terça-feira, 30 de março de 2021

ALAN ALDRIDGE - THE PENGUIM JOHN LENNON - 1966


No dia 27 de outubro de 1966, os dois livros de John Lennon, “In His Own Write e "A Spaniard in the Works", foram publicados juntos pela primeira vez como The Penguin john Lennon, com Lennon na capa vestindo uma fantasia de Super-Homem. A foto, tirada pelo fotógrafo Brian Duffy num estúdio em Swiss Cottage, norte de Londres, foi criada por Alan Aldridge, um ilustrador de 23 anos que, em 1965, tinha se tornado diretor de arte da Penguin Books.

Aldridge cresceu em East End, Londres, e sua arte tinha um estilo jocoso, colorido, humorístico e surreal. Ele conseguia capturar a vitalidade do que estava acontecendo nos anos 1960 como poucos artistas e se tornou o ilustrador preferido de novas publicações, como Sunday Times Magazine, Observer Magazine e Nova, que queriam visuais compatíveis com a empolgação de seus incríveis lançamentos e estavam sempre em busca da última novidade. A primeira ideia de Aldridge para The Penguim John Lennon era uma pintura do Beatle como pinguim. O diretor editorial achou que seria desrespeitoso com a grande editora e seu famoso logo e vetou a ideia, então Aldridge entrou em contato com Duffy, um dos mais conhecidos fotógrafos da época, e pediu uma sessão de fotos. A princípio, Duffy recusou, dizendo que já tinha trabalhando o suficiente com rock ‘n’ roll, mas depois cedeu.
De início, John posaria com uma gaiola fabricada para a ocasião, mas durante as fotos Aldridge teve outra ideia. Ele iria vestir John de Super-Homem, um reconhecimento a seu status como fenômeno mundial no universo de filmes, da música e agora dos livros. Ele mandou um assistente a Chelsea para buscar uma fantasia.
Quando as fotos de Duffy foram finalmente aprovadas para uso, houve outro problema. A DC Comics em Nova York, os criadores e donos da franquia Super-Homem, se recusaram a liberar o uso da imagem com o S gigante no peito, que infrigia direitos autorais. Aldridge teve que retocar a foto, substituindo o S no peito por um adesivo com as letras JL.
O relacionamento entre os Beatles e Alan Aldridge acabou sendo frutífero. Para o número seguinte da Woman’s Mirror, a revista contratou Aldridge para criar uma imagem do grupo para a capa que sairia junto com uma matéria de Maureen Cleave inspirada nas entrevistas para o Evening Standard. Além disso, foi pedido que ele providenciasse ilustrações de quatro músicas do Revolver - “Eleanor Rigby”, “Yellow Submarine”, “Taxman” e “Doctor Robert”. Para “Taxman”, ele colocou George sustentando nos ombros uma pilha de notas de libras novinhas. No alto, vestida de preto e segurando uma maleta, estava a Morte. “Yellow Submarine” era o desenho de um submarino que parecia uma bota grande com um capitão uniformizado olhando pela torre de comando. Para “Eleanor Rjgby”, criou a máscara mortuária de Paul e pintou sobre ela imagens de estrelas, planetas, torres de igrejas, flores e pessoas caindo do céu. Na ilustração para “Doctor Robert”, John estava abrindo uma capa ou sobretudo preto enorme, revelando um forro repleto de peças anatômicas sobressalentes
A diretoria da Woman’s Mirror achou que eles poderiam perder anunciantes em potencial, por isso o departamento de arte substituiu as partes por instrumentos cirúrgicos brilhantes. John gostou tanto do trabalho que foi ao estúdio de Aldridge em Holborn, comprou o original, enquadrou-o e pendurou na parede de casa. “Só que você entendeu errado”, ele disse a Aldridge. “Doctor Robert era um médico de Nova York que vendia anfetamina”. A apreciação mútua entre Aldridge e os Beatles levaria a outros projetos. John o contratou para fazer uma placa para o portão de sua casa dizendo: “No Hawkers, No Circuses”
Em 1968, ele fez a borda verde do selo dos discos da Apple do Reino Unido e da Europa (escrito em le-tra cursiva verde, contendo o texto: “Apple Records - All Rights of the Manufacturer and of the Owner of the Recorded Work Reserved”, na parte superior, e “Unauthorised Public Performance, Broadcasting and Copying of this Record Prohibited”, na parte de baixo), e em 1969, com a permissão do grupo, Aldridge lançou The Beatles Illustrated Lyrics.

O The Beatles Illustrated Lyrics era de fato uma extensão do que Aldridge tinha começado com a Woman’s Mirror, apesar de nenhuma das ilustrações originais ter sido usada. Mais de cem letras foram enviadas para 43 escultores, ilustradores, cartunistas e fotógrafos (entre eles David Hockney, Peter Max, Milton Glaser, Ethan Russell, Rick Griffin, Roger Law, Stanley Mouse e David Bailey), que escolheram uma música para a qual produziriam um trabalho. Aldridge selecionou 20 músicas que podia ilustrar usando fotografia, esculturas em argila e desenhos.

A matéria de Maureen Cleave na Woman’s Mirror re­tratava os Beatles como um grupo preso num emaranha­do de fama, história e con­quistas passadas. Ringo disse: “Nos empurraram para um canto, só os quatro. Uma es­pécie de armadilha, na ver­dade. Como quadrigêmeos siameses comendo na mesma tigela”. John estava igualmen­te amargo. “Meio que quere­mos a derrocada. Uma bela derrocada. Então passaríamos a ser só uma me­mória agradável”, disse ele. Para produzir a ilustração da capa da revista, Aldridge se concentrou no sentimento de aprisionamento deles. Pintou os quatro, de costas um para o outro, envoltos em um rolo gigante de arame farpado. Acima das cabeças, havia quatro indicadores que saíam de um balão de diálogo gigante. Dentro dele, com uma tonalidade que ia do amarelo para o vermelho, em letras maiúsculas grandes, uma única palavra: “HELP!”.
 Fonte do texto: "THE BEATLES - 1966 - O ANO REVOLUCIONÁRIO" de Steve TurnerAlan Aldridge morreu em 17 de fevereiro de 2017 com 78 anos.

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