sexta-feira, 26 de abril de 2019

THE BEATLES - PAST MASTERS - UM ÁLBUM FANTÁSTICO!*****


Em seguida ao lançamento mundial dos álbuns de estúdio em CD pela EMI, a gravadora compilou, nestes dois volumes, o material de estúdio dos Beatles que não havia sido incluído nos CDs. Das 33 faixas dos dois discos, 25 haviam sido lançadas em compactos na Inglaterra; duas, "Gib Mir Geine Hand" e "Sie Liebt Dich", saíram em compacto na Alemanha em 1964; outras quatro, "Long Tall Sally", "l Call Your Name", "Slow Down" e "Matchbox", vêm do compacto duplo LongTall Sally, de 1964; "Bad Boy" foi lançada no álbum americano Beatles VI, de 1965, e na coletânea britânica "A Collection of Beatles Oldies", de 1966; e "Across The Universe" fora incluída no álbum beneficente "No One's Gonna Change Our World", lançado em 1969.

O primeiro volume cobre o início da carreira, de "Love Me Do" ao auge da Beatlemania, em 1964-65, e reúne material não utilizado nos álbuns britânicos da época. Ele traz a versão original de "Love Me Do" (com Ringo na bateria); os lados A e B de outros quatro compactos, "From Me To You / Thank You Girl", "She Loves You / I'll Get You", "l WantTo Hold Your Hand” / “This Boy" e "l Feel Fine" / "She's A Woman"; as gravações cantadas em alemão "Komm, Gib Mir Deine Hand" e "Sie Liebt Dich", versões de "I WantTo Hold Your Hand" e "She Loves You"; "LongTall Sally" e "I Call Your Name", lançadas no álbum americano "The Beatles Second Album", de 1964, além de "Slow Down" e "Matchbox", do compacto duplo britânico Long Tall Sally / "Bad Boy", incluída no álbum americano de 1965 Beatles VI e na coletânea britânica A Collection Of Beatles Oldies, de 1966; e, por fim, "Yes It Is" e "I'm Down", lados B de "Ticket To Ride" e "Help!", incluídas no álbum Help! - esses são os únicos lados B do álbum não acompanhados pelos respectivos lados A. Como já mencionado, este álbum traz a versão original de "Love Me Do" com Ringo na bateria, a primeira de várias faixas aqui incluídas que até então eram um tanto raras. A versão de "This Boy" é a autêntica em estéreo, lançada apenas em compactos na Austrália e no Canadá e pela primeira vez em um álbum. "She's A Woman", também em estéreo, vem do álbum australiano Greatest Hits - Vol. 3, de 1967. "Yes It Is", em estéreo, havia sido lançada no Reino Unido em 1986, na fita cassete Only The Beatles. E, finalmente, a versão em estéreo de 'I’m Down" integrou o compacto duplo japonês Help! . Com exceção de 'I’m Down", essas versões em estéreo foram lançadas internacionalmente pela primeira vez neste álbum. Ao compilar estes dois volumes, a EMI finalmente produziu coletâneas extremamente bem-vindas entre os fãs dos Beatles ao redor do mundo. Possuir Past Masters e o restante da coleção dos Beatles em CD é como ter uma cópia pessoal das fitas master de estúdio da banda. Os dois álbuns são acréscimos valiosos a qualquer coleção de discos dos Beatles e, no caso de coleções de CDs, essenciais, já que finalmente reúnem o material de estúdio que não aparece nos álbuns originais.

Volume 2 - Ao longo de 1969, os Beatles lançaram dois compactos que, na época, não foram incluídos em álbuns. As duas faixas do primeiro, "Get Back”/"Don't Let Me Down", deviam ser originalmente incluídas no álbum Get Back, que o grupo tentou gravar em janeiro de 1969 nos estúdios da Apple, na Savile Row. O projeto do álbum acabou sendo abandonado em favor de outro (Let lt Be), mas o compacto saiu em 11 de abril de 1969. Depois da breve temporada nos estúdios da Apple, os Beatles voltaram para Abbey Road para gravar o segundo compacto de 1969, "The Ballad Of John And Yoko"/”Old Brown Shoe". O lado A foi gravado por John e Paul durante uma sessão de oito horas e meia em 14 de abril de 1969 e "Old Brown Shoe", que traz todos os beatles, foi realizada dois dias depois. O compacto saiu em 30 de maio de 1969. Em seguida ao lançamento do álbum Abbey Road, a EMI produziu um álbum beneficente intitulado No One's Gonna Change Our World, em dezembro de 1969. Ele incluia "Across The Universe", faixa que os Beatles haviam gravado quase dois anos antes, em fevereiro de 1968. Ao longo dos anos, essa versão ficou conhecida como "The Wildlife Version", e é a única deste disco não lançada originalmente em um compacto. Com o início de 1970 veio o lançamento de “Let It Be”, último álbum dos Beatles, quase que totalmente formado por material das sessões de Get Back, de janeiro de 1969, e remixado por Phil Spector. Embora fruto das mesmas sessões, o último compacto do grupo, "Let It Be", lançado em 6 de março de 1970, é consideravelmente diferente da versão do álbum; trata-se da mixagem original de George Martin. Além das faixas já mencionadas, este segundo volume de Past Masters também inclui "Paperback Writer", lançada em compacto com "Rain" em junho de 1966; "The Inner Light", lado B do compacto "Lady Madonna", de março de 1968; "Revolution", lado B do primeiro compacto dos Beatles pelo selo Apple, "Hey Jude", de agosto de 1968; e, finalmente, "You Know My Name", lado B do compacto derradeiro, "Let It Be", de março de 1970.

