sexta-feira, 15 de novembro de 2013

JOHN LENNON, YOKO ONO & EU - JONATHAN COTT

Passava das quatro horas da manhã quando o inglês Jonathan Cott deixou o estúdio no qual John Lennon e Yoko Ono faziam os últimos ajustes na faixa Walk on thin ice, para um álbum a ser lançado no ano seguinte, três dias depois daquela fria madrugada de dezembro de 1980, Lennon foi assassinado na frente do prédio em que morava em Nova York. Debaixo do braço, carregava a fita com a última mixagem da canção de Yoko. Na semana anterior àquela segunda-feira, Cott passara dias ao lado do casal. Gravou uma entrevista de nove horas para escrever uma reportagem de capa da Rolling Stone sobre o recém-lançado Double Fantasy, a parceria mais celebrada de John e Yoko. A reportagem, no entanto, seria outra: a entrevista publicada pela revista foi a última concedida por Lennon. Cott se ateve ao que considerava mais significativo da conversa com a dupla e escreveu um tributo de 5 mil palavras. Guardou as fitas no fundo de um armário e nunca mais teve coragem de ouvi-las. Mas uma série de coincidências fez o repórter voltar no tempo. John Lennon, Yoko Ono & Eu é a história dessa volta. Nesta obra, o jornalista da revista Rolling Stone apresenta as versões completas de todas as suas entrevistas e conversas importantes com John e Yoko, além de imagens raras do arquivo pessoal do casal. Do contato inicial em 1968 à amizade ainda hoje existente com Yoko, passando pelo trauma do assassinato de Lennon, Cott usa a sensibilidade que o torna um dos grandes críticos culturais do nosso tempo para oferecer novos insights sobre John e Yoko - como indivíduos, artistas e amantes. E faz isso entrelaçando seus encontros com os dois à própria vivência de uma época transformadora em todos os sentidos. O resultado é um retrato íntimo dos dois artistas, e também o testemunho de uma profunda e duradoura amizade. A obra traz como destaque a íntegra da última entrevista importante de Lennon, que conversou animada e longamente com o jornalista três dias antes de ser assassinado, em dezembro de 1980. Lançado nos Estados Unidos em maio último e somente agora traduzido para o português pela Zahar, o livro é uma memória pessoal e afetuosa de uma amizade de quatro décadas. Em 2010, Cott se deu conta de que, se estivesse vivo,Lennon completaria 70 anos. Também atentou para os 30 anos do assassinato. O próprio Cott faria 70 dois anos depois. "Eu sabia que, depois de 40 anos do primeiro encontro com eles, se eu quisesse escrever um livro sobre eles, era agora ou nunca. Falei com Yoko, com quem sempre estive em contato ao longo de todos esses anos. Ela me encorajou a escrever o livro e me ofereceu uma longa entrevista na qual poderíamos falar dos 'bons e velhos tempos' (como ela mesma disse) e sobre o que estava por vir", conta. A entrevista com Yoko conclui o livro, que é também uma tentativa de explicar por que a artista, no entendimento de Cott, é a mais incompreendida de todos os tempos. O mais precioso, no entanto, não está nas considerações de Yoko, mas no próprio relato do repórter sobre a simbiose artística do casal, o respeito e admiração entre eles, e a postura de Lennon diante de questões da existência. Das nove horas de gravação, Cott aproveitou o que pôde na correria de produzir o material póstumo. "Depois da morte de John, eu mal tive tempo de ouvir as fitas e nunca transcrevi inteiramente a entrevista. Eu sentia que iria ficar muito triste em ouvir a voz de John logo depois do assassinato, então eu guardei tudo no fundo de um armário", conta. Ele ainda se lembra das últimas palavras de Lennon quando deixou o estúdio, de madrugada. "Ele me disse: 'Vamos encarar: revistas vêm e vão, executivos da indústria fonográflca vêm e vão, empresas fonográficas vêm e vão, produtores de filmes vêm e vão. Artistas vêm e vão também. Que vida! Às vezes, você fica imaginando, quero dizer, realmente imaginando. Eu sei que nós fazemos nossa própria realidade e que sempre temos escolha, mas o quanto disso é preestabelecido? Há sempre uma encruzilhada no meio da estrada e há sempre dois caminhos preestabelecidos que são igualmente preestabelecidos? Poderia haver centenas de caminhos e poderíamos sempre ir em uma ou outra direção — há uma escolha, e isso é muito estranho... E esse é um bom final para nossa entrevista... Adeus, até aproxima'." 
Depois de um intenso processo de transcrição das fitas, Cott ficou emocionado. "Adorei ouvir mais uma vez aquelas palavras alegres, vibrantes, subversivas, destemidas e extremamente engraçadas, vindas de um coração muito humano, palavras de uma pessoa que inspirou milhões de outras pessoas por todo o mundo. Nos meus ouvidos, John Lennon estava tão vivo quanto eu ou você", garante o autor, que faz questão de frisar, no livro, a importância do pensamento e do trabalho de Yoko Ono para a produção da dupla. Para Cott, a artista é pioneira em vários sentidos e tem importância fundamental para a arte contemporânea, embora até hoje seja demonizada como a figura responsável pelo fim dos Beatles. "Na verdade, Paul McCartney recentemente desmentiu essa ideia", lembra Cott. "E, quando o grupo se separou, foi uma bênção disfarçada, já que cada um dos Beatles estava livre para criar a sua própria e brilhante música. E, apesar de Yoko ainda ter detratores que não gostam dela ou não entendem suas músicas, filmes e trabalhos de arte, é muito legal ver que ela tem hoje 4,6 milhões de segui¬dores no Twitter, 11 hits que mais tocaram no topo da Billboard Dance JClub Play Chart, mostrou seu trabalho de arte em todo o mundo, organizou e fez a curadoria, este ano, do prestigioso Meldown Festival de Londres, acabou de lançar um novo álbum aclamado pela crítica, Take me to the land of hell, e fez tudo isso aos 80 anos!", ressalta. O livro “John Lennon, Yoko Ono & Eu” de Jonathan cott – foi traduzido por Claudio Carina, tem 232 e custa em média R$ 39,90. Pegando carona no lançamento do livro de Cott, a gente confere agora pela milésima vez, o super vídeo do nosso querido John Lennon "Mind Games". Essas filmagens de John andando por Nova York aconteceram no dia 15 de novembro de 1974 e eram para serem usadas em vídeoclipe para “Whatever Gets You Thuru the Night”, o que não aconteceu. O vídeo de "Mind Games" foi lançado no DVD "Lennon Legend" de 2003.

2 comentários:

Valdir Junior disse...

Me parece que tanto no livro " A Balada de John & Yoko", quanto na edição especial da resvista Rolling Stone do John , já tinha essas entrevistas ( ??!! )
E aí Edu, vale ou não a pena ??!!

Vou deixar anotado na minha lista !!

João Carlos disse...

São realmente preciosas mas,como Valdir,temo que seja mais do mesmo!