terça-feira, 4 de janeiro de 2011

ARQUIVOS DO FUNDO DO BAÚ - Nº 16

Postagem publicada originalmente rm 16 de janeiro de 2010Caríssimos amigos: Essa é do fundo do baú! Com absoluta exclusividade, nosso blog preferido publica agora uma entrevista raríssima de John Lennon entrevistando ele mesmo! A matéria original foi publicada na antiga e finada revista POP, na época do lançamento do álbum Walls and Bridges. É interessante observar que, na época, Lennon ainda estava afastado de Yoko Ono, e não toca no nome dela uma vez sequer. Não tenho mais a revista! Tenho apenas as páginas da entrevista que colecionava (ainda até hoje!) em pastas com aquelas folhas de plástico. Espero que gostem e deixem seus comentários. Valeu! Abração! O Baú do Edu! Dos Beatles e da Cultura Pop!

JOHN LENNON ENTREVISTA JOHN LENNON
Jonh Lennon pegou a máquina de escrever, fumou um cigarrinho e começou este papo muito pirado, entrevistando ele mesmo...

- Ôi, John, faz tanto tempo que a gente não bate um papo...
- Não faz tanto tempo assim...
- Ok. Me diga uma coisa: você não deveria estar gravando um álbum com Phil Spector? Dos velhos rocks?
- Devia. Começamos em 73, mas nunca terminamos.
- E, de repente você estava trabalhando com o grande artista de rádio Harry Nilsson.
- Acertou! Eu fiz seu álbum Pussy Cats, que já foi lançado, depois continuei a compor o meu razoavelmente maravilhoso “Walls And Bridges”, que também já foi lançado, e que inclui a música que está fazendo grande sucesso... Whatever Gets You Trhu the Night. Nesta canção, no piano e como vocalista, está “minha amiga íntima e noiva” Elton John.
- Você acha que seu novo álbum, Walls and Bridges, representa um passo á frente na sua realização artística?
- Me sinto muito feliz com o álbum.
- E sobre aquelas histórias incríveis que circularam sobre você e Nilsson?
- Ficção em grande parte e álcool em dosagem mínima...
- É verdade que você perseguiu uma garçonete no Teatro Rainbow?
- Não deu para pôr a mão em ninguém porque, na verdade, eu tive que ser carregado...
- Todo mundo diz que Walls And Bridges é seu melhor disco desde Imagine. Você acha?
- Eu, pessoalmente, prefiro o “Plastic Ono Band” e depois o “Imagine”. De qualquer jeito, eu acho que tudo o que você faz ou é melhor ou pior do que qualquer outra coisa... “Este peixe está tão bom quanto o que comemos em St. Tropez, mas não chega aos pés daquele...”
- Agora que você já está morando há aproximadamente três anos em Nova York...
- Se você prestar atenção à capa de Walls asd Bridges, você verá uma pequena nota que diz: “Eu vi um Objeto Voador Não Identificado”. Por que você não me pergunta sobre isso?
- Ah, nem reparei. Você viu mesmo? Estava bêbado? Alto? Ligadão?
- Não. Não é nada disso. Naquela noite eu estava até muito sóbrio, deitado nu na cama, quando me deu essa vontade...
- Mas todos nós temos...
- Pois é. Eu fui para a janela, sonhando do jeito que eu costumo sonhar, e aí, ao virar a cabeça, pairando sobre o edifício ao lado, a não mais que trezentos metros, vi aquela coisa... Com lâmpadas comuns piscando, ascendendo e apagando em toda a volta da parte de baixo, e uma luz vermelha que não piscava, no alto... Que diabo seria isso? Será um helicóptero? Não! Não faz barulho... Ah, já sei! Deve ser um balão. Mas balões não são assim, nem voam tão baixo... Sim, pessoal, ele estava voando (muito devagar, acho que a cerca de 50 km por hora) baixo... Muito abaixo, repito, dos telhados mais altos (isto é, mais alto do que os edifícios velhos e mais baixo do que os novos). Ele ficou lá o tempo todo, não tirei os olhos dele, mas gritei para uma amiga que estava no quarto ao lado: “Venha ver isso!” Minha amiga veio correndo e testemunhou comigo. Ninguém mais estava por perto. Tentamos tirar algumas fotos (droga de câmera, estava encrencada) com uma câmera comum. Depois, demos o filme para revelar e ele nos devolveu um negativo sem nada impresso...
- Vocês não verificaram se mais alguém...
- Claro, claro. No dia seguinte minha amiga telefonou para os jornais, para a polícia, para saber se alguém mais tinha dado parte de alguma cisa. Dois outros grupos disseram que tinham visto algo... De qualquer forma, eu sei o que vi.
- Você não acha que ninguém vai acreditar, que vão chamar você de louco?
- Esta é uma das grandes cargas que pesam nas minhas costas.
- Eu tenho que manter a entrevista ainda por mais algumas páginas... Acho que tudo que tinha a ser perguntado, já foi perguntado durante os últimos anos... Será que você não gostaria de dizer mais alguma coisa que ainda não foi dita?
- Não acho.
- Quanta sabedoria! Você se encontra com os outros Beatles ou é uma ferida em que você não quer mexer?
- Eu amo meus pequenos Beatles... Vejo muito o Ringo, por que ele vem muito à América. Como você sabe, eu não posso sair daqui, senão fazem comigo o que fizeram com o Charlie Chaplin. E eu não quero um prêmio da Academia quando estiver com 60 anos, com discursos de como eu era maravilhoso, mas não tão maravilhoso, a ponto de me deixarem morar aqui agora... Paul, Ringo e eu passamos algumas tardes agradáveis em Los Angeles. Paul e Linda vieram me visitar há pouco tempo aqui em Nova Yokk e tivemos duas grandes noitadas de recordações. Ontém mesmo, ele e a divina Linda me mandaram um caloroso telegrama de felicitações pelo meu novo disco!
- Que engraçado! Percebi que você nunca menciona nada acerca de George... Existe alguma coisa errada entre vocês?
- Não, não existe nada de errado. Apenas que ele não vem há muito tempo para cá.

- É verdade que você e Ringo vão se apresentar juntos no próximo show dele?
- De jeito nenhum! Outro boato...
- E por que não? Podia ser bom...
- Ninguém me consultou. E ele talvez queira toda a grana para ele...
- Um comentário meio apimentado, John. As pessoas talvez interpretem mal...
- Não. É apenas uma realidade agradável. Só isso.
- Por que é que você está datilografando toda essa entrevista, como se alguém estivesse sentado aqui, com você, fazendo todas essas perguntas?
- Só para fazer diferente. Eu gosto de bater à máquina, aprendi datilografia ano passado. Mas meu pescoço está começando a doer. E está ficando um pouco chato...

E com isso, o Sr. Lennon me levou até a porta, que era branca. Estava de blue jeans e camisa cacharrel preta, usando botas enormes de cowboy. Eu só estava olhando. Com amor, John Lennon.

JOHN LENNON - SCARED

2 comentários:

João Carlos disse...

O Lennon de sempre.Já o Lennon reporter deveria ter explorado mais o Walls and Bridges.O disco mais bem acabado de John.Até porque não tem a voz de Yoko nele.

Unknown disse...

Como jornalista ele não conseguiu pegar o melhor do entrevistado, mas como pessoa ele falou as coisas que estavam engasgadas na garganta.