segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

SOBRE AVATARES

Caros amigos: o Baú do Edu tem o prazer de receber pela primeira vez uma crônica do meu amigo Junior Brown, um dos maiores conhecedores de cinema de Brasília. É isso aí, Brown! Espero que volte mais vezes!

SOBRE AVATARES
José de Campos/Brown

Na adolescência, tinha muitas dúvidas e apenas uma certeza. A de que eu não era deste mundo! Em algum momento, os da minha espécie viriam me buscar e não mais me sentiria um estranho em relação as outras pessoas. Acredito ser essa, uma sensação inerente ao ser humano. E é na adolescência que se intensifica essa vontade. Esta é a grande “pegada” do filme “Avatar”. Em algum lugar no universo, existe uma civilização e uma cultura que vai te acolher do jeito que você precisa ser acolhido.

A história não surpreende. “O Álamo”, “O Último dos Moicanos”, “300 de Esparta”, são apenas alguns exemplos do mesmo plot de “Avatar”. Sem uma história inédita, James Cameron investe tudo — aproximadamente 500 milhões de dólares — no como contar esta história. E é ai que bate aquela sensação de que os franceses “empurraram” ao resto do mundo que cinema é arte. E só adquirindo esse status, é que o resto da humanidade teria alguma chance de contar suas histórias, perpetuando sua cultura e se livrando da sensação de que, comparado aos americanos, ainda estamos contando as nossas bravatas ao redor de fogueiras.

“Avatar” é fantástico em alguns aspectos. Um deles é o aperfeiçoamento dos personagens digitalizados. Aquela sensação de que faltava uma “alma” nesse tipo de “atuação” foi completamente extinta. Os imensos seres azuis realmente existem. Em momento algum do filme, passa pela nossa cabeça que são apenas desenhos digitalizados. O que “Beowulf”, “Hulk” e “Final Fantasy” não conseguiram, “Avatar” nada de braçada. São personagens dignos de concorrer ao caduco Oscar.

Agora, fazendo um exercício de imaginação me pergunto: se cinema não é arte; é o que? Apostaria todas as minhas fichas na politica. Os americanos, em toda sua arrogância, nunca assumiram cinema como arte. Nem tampouco como politica. Mas a minha percepção é a de que a politica fala mais alto em sua estratégia de domínio cultural. Além dos seus heróis, eles também possuem Super Heróis. Nós, aqui do sul, continuamos confundindo bem e mau, bom e mal. Para eles, está completamente claro. “Nós somos os mocinhos e todos aqueles que se oponham são os bandidos”.

Em um outro exercício de imaginação — não tão grande assim — já vejo mais um daqueles telefilmes — que considero os peões na guerra de dominação cultural — passando na sessão da tarde. Este filme contaria a história de luta de um pai amoroso, tentando resgatar seu filho dos “bandidos” brasileiros que o sequestraram. Nesta ficção, o menino poderia se chamar Sean. E porque não: Sean Goldman? Ele seria acolhido pela cultura do pai, do jeito que ele precisasse ser acolhido. Com um final meloso capaz de fazer até o Dr. House chorar, ficaria claro quem estava certo nessa pendenga.

É... Acho que vou parar por aqui, antes que eu realmente acredite que cinema é politica e não arte. Confesso que o mundo era mais simples quando assistia aos pequenos seres azuis na televisão. E por falar nisso, alguém ai sabia que os Smurfs são personagens belgas e não americanos?

E agora, você confere o trailler de AVATAR - THE MOVIE

3 comentários:

Edu disse...

Valeu, Brown! You"re welcome to our party!

Marco disse...

Falou, Junior Brown. A gente passa um tempo sem ver o cara e de repente ele aparece mais sabido ainda. Isso que é cultura pop com opopinião. Um grande abraço.

Edu disse...

Hey, Subas! aBRAÇÃO!