sábado, 24 de agosto de 2013

SÁBADO SOM – IMPERDÍVEL - “LYNYRD SKYNYRD”


Para quem não sabe ou não conhece, o “SABADO SOM” é a coluna belamente escrita e elaborada pelo nosso querido amigo João Carlos W. de Mendonça. É publicada semanalmente (sábados, claro!) com um repeteco de outrora às terças. A de hoje, é especial. Imperdível. Sobre uma bandinha americana que a história me lembra muito de tantas outras, principalmente uma do sul da Inglaterra. LYNYRD SKYNYRD, é fundamental. Para quem gosta de rock. Para quem gosta de música. O “SABADO SOM”, também. Boa leitura. Abração, JC!

Oriunda de uma cidadezinha portuária da Flórida, vamos lembrar uma banda visceral, fundamental e acima de tudo original, do início dos anos 70, liderada pelos talentos criadores do vozeirão Ronnie Van Zant e do guitarrista Allen Collins. Se você assistiu o filme “Quase Famosos”, saiba que ali tem muita coisa tirada da biografia desse grupo, que entrou para a história, junto com o ALLMAN BROTHERS BAND, como o mais representativo do chamado “southern rock” (rock sulista). Começando pelo estranho nome, que não significa nada além do que um trocadilho com o nome de um professor de Educação Física que adorava perseguir aqueles branquelos cabeludos. Embora tenham entrado, saído e voltado vários integrantes no conjunto, o som poderoso e harmônico do LYNYRD baseava-se na formação com 3 guitarras, baixo, bateria, piano/órgão , um coro feminino e Ronnie Van Zant cantando com convicção e atitude. Faziam puro rock com levadas de blues e muito balanço. Sem frescuras mas esnobando talento e precisão. Há duas histórias curiosas na formação do Lynyrd Skynyrd. A primeira aconteceu antes de gravarem o primeiro disco, quando viviam animando festas universitárias e aqueles bares “beira de estradas”, barras pesadas do sul dos EUA (o cheiro de JACK DANIEL’S parece que ficou impregnado no som deles). Num estúdio modesto onde estavam gravando uma “demo”, um dos “assistentes” do grupo, resolveu experimentar um piano que estava ali por perto quando um boquiaberto RONNIE perguntou-lhe por que não contou ser pianista (dos melhores), o rapaz disse preferir ser “roadie”. Não adiantou. Estava definitivamente incorporado à banda, acrescentando uma “pegada” de teclados que também viraria marca do LYNYRD. A outra, se deu um pouco mais adiante, com a saída de um dos guitarristas. A banda prosseguiu com “apenas” dois, mas notava-se um buraco nos arranjos , elaborados para três guitarras. Foi que, uma das belas vocalistas do grupo, Cassie Gaines, contou-lhes sobre seu irmão, que além de guitarrista era fã do conjunto e sabia todos os trechos das canções. Ninguém levou fé, até que o garoto Steve Gaines subiu ao palco e surpreendeu, preenchendo todas as passagens com mais afinco que seu antecessor e não saiu mais do LYNYRD. Membro efetivo. O primeiro álbum do grupo chegou com tudo. No entanto seu sucesso foi mais regional. Curiosamente, a música que chamou atenção foi uma balada que do meio pro fim virava um instrumental do tipo “mais rock and roll impossível”, que durava cerca de 9 minutos. Assim, começaram as excursões pela América, abrindo para o THE WHO, até que a grande MGM os contratou, relançando nacionalmente o primeiro disco que, aliás, chamava-se “Pronoucend Lêh-nérd-Skin-nérd” (algo como “pronuncia-se lé-nêrd-skin-nérd). Ótimo! O segundo disco é considerado o melhor desde o lançamento. “Second Helping”, teve como primeiro single o rock Don’t Ask Me No Questions que se deu bem, mas a jóia, o sucesso absoluto, veio com a agora clássica Sweet Home Alabama. A sacolejante canção, foi erroneamente tomada como uma resposta a NEIL YOUNG por sua Southern Man, mas RONNIE quebraria o gelo afirmando que isso era uma piada e que amava Neil, além posar e se apresentar usando uma camiseta com o nome Neil Young estampado na frente. Outra caso sobre este disco se deu quando, já tido como “grande”, o LYNYRD foi gravar nos estúdios RECORD PLANT. Durante uma sessão, descobriram que nos estúdios vizinhos estavam também trabalhando o STEVIE WONDER e os EAGLES e, para piorar, ao olharem para a sala de controles deram de cara com JOHN LENNON. O dia terminou ali.

O conjunto costumava viajar de ônibus pela América, mas o cansaço provocado pelo álcool, drogas, shows e quebra-hotéis, os levou a adquirir um avião, suficiente para transportar 26 pessoas do grupo, além dos 2 tripulantes. Numa dessas viagens, uma turbina pifou e entre tentativas desesperadas de pousar num aeroporto próximo, o avião bateu contra árvores e caiu numa floresta. Artimus Pile (baterista), foi um dos poucos que sobreviveram (além de não perder a consciência), conta que RONNIE VAN ZANT, abraçou uma almofada e apertou sua mão dizendo: “Bem, é hora de ir parceiro!”. PILE também recorda que manteve-se abraçado à vocalista CASSIE GAINES, até ela morrer com um corte no pescoço. STEVE GAINES também se foi. Essa tragédia abalaria profundamente o guitarrista COLLINS que, perdeu sua esposa naquele período, em trabalho de parto. Tempos depois, bateu com o carro numa árvore, acidente que vitimou sua namorada e o deixou paralítico da cintura prá baixo. O próprio COLLINS coordenaria vários tributos e homenagens ao grupo até falecer em 1983. Além dos discos citados, a banda lançou os álbuns Nuthin’ Fancy, Gimme Back My Bullets e Street Survivors com sua clássica formação. Ou seja, 5 discos entre 73 e 77 (ano da tragédia), além de um discaço duplo ao vivo. Todos fundamentais e contagiantes. Acreditem, o grupo permanece na ativa, excursionando e lançando álbuns com os poucos membros sobreviventes, convidados e tendo Johnnie Van Zant (irmão de RONNIE) como vocalista. Apesar de muito votado na Europa e adorado em sua terra, o Lynyrd Skynyrd não teve no Brasil a divulgação merecida. É quase nada reconhecido. Jamais ouvi “tocar” numa rádio ou TV. Na época, tive acesso a SWEET HOME ALABAMA e POISON WHISKIE vindas de algum K-7 de um amigo. Só com a chegada da Internet, pude adquirir todos os seus álbuns e virar fã de carteirinha. Recentemente, suas músicas passaram a ser utilizadas em filmes como Forrest Gump e outros tantos. Então tão... LYNYRD SKYNYRD: hello goodbye!
João Carlos W. de Mendonça.

3 comentários:

Valdir Junior disse...

Ótima Texto !!!
Conheço bem ( muito ) pouco sobre o Lynyrd Skynyrd , conheço bem mais sobre os Allman Brothers ,mas após ler seu texto fiquei com uma vontade danada se sair atrás dos discos !!
Parabéns !!!
Vou acompanhar por lá !!!

João Carlos disse...

Eita! Obrigado Edu pela generosidade. E como se diz por aqui: eu fico ancho!

Murilo Pedreira disse...

Edu, não canso de dizer.TEU BLOG É PERFEITO!!