sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

GEORGE HARRISON - WITHIN YOU WITHOUT YOU


George se interessou pelo pensamento oriental depois de descobrir a cítara em 196c, e, ao estudar o instrumento com Ravi Shankar, fez a primeira declaração explícita de sua recém-descoberta filosofia em "Within You Without You". Escrita como a recordação de uma conversa, a música revela a visão de que o individualismo ocidental — a ideia de que cada um de nós tem seu próprio ego - se baseia em uma ilusão que encoraja a separação e a divisão. Para nos aproximarmos e acabarmos com a "distância entre nós", precisamos abrir mão dessa ilusão de ego e perceber que somos essencialmente "um só". Apesar de a visão expressada em "Within You Without You" ter sido extraída de ensinamentos hindus, ela ressoou entre os adeptos do ácido daquela época. Através de uma destruição do ego quimicamente induzida, os usuários de ácido muitas vezes sentiam como se tivessem sido absorvidos por uma "consciência cósmica". A frase sobre ganhar o mundo, mas perder a alma, foi tirada de um alerta feito por Jesus e registrado em dois dos evangelhos (Mateus 16:26, Marcos 8:36).

George começou a compor a música depois de um jantar na casa de Klaus Voormann, artista e músico alemão que ele conheceu em Hamburgo e que havia feito a capa de Revolver. Voormann estava morando em Londres, era casado com Christine Hargreaves, atriz de Coronation Street, e tocava baixo com Manfred Mann. Tony King e Pattie Harrison também estavam presentes. King, que trabalharia na Apple, conhecia os Beatles desde sua chegada a Londres em 1963. Ele recorda: "Klaus tinha um harmônio de pedal, e George entrou na sala ao lado e começou a mexer nele. Saíram uns grunhidos horríveis, e, até o fim da noite, ele estava começando a cantar fragmentos para nós. É interessante que a gravação final de 'WithinYou WithoutYou' tenha tido o mesmo grunhido que eu ouvi no harmônio, porque John uma vez me disse que o instrumento em que você compõe uma música determina o som da música. Uma composição ao piano soa totalmente diferente de uma feita ao violão". A lembrança que King tem dessa noite é a de uma típica noitada de descolados dos anos 1960, com baseados queimando e ideias cósmicas flutuando: "Estávamos todos conversando sobre o muro de ilusão e sobre o amor que fluía entre nós, mas ninguém sabia do que estava falando. Foi um pouco ridículo na verdade. Era como se, de uma hora para outra, fôssemos sábios. Todos nós sentimos que tínhamos captado o significado do universo". "Quando conheci George, em 1963, ele era o senhor Diversão, passava as noites todas na rua. Então, de repente, ele descobriu o LSD e a religião indiana e ficou muito sério. Os fins de semana divertidos, em que comíamos carne e torta de fígado e ficávamos sentados rindo, se transformaram em fins de semana bem sérios, com todo mundo eufórico falando sobre o significado do universo. Nunca foi a minha, mas nós todos nos envolvemos com isso porque éramos jovens, facilmente influenciáveis e andávamos com pessoas famosas. Eu lembro quando os artistas holandeses Simon e Marijke, que haviam pintado a fachada da loja da Apple, estavam na casa de George. Eu me enchi de tudo e fui para o bar. Assim que passei pela entrada da casa de George, Simon e Marijke vieram flutuando em metros de chiffon e disseram 'uhhh, aonde você vai, cara?'. Eu disse a eles que ia tomar uma Guinness. Eles disseram 'Oh. Fale algo bonito para nós'." Em uma entrevista para o International Times, em 1967, George declarou: "Somos todos um. A compreensão da reciprocidade do amor humano é incrível. É uma boa vibração, que faz você se sentir bem. Essas vibrações que a ioga, os cânticos cósmicos e coisas assim trazem são uma viagem. Uma viagem que te leva pra qualquer lugar. Não tem nada a ver com remédios. É só você na sua cabeça, a compreensão. É uma viagem.Te leva direto para o plano astral". Nenhum dos outros Beatles estava presente quando "WithinYou Without You" foi gravada. George e NeilAspinall tocavam tamburas enquanto músicos de estúdio tocavam diversos instrumentos incluindo dilruba, tabla, violino e violoncelo. "Não foi difícil organizar os músicos indianos para a gravação", lembra George Martin. "Difícil foi escrever uma partitura para os violoncelos e violinos, de modo que os músicos ingleses conseguissem tocar como os indianos. O tocador de dilruba, por exemplo, estava fazendo todo tipo de movimento, então tive de orquestrar isso para as cordas e instruir os músicos a seguirem-no." "A risada bem no final da faixa era de George Harrison. Ele simplesmente achou que seria uma boa ideia se expressar", lembra Martin.

4 comentários:

Renata L. disse...

Gosto bastante dessa música, o som indiano flui tão bem na voz de George.

Valdir Junior disse...

Post Perfeitíssimo !!
Não preciso falar mais nada....que dizer preciso ; " Eu Adoro essa Musica " !!!

João Carlos disse...

Mágica em forma musical ! Um deleite !

Anônimo disse...

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