terça-feira, 18 de julho de 2017

1967 - AQUELE INESQUECÍVEL VERÃO DO AMOR


O “Verão do Amor” foi um evento que teve origem numa passeata pela paz, no dia 15 de abril (primavera) de 1967, em Nova York, que reuniu cerca de 300 mil participantes - a maior manifestação popular realizada nos Estados Unidos, até então. O movimento contou com a participação de romancistas premiados, astros do rock, hippies, professores rebeldes e pessoas simples da classe média, para protestar contra a Guerra do Vietnã. Entre eles estavam o médico e ativista Benjamin Spock, o cantor popular Pete Seeger e o líder do movimento pelos direitos civis, Martin Luther King Junior.. Por toda parte, começaram a despontar comunidades hippies: Nova York, Seattle, Atlanta, Los Angeles, Chicago, Vancouver, no Canadá, e através da Europa. Os encontros tornaram-se a atividade preferida da contracultura nos Estados Unidos e na Europa. O de maior destaque, o epicentro da revolução hippie dos anos 1960, aconteceu no distrito de Haight-Ashbury, em São Francisco, onde milhares de jovens estabeleceram residência temporária - expressando-se através da música, das drogas e da prática do amor livre. “O Verão do Amor” é considerado como tendo sido uma nova experiência social. A oposição à guerra foi um impulso para buscar valores e estilos de vida "alternativos". Uma nova era, na qual as pessoas "fariam amor, não guerra".
HÁ 50 ANOS, O VERÃO DO AMOR MARCAVA O APOGEU DO MOVIMENTO HIPPIE E MUDAVA AS REGRAS DO JOGO NO ROCKJunho de 1967. por um breve momento, a juventude parecia ter tomado conta do mundo ocidental. Naquele mês, tudo o que vinha sendo fermentado nos anos anterio­res explodiu em São Francisco, Califórnia, em um fenômeno social que ficou conhecido como Verão do Amor. Cerca de 100 mil jovens rumaram até a cidade para se estabelecer na vizinhança do distri­to de Haight-Ashbury. Foi um movimento espon­tâneo, com frentes em outras partes dos Estados Unidos e na Inglaterra. Os hippies traziam uma mensagem pacifista e a rejeição de um estilo de vi­da consumista. E, claro, se opunham aos horrores da Guerra do Vietnã.Graças à sua herança cultural e posição geográfica privilegiada, em meio a belas praias e ao clima quente e iluminado, % Califórnia foi um local perfeito para o flo­rescer da contracultura. Inspirados pelos ideais libertários e pelo estilo de vida pro­pagado pela cultura beat, muitos jovens abandonaram a vida “conven­cional" e passaram a morar em comunidades onde tudo era compartilhado. Grupos organizados, como o Diggers, mantinham a ordem e cuida­vam da assistência médica e da alimentação. Não era apenas um modo alternativo de viver. Era tam­bém o retrato de uma eferves­cência cultural que iria mu­dar o panorama pop. Em 14 de janeiro de 1967, ocorreu o primeiro ponto alto desse pro­cesso, 0 Human Be-In, even­to que juntou diversas tribos na Golden Gate, em São Francisco. Esse prelúdio do Verão do Amor reuniu cerca de 30 mil pessoas e juntou palestras, ati­vidades culturais e shows. O mote inicial era protestar contra o decreto que bania o uso de LSD na Califórnia. As drogas lisérgicas eram uma das principais forças da contracultura e tinham como principal guru o doutor Timothy Leary, um ex-professor universitário que decidiu abandonar o sistema. Foi lá que ele entoou a célebre frase “turn on, tune in, drop out" (algo como “fique ligado, entre de cabeça, caia fora”). Perso­nalidades como o poeta beat Allen Ginsberg marcaram presença, além de diversos artistas que acabaram estabe­lecendo a cena musical de São Francisco, entre eles The Jefferson Airplane, The Grateful Dead e Janis Joplin & Big Brother and the Holding Company.O Human Be-In causou um impacto tão grande que um novo evento foi mar­cado para o verão que se aproximava. Em maio, o cantor Scott McKenzie lançou a canção “San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)”, escrita por John Philips, do grupo The Mamas and the Pa­pas. Era um convite sedutor, uma podero­sa propaganda para o vindouro Verão do Amor. O single vendeu mais de 7 milhões de cópias e se tornou o hino definitivo da era hippie. Mas quando os Beatles lan­çaram Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band, no dia 1" de junho, a contracultura ganhava mais do que um hino - ganhara uma declaração de princípios.Como profetizou Scott McKenzie, uma quantidade surpreendente de jovens rumou a São Francisco e entupiu as ruas na região de Haight-Ashbury. Muitos deles tam­bém foram a eventos como o Fantasy Fair and Magic Moun- tain Music Festival e o Monterey Pop, que marcou o ápice do Verão do Amor. O festival, realizado de 16 a 18 de junho, reuniu cerca de 60 mil pessoas e hoje é considerado o primeiro grande evento do ti­po na história do rock. Vários ícones se consagraram lá, co­mo Jimi Hendrix e The Who, que eram praticamente desco­nhecidos nos Estados Unidos. Janis Joplin e Otis Redding viraram superastros depois de Monterey. Filhos da cena local, como Jefferson Airplane e The Grateful Dead, também mar­caram presença, além de hit- makers como The Mamas and the Papas, The Byrds, Bufallo Springifield, Johnny Rivers e The Association. Paralela­mente, Ravi Shankar mostrou a força da música indiana. As memoráveis apresentações foram registradas em um fil­me homônimo dirigido por D. A. Pennebaker.O flower power (“poder da flor”) se tornou palavra de ordem. Mas nem tudo era paz e solidariedade. Haight-Ashbury ficou pequena para tanta gente; houve uma ex­plosão do abuso de drogas e da criminalidade. Quando junho terminou, muitos jovens voltaram para casa e São Francisco retornou, gra­dativamente, a uma certa normalidade. Independentemente disso, o que hoje é visto como apogeu hippie mudou a mú­sica, a moda, a cultura pop. Foi na esteira daquele momento que, inspirados pe­los eventos ocorridos em São Francisco, Jann S. Wenner e Ralph Gleason criaram uma publicação chamada Rolling Stone. Texto publicado na revista Rolling Stone nº 130 de junho de 2017. PAULO CAVALCANTI

Um comentário:

Valdir Junior disse...

O Sonho colorido de uma década que ainda ressoa em nossas mentes e corações. Paz & Amor para todos nós.