segunda-feira, 16 de novembro de 2009

PETE BEST WITH THE BEATS NO BRASIL


Foi ele quem segurou as baquetas quando os Beatles tocavam até sete horas por noite em Hamburgo, no começo dos anos 60. Foi ele também quem estava por trás da banda quando eles incendiavam o Cavern Club em Liverpool, criando a primeira onda da Beatlemania. Foi ele que participou das primeiras gravações da banda, como grupo de apoio do cantor Tony Sheridan. Mas não foi ele que passou para a história como o baterista dos Beatles.

Pete Best é um dos demitidos mais famosos da história do rock. Ele foi rejeitado pelo produtor George Martin após a apresentação dos Beatles, que tentavam um contrato com a Capitol. Os outros membros não tiveram dúvida: sacaram Pete e no seu lugar veio o amigo e gente boa Ringo Starr - o melhor baterista de Liverpool! Apesar de ter perdido o bonde da história, o músico não esmoreceu, e continuou tocando, sempre ancorado pela fama de “primeiro baterista dos Bealtes”. Os brasileiros vão poder conhecer a lenda neste fim de semana – Best toca no Rio de Janeiro e em São Paulo com a sua Pete Best Band e com o grupo argentino The Beats, cover dos Beatles. Apesar de dizer não guardar mágoas, Pete gostaria de pelo menos conversar com os membros da sua ex-banda. “Contar umas piadas sobre aquela época, Hamburgo e o começo de tudo”, resume o desejo, falando que naõ gostaria de esperar “até que não estivéssemos mais nesse mundo”.
Quando você decidiu que viveria de música, ao invés de ter um trabalho “normal”?
Pete Best - Eu acredito que foi quando fui com os Beatles para a Alemanha, em 1960. Quando voltamos de lá eu decidi que queria ser um músico – ao invés de virar um professor, resolvi que seria baterista.
Existem várias lendas sobre a época em que os Beatles estavam na Alemanha. É verdade que vocês passavam quase a noite toda tocando?
Best - Nós tocávamos de seis a sete horas por noite, de seis a sete noites por semana. Mas como já foi dito, se não tocássemos tanto, não teríamos nos tornado a maio banda de rock’n’roll do mundo na época. Então todas aquelas horas eram como ensaios permanentes, e nós ficamos mais confiantes, mais fortes, melhoramos nosso groove. Então foi um grande aprendizado para a gente.
Mas vocês não ficaram assustados com tanto trabalho?
Best - Nós não sabíamos que iríamos tocar tanto quando viajamos para lá. Mas sabíamos que o trabalho tinha que ser feito. No começo era difícil, mas fomos nos acostumando conforme os dias passavam. E é claro que quando voltamos para Liverpool e os shows tinham uma hora, eles eram fantásticos, eram como uma explosão no palco – toda a energia que usávamos durante uma noite inteira, gastávamos em uma hora.
Qual foi o impacto dos Beatles, vindos de uma temporada em Hamburgo, na cena de Liverpool na época?
Best - Nós aparecemos com uma batida completamente diferente do que as outras bandas estavam tocando lá. Nós éramos uma banda que estava tocando alto, tínhamos amadurecido após o nosso tempo em Hamburgo. E tudo isso mudou as coisas em Liverpool, o pessoal lá nunca tinha ouvido algo como aquilo. E isso tudo cativou um grande número de pessoas, criando a primeira onda da Beatlemania.
Quando os Beatles se apresentaram tentando um contrato com a gravadora Decca, eles foram dispensados pelo executivo, que dizia que “bandas de guitarras estão fora de moda”. Você acredita que vocês estavam fora de moda na época?
Best - Não, eu acho que foi uma desculpa dele. Bandas como Brian Poole and The Tremeloes, que tinham guitarras, estavam tocando no rádio na época, e eram bem similares aos Beatles, então essa afirmação não faz sentido. Nós não éramos comerciais o suficiente, e achamos que era uma desculpa, porque eles queriam uma banda como os Tremeloes – nós éramos melhores, mas não comerciais o suficiente. Mas depois descobrimos que éramos bem comerciais e conseguimos um contrato.
E como foi a sua vida após sair dos Beatles?
Best - É uma situação estranha. Porque você fez parte da história e esteve entre aqueles que são os ícones da indústria musical, mas tem que trabalhar bastante e desbravar novas fronteiras. Eu respeito tudo o que aconteceu, gosto de ser parte do folclore dos Beatles. Mas de fato, depois daquilo, fui viver a minha própria vida sem os Beatles, da qual eu tenho muito orgulho – estou casado há 45 anos, tenho duas lindas filhas, quatro netos, uma grande banda, a Pete Best Band, que viaja por todo o mundo, sempre aclamada pelos próprios méritos. É bom, poder participar da lenda e também ser um cara normal, um pai de família, com quem as pessoas podem conversar.
Você ainda fala com os outros membros dos Beatles?
Best - Praticamente não conversamos – eles vivem vidas completamente diferentes da minha, mas as portas sempre estiveram abertas. Mas eu acho que em algum momento nós vamos nos falar novamente, antes que deixemos este mundo. Não para conversarmos sobre a banda, somos homens maduros agora, temos netos, estamos no mercado musical há muitos anos. Acho que seria legal nos encontrarmos, contarmos umas piadas sobre aquela época, Hamburgo e o começo de tudo, contar como vai a minha família, a família deles - sociabilizar.
Tocando há tanto tempo e ainda na ativa, você já pensou em se aposentar?
Best - (Risos) Acho que não. Eu tenho uma grande banda, e também toco com os Beats, que são uma das melhores bandas covers dos Beatles no mundo. As pessoas me perguntam, “quando você vai parar?”. Eu não sei. É uma questão sem resposta. Um dia desses eu devo acordar e dizer “ok, não vou mais tocar”. Eu adoro isso, subir no palco, ver os fãs – me dá vontade de tocar de novo no dia seguinte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Esse bicho até que é bonitão. Mas não tem nem 1/100 do charme do Ringo. Se tivesse sido com ele, a bomba não explodiria!