sábado, 3 de maio de 2014

VOCÊ SABE QUEM É MARSHA ALBERT?


Eu já comprei e já li “LOVE ME DO – 50 Momentos Marcantes dos Beatles” de Paulo Hewitt. E gostei! O autor consegue contar a história de forma diferente de tantas outras obras, a partir de momentos marcantes na história dos Beatles. E como sempre, somente aqui no nosso blog preferido, com absoluta exclusividade, a gente já confere logo um capítulo inteiro. Espero que gostem. Abração em todos!

Em dezembro de 1963, Marsha Albert, adolescente norte-americana de 15 anos, escreveu uma carta a Carroll James, um dos figurões da cidade. Ele era DJ em Washington, D.C., soltando a voz na estação WWDC, e Marsha queria desesperadamente que ele tocasse a canção de uma banda desconhecida chamada The Beatles. A música se chamava "I Want to Hold Your Hand".

Marsha viu os Beatles pela primeira vez na televisão. Em novembro, a CBS News filmou, para o The Jade Paar Show, o grupo tocando ao vivo na Grã-Bretanha e então as imagens foram exibidas nos Estados Unidos. Paar apresentou o material não por pensar que tinha descoberto um fenómeno mundial, mas por julgá-lo "divertido". Essa seria a reação geral dos Estados Unidos aos Beatles durante o próximo mês. Divertido. Excêntrico. Marsha era diferente de Paar. Ela estava completamente arrebatada pela banda, a ponto de querer espalhar a novidade. Carroll James foi seu primeiro alvo. "Eu escrevi dizendo que achava que eles seriam muito populares por aqui", ela contou mais tarde. "E, se ele [James] conseguisse um de seus discos, seria genial."

Ela tinha toda razão, e o crédito deve ser dado a James por ter corrido atrás e garantido uma cópia importada do compacto. Então ele convidou a jovem para ir ao estúdio e introduzir a música antes de ela ser tocada. "Carroll James me ligou no dia em que conseguiu o disco e falou que, se eu fosse até lá às 17 horas, poderia anunciá-la", lembra Marsha. Ela foi até lá, e às cinco horas da tarde se aproximou do microfone e anunciou os Beatles no ar pela primeira vez no continente — que, em inacreditáveis dois meses, seria deles. Marsha falou: "Senhoras e senhores, transmitidos pela primeira vez nos Estados Unidos, aqui estão os Beatles cantando 'I Want to Hold Your Hand'". Quando a música terminou, Carroll pediu para os ouvintes telefonarem e opina^ rem. A resposta foi além de qualquer expectativa. Centenas correram aos telefones, a maioria se manifestando a favor. O gerente da estação não era estúpido e a gravação passou a ser executada com frequência. Foi a primeira oportunidade desfrutada pelos Beatles nos Estados Unidos, embora naquele momento eles ainda desconhecessem o fato. Tudo o que sabiam até então era que o país os vinha tratando muito mal. A visão do selo norte-americano da gravadora em relação a eles era sintomática da apatia do país quanto aos Beatles. A Capitol, divisão da EMI nos Estados Unidos, simplesmente se recusara a lançar os primeiros com-pactos do grupo, optando por licenciá-los a selos menores. Please Please Me e From Me to You saíram pela Vee-Jay Records, de Chicago, enquanto She Loves You veio à luz pela Swan. (Para fas de R&B como os Beatles, havia glória nesse acordo — a Vee-Jay lançou discos de John Lee Hooker e Jimmy Reed; a Swan, de Eddie Bo.)

