domingo, 16 de agosto de 2015

GEORGE HARRISON - I ME MINE - A AUTOBIOGRAFIA


“I Me Mine” é a autobiografia de George Harrison, lançada originalmente pela Genesis Publications em 15 de agosto de 1980 numa edição limitada de apenas duas mil cópias e tem seu título emprestado de uma de suas canções dos Beatles lançada no álbum Let It Be, uma outra edição foi lançada em 2002, pela Chronicle Books e tem uma introdução assinada pela sua viúva Olivia Harrison . O livro não chega a ser mesmo o que se poderia chamar de uma biografia, o texto não é muito linear e embora siga uma ordem cronológica, George pula fases e acontecimentos importantes. Ele consiste em três partes sendo que na primeira Harrison narra para seu ghost-writer Derek Taylor, ex-assessor de impressa dos Beatles os fatos que ele queria desabafar da sua vida. Taylor adiciona notas no decorrer da narrativa esclarecendo alguns detalhes e dando uma visão mais histórica dos fatos. Sobre os Beatles, George deve ter suposto que todo mundo já sabe tudo e se resumiu mais aos bastidores e mostrar o lado chato da Beatlemania para quem era um beatle. Nesse caso, o beatle que provavelmente se divertiu menos com aquilo tudo.

Mas, é muito honesto quando Harrison reclama de algumas situações que eles passaram como o caso de Manila, nas Filipinas, quando foram quase linchados por não comparecem a uma festa da família real; os eventos formais que eles tinham que comparecer, as autoridades que eram obrigados a receber, a falta de liberdade para sair normalmente às ruas sem o assédio louco das fãs e todo tipo de pressão que eles sofriam que culminou na sua frase: “eles (o público) nos deram seu dinheiro e nós lhes demos nossos sistemas nervosos”. No mais, ele fala da Índia pela questão espiritual (tem também um trecho muito bom aonde ele comenta sobre seus estudos de cítara e das técnicas para se tocar o instrumento), do relacionamento com os humoristas do Monty Pyton que não por acaso são as passagens mais leves e alegres da narrativa e um pouco de Fórmula 1 nas pouco mais de 60 páginas reservadas a tal autobiografia que parece mais com trechos editados de uma entrevista do que um livro em si. Sem se preocupar com detalhes, ele corta da fase Hamburgo direto para a Beatlemania nos EUA, não comenta sobre processos de gravação, não aborda quase nada da carreira solo, enfim tudo soa muito vago e superficial para um livro que pretendia ser uma biografia, até porque nem mesmo da sua vida ele fala muito. E o John Lennon ainda ficou sentido por achar que não teve seu nome citado como deveria no livro, mas ele aparece lá mais do que qualquer um dos outros Beatles e das duas esposas do George ou seu filho Dhani. O texto é entremeado com alguns belos desenhos que são um ponto positivo do livro, eles mostram desde localidades das cidades de Liverpool e Londres a violões e figuras orientais, sobra espaço até para um Porsche de George.

A segunda parte é dedicada às fotografias, uma sequência de imagens em preto e branco, com algumas fotos raras do arquivo pessoal do músico. Mas o grande valor desse livro está mesmo na terceira parte, um capítulo com todas suas letras comentadas por ele mesmo que revela uma série de fatos interessantes acerca das canções, pena que por ter sido escrito em 1980 e não tenha tido uma versão atualizada não contenha comentários sobre as canções dos trabalhos subseqüentes de George. Um detalhe especial são as reproduções de todas as letras nos originais escritos à mão por George, "Don´t Bother Me" e "Think For Yourself" foram reescritas por ele na época do lançamento porque ele não disponibilizava mais dos seus originais. Em alguns casos, as folhas originais mostram alguns desenhos de George que carregam alguma relação com o conteúdo da letras. O capítulo da “autobiografia” acaba deixando uma sensação triste de um George rancoroso embora, espiritualizado. Fonte: http://rockngeral.blogspot.com.br

4 comentários:

João Carlos disse...

Na época do lançamento eu fiquei muito curioso. Mas as resenhas foram tipo esta e desanimou. Ainda mais por não ter em português.

Robert Moura disse...

Pois é, João Carlos, mas ainda assim é uma leitura válida. Acho que termos autobiográficos o Anthology acaba preenchendo melhor essa lacuna, no caso do George.

Edu, valeu nova postagem da resenha.

Abraços!

Fábio Simão disse...

Puxa, parece um pequeno tesouro. Gostaria de ler!

Valdir Junior disse...

Um item que falta na minha coleção. Me admira que até agora nenhuma editora tenham lançado por aqui uma edição nacional e simples dessa autobiografia, mas como no Brasil tudo é mais difícil......