sexta-feira, 14 de setembro de 2018

RAY CHARLES - WHAT'D I SAY - SENSACIONAL!*****


"What'd I Say" é um potente 'rhythm and blues' criado e gravado originalmente por Ray Charles, lançada em 1959. Foi composta de forma improvisada numa noite no final de 1958, quando Charles, sua orquestra e as Raelettes tocaram seu set inteiro em um show e ainda tinham tempo sobrando; a resposta de muitos públicos foi tão entusiasmada que Charles anunciou ao produtor que iria gravá-la. Após sua sequência de sucessos, essa música finalmente colocou Charles na mainstream da música pop e ele mesmo criou um novo subgênero de R&B, Soul. As influências do gospel e da rumba, combinadas com as insinuações sexuais da canção, a tornaram não apenas amplamente popular, mas muito controversa para o público branco e negro. O single deu a Ray Charles seu primeiro disco de ouro e tem sido uma das músicas mais influentes do R&B e da história do Rock 'N' Roll. Por todo o resto de sua carreira, Charles fechou seus shows com "What'd I Say". A música aparece em 10º lugar nas "500 melhores músicas de todos os tempos" da Rolling Stone.

“As pessoas simplesmente enlouqueceram, e amaram aquele "ummmmh, unnnnnh”’, Ray Charles contou à RollingStone em 1978, descrevendo a gênese instantânea de “What’d I Say”, seu primeiro single pop no Top 10 e maior can­ção alto-astral do rock and roll. “Mais tarde, disseram que era vulgar”, continuou Charles, se referindo à irresistível, sexualmente quen­te ponte vocal. “Mas, diabos, todo mundo conhece o ‘ummmmh, unnnnh’. Foi como todos nós chegamos aqui.” O homem que eles chamavam de “O Gênio” literalmente compôs “What’d I Say” em frente a uma plateia, no fim de 1958 ou começo de 1959. Ele e sua talentosa orquestra de R&B, recentemente complementada por um grupo vocal feminino, as Raelettes, estavam tocando em um show maratona de dança em uma pe­quena cidade perto de Pittsburgh. Quando Charles ficou sem repertório no fim do segun­do set, engrenou em um crescente arpeggio grave de piano, disse à banda que o seguisse e instruiu as Raelettes, “O que quer que eu diga, apenas repitam”. Mais tarde, Charles disse, que dançarinos da plateia correram até ele e per­guntaram, “Onde posso comprar esse disco?”.
“What’d I Say” pode não ter sido muita coisa enquanto música - um punhado de versos curtos, sem conexão, o refrão e aquela ponte - quando Charles gravou em 18 de feve­reiro de 1959, no estúdio nova iorquino da Atlantic (os vigorosos seis minutos e meio fo­ram editados e ressequenciados pelo visioná­rio engenheiro da gravadora, Tom Dowd, a partir de uma performance de estúdio ainda mais longa). Mas pela necessidade, naquela noite no palco, Charles havia transformado a experiênria gospel negra que ele conhecia tão bem, o êxtase crescente de chamado e respos­ta. “A igreja era simples”, disse ele em sua au­tobiografia Brother Ray. “O pastor cantava ou recitava, e a congregação cantava de volta.” Foi exatamente assim que Charles gravou “What’d I Say*, com uma tórrida loucura secular amplificada pelo ataque metálico de seu piano elétrico Wurlitzer. As trocas de grunhidos e gemidos com as Raelettes eram o mais perto que se podia chegar de ouvir o som de um orgasmo no Top 40 da rádio durante a era Eisenhower. Cinquenta e cinco anos mais tarde, eles ainda propor­cionam uma doce liberação. (Rolling Stone).
Ray Charles veio ao Brasil pela primeira vez em um dos melhores momentos de sua carreira, às vésperas de completar 33 anos. O cantor norte-americano fez dois shows em São Paulo, no Teatro Cultura Artística, na extinta TV Excelsior, no dia 19 de setembro de 1963. Somente aqui, nO Baú do Edu, a gente pode conferir "What'd I Say" em uma dessas raras e fantásticas apresentações aqui na terrinha. Logo abaixo, a gente confere também um dos melhores momentos do filme "Ray" de 2004, estrelado por Jamie Foxx, interpretando "What'd I Say". VIVA RAY CHARLES!

“What’d I Say” foi regravada por diversos artistas dos estilos mais diferentes. Se nos Estados Unidos a música foi recebida inicialmente de forma mais moderada, na Europa tornou-se um hit imediato, e o impacto na cena musical foi mais evidente. A lista de artistas que tocaram a música em seus shows ou gravaram, tanto nos EUA como do outro lado do oceano, parece não ter fim: Cliff Richard, Etta James, Jerry Lee Lewis, Elvis Presley, Roy Orbison, Johnny Cash, Eric Clapton, John Mayal and The Bluesbreakers, The Big Three, Eddie Cochan, Bobby Darin, Nancy Sinatra, Sammy David Jr e por aí vai (não necessariamente nesta ordem).
O jovem Paul McCartney, então com seus 17, 18 anosficou impressionado quando ouviu a música pela primeira vez, ao ponto de se convencer que queria se tornar realmente um cantor profissional. George Harrison disse que ouviu pela primeira vez “What’d I Say” em uma festa, que tocou a música por 7 horas seguidas (?). Durante sua permanência em Hamburgo, os Beatles tocavam “What’d I Say” em suas apresentações, para testar a receptividade junto ao público. John Lennon, impressionou-se com a sonoridade poderosa do piano, e tentou reproduzi-lo com a guitarra. Ele defendia a tese que o uso de riffs de guitarra em diversas músicas de Rock 'N' Roll, se devia a forma como Ray Charles usava o piano. Finalmente, foi gravada pelos Beatles em Hamburgo, quando o produtor musical Bert Kaempfert convidou Tony Sheridan para gravar um disco pela Polydor e Sheridan gravou a música com os Beatles – Beat Brothers, em 1961.

Um comentário:

Enzo disse...

Ray foi uma grande influência, principalmente para John e George.