quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O ESTRANHO CASO DO SEQUESTRO DE PATTY HEARST


Em 1975, uma notícia, no mínimo, inusitada teve grande repercussão na imprensa mundial. Patricia Campbell Hearst nasceu em San Francisco, em 20 de fevereiro de 1954. Ficou mais conhecida como Patty Hearst, e hoje chama-se Patricia Hearst Shaw. A moça é neta do magnata das comunicações William Randolph Hearst e tornou-se famosa em 1974, quando foi sequestrada por membros do Exército Simbionês de Libertação. Sofreu lavagem cerebral e passou a adotar o nome de Tania juntando-se aos seqüestradores num assalto a banco. Sua atitude é explicada pela Síndrome de Estocolmo, quando a vítima sente simpatia pelo algoz. Ela foi presa e cumpriu parte da pena, até receber um indulto do presidente Jimmy Carter.


O SEQUESTRO DE PATTY HEARST (O FILME)

O filme de 1988, dirigido por Paul Schrader, conta a história do estranho caso. Ela se definiu como "mais prática do que intelectual, mais esportista do que estudante, social e não solitária. Sempre fui segura de poder dominar qualquer situação". Mas um acontecimento modificaria definitivamente sua vida: no dia 4 de fevereiro de 1974, terroristas do grupo paramilitar Exército Simbionês de Libertação (SLA) sequestraram a estudante de 19 anos em Berkeley, onde morava com o noivo, Steven Weed. O SLA exigiu de seu pai alimentos no valor de vários milhões de dólares para distribuir aos pobres. Dessa "doação forçada" nasceu mais tarde a fundação filantrópica "People in Need".

Dois meses depois do sequestro, Patty Hearst reapareceu, armada, participando de um assalto a banco. Num vídeo publicado pelo SLA, Patty disse que agora se chamava Tanya e que havia aderido livremente ao Exército Simbionês de Libertação. Ela garantia também a autenticidade da gravação. Dirigindo-se aos pais e ao noivo, alegou que teve a opção entre ser libertada num local seguro ou aderir ao SLA, "para lutar pela minha libertação e a de todos os oprimidos. Decidi ficar e lutar".

Seis integrantes do SLA foram mortos em maio de 1974, num tiroteio com a polícia, que havia descoberto o esconderijo dos sequestradores em Los Angeles. Em setembro de 1975, Tania (Patty) foi presa em São Francisco. Embora tivesse denunciado os integrantes do SLA durante o processo, acusando-os de a terem submetido a uma lavagem cerebral e forçado a participar de atos terroristas, foi condenada a sete anos de prisão por assalto armado. Em 1979, 22 meses depois do anúncio da sentença, o presidente Jimmy Carter mandou suspender a pena de reclusão.

Patricia Hearst casou-se com Bernhard Shaw, um ex-funcionário da segurança pública, e teve dois filhos. Ela realizou o sonho de se tornar atriz – atuou em filmes de cinema e televisão – e publicou vários livros. Mas o passado de integrante do SLA a continuou incomodando. Em 2001, Patty Hearst teve que testemunhar no processo contra Sara Jane Olson, que, sob o nome de Kathleen Ann Soliah, tentou explodir duas viaturas policiais em 1975 para vingar a execução dos integrantes do SLA. Olson não se irritou com o indulto de Patty Hearst, mas comentou que, pela segunda vez, o dinheiro e a influência foram decisivos para o perdão da herdeira do magnata da mídia.

Patricia é neta de William Randolph Hearst, em cuja biografia se baseia "Cidadão Kane", filmado por Orson Welles em 1941. O filme, que virou clássico do cinema, conta a história de um magnata norte-americano das comunicações. Na obra de Welles, Hearst é apresentado como um homem que conseguiu tudo o que queria e acabou morrendo solitário.

Paul Schraeder estava com 44 anos quando resolveu filmar a história. Antes de chegar à direção ("Vivendo na Corda Bamba", 1978) fez carreira como excelente roteirista, é um cineasta sofisticado, buscando um rigor visual como mostrou em "A Marca da Pantera" (1982) e "Mishima: Uma Vida em 4 Tempos" (1985). Em "O Seqüestro de Patty Hearst", vai além: discute até onde é possível a trajetória íntima da própria Patty Hearst (co-autora do livro "Every Secret Thing", em que se baseou o roteiro), que após seus 18 meses na prisão - só sendo libertada por indulto presidencial. O filme “C” não fica distante: é também uma visão da violência interna, do choque a cada um - e, especialmente, até (a)onde vai a resistência humana. Confira o traler:


Um comentário:

KRÜGER disse...

Mulherzinha brava essa.