segunda-feira, 1 de abril de 2013

COM AMOR, PARA PAUL & LINDA McCARTNEY

Uma carta escrita por John Lennon e enviada para Paul e Linda McCartney, será leiloada, informou o site da revista NME. A mensagem, datada de 1971, depois do anúncio do fim dos Beatles, deve alcançar o valor de £40 mil, em um leilão online da Profiles In History, no dia 30 de maio. Os mesmo negociadores venderam uma carta de Lennon para Eric Clapton, no ano passado. Em boa parte da carta, o ex-Beatle tenta fechar uma parceria com o guitarrista. "Nós dois passamos pela mesma dor. Sei que podemos nos ajudar nessa área", diz a mensagem. Essa carta que vai a leilão foi publicada aqui no dia 28 de novembro de 2012, quando do lançamento do livro “As Cartas de John Lennon”, de Hunter Davies. Aproveitando o ensejo, a gente confere agora novamente:

Ainda na Inglaterra, em 1971, John datilografou uma carta a Paul e Linda que se tornou conhecida dos estudiosos dos Beatles como “a arenga de John”. Não se sabe se houve uma versão final, datilografada corretamente, que tenha sido enviada, nem se não passou deste rascunho. Existe uma insinuação de que a carta foi roubada em certo momento. Ela veio a público em 2001, quando apareceu à venda na Christie’s. Em 2011 ela reapareceu em um leilão na Califórnia. Em algum momento, alguém recobriu os palavrões – mas dá para vê-los e entendê-los –, e o próprio John acrescentou palavras e frases à mão. John responde a uma carta aparentemente escrita por Linda, em nome de Paul e dela mesma, transtornada com as afirmações que John fazia – sobre a MBE deles, os motivos da separação, a origem dos Beatles. John mostra-se claramente constrangido por ter aceitado a MBE, antes de mais nada, e também por ter deixado ser convencido a não revelar seu desejo de se separar dos Beatles. É óbvio também que se sente magoado com o modo como acha que ele e Yoko foram tratados – pelo mundo todo, não apenas por Linda e Paul. Na realidade, ele está furioso com tanta coisa que a carta transpira raiva. A carta pode ser vista como uma peça que expressa o fim real dos Beatles – até mesmo o fim dos anos 1960, como comentaram alguns, com certa empolgação – ou apenas como uma simples arenga, confusa, às vezes eloquente e furiosa. John como John é.

Termina com ele dizendo “Com amor a vocês dois”, o que de certa forma suaviza a pancada. Como se John esperasse que Paul ao menos soubesse como ele realmente é. Uma das coisas mais tocantes que Paul já me disse, ao falar das vezes em que John o tratou de forma horrorosa, foi que, no meio de uma discussão violenta, John parou, mirou-o por cima dos óculos e disse: “É assim que eu sou, Paul”. Então voltou a praguejar e a dizer vulgaridades. Na carta, “Queenie” é a mãe de Brian Epstein; Stuart é Stuart Sutcliffe; Allan Williams foi o primeiro empresário dos Beatles; tia Gin é uma tia de Paul que John conhecia; Klein é Allen Klein; Clive é irmão de Brian Epstein.
Carta 142: para Linda e Paul, 1971
Caros Linda e Paul
Eu estava lendo sua carta e imaginando que rabugento fã de meia-idade dos Beatles a tinha escrito. Resisti a olhar na última página para descobrir. Continuei pensando quem será? Queenie? A mãe de Stuart? A mulher de Clive Epstein? Allan Williams? Que diabo – é Linda! Vocês realmente pensam que a imprensa está abaixo de mim? Vocês acham isso? Quem vocês pensam que nós/vocês somos? A parte do “egocêntrico – não percebe quem ele magoa” – eu espero que vocês percebam a merda que vocês e o restante dos meus amigos “amáveis e abnegados” jogaram em Yoko e em mim, desde que estamos juntos. Pode ter sido às vezes um pouco mais sutil ou deveria eu dizer “classe média” – mas não sempre. Nós dois “nos elevamos acima disso” algumas boas vezes – e perdoamos vocês dois – então é o mínimo que podem fazer por nós – seus nobres. Linda – se você não liga para o que eu digo – cale a boca! – deixe Paul escrever – ou coisa assim. Quando me perguntaram o que eu pensava antes de tudo a respeito da MBE, etc. – eu disse, se não me falha a memória – e eu me lembro de ter ficado um pouco envergonhado – você não, Paul? – ou você – como eu desconfio – ainda acredita naquilo tudo? Eu perdoo Paul por encorajar os Beatles – se ele me perdoar por fazer o mesmo – por ser – “sincero comigo e se importar muito”! Puta que pariu, Linda, você não está escrevendo para o livro dos Beatles!!! Não tenho vergonha dos Beatles – (eu comecei tudo) – mas de parte da merda que engolimos para torná-los tão grandes – achei que todos nós sentíamos isso em graus diferentes – obviamente não. Vocês realmente acham que a maior parte da arte atual existe por causa dos Beatles? – não acredito que você seja tão maluco – Paul – você acredita nisso? Quando parar de acreditar nisso, vai poder acordar! Não é que sempre dissemos que somos parte do movimento – não o movimento inteiro? Claro que mudamos o mundo – mas tente ir até o fim – DESÇA DO SEU DISCO DE OURO E VOE! Não me venha com aquela merda da tia Gin [escrito à mão por cima das letras datilografadas “anti Gin”] de que “em cinco anos vou olhar para trás e ver outra pessoa” – não percebe que isso é o que está acontecendo AGORA! – Se ao menos eu soubesse LÁ ATRÁS o que sei AGORA – parece que vocês não perceberam essa questão… Desculpe-me se uso o “Espaço Beatle” para dizer o que quiser – obviamente se não param de me perguntar sobre os Beatles – eu vou responder – e obter o máximo possível de espaço John e Yoko – me perguntam de Paul e eu respondo – sei que isso fica um pouco pessoal – mas acreditem vocês ou não eu tento responder direito – e as partes que eles usam são obviamente as partes apetitosas – não tenho ressentimento de seu marido – sinto pena dele. Eu sei que os Beatles são “pessoas bem bacanas” – eu sou um deles – são também uns grandes filhos da mãe como qualquer outro – então tire o seu cavalo da chuva! Por sinal – em um ano tivemos um interesse mais inteligente nas nossas novas atividades do que tivemos durante toda a era dos Beatles. Por fim, sobre não dizer a ninguém que eu tinha saído dos Beatles – PAUL e Klein gastaram o dia me convencendo de que era melhor não dizer nada me pedindo que não dissesse nada porque isso “prejudicaria os Beatles” – e “deixemos que isso se dissipe” – lembra? Então enfie isso na sua cabecinha pervertida, sra. McCartney – os cuzões me pediram que ficasse quieto. Claro, o lado do dinheiro é importante – para todos nós – especialmente depois daquela merdinha que veio da sua família/parentes insanos – e que DEUS O AJUDE, PAUL – vejo você daqui a dois anos – acredito que então você terá caído fora – Apesar de tudo – Com amor a ambos, De nós dois. P.S. Sobre endereçar a carta apenas para mim – AINDA…!!!

3 comentários:

Edu disse...

Se não fosse assim, não seria John Lennon!

João Carlos disse...

Seria necessário ler o que supostamente Linda escreveu e em que época, para entendermos o conteúdo de John. Mas há muito ciúme e ressentimento ai.

Valdir Junior disse...

Concordo com o JC , gostaria de ver a carta ou o que a Linda falou !!!
Isso era briga de família , todo mundo brigava e ninguém tinha razão !