azul e Ringo é verde. Não acha que eu cometeria um erro desses, né? Abração, Mimi! Abração Pedro! Linda se tornou 'veggie' depois da excursão dos Wings em 76. Paul foi no rastro. Mas os dois fumavam e bebiam como lagartas. A partir de 1980 é que a coisa ficou séria mesmo para ela, e ele não era tão chato como é hoje nessa questão. Valeu! Vou fazer uma postagem com esse tema. Obrigadão!

João Carlos disse...

De certa forma, mesmo contendo boas canções, esse disco foi uma queda em relação aos 3 anteriores. Mas realmente foi um estouro de vendas e as canções ao vivo ganharam outro peso. Ótimo post.

Edu disse...

É sensacional! Repleto de hits e vendeu como banana. E ainda tem uma das minhas preferidas de Paul com os Wings - a fantástica 'BEWARE MY LOVE"! Também vou fazer uma postagem só sobre ela!