domingo, 9 de dezembro de 2018

A MORTE DE JOHN LENNON - THE DAY AFTER


No dia seguinte, depois de Mark David Chapman atirar em John Lennon, a área em torno dos portões do Dakota, o prédio de apartamentos onde Lennon vivia em Nova York, rapidamente se transformou em um memorial improvisado. Flores e sinais dos fãs citando as letras dos Beatles eram exibidos ao lado de qualquer forma de lembrança. Uma comoção global. Um raro dia em que o mundo inteiro chorou e comungou a mesma dor. Todos, até líderes mundiais queriam prestar homenagem a um artista genial cuja vida havia sido encerrada cedo demais e da forma como foi. O assassinato foi chocante não só por sua falta de sentido, mas também por sua brutalidade e ainda porque Lennon conseguiu escapar de muitas outras armadilhas do estrelato. "Eu superei a vida de rock'n'roll", citou Steve Van Zandt no dia seguinte à morte de Lennon. "Superou as drogas, superou a fama, superou as perdas. Ele foi o único cara que superou tudo".
A Tia Mimi, Paul McCartney, George Harrison, a ex-esposa Cynthia e o filho Julian foram despertados do sono para serem informados do trágico assassinato de John, enquanto na América algumas emissoras de rádio e televisão choravam no ar abertamente quando davam a notícia para uma nação atordoada. Ringo Starr, que estava de férias nas Bermudas com sua futura esposa Barbara Bach, voou imediatamente para Nova York para ver a esposa de Lennon, Yoko Ono, e seu filho Sean. Horas depois, Julian Lennon chegou ao Dakota. George Harrison recebeu um telefonema de sua irmã Louise, dos Estados Unidos, pouco antes de amanhecer. George achou difícil imaginar o inimaginável e ficou profundamente chocado e triste. “Despedaçado e atordoado”, entrou em retiro espriritual em sua casa em Oxfordshire, Inglaterra.
Paul McCartney, a quem Lennon claramente amava e tão claramente odiava como o irmão que ele nunca teve, estava sozinho em casa, em Sussex (Linda havia levado as crianças para a escola), quando recebeu o telefonema de seu empresário Steve Shrimpton, de Londres. A primeira pessoa para quem Paul ligou foi para o irmão Mike que disse que Paul estava transtornado demais para falar. Choque, descreça, horror. Foi o que Linda McCartney viu quando voltou para casa. Em seguida, Yoko Ono ligou. Por volta de meio-dia, Paul resolveu ir trabalhar e foi para o AIR Studio em Londres para gravar alguma coisa. Ele estava trabalhando novamente com George Martin e juntos os dois choraram, relembraram e trabalharam a tarde toda, com uma tristeza que tornava qualquer coisa improdutiva. Quando pisou do lado de fora da porta do estúdio, McCartney foi imediatamente cercado por um batalhão de repórteres. Ele falou rapidamente tentando driblar a multidão e entrar em seu carro, mas um repórter pentelho insistente queria saber como ele se sentia “de verdade” depois da notícia de que John Lennon havia sido assassinado. Como ele estava se sentindo? McCartney, visívelmente irritado respondeu: “É uma droga, não é?”. Depois entrou no carro, bateu a porta e partiu.
Yoko Ono emitiu um comunicado convidando todos a "participar de onde quer que você esteja" em uma vigília silenciosa de dez minutos na tarde de domingo. Antes disso, havia sido uma semana de tributos. Estações de rádio de todo o país cancelaram as programações para retrospectivas de Lennon e dos Beatles. Em Los Angeles, mais de 2.000 pessoas participaram de uma vigília à luz de velas na Century City; em Washington, D.C., centenas de pessoas lotaram os degraus do Lincoln Memorial em uma “homenagem silenciosa” que relembrou os protestos dos anos 60. Lojas de discos de todo o país relataram vendas esgotadas do novo álbum de Lennon-Ono, Double Fantasy, seu primeiro em cinco anos, bem como discos anteriores de Lennon. Algumas reações foram trágicas. Uma adolescente na Flórida e um homem de 30 anos em Utah se mataram, deixando notas que falavam da depressão pela morte de John LennonNo dia 10 de dezembro, o corpo de John foi cremado. No domingo, 14 de dezembro, cerca de 400 mil pessoas se reuniram no Central Park, em Nova York, para se juntar ao resto do mundo em dez minutos de silêncio por sua memória. "John amava e rezava pela raça humana", disse Yoko. "Por favor, façam o mesmo por ele".
Na Casa Branca, o presidente Jimmy Carter disse: "John Lennon ajudou a criar o clima e a música de uma época", enquanto o promotor de shows dos Beatles de Nova York, Sid Bernstein, descreveu John como "o Bach, Beethoven, o Rachmaninoff de nosso tempo". "Foi um momento surpreendente quando ouvi a notícia", disse Frank Sinatra, o ídolo musical de uma geração anterior. "Lennon era um homem muito talentoso e, acima de tudo, uma alma gentil". Um mundo normalmente dividido em opiniões estava agora unido em sua dor e condenação de um final tão violento para um homem que pregou amor e paz, e deu esperança e prazer a milhões. Por um breve e comovente momento, o sonho de unidade global de John Lennon se tornou realidade.

Um comentário:

Joelma disse...

Essa resposta de McCartney foi simplesmente uma reação sarcástica à pergunta idiota do repórter. Como acha que ele estava? Dava pra ver claramente o quanto ele estava triste.
Mas infelizmente foi um pouco ruim para imagem dele.