sexta-feira, 8 de abril de 2016

PAOLO HEWITT - 50 MOMENTOS MARCANTES DOS BEATLES

E por falar em Aplle e Baker Street, a gente aproveira e confere um trecho do livro "Love Me Do - 50 momentos marcantes dos Beatles", de Paolo Hewitt.
Ao fim da leitura do livro Love me do — 50 momentos marcantes dos Beatles, a grandiosidade do grupo, exaltada inúmeras vezes ao longo das páginas, não se limita a 50 momentos memoráveis. Mas a difícil tarefa realizada pelo escritor e jornalista Paolo Hewitt cumpre a cronologia, despertando no leitor a curiosidade e exclamações de surpresa ao deparar-se com a riqueza de detalhes, como a descrição da cena do primeiro encontro do grupo com o cantor Elvis Presley. Logo nos capítulos iniciais, tem-se a impressão de que o autor esteve onipresente no cotidiano da banda, o que camufla o fato de ser mais um livro sobre os garotos cabeludos de Liverpool.
“Sempre quis escrever uma biografia da banda, mas, como há tantas por aí, deixei de colocar em prática o projeto. Foi somente com o aniversário de 50 anos chegando que vi uma forma de fazê-la”, revela o escritor em entrevista ao Correio. Hewitt aproveitou a data comemorativa para fazer algo diferente. Auxiliado pelos amigos Mark Lewinson, o maior expert do mundo em Beatles, e o escritor Simon Wells, selecionou os 50 eventos mais marcantes dos Beatles.
Hewitt levou um ano para escrever o livro. Realizou uma pesquisa detalhada para montar um caleidoscópio de relatos sobre a banda mais famosa do mundo. “Em 1963, aos 5 anos, ouvi Os Beatles pela primeira vez. Na minha adolescência, li e colecionei vários livros sobre a banda. Assisti a muitos documentários. Com os anos, quando comecei a escrever o livro, tinha uma boa coleção pessoal. Também visitei a British Library e ainda li muitos outros livros sobre eles”, conta o autor. Sob olhares diversos de quem escreveu e conviveu com o grupo, Hewitt constrói a personalidade de John, Paul, de George e de Ringo. O jornalista faz questão de trazer o contexto das falas e ainda realiza análise do que foi dito quando necessário. Juntou cada pedaço esquecido da história dos Beatles em biografias e reportagens para escrever a sua versão.
“Tão fascinantes hoje em dia quanto no auge, na década de 1960, os Beatles estarão para sempre enraizados na cultura popular mundial. Sua influência se espalhou por gerações de fãs e músicos e ecoa ainda hoje, mais de 50 anos após o lançamento de seu primeiro compacto, “Love Me Do”, em 1962. Da infância na dura Liverpool pós-guerra, passando pelos anos mais loucos e chegando até a reunião dos integrantes da banda na década de 1990, Paolo Hewitt narra 50 momentos definidores da carreira dos Beatles — os bons, os maus e os feios.
Os comentários sagazes do autor exploram as proezas juvenis do grupo, o estilo de vida glamoroso, o encontro com astros como Bob Dylan e Elvis Presley, além de seu espantoso salto artístico, indo da simples “Love Me Do” à sofisticada “Tomorrow Never Knows” em apenas três anos. Lançando nova luz sobre a banda “mais popular que Jesus”, esta obra oportuna captura os momentos nos quais quatro figuras notáveis se uniram para criar algo realmente extraordinário.”

