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“Revolution” é uma das mais fortes músicas dos Beatles composta por John Lennon, creditada à dupla Lennon-McCartney, e lançada como Lado B do single Hey Jude/Revolution de 1968. Revolution é considerada um precursor do punk com suas guitarras distorcidas, berros, uma bateria “reta” e letra de cume social/político.
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Foi escrita durante a meditação transcendental em Rishkesh na Índia, e foi inspirada na situação global da época como a revolta estudantil em Paris, a Guerra do Vietnã e o assassinato de Martin Luther King, o que se tornou peça chave na carreira pós-Beatles de John. Em 1968 havia um grande hiato entre o movimento hippie de "paz e amor" e os tumultos políticos, protestos e repressão. Lennon com seu interesse político crescente se viu confrontando essas ideias e decidiu colocar seus sentimentos sobre o assunto, longe da alienação dos fãs de Beatles. Segundo Lennon na revista Rolling Stone: “Eu queria desabafar sobre o que eu pensava da revolução. Eu achava que já era hora de falarmos sobre isso e parar de não responder perguntas sobre o que achavamos da guerra vietnamita quando estavamos em turnê com Brian Epstein e ter de dizer ‘vamos falar de Guerra dessa vez e não só embromar. Eu pensava sobre isso nas montanhas na Índia. Eu ainda tinha aquele sentimento de ‘Deus irá nos salvar, ’ e que tudo ficaria bem.”
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Embora tenha sido gravada após “Revolution 1” esta versão mais rápida e barulhenta foi lançada antes do Álbum Branco, devido a um atrito na banda sobre o lançamento do single. Paul McCartney estava com receio de uma música tão politizada como Revolution se tornar um single e com o apoio de George Harrison vetou a opção de Lennon dizendo que a canção “era muito lenta para ser um single.” John desabafa sobre isso na revista Rolling Stone em 1980: "Quando Paul e George sairam para um feriado eu comecei "Revolution 1" junto com "Revolution 9." Eu queria colocá-la como um single, eu tinha tudo preparado mas eles chegaram e disseram que não era boa o bastante. E a gente colocou o que? 'Hello Goodbye', ou alguma droga assim? Não, colocamos 'Hey Jude', que valia a pena, mas me desculpe, poderia ter colocado ambos."
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John Lennon irritado com as divergências, gravou essa versão mais rápida e cheia de fúria. Porém, nesse trecho da entrevista para o "The Beatles Anthology," John ainda mostrava seu ressentimento sobre a primeira versão: "Eles disseram que não era rápida o bastante e se pensar nos detalhes, se seria um hit ou não, talvez estivessem certos. Mas os Beatles poderiam ter colocado a versão lenta no single, sem se importar se seria um disco de ouro ou de madeira. Mas por causa daquela irritação com a Yoko e o fato de eu estar tendo uma criação dominante como nos velhos tempos depois de andar apagado por 2 anos causaram atritos. Eu estava acordado novamente e eles não estavam acostumados."
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A letra é explicitamente política e adverte sobre o significado da palavra revolução nos trechos: "Você diz que quer revolução, todos nós queremos mudar o mundo. Você diz que tem a solução real, adoraríamos ver o plano. Você me pede uma contribuição, nós fazemos o que se pode. Mas se você quer dinheiro para pessoas com mentalidade de ódio, tudo que eu digo é que você irá esperar." Existe também uma mensagem de "pense por si mesmo", e uma alusão ao ditador chinês Mao Tse-Tung: "Você diz que quer mudar a constituição, todos nós queremos mudar sua cabeça. Você me diz que é a instituição mas é melhor libertar sua mente então. Agora se você ficar carregando fotos do ditador Mao, você não conseguirá nenhum apoio." A letra ainda contém uma lírica notavelmente diferente da canção "Revolution 1" do “Álbum Branco” na linha: "When you talk about destruction/don't you know that you can count me OUT" (Quando você fala sobre destruição/Saiba você que NÃO pode contar comigo). Durante as gravações da primeira versão, ele ficava brigando com a letra, rabiscando e mudando OUT e IN ("NÂO conte comigo" e "pode contar comigo"). John falou em entrevistas que ele estava indeciso em relação a seus sentimentos, então ele incluiu ambas as opções. Nessa versão ele já estava decidido sobre sua posição no termo “revolução” como dito em entrevista de 1980: “Se me quisessem para promover violência, me tire fora. Se me querem nas barricadas, que seja com flores nas mãos.”
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“Revolution” traz uma distorção nunca vista em nenhuma outra canção dos Beatles. Para conseguir tal efeito, foi adicionado um pedal de efeitos “fuzzer” direto entre o amplificador e a mesa de som do Abbey Road Studios e tocado com todos os ponteiros de captação no máximo e depois diminuídos na pós-produção. Ainda em “The Beatles Anthology”, George Martin fala sobre o fato: “Nós adicionamos distorção nela, o que queimou os miolos de várias pessoas da parte técnica. Mas essa era a ideia de John, de elevar todos os instrumentos até os limites. Bem, fomos até o limite e além.” Em 9 de julho, durante as gravações de “Ob-La-Di, Ob-La-Da” os Beatles começaram a ensaiar “Revolution” a fim de tentar novos arranjos. Embora o ensaio tenha sido gravado, no dia seguinte eles apagaram a fita e fizeram 10 novos takes, com palmas e outro estilo de bateria. Foi adicionado um efeito para deixar a bateria mais grave e as guitarras distorcidas foram comprimidas no limite, para dar um ar claustrofóbico na canção. John Lennon adicionou 2 faixas de vocal no mesmo dia. Ele duplicou palavras chaves durante a canção, errando, muitas vezes para dar espontaneidade, e gravou também o grito da introdução que, no vídeo, foi dublado por Paul. No dia seguinte, 11 de julho, foram adicionados o baixo e o piano elétrico tocado por Nicky Hopkins. A produção se seguiu pelos dias 12 e foram completadas na manhã do dia 13 de julho com mais linhas de baixo, e algumas guitarras tocadas por Lennon e McCartney.
5 comentários:
Quando a ouvi pela primeira vez eu quase não acreditei que esse som era Beatles.
E eu gosto muito da letra realista de John nesse rock .
Acho que se os Beatles tivessem se posicionado um pouco antes, poderiam, de alguma forma, ter ajudado a politizar ainda mais cedo o Rock.
"Revolution" é essencial!
Som porrada dos bons. E lembrando que o George, detestou o som da guitarra em "Revolution".
Uma das minhas preferidas dos Beatles!! E uma das primeiras músicas deles que eu ouvi, quando tinha uns 17 anos (hoje tenho 43).
Adoro Revolution. Uma das melhores musicas do John.
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