quinta-feira, 27 de setembro de 2018

RINGO - A BIOGRAFIA - PARTE 2 - GIVE MORE LOVE

Publicado no site folha.uol.com.br/ilustrada - Por Thales de Menezes
Mais ambiciosa biografia do baterista dos Beatles expõe como nunca estopim da separação da banda
Biografias de John Lennon e Paul McCartnev brotam nas livrarias a cada temporada. Relatos da vida de George Harrison também aparecem em intervalos cíclicos. Mas não é todo dia que Ringo Starr, 78, baterista dos Beatles, ganha um volume sobre sua vida. Entre poucos títulos, sai agora no Brasil o mais ambicioso já produzido para ele. “Ringo" foi escrito pelo jornalista americano Michael Seth Starr. “É o que eu gosto de chamar de uma feliz coincidência. Não somos parentes. Starr é o sobrenome da minha família. Ele nasceu Richard Starkey”, explica o autor. Seu livro, lançado nos Estados Unidos em 2015, causou comoção entre os fãs. Nele há um relato consistente do caso entre George Harrison e Maureen Cox, primeira mulher de Ringo e mãe de seus três filhos. A descrição do jantar no qual George admitiu a relação a Ringo, em 1973, é impactante. E provocou surpresa, e certa indignação, a percepção de que Paul MeCartney tratava com desprezo as habilidades musicais de Ringo. É notório que o produtor do grupo, George Martin, nunca valorizou o trabalho de Ringo na bateria, mas nenhum biógrafo levantou essa objeção de Paul como o livro expõe. “Martin nunca foi grande fã dele como baterista, mas, ao fazer minha pesquisa, senti que MeCartney tinha uma atitude condescendente em relação a Ringo. Às vezes, ele o tratava quase como um músico contratado, não um parceiro.” O debate sobre as possíveis limitações de Ringo atravessa toda a narrativa do livro. Hoje ele tem fãs de seu estilo com as baquetas, mas ainda carrega uma legião de críticos impiedosos. O biógrafo acredita que o mais famoso baterista do mundo merece mais respeito. “É verdade que ele não era um compositor como os outros três Beatles, mas sua contribuição como músico e como personalidade foi igualmente valiosa.” O livro traz um capítulo final em que o Ringo baterista é analisado, e muito elogiado, por grandes nomes do instrumento no rock, como Phil Collins, John Densmore (The Doors) e Max Weinberg (baterista de Bruce Springsteen). Quanto ao caso extraconjugal de Maureen, o autor não acha que tenha tido tanto impacto na relação com Ceorge. “Foi um choque para Ringo saber que um de seus ‘irmãos’ tinha um caso com sua mulher, mas ele e George passaram por isso, tinham uma amizade muito forte.” Em 1973, os casamentos de Ringo e Ceorge (com Pattie Boyd) andavam péssimos, com infidelidades de todos os lados. O caso foi o estopim para a separação de George. Ringo terminou sua relação com Maureen, mas eles continuaram amigos. Estava ao lado da ex-mulher quando ela morreu em 1994, com câncer. O autor Starr não conseguiu encontrar o músico Starr, nada disposto a incentivar investidas sobre sua vida. Então fez dezenas de entrevistas para relatar sua juventude em Liverpool como um garoto de saúde frágil numa família que, abandonada pelo pai, teve dificuldades financeiras. Ringo é classificado como “o Beatle engraçado”, ou “o pacificador”. Uma espécie de cola que uniu o quarteto em crises, por ser muito amigo dos très donos de grandes egos que o cercavam. Mas o biógrafo ressalta que Ringo foi o primeiro a esboçar uma saída do grupo, se afastando durante parte das gravações do “White Album”, em 1968. “Ele saiu do estúdio, sentindo-se subvalorizado e ignorado, e passou algumas semanas no iate de seu amigo Peter Sellers, na Sardenha”, diz. “Quando ele retornou, Ceorge deixou o grupo por um tempo. Como sabemos agora, aquela fase foi o começo do fim dos Beatles.” O livro também explora o período pós-Beatles. O sucesso de Ringo, bom vendedor de discos nos anos 1970, o empurrou para álcool e drogas. Ele e a segunda mulher, a atriz e “Bond girl" Barbara Baeh, conseguiram se reabilitar e estão juntos até hoje. O lado agregador de Ringo, tão importante na dinâmica interna dos Beatles, permanece. Desde 1989 ele excursiona com sua All-Starr Band, na qual recruta veteranos do rock, sempre mudando a formação. Neste ano, tem ex-integrantes de Toto, Journey, Men at Work, Santana e Kansas. “Ringo era naturalmente sociável na juventude, então acho que teria muitos amigos em qualquer atividade que seguisse. Mas o mundo do rock ofereceu a ele um senso de fraternidade e camaradagem que ele não teve em casa, como filho único”, define o autor.
Agora, a gente confere aqui, pela primeira vez no Baú, o sensacional vídeo de Ringo do seu mais recente álbum "Give More Love"lançado em em 15 de setembro de 2017.

Um comentário:

Joelma disse...

Não existiria Beatles sem Ringo e ponto final.