sexta-feira, 1 de junho de 2018

SGT. PEPPER'S COMPLETA 51 ANOS*****

Há exatos 51 anos, no dia 1º de junho de 1967, o mundo mudou realmente. Novamente, por causa dos Beatles. Depois da explosão da Beatlemania em todo o planeta, depois de toda a exaustão das intermináveis turnês, depois da imprensa anunciar precipitadamente seu fim, depois de meses incessantes de gravação, os Beatles se reinventaram e apareceram novamente de forma espetacular, lançando SGT. PEPPER’S LONELY HEARTS CLUB BAND”. O álbum mais revolucionário e inovador da história da música popular em todos os tempos.

No filme “Help!” há uma cena em que os Beatles estão disfarçados com barbas e bigodes, assim livrando-se da perseguição das fãs e dos fanáticos em um aeroporto. Todos se divertiram muito com a experiência que os fez perceber o poder da maquiagem. Paul, particularmente, pediu à equipe de maquiagem para lhe confeccionar um bigode postiço. Depois das excursões em 1966, ele resolveu fazer uma experiência; foi sozinho à França passar duas semanas, e, ainda no aeroporto, após passar pela alfândega, colocou o bigode postiço, penteou o cabelo para trás, passou vaselina, e colocou óculos com lentes de vidro sem grau.
Em Bordeaux, Paul encontrou-se com Mal Evans, que mal lhe reconheceu. Seguiram para a Espanha e depois para o Kenya, onde fizeram de um safári. Voltando de Nairobi para Londres, no dia 19 de novembro, Paul vai mentalmente se preparando para voltar à vida de ser caça de fãs e da imprensa. Imerso nestes pensamentos, imaginou os Beatles como outra banda, podendo assim distanciar-se da imagem dos meninos de Liverpool, que o mundo ainda tinha deles. Pondera sobre as vantagens que haveria, estando livres para poderem experimentar e explorar estilos fora daquelas ligadas à imagem pública dos Beatles. Durante o exercício de se enxergar com uma visão externa, este poderia ser o primeiro passo em direção a uma nova imagem. Não mais de meninos engraçadinhos, mas de homens e artistas já maduros. Este é o princípio original e embrionário, que evoluiria para o álbum que completa hoje 51 anos.
Paul McCartney precisava de um nome que, de cara, convencesse os outros. McCartney passaria a brincar com nomes, geralmente com Mal Evans e em certa ocasião, almoçando juntos, no lugar de saleiros o local oferecia pequenos pacotinhos de sal e pimenta, apropriadamente identificados respectivamente de "S" e "P". Evans teria brincado, dizendo algo como "O que são estas coisinhas? Ah! Salt and Pepper (Sal e Pimenta)". Paul, brincando com o sotaque de sua terra, repete de primeira: "Sgt. Pepper". Segundo o próprio McCartney, imediatamente associou Sgt. Pepper como um nome que poderia ser usado como um pseudônimo para os Beatles. Todo o resto do nome e concepção inicial do projeto começaram a partir deste instante.
"Sgt. Pepper's" foi eleito o maior disco de todos os tempos pela revista "Rolling Stone" em 2003. Com arranjos inovadores, técnicas de gravação e concepção gráfica inéditas, o disco mudou os rumos do rock e fez com que os álbuns passassem a ser definitivamente o principal formato da produção musical, papel antes ocupado pelos singles. A relevância musical de "Sgt. Pepper's" ofusca sua importância comercial. Ele simbolizou uma nova era da indústria fonográfica. O ano de 1967 foi o primeiro em que os álbuns deram mais dinheiro às gravadoras britânicas do que os compactos. Começou ali a supremacia do LP que nortearia o mercado durante décadas. E "Sgt. Pepper's" foi o primeiro e único álbum dos Beatles que não teve nenhuma música lançada em single.
O disco foi um divisor de águas. Inovador em inúmeros aspectos e que se mostra influente até os dias de hoje. "Sgt. Pepper", foi o oitavo álbum de estúdio dos Beatles e é considerado por muitos como o melhor de todos os tempos. Produzido e mixado por George Martin, o disco psicodélico de John, Paul, George e Ringo trouxe ao público sucessos como "Lucy In The Sky With Diamonds" e "A Day In The Life" e mantém-se entre os mais vendidos de toda a história. O álbum representava o ápice das experiências sonoras da banda, e foi um sucesso estrondoso de público e crítica: 27 semanas no primeiro lugar da parada britânica e 15 semanas em primeiro lugar nos Estados Unidos. Até então, o rock nunca tinha visto algo tão ambicioso. Foram mais de quatro meses de gravações, algo até então inédito na música pop. Também pela primeira vez, um disco trazia as letras impressas no encarte. E o som era inclassificável: rock com sons indianos e música tradicional britânica; guitarras com cordas, sopros e técnicas inovadoras de gravação. A importância cultural de "Sgt. Pepper's" pode ser medida até pelo número de vezes que sua capa foi parodiada.
