segunda-feira, 13 de agosto de 2018

BLACKBIRD SINGING - O CANTO DO PÁSSARO-PRETO

“Blackbird Singing” é um livro de poesias e letras de Paul McCartney, editado inclusive aqui, no Brasil em 2001, com o título “Blackbird Singing – O canto do Pássaro-preto”. O “livrinho”, até bem interessante, é uma compilação de poemas escritos por Paul entre 1965 e 1999, organizados por Adrian Mitchell, com tradução de Márcio Borges e publicado pela Editora Geração. A sinopse “oficial” diz o seguinte: “O músico que tocou o coração e a mente de milhões de pessoas é também um poeta. Blackbird Singing, traz as poesias que ele vem escrevendo há muitos anos e muitas letras de músicas. Na verdade, Paul já escrevia poesia antes mesmo dos Beatles – portanto, não se trata de um poeta imaturo. Seus versos são de uma desconcertante singeleza. Tratam das coisas simples da vida, dos sentimentos humanos, do amor e da solidão. São também comoventes as elegias à sua mulher Linda, assim como a sua esperança de que as palavras e as músicas podem melhorar o mundo”. O pequenino texto do prefácio, foi escrito pelo próprio McCartney:
“Quando eu era adolescente, por alguma razão sentia um desejo irresistível de ter um poema publicado na revista da escola. Es­crevia alguma coisa profunda e significativa - que era pronta­mente rejeitada - e suponho que desde então venho tentando obter minha desforra. Anos mais tarde, depois de ter escrito muitas letras de can­ções, com — e sem — John Lennon, escrevi um poema ao saber da morte de meu querido amigo Ivan Vaughan. Pareceu-me que um poema, mais do que uma canção, talvez pudesse expressar melhor o que eu sentia. Esse poema “Ivan” levou a outros, mui­tos dos quais estão incluídos aqui. Fui convencido por Adrian Mitchell de que o livro deveria também incluir algumas letras de música, e incluí, tanto assim que eu agora concordo com sua opinião de que ambas as formas de escrita têm igual capacidade de conduzir grande profundidade de sentimentos. Espero que você, leitor, sinta o mesmo”.
A engravatada crítica britânica torceu o nariz, mas logo na apresentação do primeiro livro de letras e poemas de Paul McCartney, seu organizador e editor, Adrian Mitchell, já avisava: “Abra sua cabeça. Apague o nome e a fama. Leia estas palavras claras, ouça-as – e decida você mesmo. Paul não é um poeta acadêmico ou de vanguarda. Ele é um poeta popular”. De qualquer forma, queira a crítica inglesa ou não, um livro de poesias de Paul McCartney é sempre um acontecimento literário da maior importância. “Blackbird Singing – O Canto do Pássaro-preto”, que o poeta, letrista e compositor Márcio Borges, do Clube da Esquina, traduziu, contém os poemas que McCartney vinha escrevendo desde há muitos anos e suas principais letras para algumas das muitas canções que marcaram as vidas e os corações de milhões de pessoas desde os anos 60. McCartney já lidava com poesia antes de conhecer John Lennon e enveredar pelo terreno da música popular, e fazer a história que todos já conhecem. Portanto, não se trata de um poeta amador. Ao contrário, os poemas de Paul McCartney, muitas vezes são de uma desconcertamte singeleza. Tratam das coisas simples da vida, dos sentimentos humanos, do amor e da solidão. São comoventes as suas quase elegias para a mulher Linda, precocemente desaparecida. Assim como sua esperança quase ingênua de que as palavras e a música podem melhorar o mundo e as coisas.
Adrian Mitchell, apresentador e editor do livro, foi poeta e autor de peças musicais e livros para adultos e crianças. Fez mais de mil apresentações de seus poemas em várias partes do mundo. Suas peças e adaptações foram encenadas pelo Royal Shakespeare Company, Royal National Theatre e vários outras companhias regionais e alternativas. Ele conheceu Paul McCartney em janeiro de 1963. Estava com 69 anos quando o livro foi publicado e faleceu em 20 de dezembro de 2008.
Existem várias versões em da verdadeira história da criação de “Blackbird”. Uma versão é que Paul acordou cedo um dia em Rishikesh para ouvir um melro-preto cantar, pegou o violão para transcrever o canto do pássaro e criou a música. Também há quem diga que, inspi­rado pelas notícias dos conflitos raciais nos EUA, ele traduziu o esforço das minorias raciais, que começavam a se impor, para a imagem de um pássaro com as asas quebradas tentando voar. A madrasta de Paul. Àngíe McCartney afirma que a música foi escri­ta para a mãe dela, Edie Stopforth. Ela diz ter uma cópia de um take de estúdio em que Paul diz “esta é para Edie” antes da gravação “Minha mãe estava morando comigo e com Jim depois de uma longa doença", ela conta. “Durante esse período, Paul nos visitou e ficou algum tempo sentado na cama da minha mãe. Ela disse a ele que sempre ouvia um pássaro cantar à noite. Paul acabou levando um gravador para o quarto dela e gravou o som desse pássaro". Paul afirmou que a melodia não foi inspirada pelo canto de um melro, mas pela sua lembrança da Bourrée de Bach em mi menor (da Suíte para Alaúde nº 1 – BWV 996) que ele aprendeu na adolescência em um manual de violão. Em parte, ele estava pensando na situação racial dos EUA e a escreveu como um encorajamento para as mulheres negras oprimidas. Apesar de ter sido escrita em 1968, é difícil afirmar com precisão o mês exato, uma vez que Paul afirmou tê-la composto na sua fazenda na Escócia, e não na índia. É provável que ele a tenha começado na índia, influenciado por Donovan, e terminado entre seu retorno em 26 de março e a gravação das fitas demo na casa de George em Esher no fim de maio. Isso torna mais provável a hipótese de que a letra tenha vindo na sequência da morte de Martin Luther King em 4 de abril. No dia 11 de junho, ele a tocou para um filme promocional da Apple dirigido por Tony Bramwell. O termo “Blackbird” para se referir a pessoas de origem africana é usado desde a época do mercado de escravos, sempre de forma pejorativa. Nos anos 1960, as campanhas pelos direitos humanos se apropriaram dele e transformaram em algo positivo. Um musical sobre direitos humanos, Fly Blackbird, com músicas de Bernard Jackson e James Hatch, estreou na off-Broadway em 1962 e ganhou o prêmio Obie de Melhor Musical. No verão de 1968, Paul cantou uma versão acústica de “Blackbird” para fãs reunidos na porta de sua casa. Margo Bird, ex-AppIe Scruff (nome dado ao grupo de fãs que costumavam se reunir na frente dos escritórios da Apple em Savile Row), recorda: "Acho que havia uma garota com ele, Francie Schwartz. Nós estávamos do lado de fora, e é óbvio que ela não iria embora. Ele tinha uma sala de música na parte superior da casa, abriu o caixilho da janela, sentou na beira e tocou para nós. Foi no começo da manhã". Paul gosta de citar “Blackbird” como prova de que suas melhores canções vêm espontaneamente, quando letra e música transbordam como se surgissem sem nenhum esforço consciente da parte dele.

3 comentários:

Joelma disse...

Nunca achei Paul um cantor de "Silly love songs". Realmente ele é um poeta. Mais sentimental, com um olhar mais atento as coisas do dia a dia comparando com Jonh, sem desmerecer o último, claro. Quero ler esse livro.

Antonio Perez disse...

Tenho esse livro, é legalzinho mas não acrescenta nada!

Edu disse...

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