Epstein sabia que, para que eles fizessem qualquer incursão séria pelo mercado norte-americano, essa situação teria de mudar. Ele precisava conquistar a Capitol. E decidiu usar seu trunfo: a beatlemania. Em novembro, um determinado Epstein viajou para os Estados Unidos e se reuniu com Bob Precht, produtor de The Ed Suilivan Show, um dos programas mais vistos no país. Eles se reuniram em Nova York e Precht logo expressou sua visão a respeito dos adorados "rapazes" de Epstein. Eles eram uma trupe humorista, não é mesmo? Então, seria até interessante... Epstein ajeitou a gravata e começou a fazer a cabeça de Precht. O representante londrino do The Ed Suilivan Show já havia alertado os chefes a respeito da beatlemania. Epstein descreveu a Precht um retrato mais detalhado da histeria que tomara conta da Grã-Bretanha. Precht escutou. No fim da reunião, os Beatles ouviram a promessa de encabeçar três programas que transcorreriam em semanas consecutivas. Três participações, não uma. Quem afirma que Epstein nunca administrou adequadamente os Beatles, acusando-o de ser inepto e ingénuo, deveria estudar esse episódio. Quando Epstein contou à Capitol Records a respeito de seu feito, eles se sentaram e a gravadora começou a mudar a forma de pensar. Reuniões foram realizadas, e agora com decisões favoráveis ao grupo. A Capitol aceitou lançar em janeiro I Want to Hold Your Hand e prometeu investir cinquenta mil dólares na campanha de marketing. Perucas dos Beatles foram fabricadas e enviadas às lojas de discos. Os distribuidores foram incentivados a usá-las. Enquanto isso, adesivos proclamando "Os Beatles estão che¬gando" de repente tomaram conta de Nova York.

No dia 26 de dezembro de 1963, a Capitol Records lançou I Want to Hold Your Hand. De forma surpreendente, foram vendidas 250 mil cópias nos três primeiros dias. A demanda era tanta que a Capitol contratou gravadoras rivais para prensar o compacto. Em meados de janeiro de 1964, a canção disparava nas paradas e, em 1º de fevereiro, seis dias antes de chegarem a um país no qual nunca haviam tocado uma nota sequer, os Beatles atingiam o primeiro lugar nos Estados Unidos. Enquanto isso, a Vee-Jay e a Swan começaram a promover seus compactos dos Beatles. I Want to Hold Your Hand, que viria a vender mais de cinco milhões de cópias, foi substituído no topo por She Loves You. Antes deles, somente Elvis conseguira derrubar do primeiro lugar uma de suas próprias canções.

Lennon estava estupefato. "Ninguém tem um sucesso nos Estados Unidos", ele afirmou a amigos. A banda estava em Paris na época, começando uma temporada de duas semanas no Teatro Olympia. Não foi muito memorável. Uma apresentação anterior em Paris fora arruinada por problemas no equipamento, e a plateia, curiosamente contendo mais rapazes que garotas, era muito menos ruidosa que a britânica. (Na verdade, ao voltarem à Grã-Bretanha, para mostrar o alívio por estar em casa, George Harrison desceu do avião em Londres acenando com a bandeira britânica). Qualquer desconforto causado aos Beatles em Paris foi rapidamente dissolvido quando eles chegaram ao hotel e descobriram que os Estados Unidos haviam adotado a banda por completo. Mais tarde, já instalados no quarto, um fotógrafo sugeriu que simulassem uma briga de travesseiros para as câmeras. "Essa é a coisa mais estúpida que já ouvi", Lennon retrucou. Um minuto depois, volúvel como sempre, pegou um travesseiro e jogou em Paul.

Quanto a Marsha, ela teve a chance de conhecer os Beatles no dia 11 de fevereiro, quando Carroll James a levou junto para uma entrevista que teria com eles. "Olá, Marsha", disse Paul. "A boa e velha Marsha", proferiu John e, de forma carinhosa, George a chamou de "Marsha Mellow". Parece que o comentário mais pertinente veio de Ringo. Ele simplesmente falou: "Obrigado, Marsha".

Hoje, Marsha Albert está com 65 anos e ainda é louca pelos Beatles! Deixe seu comentário!

5 comentários:

José Roberto Sauaia disse...

Pois é, Edu, o livro é realmente muito bom! Pelo que me lembro ainda não tinha lido sobre a Marsha Albert. E pelo que vi você é um leitor veloz, pois faz algumas semanas que comprei e ainda não terminei (apesar de eu estar lendo outros livros ao mesmo tempo). Mas a verdade é que eu leio devagar mesmo. Achei muito interessante o comentário que Bob Dylan fez sobre George, citado no capítulo que fala sobre a morte de Harrison. Parabéns pelo artigo.

João Carlos disse...

Agora sim, vou comprar o meu! Ótimo artigo!

Edu disse...

Então: vou abrir o meu coração: EU NÃO GOSTEI NÃO! Desculpem aí o pessoal do BEATLES COLLEGE.

Arleide Souza disse...

Agora eu sei quem é, rsrsr. Espero que os quatro tenha reconhecido o importante ato da moça!

Unknown disse...

Muito lindo