A fase frutífera que trouxe "Penny Lane" e "Strawberry Fields Forever", além do álbum Sgt. Pepper, foi a primeira em que os Beatles puderam se dedicar inteiramente ao estúdio porque estavam livres de compromissos de shows. Eles levaram 105 horas para gravar ambos os lados do single, uma marca inédita até então, e mais cinco meses para completar o álbum. Paul criou o conceito do disco pensando em um show de uma banda de metais, eduardiana e fictícia, transportada para a era psicodélica e, obviamente, conduzida pelos Beatles. Lançado em 1º de junho de 1967, Sgt Pepper foi o álbum daquele que ficou conhecido como “O Verão do Amor” — uma breve temporada em que a ética hippie cultivada em São Francisco pareceu se espalhar por todo o ocidente. Para qualquer um que foi jovem nessa época, a música automaticamente evoca imagens de miçangas e túnicas, o som de sinos tilintando e o cheiro de maconha encoberto por incenso. Apesar disso, apenas quatro faixas em Sgt Pepper - “Lucy In The Sky With Diamonds”, “She’s Leaving Home”, “Within You Without You” e “A Day In The Life” - aludiam ao levante social causado pela mudança da cultura jovem. As outras eram canções pop bastante britânicas que tratavam de uma série de questões locais, de sociabilidade (“A Little Help From My Friends”) e autoaperfeiçoamento (“Getting Better”), passando pela vida nos subúrbios ingleses (“Good Morning, Good Morning”) e por decoração (“Fixing A Hole”), até o entretenimento vitoriano ("Being For The Benefit Of Mr Kite”). Muitas vezes, as letras das músicas tinham linguagem deliberadamente antiquada para ajudar a ambientar uma verdadeira produção eduardiana com o bom e velho Sargento Pepper e seus homens do Clube de Corações Solitários. Ainda assim, o espírito de 1967 tomou o álbum de modo significativo. Foi fruto da crença de que limites para a imaginação eram impostos culturalmente e, assim sendo, deveriam ser desafiados. Tentava-se tudo o que parecesse tecnicamente possível: do frenesi orquestral de “A Day In The Life” até a inclusão no disco de notas de frequências tão altas que só um cachorro poderia perceber. Sgt Pepper foi um dos primeiros álbuns com capa dupla e foi pioneiro em trazer as letras das músicas, embalagem interna decorada e por ter a capa feita por um artista famoso. Sua reputação de primeiro “álbum conceitual”, porém, não é merecida. “Folk Songs From the Hills” (1947), de Merle Travis, era um álbum conceitual, assim como “In TheWee Small Hours” (1955), de Frank Sinatra, e, mais próximo da época de Sgt Pepper, “Blood Sweat andTears” (1963) e “BitterTears” (1963), de Johnny Cash. Aliás, é discutível se o disco dos Beatles de fato era um álbum conceitual. O único tema que o unifica é a canção “Sgt Pepper”.
A importância de "Sgt. Pepper's" 50 anos depois, é indiscutível. Essa obra-prima lidera 99,9% das listas de melhores álbuns da história. Há edições comemorativas dos 50 anos em vários formatos. Em download, é possível comprar o álbum original remixado com 34 faixas inéditas (versões alternativas e remixes). Para compra física, há um CD com 31 músicas e um LP duplo com 26. E, para quem pode gastar US$ 150 dólares (numa compra que pode chegar a RS 700 com o câmbio e taxas de importação), o lance é o kit com vinil, CDs, Blu-ray com o documentário "The Making of Sgt. Pepper", de 1992, e um livro de 144 páginas que inclui textos de Paul McCartney. Como alguém disse há 50 anos, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band é como um concerto, para ser ouvido do início ao fim. E depois de novo, de novo e de novo.

3 comentários:

Dani disse...

Revolucionário, inovador, clássico que não envelheceu um minuto sequer. Tem que ser ouvido do início ao fim, na sequencia original das canções, como bem dito no fim da matéria aí embaixo.
Ouvi a primeira vez quando garota na década de 1990, não o disco na ordem certa, mais para frente é que ouvi as músicas na sequencia. Nunca mais ouvi música da mesma maneira que antes! Mesmo depois de ouvir várias vezes, ainda fico embasbacada em pleno 2018. Imagino o impacto desse álbum na exata época em que foi lançado, quando ninguém estava acostumado.

Dani disse...

E já fazem 51 anos, às vezes fico assustada como o tempo passa rápido...

roque22 disse...

Parece que foi ontem....