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Em seus primeiros tempos nos Beatles, John Lennon era um tory, tendo sido levado a acreditar — como tantas pessoas — que o Partido Conservador era o mais bem preparado para o poder. Somente eles tinham a forma­ção e a classe para o cargo, qualidades ausentes em todos os outros. Posteriormente, John mudou de lado, passando a se considerar trabalhista. Contudo, é claro, em se tratando de Lennon, só poderíamos esperar algum tipo de contradição em seu pensamento.O dinheiro foi uma obsessão para Lennon des­de cedo, dominando boa parte de sua vida co­mo Beatle. Para ele, a música pop era a nova e melhor maneira de ganhar grana. Era uma “forma moderna de sucesso”. Em 1964, ao ser indagado se ele se considerava um bom exem­plo para a juventude, Lennon respondeu: “Só em termos de ganhar dinheiro rapida­mente, o que, a meu ver, é um bom exemplo”.Em 1965, cercado pelos outros mem­bros da banda, John declarou à revista Play­boy:  “Em primeiro lugar, nós somos ganha­dores de dinheiro; depois somos artistas”. Ringo o corrigiu. Ainda era considerado in­conveniente falar de forma tão descarada a respeito de dinheiro. “Somos artistas em pri­meiro lugar, John.”“É isso mesmo, lógico”, John respondeu apressadamente, para depois tentar encobrir sua maneira de pensar: “A imprensa leva você nesse sentido, então você fala assim porque é isso que eles gostam de ouvir”. Sim, até parece.Em 1966, na famosa entrevista ao Evening Standard — na qual John declarou que os Beatles eram mais populares que Jesus Cris­to —, John mostrou sua casa à jornalista Maureen Cleave, orgulhosamente apontan­do suas novas aquisições. A seguir, o líder dos Beatles e a repórter foram dar um passeio. No automóvel, Lennon mostrou a Cleave os luxos do veículo, como televisor, cama dobrável, geladeira, escrivaninha e telefone. Caso quisesse, Lennon poderia comandar seus negócios do banco traseiro de seu Rolls-Royce. Lennon reclamou do telefone e informou à jornalista que, apesar das inú­meras tentativas, somente conseguira com­pletar uma ligação do carro. A tecnologia ainda não o conquistara. Depois Lennon ligou o automóvel e le­vou Cleave para passear pelas estradas do in­terior. Enquanto rodavam pelo cenário verde de Surrey, ele se descreveu como “famoso e cheio da grana”. E também con­fessou que, apesar dos enormes ganhos, vivia preocupado com dinheiro. Mesmo com os contadores lhe falando que as finanças estavam seguras e estáveis, morria de medo de esbanjar tudo até os 40 anos, explicando assim sua recente decisão de vender alguns de seus carros. Contudo, ele então re­velou que, quando lhe falaram que não havia a menor necessidade de ter feito isso, ele os comprou de volta. O dinheiro para Lennon representava poder, e unica maneira de um homem como ele conseguir tal poder seria, nascer numa família rica ou trabalhar muito. Então, exibindo o bom senso político pelo qual ficaria famoso na década de 70 ele argumentou, que, no fim das contas, o governo era o único que ganhava. “Aquela piada sobre manter os trabalhadores ignorantes continua verdadeira; foi isso que falaram sobre os conservadores, os latifundiários e tal; depois os trabalhistas pretendiam educar os operários, mas parece que não fazem mais isso.” Um ano mais tarde, seu raciocínio, bem como o dos outros da banda, mudara radicalmente, afetado pela exposição a ideias anticapitalistas radicais, pelo uso generoso de LSD e pela meditação. De repente, emergiu a crença profundamente arraigada de que ele era de esquerda, o que ajudou a contribuir com o novo ideal utópico do grupo, a Apple. A Apple foi inaugurada em 1967, no dia em que a empresa de contabilidade Bryce Hammer & Co. disse que eles poderiam entrgar três milhões de libras esterlinas ao governo britânico ou usá-los consigo mes­mos. Eles preferiram a segunda opção e decidiram criar uma organização para trans­formar em realidade as ideias das pessoas; Quer fosse um livro, um filme, uma canção; Ou até mesmo uma engenhoca, se o grupo gostasse, daria dinheiro para o projeto ganhar vida. E não era só isso. A Apple não utilizaria a tradição comercial, mas estabeleceria - um modelo alternativo às empresas capitalistas. O primeiro empreendimento foi no mundo da moda. Parte do dinheiro havia sido empregada para adquirir imóveis na esquina da rua Baker Street com a Paddington, na região londrina da Marylebone. Os escritórios da Apple foram instalados no último an­dar, enquanto o pavimento de baixo foi trans­formado em loja, batizada de Apple Boutique. O grupo deu ao coletivo “The Fool” cem mil li­bras para desenhar e produzir uma coleção de roupas e decorar o lado de fora do prédio. Eles criaram um design incrível — que durou apenas algumas semanas, pois a aristocracia de Londres exigiu que fosse removido. Lennon, que compra­ra para o amigo Pete Shotton um supermerca­do na ilha Hayling, no condado de Hampshire, lhe deu o cargo de gerente da Beatle-Boutique. Contudo, o local não seria apenas uma loja de roupas. Também seriam vendidos li­vros, discos, objetos de decoração e tudo que chamasse a atenção. Paul queria que a loja vendesse porcelana branca, difícil de encon­trar em Londres, enquanto George, é claro, queria a venda de objetos esotéricos. Jenny Boyd, irmã de Pattie, conseguiu emprego lá. Uma festa foi realizada no dia 6 de dezembro de 1967, a que John e George com­pareceram comendo maçãs ruidosamente, e no dia seguinte a butique abriu as portas. Foi um sucesso a princípio, com as pessoas gastando muito na proximidade do Natal. Contudo, em meados de janeiro, a realidade bateu à porta. As criações do Fool eram im­pressionantes e individuais, mas não foram produzidas nos tamanhos padrão da moda. Os potenciais compradores simplesmente não conseguiam vesti-las, ou sequer pagar por elas. A loja começou a perder tanto dinhei­ro que McCartney interveio e pediu a John Lyndon, ex-funcionário da NEMS e produtor teatral, que ele arrumasse a casa. Lyndon aceitou e correu atrás de roupas acessíveis e financeiramente viáveis. Em julho, a missão estava começando a se firmar quando, du­rante uma reunião nos novos escritórios da Apple na Savile Row, número 3, John leu uma reportagem da Melody Maker, escrita pelo DJ John Peel, questionando por que os Beatles estavam agindo como comerciantes de rou­pas e não músicos. Na mesma hora, ele mandou fechar a loja, para espanto de Lyndon. Na noite anterior ao fechamento, os membros da banda apareceram com suas mulheres e levaram tudo que queriam. No dia seguinte, 31 de julho de 1968, correu a notícia de que tudo que sobrara seria distri­buído gratuitamente. Uma multidão bai­xou na butique e a deixou vazia. “O concei­to da loja era muito melhor que a realidade”, George afirmou após o fracasso do empreen­dimento. “Era fácil ficar sentado pensando em ideias bacanas, mas transformá-las em realidade era outra coisa. Não deu certo por­que não éramos empresários. Só entendía­mos de ficar no estúdio fazendo música.”

3 comentários:

João Carlos disse...

Edu, esse livro vale a pena ou é mais do mesmo? Pela matéria em "vermelho" parece que já conhecemos a história.

Edu disse...

A parte em vermelho é justamente o trecho do livro. Acho q não há mais o que dizer. A história é uma só. Se achar por 15 pilas, pegue!

Valdir Junior disse...

É mais um livro com 'mais-do-mesmo", mas dei uma olhada nele na livraria e tem algumas fotos legalzinhas. Se aparecer alguma oferta vou seguir seu conselho Edu.