segunda-feira, 27 de novembro de 2017

STEPPENWOLF - BORN TO BE WILD

E pegando carona na postagem sobre Easy Rider, a gente aproveita para conhecer e lembrar mais um pouco dessa banda incrível que foi, que é o STEPPENWOLF, relendo a excelente matéria publicada no Sábado Som, em 10 de dezembro de 2013, do querido e saudoso amigo João Carlos Mendonça em mais um texto supimpa (como ele diria) e absolutamente imperdível!
A primeira vez que ouvi o STEPPENWOLF, acho que como a grande maioria dos brasileiros, foi logo nas primeiras cenas do icônico filme SEM DESTINO (Easy Rider), e foi impactante. A fita, mesmo picotada pela Censura, já na abertura nos fazia antever a história "barra pesada" que se desenrolaria, e quando os dois motoqueiros aparecem escondendo drogas numa peça de mangueira de jardim, colocando o "artefato" no tanque da moto, vai chegando então um "riff" de guitarra cadenciado e envolvente, entremeado por uma marcação do contrabaixo. A banda entra em seguida no mesmo andamento, acompanhando os versos introdutórios de JOHN KAY (líder, guitarrista e vocalista do grupo) com uma voz rouca e poderosa, cantando algo como: "you know I smoked a lot of grass..." e nada poderia ser mais visceralmente "rock and roll". Sem afetação. “The Pusher” é o nome daquele blues-rock mas, tinha mais. A trilha, apesar de contemplar nomes já estabelecidos como JIMI HENDRIX e THE BYRDS, trazia outra do STEPPENWOLF que identificaria para sempre a banda, se tornaria a marca registrada do filme e um dos clássicos mais representativos do rock. “Born To Be Wild”, com sua "levada" eletrizante é ainda hoje,matéria fundamental nas escolas de música. Curiosamente, foi de sua letra que pela primeira vez ouviu-se uma expressão que cunharia mais adiante um estilo musical, ou seja, no trecho em que ele canta: "heavy metal thunder". Aos 4 anos, JOHN KAY deixou a PRÚSSIA, levado pela mãe, em fuga para a Alemanha Oriental e depois para a Alemanha Ocidental. Dali partiu para o Canadá, onde mais tarde formaria sua primeira banda, SPARROW, que se estabeleceu em São Francisco na Califórnia por volta de 1967, transformando-se num conjunto de música folk, mas o empresário Gabriel Mekler, logo percebeu que o caminho do grupo era outro. Aquelas guitarras que se mesclavam tão bem com o órgão e a voz "bluesy" de KAY, ansiavam por algo mais contundente. Já com o novo nome, STEPPENWOLF, lançaram o primeiro álbum e delinearam o estilo que a imprensa chamou de hard rock, mas não se avexe. Longe da zoeira exagerada de guitarras e gritos de um vocalista afetado, emulando letras juvenis, o som do STEPPENWOLF era encorpado, bem harmonizado,agradável e quase sempre, dançante. E de cara, a banda foi bem festejada nos EUA mas só ganhou definitivamente o mundo quando a produção de SEM DESTINO resolveu colocar o grupo na trilha sonora do filme, cujo disco abre com as duas faixas da banda,quase emendadas: THE PUSHER e BORN TO BE WILD. Tanto quanto o filme, a trilha foi um estouro de vendas e alavancou o primeiro disco da banda mundo afora. O STEPPENWOLF virou item obrigatório em discotecas dos descolados, presença marcante em rádios e TVs, e seus shows disputadíssimos no circuito musical da época. Vieram mais sucessos com músicas como “Magic Carpet Ride”, “Rock Me”, “Berry Rides Again”, “I'm Movin'On”, “Sookie Sookie” e a imperdível versão para o blues “Hoochie Coochie Man”. Gravaram 7 álbuns, todos já relançados em CD. Em 1971, o STEPPENWOLF se desfez com a saída de JOHN KAY, que iniciou carreira solo. Sem maiores explicações, KAY, que vinha muito bem sozinho, resolveu reunir o grupo em 1974 para lançar o disco SLOW FLUX (muito bom por sinal) para logo depois, novamente desistir. Desde então a banda intercalou retornos e finais sem sucesso e principalmente sem JOHN KAY. Acreditem, quem ouviu/curtiu o STENPPENWOLF, dificilmente engole o “rock horror” atual. Pois é isso. O Lobo da Estepe durou pouco e fez história. Mas como se surpreender com um grupo que "nasceu para ser selvagem"?

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