sexta-feira, 22 de junho de 2018

JOHN HINCKLEY JR: O HOMEM QUE TENTOU MATAR O PRESIDENTE


John Hinckley Jr nasceu em Ardmore, em 29 de maio de 1955 no estado americano de Oklahoma e mudou-se com a família para Dallas, no Texas, aos quatro anos de idade. Seu pai, John Warnock Hinckley Sr., um empresário do ramo do petróleo, foi presidente da World Vision nos Estados Unidos e presidente e CEO da Vanderbilt Energy Corporation. Sua mãe era Jo Ann Moore Hinckley. Tem dois irmãos, Diane e Scott, que depois tornou-se vice-presidente da empresa de petróleo do pai. Após concluir o curso secundário no Texas, Hinckley Jr. e sua família mudaram-se para Evergreen, no Colorado, onde a nova sede dos negócios petrolíferos do pai foi instalada. Entre 1974 e 1980 ele foi um inconstante aluno da Texas Tech University. Em 1975 foi para Los Angeles na esperança de se tornar um compositor, mas como não teve sucesso, escreveu para seus pais falando de seu infortúnio e pedindo dinheiro. Em setembro de 1976 voltou de vez para a casa dos pais em Evergreen. Desta época até o início dos anos 80, ele começou a comprar armas e praticar com elas. Também começou a tomar tranquilizantes e antidepressivos.
No dia 30 de março de 1981, às 14h25, John Hinckley Jr atirou seis vezes contra o presidente Ronald Reagan na saída do Hotel Hilton em Washington D.C., onde o presidente acabava de realizar uma palestra. Hinckley usou um revólver Röhm RG-14 calibre 22 para cometer o atentado. Além de ferir Reagan no peito, ele feriu mais três pessoas, um policial, o agente do Serviço Secreto Tim McCarthy e o secretário de imprensa da Casa Branca James Brady, atingido seriamente na cabeça. Hinckley não conseguiu atingir Reagan diretamente, mas um dos tiros disparados ricocheteou na lataria blindada do carro presidencial e atingiu o presidente no peito. Ele não tentou fugir e foi preso no ato. Todas as vítimas do atentado sobreviveram, mas James Brady ficou paralítico.
A motivação de Hinckley por trás do atentado a Reagan foi causada, devido à erotomania, por sua obsessão amorosa pela atriz Jodie Foster, então transformada em estrela mundial pelo filme Taxi Driver, de Martin Scorsese. Quando vivia em Hollywood, nos anos 70, ele assistiu a este filme 15 vezes, aparentemente se identificando fortemente com "Travis Bickle", o personagem principal vivido por Robert De Niro. O enredo do filme mostra as tentativas de "Bickle" de proteger uma prostituta de 12 anos, "Iris", vivida por Foster. Na parte final do filme, "Bickle" tenta assassinar o senador candidato à presidência dos Estados Unidos durante um discurso público.
Nos anos seguintes, Hinckley seguiu Foster por todo o país, chegando ao ponto de se matricular num curso na Universidade de Yale em 1980, após ler um artigo na revista People de que Foster estava estudando lá. Ele escreveu diversas cartas e bilhetes para a atriz, chegando a telefonar-lhe duas vezes e se recusando a desistir quando ela deixou claro que não queria saber dele.
Convencido de que caso se tornasse uma figura nacional seria considerado por Foster como um igual, ele começou a emular "Bickle" e a perseguir o presidente Jimmy Carter. Hinckley ficou surpreso de como era fácil se aproximar de Carter, chegando a ficar a menos de um metro dele em certa ocasião, mas foi preso em outubro de 1980 no Aeroporto Internacional de Nashville por possessão ilegal de arma da fogo. Apesar de Carter ter feito uma parada na cidade durante a campanha de releição, o FBI não ligou esta prisão ao presidente e não avisou ao Serviço Secreto sobre Hinckley. Depois de um breve período de consultas com um psicanalista por ordem de sua família, Hinckley passou a voltar sua atenção para o recém-eleito presidente Ronald Reagan, cuja eleição, segundo disse aos seus pais, seria boa para o país. Em março de 1981, poucos dias antes do atentado, ele escreveu mais três bilhetes para Jodie Foster em Yale, que os entregou ao reitor; os bilhetes foram repassados à polícia da Universidade, mas ela não conseguiu localizá-lo. Um dos bilhetes enviados à Foster, poucos dias antes do atentado, dizia: “Nos últimos sete meses eu tenho lhe enviado dúzias de poemas, cartas e mensagens de amor na tênue esperança de que você pudesse se interessar por mim. Apesar de ter falado com você no telefone por duas vezes, nunca tive a coragem de me aproximar e me apresentar. Eu estou indo em frente com isto agora porque eu não posso mais esperar para impressioná-la”. John Hinckley Jr.Julgado em 1982 por treze acusações incluindo tentativa de homicídio, Hinckley foi considerado inocente por razões de insanidade mental em 21 de junho. Psiquiatras da defesa alegaram ser o réu mentalmente incapacitado enquanto os da acusação o consideravam são. O júri decidiu pela primeira argumentação. Ele foi então confinado no St. Elizabeths Hospital, um hospital psiquiátrico da capital norte-americana. O veredito do júri causou uma revolta generalizada na opinião pública americana. Como resultado, o Congresso dos Estados Unidos e vários estados da Federação reescreveram as leis relativas à defesa legal de insanidade mental. Pouco depois de ser internado no hospital, Hinckley foi diagnosticado como sendo um homem "agressivamente imprevisível", capaz de machucar a si mesmo, ao alvo de sua obsessão (Foster) ou a qualquer terceira pessoa. Em 27 de julho de 2016, depois de passar 35 anos em um hospital psiquiátrico, o juiz Paul Friedman considerou que John W. Hinckley Jr. já não representa mais uma ameaça para si e para os outros. Ele foi autorizado e viver com sua mãe de 90 anos em uma “comunidade fechada”, um bairro residencial de acesso restrito ao público, na Virgínia.

Um comentário:

Edu disse...

Impossível não fazer comparações com o tal Mark David Chapman. Impressionante como os EUA não resolveram essa questão das armas até hoje.