Aqui, no nosso blog preferido, a gente tem a graça de poder ler novamente um dos matadores textos do saudoso amigo João Carlos de Mendonça, publicado no dia 3 de janeiro de 2015 na coluna Sábado Som e dois dias depois, aqui no Baú.

Poucas são as coletâneas que merecem o rótulo de fundamentais. Este álbum duplo daquela bandinha é uma delas e é fácil entender. Muitas das melhores canções dos anos 60 foram lançadas exclusivamente em formato de Compacto Simples (um pequeno disco com duas canções) que, na época era bem mais consumido que o LP, não apenas pelo baixo custo, mas também por proporcionar ao jovem consumidor, que vivia de mesadas ou bicos, a oportunidade de adquirir várias músicas que pululavam nas paradas de sucesso, numa mesma compra. Portanto, com isso em mente, não raro, as gravadoras separavam as melhores canções que os seus contratados estavam registrando para lançá-las naquele modelo singular, mais prático e fácil de divulgar e vender, facilitando inclusive, o trabalho dos programadores das emissoras de rádio. Por sua vez, a maioria dos responsáveis por aqueles grandes clássicos, os seus criadores, evitavam relançá-los nos LPs, por entenderem ser uma forma desleal de fazer seus fãs pagarem duas vezes pelo mesmo produto. Um bom exemplo disso é o rockaço “Jumpin’ Jack Flash” dos STONES, que eu demorei a achar e comprar, pelo fato de que os Compactos, tão logo passado o estouro de seus lançamentos, sumiam das prateleiras e pior, dos catálogos. Quando da festejada e bem sucedida chegada do CD ao mercado, inteligentemente a EMI junto à coleção dos Beatles, produziu estes dois volumes (agora vendidos numa mesma embalagem) dando-lhes o título de PAST MASTERS, contendo todas as gravações lançadas como Compactos, que não constavam nos álbuns oficiais do grupo. Para se ter idéia, se assim não fizesse, como iríamos ouvir maravilhas como “I WANT TO HOLD YOUR HAND”, “HEY JUDE”, “DAY TRIPPER”, “PAPERBACK WRITER”, “WE CAN WORK IT OUT”, “I FEEL FINE” e “DON’T LET ME DOWN”? E mais, algumas versões alternativas ou originais como as de “GET BACK” e “ACROSS THE UNIVERSE” (com a participação da brasileira Lizzie Bravo), então raríssimas, reapareceram nestes discos. Particularmente, além dos casos mencionados, o que me levou a comprar imediatamente este álbum duplo, foi o prazer de poder ouvir depois de um bom tempo, maravilhas como “THE INNER LIGHT”, “YES IT IS”, “I CALL YOUR NAME”, “BAD BOY”, “REVOLUTION” e “OLD BROWN SHOE” entre outras tantas pérolas lançadas pelo quarteto. Sem precisar as datas de lançamentos, nos tempos dos bolachões, algumas coletâneas foram lançadas naquele formato, muitas, no mínimo, duvidosas, visando apenas o lucro fácil. Todavia nenhuma teve o critério e a decência do PAST MASTERS, que se tornou item obrigatório para além de um beatlemaníaco. A distribuição das canções, inclusive, obedece a ordem cronológica de seus lançamentos, levando o ouvinte a perceber o desenvolvimento musical da banda inglesa. Posso até está cometendo uma blasfêmia, mas eu aconselharia um noviço na matéria a começar a apreciar a arte dos Beatles por esse disco. Parece uma simples coletânea... Mas é mais que isso! PAST MASTERS é um passeio pela obra genial do conjunto, em doses generosas de talento.

Um comentário:

roque22 disse...

Bem relevante esta postagem. Adorei!